30.7.08

Mulher de letras






"Anos depois da guerra, depois dos casamentos, dos filhos, dos divórcios, dos livros, ele veio a Paris com a mulher. Telefonara-lhe. Ela reconhecera-o logo pela voz. Ele dissera: queria só ouvir a sua voz. Ela dissera: sou eu, bom dia. Ele estava intimidado, tinha medo como dantes. A sua voz tremia de repente. E com o tremor, de repente, ela voltara a encontrar a pronúncia da China. Ele sabia que ela tinha começado a escrever livros, soubera-o pela mãe dela que voltara a ver em Saigon. E depois dissera-lho. Dissera-lhe que era como dantes, que ainda a amava, que nunca poderia deixar de a amar, que a amaria até a morte."
O Amante - Marguerite Duras)

A seqüência de fotos prova que todo mundo já foi bonito um dia, incluindo Marguerite Duras. Tive paixão por O Amante, tanto que dei de presente para meio Rio de Janeiro. E Duras era velhíssima e feiíssima quando o livro foi lançado. Já havia lido dela Moderato Cantabile e Uma barreira contra o Pacífico. Mas me apaixonei pelo Amante e por sua versão redux, O Amante da China do Norte.
Parecia-me espantoso que aquela velhota feiosa, sem resquícios de beleza do passado tivesse vivido amores arrebatadores.
Morreu aos 82 anos, com pele marcada pelo tempo - e por inseparáveis cigarros. Escreveu marcante e belamente.

Uma empresa paulista de televisão pela Internet distribuiu luvas de boxe aos empregados que não conseguem desgrudar de notebooks ou de celulares durante reuniões. Já existem estudos sobre essa compulsão. O que antes era absoluta falta de educação - a desatenção com o interlocutor - virou doença.
Já ouvi reclamações indignadas de pessoas que não me encontraram pelo celular quando eu estava no cinema. (Aliás, cinema com celular é tão normal atualmente que passa uma propaganda na TV mostrando um casal que atende ao telefone durante uma sessão - e continua conversando sobre um lançamento imobiliário, creio.) Dificilmente vou com celular para a praia, desligo em cinema e teatro e realmente me esqueço de carregar o aparelhinho para todos os lugares. Já trabalhei em um lugar onde se levava celular ao banheiro.
É fácil reconhecer um viciado em celular/notebook. É aquela pessoa que mal sai do metrô já acomoda o aparelho no ouvido e dana a conversar. Ou quem está dividindo uma mesa no almoço, mas não participa da conversa dos demais, preferindo grudar no bichinho. No cinema, confere o visor a cada vinte minutos para saber se alguém o chamou.
Não tenho nada contra o celular, ao contrário. Só não vejo necessidade de sua utilização em sala de aula nem em bloco de Carnaval. Vivo em frente a telas de computador há exatos 23 anos. Dia de folga, para mim, é aquele em que não tenho como abrir um e-mail. Absolutamente consciente de minhas tendências compulsivas, decidi me livrar de alguns instrumentos de controle, em nome de minha privacidade. Eu sei que ninguém, em sã consciência, vai me telefonar às 2 da manhã por motivo profissional - a principal desculpa para se manter um celular ligado a madrugada inteira.
Mas agora que já se fala seriamente sobre os males que os aparelhinhos acarretam para a saúde, os viciados terão que fazer tratamento com patches eletrônicos para se livrarem da dependência.
Enquanto isso, vamos usar o celular para chamar o reboque quando o carro quebra, monitorar os passos dos filhos, que, certamente, desligam seus aparelhos ou fingem não ouvi-los para não dar satisfação sobre seu paradeiro. Porque continua sendo muito fácil escapar de nossos obsessores, por melhores as intenções que eles tenham.

