31.1.16

Baile da Vogue 2016. Mas é carnaval...

Daqui a um mês, mais ou menos, tem entrega do Oscar. Em uma semana, Carnaval. Para inspirar estrelas e foliãs, a Vogue Brasil faz um bailinho pré-carnavalesco, que junta o que há de ridículo em tendências. Então, um monte de brasileiras lindas saem com roupas caras, cobrindo pouco ou muito o corpo, entupindo a cabeça de alegorias e adereços, igualzinho às damas de sociedade faziam quando eu era criança, sentadas em camarotes no baile do Municipal. As fantasias daquelas mulheres - ex-misses, como Martha Rocha, Teresinha Morango, Adalgisa Colombo, ou jovens senhoras casadas com homens de sobrenomes de rua, tipo Nascimento Silva, Mello Franco ou coisa parecida - se resumiam a imensas máscaras e penachos, tudo entupido de plumas e paetês. Agora, mulheres famosas fazem o mesmo, destacando aspectos corporais com mais exuberância, digamos assim.

Uma mostra do melhor vai aqui. Acho que Juliana Paes foi de Iemanjá nas águas do Nilo um mix de oferendas do reveillon nas praias cariocas com a altivez de Cleópatra.


Grazi Massafera não entendeu bem o espírito da festa e fantasiou-se de Dama de Vermelho.


Taís Araújo vestiu A revoada dos pavões misteriosos, cujo tecido pode ser reaproveitado na cobertura das almofadas de casa. 


Sabrina Sato usou uma criação que combinava com o tema da festa, algo sobre ecologia e África. Também permite o reuso - concepção ecológica pacas - como rainha de bateria de qualquer escola de samba, desde que sem as mangas, naturalmente. O restante é essencial para a composição de um personagem ambientalmente consciente.  

Glória Maria, mais comedida, também foi fiel à africanidade, nessa releitura de Sheena, a Rainha das Selvas.  



Ticiane Pinheiro também cultuou a africanidade animalesca. 


Eliana, a dos dedinhos, foi de crooner de cassino na apoteose do show. Oba!


Adriane Galisteu com a roupa mais politizada da noite. O chapéu, que pode ser utilizado nas corridas de Ascot, deve ser uma referência ao colonialismo que dizimou tantos povos e africanos, representados pela estampa do vestido. O colar lembra as espécies extintas pela sanha dos caçadores de marfim etc.


Outra interessante combinação que discute a escravidão, a religiosidade, o destino (búzios, muitos búzios), com a apropriação das vestes gregas clássicas.  Vale a reflexão. 



Abacaxi, noiva caipira, solzinho, plumas ... deu tudo errado na roupa da Giovanna Ewbank. Tudo. Não entra em ala nem de bloco, quanto mais de escola de grupo de acesso. 




E a Luiza Brunet, coitada, crente que era uma festa de moda? Botou uma camisa chique, uma saia que foi muito popular nos anos 90 (tive uma igualzinha) e saiu toda contente, pensando que ia pra Cannes. Descobriu o erro ao posar para fotos. 


Luciana Gimenez nunca decepciona seu público. A gente pode contar que ela sempre vestirá algo estranho, insólito, pop, cafona. Conseguiu algo semelhante ao que Beyoncé usa em show. Ou as Kardashian na vida. Ou J-Lo no tapete vermelho. Só faltou à brasileira as curvas das outras moças. 


 Talvez a coisa mais horrenda que alguém vestiu desde que Maddona estragou a moda. Certamente, o criador é misógino, antifeminista. Não se faz isso com uma moça tão bonitinha à toa. Pavoroso.



 Valesca Popozuda de Frozen. 




 O despojamento em nome da africanidade comete isso. 


Mariana Weickert achava que o tema da festa era Moulin Rouge. Ao descobrir que tinha que falar em África, arrumou um casquete igual ao do Thor, só que com plumas de faisão. O modelo transformou-se, então, na exploração das jovens trabalhadoras de bordéis da África do Sul nos anos 1920, tendo a resistência anti-apartheid simbolizada pela fauna africana no penacho. Uma lindeza mesmo.


Astrid pegou um vestidão de fazer compras no mercado no fim da tarde, os braceletes da Mulher Maravilha, um enfeite de cabeça emprestado pela Regina Casé e caiu na folia.


