26.3.14

Curso para jornalistas

Vou montar um curso, específico para formados em jornalismo. Terá 15 minutos de hora/aula.

Título: como descobrir quem é o repórter que cobre determinado setor.

Ementa: O curso pretende qualificar o assessor de imprensa para a obtenção de informações básicas que lhe permitirão desenvolver contatos com jornalistas aos quais passará pautas.

Destinado a estagiários ou formados em Comunicação que tenham alguma intimidade com máquinas atualmente utilizadas para tirar fotografias de pratos em restaurantes ou de seus proprietários fazendo biquinho para ilustrar a imensa felicidade que é estar:
a) num restaurante;
b) num cinema;
c) num teatro;
d) num museu;
e) no trabalho;
f) na praia;
g) no bloco carnavalesco;
h) num boteco;
i) em casa;
j) em viagem;
k) no colégio;
l) no trânsito;
m) num show
n) na chuva, na rua, na fazenda ou numa casinha de sapê.

O curso ensinará o manuseio primordial dessas máquinas e a utilização delas para obtenção de informações. Exige destreza no emprego de linguajar sofisticado e o uso da voz para fazer perguntas, tais como: "É do site XXXX?", "Gostaria de falar com o responsável pela cobertura de XXXXX, ele está?".

O curso eliminará a necessidade desses jornalistas de se exporem ao ridículo no Facebook, pedindo que se enviem mailings completos sobre determinados assuntos, além de conceder autonomia e autoconfiança para que busquem, eles mesmos, as informações que desejam.

Não há certificado. Em vez de diploma, garante-se ao aluno que aprenda a ter maturidade e o valor do esforço.

Investimento: curiosidade.

22.3.14

Ornotorrincos



Ele


Marlon Brando

Porque hoje é sábado

E beleza, como dizia o poeta, é fundamental.




Gary Cooper.

Vida moderna, um ano atrás.

Irritação de um ano atrás. Que continua.
E depois da criação genial da senha, inspirada por carnavalescos e produtores da Brodway, vc ainda terá que digitar umas letras garranchadas incompreensíveis que darão "erro" 800 vezes antes de ser aceita sua nova senha. Que, então, já estará apagada de sua memória. Ah, claro, e qualquer hacker de quintal, daqueles que entram no site da Nasa, saberá quebrar a proteção e invadir todos os segredos que você guardou, tão tranquilo, no ambiente mais que seguro de seu computador.

A geladeira é 30 litros menor que a outra. Faz sentido essa frase? Bem, a capacidade da droga da geladeira é menor. Mas a outra tem que ser descongelada, é um inferno.
Acho que manterei as duas monstrengas.
E só posso ligar a nova depois que comprar um benjamim de três pinos, porque a maldita tem plug de três pinos, ao contrário dos últimos eletrodomésticos que acabei de comprar (máquina de lavar roupas, TV e fogão). Todos têm dois pinos. O único a seguir o maldito padrão brasileiro é o da geladeira.
Fazer o quê? Esperar o eletricista,que disse que vinha hoje.Mas vai me dar o bolo. Eu sei. Não será a primeira vez. Nem a última.
Ah, vida moderna.


21.3.14

Sempre achei que deveria limitar minhas compras pela Internet a objetos pequenos. Em vista dos alucinantes preços de eletrodomésticos, que sofreram bons aumentos depois de dezembro, e do estado de decomposição da geladeira que mal nos serve há 13 anos, optei por encomendar uma Cônsul, do Ponto Frio, pelo site. 
Chegou uma semana antes do dia marcado. E, claro, não passa pelas portas exíguas de meu apartamento de 71 anos. Porque era assim: construíam um imóvel com pé direito de 3 metros e cômodos amplos. Entrar nesses cômodos era para gente miúda, objetos pequenos, tudo esmirradinho.
Então, tiramos as portas da sala e da cozinha. A geladeira passou pela primeira. Pela segunda, só se tirar a porta da própria geladeira, o que ocorrerá amanhã, quando vier a assistência técnica e eu pagar módicos 130 REAIS por um serviço que deverá tomar algo em torno de vinte minutos do técnico. E não dá pra fazer por conta própria. Acaba com a garantia, além do risco de desmantelar os contatos elétricos.
Aborrecimento que ainda compensa, financeiramente, já que o mesmo modelo custa, em média, 35% mais caro nas lojas físicas, e não evitaria o dissabor de ter que chamar os técnicos pra retirarem a porta etc e tal. 
Ah, vida moderna...