28.7.08

Sem gracinhas


Prova cabal de meu envelhecimento: o que mais reconheci em Juno foi o retrato da adolescência rude, inconseqüente e superficial que pusemos no mundo. Lógico que o filme é tocante, que a gente derruba umas lágrimas com o nascimento do bebê, que a menina repete o exemplo materno de abandono e que a única atitude madura da personagem é a de dar o filho para adoção.
Talvez a maior qualidade do filme esteja em mostrar esta juventude desglamourizada, grosseira, sem os ideais flower power que os avós cultivaram.
Não é uma gracinha. É mais sério do que aparente à primeira vista.
Elenco bom pacas, incluindo a protagonista chatinha. E por trás dos diálogos jocosos, uma situação que não deveria ser tratada com tanta banalidade na vida real. Mas é.
O que não suporto é o cheiro de cigarro que invade o quarto. Ninguém fuma aqui. Ninguém fuma mais aqui.
É a vizinha de cima fumando escondido na janela. Joga a fumaça para meu quarto, atira os cigarros no meu telhado.
Eu já fui uma menina assim, não trabalhava para sustentar meus vícios. O olfato de meus severos pais era desligado se tivessem que reconhecer meu hálito de tabagista inveterada.
Um dia, minha mãe me pegou fumando. Desmanchou um cigarro na água e me obrigou a beber aquela palha nojenta. Não pude pular Carnaval naquele ano. Fumei por mais dez anos, malocava cigarros debaixo de meu colchão, sob os tapetes do carro.
Quando engravidei, larguei o cigarro. Seis anos depois, retomei, por um bom período. Parei de vez há cerca de dez anos.
Agora, não fumo e sustento um monte de gente.
Saudável, responsável, extenuada, asmática.

27.7.08

Segundo Tempo

Seu marasmo encobre nosso futuro.
Mais o seu do que o meu, embora eu insista em compartilhar com você um tempo, como se ainda fosse nosso, embora saiba que o distanciamento entre nós não é geográfico, físico. É do decorrer da vida neste planeta que adverte, que avisa, que assusta com sinais de decadência.
Eu decaio junto e você ainda não se ergue.
A imortalidade persiste?

26.7.08

Jogo feio



O jogador tcheco Radoslav Kovac, do time russo Spartak, dá uma entrada violenta num torcedor animadinho, que invadira o campo, durante um jogo contra o Lokomotiv, em Moscou. Ganhou cartão amarelo por atitude anti-esportiva. Afinal, tem coisa mais divertida que os maluquinhos sairem correndo no meio da partida?

23.7.08

O belo jogo



Especialistas escolheram a defesa "escorpião" do colombiano Higuita como a mais bela jogada da história do futebol.
Higuita não foi o melhor dos goleiros, mas, sem dúvida, era o mais folclórico, com jogadas divertidíssimas e as mais coloridas camisas - antes da policromia imperar em campo e chegar aos juízes.
Valeu, Higuita! (principalmente depois do sofrimento de ver o Flamengo perder oitocentos gols no Canindé, e, suprema tortura, o Botafogo ganhar de 4 a 0, para êxtase do vizinho oligofrênico).

20.7.08

Todo mundo quer ser Cary Grant







Inspirada pelo Miguel , aproveito para recordar o charme hollywoodiano do britânico Cary Grant, que encarnou com brio o gaiato elegantérrimo em comédias sofisticadas ou puramente abiloladas, além de ser um dos darlings de Hitchcock. Gay e profundamente atraente, foi obrigado a se separar do companheiro Randolph Scott, paixão da vida inteira, e casou-se com cinco mulheres. Parece que se deu bem com todas, teve uma filha, e foi querido pelas platéias, dando pinta ou não.
Envelheceu belamente, como mostra a foto com Jack Nicholson - que não chegou à terceira idade com tanto vigor. Teve a elegância de jamais falar sobre sua vida particular. Cunhou a frase "Todos querem ser Cary Grant. Inclusive eu".

19.7.08

Programa de índio.