Gianne Albertone também confundiu o tema da festa com Moulin Rouge. 



E Hortência, a rainha do basquete, foi de "Eu também fiz Playboy".



22.1.16

Helena

Há quase vinte dias Helena nasceu na Amazônia. É longe. É caro pra chegar até lá. Não há alternativa de trajeto por terra. Há que se voar e parar em diversos cantos antes de chegar à Floresta. E é quente. Por isso só conhecerei Helena quando ela vier, com os pais, ao Rio.
Repito esse  mantra comprido todos os dias, sabendo que terei pouco convívio com Helena, que serei aquela avó que, de vez em quando, manda um presentinho. Vamos nos falar ao telefone, diremos que sentimos saudades uma da outra, mas nada acrescentarei à vida de Helena, o que talvez fosse diferente, caso morássemos na mesma cidade.
Tanto homens quanto mulheres, geralmente, demonstram uma felicidade abobalhada ao falarem sobre os netos, que não lhes "pertencem" como os filhos. Talvez eu esteja incomodada por pouco significar na vida de Helena, ou talvez tente me convencer de que ainda não terei a experiência de ser avó.
Minhas avós eram distantes - uma, geograficamente, viveu e morreu em Santa Catarina;  a outra, que eu visitava todas as semanas, e de quem herdei o nome, por uma impossibilidade pessoal de estabelecer relacionamentos com crianças, jamais me deu confiança para termos alguma intimidade.
Ainda me falta galgar o patamar de ser avó. Aos 55 anos, começo a perder o poder. A autoridade dentro da família já não existe. Meus filhos são adultos, embora dois ainda estejam sob meu teto.
Ninguém me preparou para os cabelos brancos. Nem para a menopausa, para a pele ressecada, o cabelo ralo. Ninguém me disse que seria avó tão cedo, também.
E como é que eu vou aprender a ser avó sem Helena a meu lado?
Uma de nós duas precisa se mudar. Mais fácil que seja Helena, com tanta vida pela frente. Eu quero ficar no meu cantinho, abrir um espaço pra ela, falar sobre São Sebastião do Rio de Janeiro, sobre uma bisavó que também nasceu na Amazônia, sobre muitos parentes espalhados pelo Brasil todo...

Helena tem tanto a me ensinar.

18.1.16

Critics' Choice Awards - Tudo azul aloprado!!!

Em criança, minha brincadeira favorita era com bonequinhas de papel, aquelas que a gente vestia com roupas estranhíssimas, geralmente da moda de vinte anos antes, com pequenas "alças" que permitiam grudar roupinhas sobre os corpos cobertos por imensas calcinhas e camisetas. Uma de minhas vestes preferidas era a fantasia de espanhola estilizada, um vestido curto pretinho, com rosas vermelhas. Qual não foi minha alegria ao ver a atriz Marisa Tomei usar o mesmo modelito na última festinha hollywoodiana, que teve tapete azul, porque inovar é preciso.

A roupa de minha bonequinha de papel era mais bonitinha que a da Tomei, uma atriz que mantém o mesmo corpo e o mesmo rosto há trinta anos. E teve coisa tão ou mais pavorosa no Critics Choice Awards, onde decotes e fendas abissais reinaram entre as belas. Jennifer Aniston, por exemplo, foi com um vestido de alcinhas azul desmaiado pra lá de feio.


Hayden Pennetieri, provavelmente de seios novos, optou por um desastre drapeado que não cai bem nem em top model. 



 A coisa vai piorando!!! A bela Alicia Vikander foi de Tributo à Borboleta Pintadinha, ... 


... enquanto a habitualmente elegante e discreta Kirsten Durst optou por uma melindrosa estilizada que desvaloriza quem quer que o vista. 


 E aí chega Dame Helen Mirren, sempre bela com a última criação de seu estilista, aquele que ficou maluco. Falta um porteiro amigo no hotel onde ela se hospedou em L. A. 


E se a ligeiramente grávida Liv Tyler ficou mais bela ainda com o pretinho básico... 


... a prova de que a cor nem sempre pega bem: Abbey Lee Kershaw e Gigi Lazarotto empataram no quesito Pavor no Tapetão, com os modelos mais horrorosos da noite. Imperdoáveis e indescritíveis. Só muito, muito feios.


