24.9.08

Um tormento

Não há beleza (meio acabadinha) de Richard Gere que justifique uma ida ao cinema para assistir a Noites de Tormenta. Ele e Diane Lane voltam a contracenar como par romântico num draminha tão mal ajambrado quanto deve ser o romance original de Nicholas Sparks, um daqueles escritores que ganham fortunas escrevendo best sellers bregas e previsíveis para senhoras sonhadoras. Sparks é autor de outros livros que viraram filmes de quinta, como Message in a Bottle, com o Kevin Costner, O Diário de Uma Paixão, com Gena Rowlands (Ah, se o Cassavettes estivesse vivo...), e ainda um em que o casal apaixonado é bem jovem, com a Mandy Moore. Acho que é Um Amor para Recordar, filme que todas as amiguinhas adolescentes de meus filhos acham lindo e os garotos execram.
O filme não tem direção, os atores estão soltos em sua própria canastrice. Gere, a caminho da terceira idade, de rinsage para disfarçar os cabelos totalmente brancos, alterna o homem sensível com o traumatizado. Lane, a intérprete oficial das mulheres maduras de Hollywood, deveria devolver a indicação de Oscar que já recebeu. Os diálogos são de uma breguice dolorosa. Atormentador também foi assistir a outro filmeco, desta vez russo, Sereia, historinha na forma para agradar a cinéfilos jovens, em busca de uma imagem sujinha e um cineminha "sincero". Feito para ganhar aplausos de platéia deslumbradinha. E só.

Vá ao teatro

22.9.08

Emmy 2008

Tá, foi político, foi bom, mas vamos ao que interessa: as roupas!!!
Teri Hatcher é tão linda que fica linda até com este modelito ovo estrelado na tela de cinema.


Cristina Applegate consegue ficar sóbria e com seu sari estilizado, apesar do imenso laço ao lado.
... em compensação, a nanica Eva Langorria só ficou mais nanica ainda;


Esta moça foi do elenco de Melrose Place, equivalente em reunião de talentos dramáticos à Malhação. Como apresentadora fica a dever para Luciana Gimenez.

Com trajes de aristocrata rural inglês e cabelo emo/gótico/feio de doer mesmo, Alan Cumming conseguiu obliterar qualquer mulher cafona e ganhar o troféu de esquisitão da noite.
Tudo bem que Mary Richards era um encanto, que Mary Tyler Moore ganhou merecidamente um Oscar, mas ... precisava estar com os bracinhos horrorosos de fora, nessa idade? Envelhecer é difícil, claro, mas dignidade existe é pra isso mesmo.

Se existe um comprimento de roupa pavoroso é o midi. Só dá certo em saia sereia ou grudada no corpo. Esta bailarina estilizada da Márcia Cross e a saia em estilo cortina de ópera da América Ferrera deveriam ser reservadas às passarelas de moda. Betty, a Feia continua vestindo o personagem fora da telinha.

Ninguém conseguiu ser tão exuberante quanto a grega estilizada desta moça, que trabalha - e bem - na série Mad Men. Ficou feio, né?

19.9.08

The Tudors



Impossível não ser conquistado por esse folhetim. As cabeças rolam, Henrique VIII é absolutamente insensível a qualquer coisa que não seus próprios interesses, os castelos são feiosos, mas as vestes, divinas e o elenco espetacular. Pena que morra tanta gente. Na primeira temporada, Sam Neill, que fazia uma bispo prá lá de pecador, se matou. Está por pouco a cabeça do Jeremy Northan, que é o Thomas Morus. Mas, no fim, pouca gente morre na cama.
Aliás, haja cama diferente pra esse Henrique VIII mulherengo. Um sátiro de fazer Madonna corar. Abaixo, uma só foto descontraída de parte do belo elenco masculino e a incorporação de personagens históricos que não tinham metade dos good looks dos atores. Se bem que Henry, novinho, até que passava por Jonathan Rhys, não?













No Valor Econômico, hoje

Na companhia do silêncio
Por Olga de Mello, para o Valor, do Rio
19/09/2008

Na companhia do silêncio

Sem camisa no palco, Sérgio Britto é um homem conformado com um destino de sofrimento, que não pode encontrar alívio sequer na morte. Minutos antes, de pijama e quimono, desesperou-se como um escritor que lamenta haver abandonado o grande amor de sua vida pela arte. A amargura e a fragilidade Britto deixa aos personagens criados por Samuel Beckett, como o homem que luta pela sobrevivência em "Ato sem Palavras I" e o intelectual solitário de "A Última Gravação de Krapp". Os dois solos exigem muito esforço físico do veterano ator de 86 anos, que, sentado na platéia do teatro Oi Futuro, no Rio, festeja com o entusiasmo de um estreante os elogios da crítica ao espetáculo, enquanto já sonha com o próximo, que só conseguiu inscrição na Lei Rouanet depois da interferência do ministro da Cultura, Juca Ferreira.
Silvia Costanti / Valor
Sérgio Britto, que abraçou o teatro há 60 anos, seis dias após se formar em medicina: Ordem do Mérito Nacional, recebida neste ano, não impede que faça críticas à política cultural