Quase 450 anos depois, índios estão em pé de guerra na Baía de Guanabara.
Na segunda-feira, guaranis de Camboinhas, praia de Niterói, esperam reforços de guerreiros de Parati, Sapucaia, além de aliados de outra etnia, pataxós baianos.
Estão furiosos porque um incêndio destruiu a aldeota que tinham na região.
Lógico que tudo é mise en scene, mas a verdade é que Niterói sempre foi terra de índio.
E agora, de índio marketeiro.

18.7.08

Felicidade


E o Cacciola, hein?
Quanto riso, quanta alegria!
Nunca vi tanta disposição em ir para o xilindró.
Hoje, os advogados já falam que ele precisa de remédios para controle do humor.
É por isso que não querem legalizar as drogas pesadas.
As controladas com tarja preta deixam o cara assim, ó, em puro êxtase!

16.7.08

I read the news today, oh, boy!

A gente reclama, reclama, mas, convenhamos, ser pauteiro de jornal no Brasil é uma moleza. Tem assunto todos os dias!!! Semana passada foi o abre e fecha da cadeia pro D.Dantas. Esta semana temos novos presos, novos indiciados, novos escândalos de roubalheira pública, desta vez envolvendo o governo Garotinho/Rosinha!!!
Não chega a ser novidade, dá trabalho é para repórteres e redatores encontrarem chamadas diferentes, mas a verdade é que este país é uma fonte inesgotável de matérias policiais escabrosas.
Na década de 70, meu pai trabalhava na Internacional da Última Hora. Eu me lembro que todas as noites, quando ele chegava em casa, minha mãe perguntava sobre as novas no cenário mundial. Ele dizia "Tudo velho, exceto se golpe de estado na Bolívia for inusitado". Teve uma semana com três golpes na Bolívia.
Aqui, pelo menos, a gente não tem apenas escândalos envolvendo políticos ou punguistas de colarinho branco de roubo. Sempre existe a violência urbana, jogadores de futebol que se envolvem com travestis ou prostitutas...
Chato deve ser fazer jornalismo na Noruega, como disse meu filho Artur, hoje, no café-da-manhã...

PS - E o Cacciola, hein? Quer voltar, mas pediu habeas corpus para não aparecer algemado. Então quer dizer que o assaltante que dá a cara a tapa e intimida, de arma na mão, uma vítima, por sua própria natureza aguerrida e violenta merece a humilhação pública, mas quem rouba sorrateiramente, não? Então, tá.
(Hoje estou furiosa. Gripada, irritada, braba mesmo).

15.7.08

Eis a questão

Por que a gente escreve, os blogueiros que se espalham mundo afora?
É divertido, fazemos novos amigos, mesmo que sejam virtuais e que não possam conhecer nosso cotidiano bobinho, chatinho, igualzinho a de todos os outros, mas apenas nos entrever nos adjetivos em que destilamos nossa arrogância perante o mundo afora, que não dá trégua nem nos compreende tanto assim.
Motivos não faltam, mas o que nos leva a buscar a comunicação ao léu?
Soltamos garrafas com mensagens que nem sempre alcançam a praia.
Nos blogs há um desejo maior do que o da comunicação.
Amigos virtuais são como os penfriends d'outrora. Eu tive penfriends do mundo inteiro, tamanha era minha volúpia por escrever. Dois se tornaram reais, pessoas que vieram para a minha cidade, se hospedaram em minha casa, passaram a ser alvo de minhas preocupações. Os demais, se perderam.
Criar um blog é mais do que exercício estilístico e ultrapassa a vontade de ampliar o círculo de amizades. Também não se compara a colunas de jornais. Está mais próximo, meio casa da gente, mas nem sempre se entra na cozinha, no quarto ou banheiro. É como um cartão de visitas gentil, que traz informações interessantes para conquistar leitores e novos amigos.
Uma exposição relativa, comedida, cautelosa.
E continuo sem resposta: o que nos move quando abrimos um blog?