3.3.14

Oscar 2014

Minha única dúvida quanto ao Oscar 2014 era se caberiam todos os mortos no In Memoriam, aquele momento de homenagem e lágrimas aos astros que partiram. Alain Resnais, sempre implicante, morreu na véspera - e não houve jeito de Hollywood incluir o homem que mexeu com dores, amores, traumas e a cabeça de tantos espectadores no clipezinho sem graça. Pior foi a Divina Miss M cantando aquele pavor depois da exibição do vídeo.
Acompanhei o Oscar mais do que bem acompanhada, pelo Facebook, e em casa, contando, como sempre, com o apoio telefônico de minha arguta amiga Solange Noronha, que abriu outra indagação em nossas memórias recentes. Estava Whoppi Goldberg envergando o mesmo traje que Julia Roberts numa premiação de algum tempinho atrás? Estava, sim. Acredito que não fosse o mesmo tamanho, mas o modelito era o mesmo. E Whoppi, irreverente como sempre, cada vez mais parecida com o irmão gêmeo Milton Nascimento, mostrou a deselegância indiscreta das estrelas de primeira grandeza, levando o prêmio Helena Boham-Carter da noite. Mondrongona, lembrando também aquela música "tava andando na rua, uma nega maluca me apareceu..." (agora serei apedrejada pela expressão "nega maluca", ó patrulhas politicamente corretas...)


Claro que existe gente que se fantasia pro Oscar, buscando a originalidade da gótica Helena, que é divertida como Whoopi e brinca com o mainstream. Só que essas pessoas estão mais para Cher ou para Bjork, que, pelas origens na pop music, aprimoraram de forma inigualável o quesito "chamei de mau gosto o que via, de mau gosto, mau gosto". Elas elevaram a categoria cafona ao patamar da fantasia de quem gostaria de estar na Sapucaí.  Não chegou a haver ninguém que pudesse chegar a disputar o quesito, embora alguns casais forçassem a barra para disputar o troféu Helena. Não conseguiram, pelo artificialismo das composições, algo obtido, gloriosamente, por Whoppi.



O troféu Pitanguy que me perdoe ficou para a Liza, que, ao lado dos irmãos, teve de ouvir Pink (com roupa linda, decotão da Trapaça) assassinar um clássico, enquanto homenageavam O Mágico de Oz. Liza, melena azul combinando com o traje, conseguiu  parecer um pássaro azul e lembrar a Bruxa Má do Oeste.


A categoria Gravidez Não é Desculpa trouxe elegantes gestantes como Kerry Washington




e Olívia Wilde.


A Madame Thor, no entanto, decidiu vestir-se como funkeira em noite de gala.


Anna Kendrick já foi apontada como uma das mais mal vestidas da noite por seu indescritível modelito com aplicações, transparências, fendas. Faltou um babado para dar mais volume à composição.




Enquanto Ellen de Generes garantia o leite das crianças no palco, sua senhora, Portia de Rossi se vestia (?) assim. Indefinível, indescritível, inclassificável. Tudo creminho e esburacadinho.



La Blanchett recebeu o prêmio mais acertado da noite, porque ela realmente interpretou como poucos a desvairada Jasmine, engrossando as fileiras das atrizes premiadas depois que passam pela direção de Woody Allen. Mas o vestido cheio de penduricalhos me lembrou um móbile, um abajour, um lustre. Tudo junto e misturado. 




Sally Hawkins, que fazia a irmã de Jasmine. Pois é.



Sim, eles ainda são o casal mais bonito do mundo, embora o chefe da imensa família comece a ficar de cara mais redonda do que a de alguns dos filhotinhos. O vestido da Jolie me lembrou muito decoração natalina, aquela imitação de neve escorrendo dos galhos das árvores de Natal.


Sempre tem essas saias de cortinado que não combinam com a parte superior do vestido. Sempre.


Uma variação do cortinado com vestido de noiva detonado, mesclado com bolo. Resultado: a roupa da bonitinha Kristen Bell, com seu marido todo amassado. 



Goldie Golden Hawn, detentora do Troféu Dona Mariza Letícia. Mas o corpitcho está um espetáculo. 


Na esteira da mãe, Kate Hudson, preferiu drapear o vestido abaixo da cintura, o que, para mim, sempre lembra a concha do Nascimento de Vênus



Penélope Cruz, de grega rosada. Cada dia com um ar mais de Sophia Loren. Considerada uma das mais mal vestidas da noite. 