"No Brasil, todo projeto é uma luta nova. O governo brasileiro deveria estar interessado em fazer teatro e não em fazer do teatro um espaço para sua política. É importantíssimo que patrocinem índios do Oiapoque e mamulengos de não sei onde, mas não é por isso que vão matar os velhos que fizeram o teatro brasileiro até agora", reclama.

O reconhecimento do governo por seus serviços à cultura brasileira chegou neste ano, quando ganhou a Ordem do Mérito Nacional. A comenda não serviu para reduzir suas críticas à política cultural. Apesar do prestígio, teve de recorrer ao ministro para incluir na Lei Rouanet a peça sobre Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir que pretende encenar com Fernanda Montenegro em 2009. "Há um ano, eu e Fernanda entramos com o processo. Quando eu soube que pela segunda vez haviam perdido nossa documentação, falei com o ministro. O raciocínio do governo em relação ao patrocínio é confuso", afirma.

A banalidade disseminada pela cultura de massa também o incomoda. "O teatro brasileiro está cheio de pecinhas. O casalzinho de sucesso na novela de televisão monta uma pecinha, em vez de amadurecer e se preparar para fazer uma peça decente. Eu já disse que nunca vi tanta peça ruim quanto neste ano. As exceções são 'Salmo 91', 'As Centenárias', 'O Dragão'. Mas o pior do teatro está se apresentando agora, fruto da ausência de investimentos do governo, de preparo dos atores e do desaparecimento das companhias teatrais."

Em seu terceiro e "definitivo" Beckett, Sérgio Britto já perdeu a conta das peças em que atuou, produziu ou dirigiu, algo em torno de "140 ou 150". Há 60 anos, seis dias após se formar em medicina, abraçou o teatro profissionalmente, interpretando Horácio, em "Hamlet", sob a direção de Pascoal Carlos Magno. "Eu queria ser obstetra, mas me apaixonei por aquela brincadeira. Só desenvolvi a responsabilidade de hoje, em que chego duas horas antes do início do espetáculo, na segunda montagem do "Hamlet", quando fiz o Rei Claudius e percebi o risco do erro."

A descoberta aconteceu em cena, quando, durante um monólogo em que carregava um candelabro com velas acesas, ateou fogo a uma cortina. "Com a outra mão, soquei o pano velho e apaguei o fogo. Ganhei minha primeira salva de palmas como bombeiro", recorda-se.

Para evitar surpresas, toda sexta-feira ensaia "Ato sem Palavras I", testando os mecanismos que fazem descer ao palco os objetos que o personagem tenta agarrar. Ao fim dos 56 minutos de espetáculo se sente massacrado pela entrega aos personagens. Em "Krapp", há pouca movimentação. Come duas bananas, joga as cascas no chão, ouve o relato gravado da separação de cenho crispado, proferindo poucas palavras. Durante os 16 minutos do "Ato", caminha de um lado para o outro do palco, tentando alcançar uma garrafa acima de suas mãos. "Quando acaba, estou em fogo, transpiro tanto que fico quente. As pessoas falam comigo, eu nem ouço direito. Então, represento outro papel, do ator atento aos elogios."

A energia em cena credita ao carinho da atriz Isabel Cavalcanti, que convidou para a direção, e à preparação física pelos exercícios que faz diariamente com o sobrinho Paulo César, filho do irmão, Hélio. Quando superou a sétima pneumonia, em 2007, rendeu-se à necessidade da ginástica. "Minha geração não tinha esse costume, nem conheceu a expressão corporal. Só uma vez treinei pantomima com a Luciana Petrucelli, mulher do Gianni Ratto, em 1956. Agora faço musculação e danço. Estou mais forte. Mas se tenho saúde é porque o palco me dá saúde, não o contrário", garante.

Como Krapp, alter ego do irlandês Samuel Beckett, já tomou a decisão de encerrar um relacionamento pelo teatro, sem arrependimentos. Em sua peça mais romântica e autobiográfica, Beckett recrimina o personagem até no nome. "Krapp se xinga de cretino, de imbecil. A palavra inglesa 'crap' quer dizer merda. Não vivi o mesmo drama. Minha paixão pelo teatro sempre foi maior do que pelas pessoas. Não quero dizer que não sou capaz de gostar das pessoas. Infelizmente, gosto mais de teatro", esclarece, antes de se lembrar serenamente do amigo Fernando Torres, morto recentemente.