11.1.16

Globo de Ouro 2016



Globo de Ouro previsível, com duas zebras - Silvester Stallone e Lady Gaga premiados - e de vestes bem-comportadinhas, sem gente desnuda apesar das ameaçadoras fendas e dos decotes abissais. Entre as previsões, aquela certeza de que Eva Langoria chegará cedinho para ser fotografada com um vestido esquisito. Desta vez, o modelo, com lacinhos e apliques florais, lembrava um bule de chá. Não foi a roupa mais feia da noite, mas, certamente, foi das piores. 



Duas outras representantes da latinidade hollywoodiana, Jennifer Lopez e America Ferrara, combinaram de usar o mesmo tom de amarelo. America, feliz, aproveitará o vestido feio para torcer pela seleção brasileira de vôlei nos Jogos Olímpicos, aqui no Rio. 


Já J-Lo, em modelito contido, parecia sacerdotisa com essa capa totalmente Sunset Boulevard. O mau humor devia-se, provavelmente, à constatação de que a mulherada toda queria usar capas, pois Los Angeles é um local de temperatura instável, creio...


A lindinha Lily James foi de grega vaporosa, mas não causou tanto impacto quanto esperava. Fez biquinho, então. 


Saiorse Ronan, o pesadelo de qualquer locutor que não tenha nascido no País de Gales, na Irlanda ou fale Klingon, também saiu de grega decotadérrima.


Taraji. P. Henson também optou por uma capa e pelo branco lavado.


Regina King preferiu um lamêzinho dourado básico e sua capa branca esvoaçante, combinando com as sandalinhas. Ficou a própria Poderosa Isis.


Alicia Vikander dispensou a capa na sua jardineira chic.




Algumas belas insistem no "nude", uma cor que desvaloriza qualquer beleza como Amanda Peet, que caprichou no modelito Noiva Caipira.


Rooney Mara comprou no Santa Clara 33 o vestidinho moda praia que também pode ser adaptado para festas juninas, desde que jogue uma pashminazinha nos ombros.


O que aconteceu com o vestido de Kate Hudson foi simples: faltou pano para a blusa. Então, fizeram um bustiê. Com a sobra, uma coleira, porque dá um toque de elegância e distinção.




 Leslie Mann preferiu o rosinha salpicado de flores em vinho. Também pode ser reaproveitado para cortinado de quarto de senhora idosa.




A Rainha dos Dragões do Game of Thrones incorporou a personagem. Ficou gótica, uma noiva de Drácula. 



A linda filha de Jamie Foxx foi a Miss Golden Globe da noite, com seu vestidinho em homenagem às aves ameaçadas de extinção. Serve também como cortina, mas de banheiro mesmo.



Viola Davis foi de Rainha da Noite da Flauta Mágica. Houve quem gostasse. Essas mangas me incomodaram.


Desde que se separou de Seal, Heidi Klum deixou de lado também o bom gosto. Desta vez, foi de avestruz.


Malin Ackerman imaginou que renda e um babadão ficariam lindos nela. Não deu certo, não. Parecia uma cobertura de bolo.


A categoria Até as Deusas Erram finalmente foi abiscoitada por Jane Fonda, com a fantasia Bolo de Noiva. Ms Fonda vem tentando, há anos, usar roupas ridículas. Se tirasse a pala com o babadão, ficaria divina.


Sobrou muito tecido da reforma dos estofados de Rachel McAdams. Foi a única a envergar padronagem de sofá/poltrona na noite. 

Natalie Dormer ia de tomara que caia, mas preferiu garantir a tranquilidade e não ter que cuidar do decote a noite inteira com essa presilha negra no fundo vermelho. Uma bela homenagem ao Flamengo, um vestido pra lá de esquisito.



Melissa McCarthy, simpática, mais magrinha, ganhou o tecido plastificado pra fazer cortina de banheiro, mas quis aproveitar, porque o pano era "tão bom".  Tem jeito, não.


E aí chegam as deusas, aquelas que aprenderam a envelhecer com dignidade, como Dame Helen Mirren ...


... e Jamie Lee Curtis, ...


 ... e até a bem mais jovem Lady Gaga, que vestiu-se como gente normal, igual a uma glamurosa estrela do passado. 


O pior vestido da noite foi da habitualmente irrepreensível Cate Blanchett. Para o Golden Globe, ela apostou no rosa e num traje que lembra a decoração de casa de tolerância chinesa. Imperdoável.