14.7.08

Vá ao Teatro

Onomásticos


Com o nascimento de mais curumins da tribo Brangelina, está oficialmente proibida a crítica a nomes estranhos que brasileiros de classes menos abastadas dão aos filhos. A nova menina Jolie Pitt recebeu nome de chacrete - Vivienne Marcheline. O menino, coitado, é Knox Leon. Sem contar os irmãos, todos com nomes pavorosos, mas sempre muito simbólicos - Shiloh, Maddox, Pax, Zahara.
Tudo bem, Baby e Pepeu tiveram Sarah Sheeva (née Riroca), Zabelê, Nanashara, Krishna Baby, Kriptus Ra e Pedro Baby. Caetano tem Moreno, Tom e Zeca. Gil tem Bem. Amoras frutificaram como filhas de artistas.
E antigamente, quando Maria Eduarda e Manoela eram nomes de gente velha, só filhas de famílias nobres brasileiras eram chamadas de Maria Eudóxia ou Guilhermina.
Nos EUA e Europa, artistas adoram batizar os filhos com originalidade. Então saem coisas como Apple, Moses Bruce, Dakota, Talulah Belle, Scott La Rue. Filhas de Gwyneth Paltrow (que, coitada, já tem um nome brabo, né?), Melanie Griffith, Demi Moore e Bruce Willis.
E, claro, já houve um River Phoenix.

Então, que ninguém mais fale mal das Ladyennes, Dayennes, Riverlison, Richarlyson, Petersen.
Os outros podem só porque têm fama?

13.7.08

Enevoada


Questão importantíssima a motivar reflexão numa tarde de domingo linda em que permaneço ilhada, com gripe e muito trabalho a botar em dia: por que a mulherada acha o mal ajambrado, ranzinza e sem caráter Gregory House charmoso? A pergunta está num blog sobre séries de TV. Tem gente achando até o Hugh Laurie bonito - de bonito, na boa, ele só tem os olhos. Minha opinião: não é o ator que tem charme, é o personagem. E aí está exatamente a força do ator, que faz o bad boy brilhante dar certo.
Eu adoro uma série de TV, enquanto acho chatíssimo novela. Mas hoje só assisto, praticamente, a House. Tem também umas engraçadas, "The New Adventures of Old Christine", "Everybody Hates Chris", "Samatha Who?" e "Two and a Half Men". Tudo com título em inglês para nos colonizarmos rapidamente e aprendermos um pouquinho mais do latim desses novos tempos. Além dessas, havia "Desperate Housewives", que vejo bissextamente. Aguardo o retorno de "Os Tudor", o dramalhão inglês, cheio de atores bons e homens bonitos por todos os lados. Não tenho mais paciência com o besteirol de "Lost", nem com a xaropada de "Grey's Anatomy". Botaram como protagonista uma mulher muito sem graça e deram o papel de grande sedutor a um atorzinho sem o menor charme provavelmente para evitar o processo que o estúdio ia levar, já que outro ator demonstrara sua homofobia em relação ao primeiro. Então, prefiro me voltar a um bom livro, do que ficar vendo aquela bobagem.
Mas, no fundo, no fundo, eu não gosto mesmo é de seriados longos, que se arrastam como telenovelas. Nem de acompanhar a prisão do Daniel Dantas e suas posteriores libertações, que só enrolam, enrolam e deprimem a Nação, com tantos personagens pífios.

11.7.08

Como é difícil

... manter o Daniel Dantas preso; um juiz prende, o presidente do Supremo Tribunal Federal solta; outro juiz prende; o presidente do STF solta novamente... Vem cá, esse cara será ao menos processado?

... Madonna fazer videoclips que não tenham apelo sexual; no próximo, promete, ficará praticamente nua em companhia de Britney Spears, outra moça recatada e de grande talento para o factóide... Vem cá, essas peruas não teriam que ao menos cantar direito?

9.7.08

Um grande garoto


Há 16 anos, eu e a humanidade ganhamos este presente.

8.7.08

No século passado



... eu já gostava de plantas ...



... tinha cachinhos louros ...



... antes de seguir, por um Carnaval, a carreira de bailarina!