Britto enaltece o desprendimento de Fernando e preocupa-se com a viúva, Fernanda Montenegro. "Fernando era absoluto. Tudo o que admiramos na luta e no empenho pelo teatro Fernando fez permanentemente. Um ator excelente, que não se dava bons papéis - passava para os outros. Como era maravilhoso o olhar dele quando via Fernanda entrar em cena. Os dois eram totalmente integrados, Fernando sempre mais sério, contido. Mesmo nesse último período ele demonstrava o mesmo interesse pelo teatro. Só não suportava Beckett."

Depois da peça sobre Sartre e Simone, ele gostaria de voltar a encenar "Rei Lear", de Shakespeare. "Mas só se tiver um elenco sério, bem-disposto. Ou ainda posso encontrar um autor novo, diferente, que me empolgue", revela.

A renovação do teatro brasileiro, para Sérgio Britto, se dá por intermédio de atores como Wagner Moura, Lázaro Ramos, Wladimir Brichta, Selton Mello, Matheus Nachtergale, Andréa Beltrão, Débora Bloch, Dira Paes, Drica Moraes, Malu Galli, Mariana Lima. "Gosto muito de Fernanda Torres", destaca. Ao perceber que a maioria dos que citou já chegou ou se aproxima dos 40 anos, diz que é nessa idade que o ator começa a evoluir para a maturidade. Volta a lembrar da diretora Isabel, que "criou um ambiente de companhia" na equipe reunida para as peças de Beckett. "A satisfação com o trabalho é essencial. Quando minha mãe morreu, fui ao enterro de manhã e à tarde ensaiei uma ópera no Municipal. O trabalho aplaca a dor."

Sozinho em cena, tira sua companhia do silêncio da platéia. "É muito forte, muito bom, é o que mais gosto de ouvir, o silêncio total. É um complemento para o meu silêncio, a minha solidão. Parece que nesse silêncio absoluto está o compartilhamento entre palco e público", afirma, lamentando apenas não sair mais em viagem por cidades pequenas ou bairros de periferia: "Ali estão as melhores platéias, prontas a receber o teatro. Um público mais autêntico, que procura o teatro curioso, sem idéias preconcebidas".

17.9.08

Inferno astral


Frio do cão.
Surgiu uma espinha no meu rosto (é a mudança de idade).
Vai faltar luz de 23h às 5 da manhã porque a Light quer dar melhores serviços à São Clemente.
Por que, meu São Francisco, eu inventei de morar nesta província?

13.9.08

Having the time of your life



Sim, o filme é fraquinho.
Sim, o filme é divertidíssimo.
E as letras do ABBA continuam atrozes.

12.9.08

Olha a nossa esquina!!!


Esta é a esquina da Rua Dona Mariana, com seu casarão até então lindo e garboso e uma gradinha no que hoje é o meu edifício!!!!
O casarão, que estava despencando, foi escorado pela Prefeitura, porque está na Apac. O dono do imóvel não quer nem saber, deixa tombar pela ação do tempo.
Como o terreno é pequeno, não está na mira das construtoras.
A foto é de Augusto Malta, de 1905.

11.9.08

Em algum lugar desta foto estão:

Lionel e John Barrymore
Charlie Chaplin
Gary Cooper - deitado no chão -
Joan Crawford
Dolores del Rio
Douglas Fairbanks, Jr. - talvez o sorridente em pé, abraçado ao outro
Greta Garbo - ao centro, linda, de branco
Cary Grant - deve estar lá atrás...
Jean Harlow
Buster Keaton - de cabelos compridos, de perfil, primeira fila ao centro.
Carole Lombard
Errol Flynn - sentado, o último à direita.
David Niven - de terno, olhando para baixo, sentado na primeira fila.
Norma Shearer- de suéter branco, em pé.
Barbara Stanwyck
Clark Gable

Tentei identificar, mas não consegui muito bem. Então, Miguel, me ajude, tá?

Achei o poderoso L. B. Mayer entre a loura atrás do Buster Keaton, que provavelmente é a Carole Lombard, e a morena, que pode ser Joan Crawford.

Estavam todos na mansão de William Randolph Hearst, o milionário magnata das comunicações, que inspirou Orson Welles a criar o protagonista de Cidadão Kane.