No mesmo rosadinho, Camila Alves com figurino de filme de George Lucas. Não causou o mesmo furor indignado que Penélope, mas quem tinha que brilhar na noite era o moço a seu lado. 


Bonito, politizado, roqueiro e com a californiana de baby liss mais desalinhado da noite, Jared Leto não faturou apenas um Oscar, mas também o troféu Ainda Mato Meu Cabeleireiro.



Categoria melhor peruca: Kevin Spacey em noite azul. 


Julia Roberts, de noiva caipira do Drácula, num modelo totalmente inspirado em Helena Boham-Carter. 



Ireland Baldwin, filha de Kim Basinger e Alec Baldwin, mostrando que beleza e charme nem sempre são genéticos, foi apontada, justamente, como uma das mais mal vestidas da noite. 


Momentos antes de posar toda circunspecta para esta foto, Jennifer Lawrence, a estrela sempre cadente, despencou ao saltar do carro. No ano passado, ela se embolou na hora de receber o Oscar. 



Para não correr riscos, foi à festa da Vanity Fair, mais tarde, com uma roupinha absolutamente inadequada para o uso sem seguranças responsáveis ao lado.


O único momento realmente original - e provavelmente muito bem ensaiado - da noite. Que tirou o Twitter do ar. 




2.3.14

Renais na locadora de vídeo

Meu filme favorito de Alain Resnais?

Talvez Hiroshima, mon amour, que encontrei numa vídeolocadora, em priscas eras, classificado como "filme erótico", eufemismo para pornografia, então. Avisei aos atendentes, que não me deram o menor crédito.
- Eu vi o filme, é uma história de amor, um libelo contra a guerra - argumentei.
- A sinopse diz que é o caso ardente entre uma francesa e um japonês. Com cenas eróticas. É erótico.
- Até tem, mas...
- Então, é erótico.
- Olha, bota junto dos dramas. É drama, de guerra, um amor impossível, diferenças culturais.
- É erótico. Seguimos a indicação da sinopse.
- Sinceramente, vocês vão ver como quem alugar vai ficar decepcionado...
- Ninguém aluga. Igual àquele Império dos Sentidos. Tem pouca gente que gosta de erotismo com japonês.

Allors, ça vá bien!



1.3.14

A Mortícia do Oscar



Ainda é uma incógnita se verei ou não o Oscar deste ano. Será a primeira vez em quase 40 anos assistindo àquela papagaiada chata, mas que todo mundo adora ver. O momento de suspense não é se Gravidade ou A Trapaça ou algum filme chato pacas ganhará o prêmio principal, mas quem há de aparecer no clip dos mortos do ano. Morreu tanta estrela de primeira grandeza ultimamente que o filmete deverá ser estendido ou vão pedir à audiência que procure a relação completa na Internet. 

Além dos mortos, dos astros vivos e pelancudos ou não, os que estão entupidos de botox ou os ingleses (aqueles que deixam rugas aparecerem, flacidez ou gordura imperarem depois de certa idade - no caso deles, mais ou menos após os 40, quando devem pagar meia nos pubs), a gente quer ver glamour e roupas bonitas. O conceito de beleza tornou-se difuso desde os dadaístas, mas demorou a alcançar os trajes de gala. E aí vieram os anos 60, a contracultura, e... 

Tem gente que zomba abertamente do star system, embora sobreviva por causa dele mesmo. Bem antes de Helena Boham-Carter, Bjork e Lady Gaga, Cher elevou a fantasia de carnaval ao padrão hollywoodiano. Então, às vésperas da transmissão de um dos shows mais acompanhados no planeta inteiro, o dia é dela, da diva pop - e boa atriz, acreditem - Cher Sarkisian!!!!




Em 1986, dublê de rainha da bateria gótica, inspirada pelo enredo O Beijo da Mulher Aranha na Noite de Atlântida e nas calçadas da Atlântica.


Recebendo o Oscar, simplesinha,de odalisca Leila, a Rainha da Noite, em 1988.


Em 1998, ao lado do coitado do filho, numa evocação de... redes de pescadores, teia de aranha, chapelão... Eu batizaria o traje de A incrível viagem da Baronesa de Botox de Atlântida a Ascot.


Por fim, em 2000, muito mais comedida, vestiu-se de Lucrécia Bórgia em visita à Lady Macbeth. Porque Cher é sempre um sonho de carnavalesco.