7.7.08

Fuxiqueira


Babado forte na libertação de Ingrid Bettancourt: ela vai se divorciar do atual marido, que teria arrumado uma amante (agora designada pelo singelo substantivo namorada, algo que começou quando ACM, o Toninho Malvadeza, revelou um caso extra-conjugal) durante o período de seu cativeiro.
Está lá na coluna do José Meirelles Passos, no Globo On.
Ah, eu não resisto a um fuxico!

A boa vida

Sim, eu gostaria de ter um blog só pra falar nos pequenos momentos que consolidam a felicidade, em minha vida boa, nos meus belos filhos saudáveis, no trabalho que traz sustento e prazer, no incômodo divertido de ter um carro aos pedaços, mas que aindea me serve, comentar filmes, músicas, livros.
Mas eu sou uma carioca e me angustio ao saber que outros pais estão perdendo um menininho de três anos, alvejado pela PM na Tijuca. Pelo rapaz que foi assassinado semana passada por um PM na porta da boate. Pelos rapazes do Morro da Providência e por muitas outras crianças e jovens que são vítimas dessas violência institucionalizada, sem que nos comovam tanto porque o jornal não abre espaço para quem é preto e pobre que não têm direito à compaixão que os brancos de classe média merecem.
Mas como é duro ver esses meninos morrendo e torcer para que esses tiros jamais alcancem os meus. E não há passeata, não há movimento, nada parece dar jeito de comover quem é pago para cuidar, não para executar.
Essa polícia precisa aprender a policiar!!!!!
Precisa de escola, de salário decente, de treinamento. Entregar arma a esses despreparados é brincar de administrar a cidade. Os homicídios caíram, mas os autos de resistência continuam aumentando. E os assaltos a transeuntes, também.
Até que ponto se pode chegar? Bogotá, a capital de um país cujo maior produto de exportação é droga, conseguiu reduzir drasticamente os índices de violência através da reeducação da força policial. Houve uma série de medidas, algumas parecendo bastante ingênuas, com um prefeito performático, possivelmente algum dinheiro americano também, porém houve um esforço em discutir com toda a população o que mais a afligia. Até os presidiários e suas famílias foram ouvidos.
Aqui, na hora de reduzir um fator de incitamento à violência no trânsito, que é o abuso de álcool, neguinho já faz discurso sobre o quanto está havendo de violação na liberdade individual. Ao se tentar acabar com o comércio legal de armas, o mesmo espírito da defesa do indivíduo é invocado.
Estamos completamente equivocados. Respeitar a vida deveria ser um princípio de nossa polícia. Mortes impunes se sucederão a esta e a sensação que tenho é de que vivemos num faroeste urbano, em que diariamente driblamos o perigo nas ruas, nos escondendo amedrontados. Só falta identificar os responsáveis pelo perigo.

6.7.08

O Homem de Ferro, quem diria?


O moço lânguido, tão São Sebastião urbanóide, é Robert Downey Jr, posando para a fotógrafa Sam Taylor Wood, que tem o projeto Crying Men, com astros do cinema vertendo lágrimas para suas câmeras.
Mais fotos de superstars aos prantos podem ser conferidas no Alexandre.

4.7.08

Estupidez


Já bebi muito, fumei mais ainda. Larguei o cigarro dos 27 aos 34 anos, quando voltei, sem tanta glória, permanecendo dele dependente até os 38. Vai fazer 10 anos que estou "limpa". Sim, houve um ou dois tragos, mais um ou dois cigarros inteirinhos nesse período. Mas não me deixei levar para um segundo cone entupido de palha, com uma brasa de um lado e um idiota do outro.
A bebida foi-me abandonando. Um fígado sensível jamais deixou impune um bom pileque. Tive ressacas merecidas a juventude inteira, poucas na maturidade, mas as experimentei. E me corrigi. Caí no chopp, na michelada e na coca-light, com algum bloody mary e muitos drinks coloridinhos, docinhos, totalmente desrespeitados pelos que bebem e usam aquela intonação de pinguço de carteirinha para mostrar como são calibrados no quesito.
Aprendi a dirigir aos 21 anos, ganhei um carro e, sim, por vezes tive que estar atrás do volante depois de mais que quatro drinks. Cedo aprendi a decidir que ou dirigia ou bebia. E cedo também descobri que podia levar a vida alegremente sem beber nada além de refrigerante ou mate.
A proibição de venda de bebidas alcoólicas em bares de Diamantina nas noites de sexta-feira e sábado após as 23h, se não me engano, reduziu a violência local em 40%. Agora, com a lei seca para motoristas, sindicatos de bares e restaurantes estão entrando com pedidos de liminares contrários à legislação. Muitos clamam o direito constitucional de se embriagar moderadamente. Em uma semana, já se registra uma queda nos acidentes de automóvel.
Nada contra o livre arbítrio, mas beber e dirigir é como pilotar moto sem capacete ou ficar no carro sem cinto de segurança. Apenas estupidez.

3.7.08

Foi bonita a festa, pá!


Valeu, tricolor! Como filha de um e mãe de vários, esta rubro-negra sofreu muito. E os cariocas todos amanheceram tristonhos (exceto o tarado do prédio ao lado, que berrou "Fogo!" no pênalti perdido de Washington).

No Valor Econômico, hoje

"Os EUA sofrem de uma crise intelectual", diz autor
Olga de Mello, para o Valor, do Rio
03/07/2008


Divulgação
Michael R. LeGault: crise resulta de um declínio no pensamento lógico


Uma sociedade imediatista, sem tempo nem paciência para a leitura, está fadada a perder sua liderança socioeconômica no cenário mundial. Para o americano Michael R. LeGault, autor de "Think! Por Que não Tomar Decisões num Piscar de Olhos" (Best Seller, R$ 29,90), o declínio do pensamento crítico é fenômeno mundial que ameaça a posição conquistada pelos Estados Unidos internacionalmente, mas deve ser considerado em qualquer país. "A Europa não é governada pela razão, mas pelos interesses no bem-estar social. Os EUA ao menos reconhecem que são controlados por advogados, pela mídia, por interesses de mercado e pelo pensamento politicamente correto, não pelo raciocínio crítico, enquanto a Europa vive em negação. Os europeus consideram a Europa perfeita", disse LeGault, em entrevista ao Valor.
Propositalmente, o título "Think!" remete a "Blink, a Decisão num Piscar de Olhos" (Rocco), do inglês Malcom Gladwell, que apresenta estudos científicos sobre percepção e intuição humanas, um sucesso entre leitores do mundo corporativo. "Escrevi o livro por acreditar que os EUA sofrem de uma crise intelectual que está ameaçando nosso trabalho, nossa segurança e nossa liberdade. A crise resulta de um declínio no pensamento lógico e da valorização do pensamento emocional e intuitivo, das decisões rápidas, uma abordagem privilegiada por Glawell", afirma LeGault.


Formado em biologia, com especialização em química, ele já fez consultoria para empresas e escreve sobre tecnologia e ciência em várias publicações dos EUA e Canadá. Ressaltando a importância do conhecimento nessas áreas, ele acredita que os efeitos da valorização tecnológica têm prejudicado o próprio meio científico: "As pessoas precisam ter contato com arte, literatura e filosofia, compreender como a alegoria e o simbolismo são essenciais para o pensamento abstrato. No mundo todo se verifica uma redução na leitura, principalmente entre jovens."


De acordo com LeGault, ler é uma das chaves para a inovação e a criatividade, que não são estimuladas pelos videogames. "As pessoas perdem muito tempo diante da TV e navegando pela internet, embora atualmente se trabalhe bem menos do que há cem anos. Ao mesmo tempo, o estresse causado pelo excesso de informação é um dos fatores que prejudica tanto o desempenho quanto o pensamento lógico", analisa.


A padronização do comportamento de crianças com déficit de atenção ou hiperatividade é duramente atacada por ele no livro. Ainda não há conclusões sobre a melhora do desempenho cognitivo de estudantes que tomam medicamentos para se adequar às atitudes exigidas em sala de aula. O temor de prejudicar as minorias também daria pouca importância ao conhecimento, diz LeGault. Ele lembra que os questionários para candidatos a vagas em empregos públicos se detêm em informações sobre gênero, etnia e necessidades especiais, dando menos relevância à qualificação profissional.
"Todas as sociedades modernas estão registrando o declínio no pensamento lógico, a base das grandes civilizações, da Grécia Clássica ao Império Britânico. As crianças nem sequer aprendem tabuada, já que as calculadoras fazem as contas." Segundo LeGault, as empresas no mundo inteiro têm perdido em inovação. Ele conta que o vice-presidente da General Motors, Robert Lutz, credita a pouca criatividade dos jovens engenheiros americanos à ênfase em liderança e gestão de pessoas dentro dos currículos universitários.


"Os EUA são vítimas do próprio sucesso, embora ainda estejam na frente em áreas como a genética, a informática e a medicina", afirma. Para ele, o país tem a função "especial no mundo" de difundir os princípios de democracia e liberdade, inerentes às condições de crescimento econômico: "A liberdade é uma condição indispensável para o pensamento crítico. Não há como melhorar o padrão de vida de uma nação sem um sistema político democrático. A menos que haja abertura política na China, todo o avanço que eles obtiveram vai parar. Nesse contexto, o Brasil está adiante da China."

2.7.08

Afinal!!!!





- Mamãe!
- Filha, o spa ecoturístico não fez tanto efeito assim, não? Que cabelo é esse?
- Olha que eu volto pra selva!

Não é ótimo poder brincar, agora que Ingrid Bettancourt saiu do cativeiro?
Seqüestro, tortura e estupros são crimes injustificáveis. Não existe ideologia que possa sustentá-los.
Que a crueldade humana seja exercida apenas na chacota que encobre a verdadeira felicidade que todos sentem quando uma injustiça é reparada.

Momento Caras

Alexandre, esta é pra você!

Terror no tapete vermelho. Nem uma moça bonita como a Didi Wagner fica elegante vestindo isso.

Vi só o finzinho da entrega do Prêmio Multishow. Um monte de cantores desafinando músicas de Lulu Santos. Mas foi legal. Eles estavam felizes e simpáticos, as canções eram doces, o saxofonista do Lulu é lindo.
Hoje, para compensar ter perdido a grande festa da MPB, li matérias e soube que Ivete Sangalo e o NX0 eram os vencedores, com diversos prêmios, e que a noite teve momentos de constrangimento e de saia justa. O primeiro constrangimento, segundo matéria no Globo On, foi causado pelas respostas do ator Bruno Garcia à repórter que lhe perguntou o que fora fazer no Municipal. Resposta: "Assistir à entrega do Prêmio Multishow, ora". O segundo momento foi quando a repórter lhe perguntou o que ele vestia. "Calça, paletó, camisa..." Tá certo que o rapaz quis fazer hora com a cara da menina, mas, numa boa, existe coisa mais ridícula do que se indignar porque alguém se recusa a revelar qual é a griffe de seu traje?
Ainda na linha ET!, a matéria prossegue falando sobre a saia justa que não aconteceu quando Cláudia Leite e Ivete, por pouco, não se esbarraram na entrada do Teatro. Sim, porque Cláudia posava para os fotógrafos e Ivete queria subir a escadaria. Parece que entrou por uma porta lateral, não pela principal. O relato é tão sem-graça quanto o que estou fazendo agora. Tem alguma situação tensa nisso aí?
Informações importantes: Ivetona (quem a chama assim é a matéria) está solteira, a nova denominação para pessoas sem namorado. Outra solteira, Vera Fisher, vai lançar a segunda parte de suas memórias.

Ela já foi a mulher mais linda do Brasil. Agora, escreve.