7.9.08


Então tá combinado. Assassino malvado de filme americano agora tem que usar cabelo chanelzinho pra compor o personagem. Foi assim que o Javier Bardem ganhou um Oscar no segundo filme dos irmãos Coen que eu achei chato (o outro foi com o Billy Bob Thorton, que eu adoro, mas o filme era um tédio previsível só). Prefiro as coisinhas engraçadinhas que eles fazem, como O Grande Lebowski, Arizona Nunca Mais e aquele do George Clooney cantando blue grass (O, Brother, where are thou?, creio).
Mas o filme acima nem é dos Coen, então, não há risco de eu assistir mesmo. Sim, porque eu continuo achando o Nicholas Cage a pior produção do Coppolla. Outro dia vi um filme com ele na TV. Era um horror, de terror, mas tinha a Ellen Burstyn e eu adoro a musa. Até que foi bonzinho, no fim ele era morto por uma seita daquelas que acredita em Mãe Terra céltica e todo mundo bota cabeça de bode para saudar o solstício. O melhor do filme era o canastra sendo morto.
A foto é de um novo produto Cage, em que ele é jagunço com missão de matar gente em Bangkok. Deve ser ruim de ver até na TV.

5.9.08

No começo, eles eram assim.

Mudaram um pouquinho assim...
... assim....

e assim!

Agora, estão assim:




E a gente vai sempre se lembrar dele assim:

4.9.08

No Valor Econômico, hoje


Trabalho, razão para estar bem ou enlouquecer
Olga de Mello, para o Valor



O semblante sereno e o modo de falar tranqüilo do americano Joshua Ferris contrastam com o estilo sarcástico escolhido por ele para descrever a angústia de um grupo de publicitários ameaçados de demissão em seu aclamado romance de estréia "E Nós Chegamos ao Fim". Escrito na primeira pessoa do plural, para enfatizar o conceito de corporação, tão cultivado pelas grandes companhias, o livro já foi lançado em 20 países e tem conquistado elogios da crítica pelo retrato satírico, mas nem por isso pouco realista, do mundo corporativo. Um universo do qual Ferris se afastou há sete anos, com algum pesar. "Não imaginava quanto escrever é solitário. Eu gostava das conversas nos intervalos para tomar café. Essa interação acabou para mim. Hoje, meu escritório é em casa, onde só meu gato me interrompe", disse o escritor ao Valor, no Rio, onde esteve para o lançamento do livro.
Ao deixar o ambiente estressante das grandes companhias, Ferris quis expor um momento de transição - quando a cultura "yuppie" é assombrada pela crise das empresas pontocom. O livro mostra o esforço que os empregados fazem para manter-se no seleto círculo dos assalariados bem-remunerados, enquanto refletem sobre a individualidade que a cultura corporativa alardeia que devem esquecer, apesar da rotina altamente competitiva. Ao mesmo tempo em que lamentam a demissão dos colegas, cada um procura mostrar-se necessário à empresa, com tiradas supostamente brilhantes durante as reuniões da equipe.
Formado em literatura e filosofia, Ferris, de 34 anos, sabia que não combinava com a agitação movida a cafeína da vida corporativa - só toma bebidas descafeinadas e se espantou ao constatar que não eram oferecidas pelo restaurante em Copacabana onde deu a entrevista. Antes de dedicar-se inteiramente à literatura, Ferris teve uma experiência curta no magistério e foi redator de publicidade em duas agências em Chicago. O livro, afirma, não é autobiográfico, nem conta fielmente o que observou em uma das agências, onde houve corte de mais de um terço dos empregados, após o estouro da bolha da internet.
"Depois do 11 de setembro houve uma redução no ritmo de dispensas. Os atentados abalaram emocionalmente todos os setores da sociedade americana. No entanto, a vida corporativa sofre fenômenos cíclicos. Vivemos agora uma nova crise econômica em um universo corporativo descentralizado, com empresas de cartão de crédito prestando atendimento telefônico em países asiáticos, a custos inferiores aos que as companhias teriam se tivessem funcionários em suas sedes. Meu livro se situa em um momento imediatamente anterior ao atual", disse Ferris.
Os publicitários com salários astronômicos de "E Nós Chegamos ao Fim" apresentam alterações severas de comportamento frente ao temor da demissão. Há o demitido que insiste em voltar ao escritório diariamente, a chefe "workaholic" que trabalha na véspera de uma cirurgia de câncer, o colega que copia páginas de livros em xerox para ler durante o expediente, fingindo estar ocupado com material de trabalho.
"Todos os personagens são fictícios. Eu queria falar sobre aquela tensão, sobre o drama daquelas pessoas, para as quais o emprego significa mais do que contracheque e benefícios. O emprego é uma extensão deles, a empresa é vista quase como uma família. Eles não imaginam um futuro fora daquela realidade, da cultura de otimismo que a corporação lhes passou. O trabalho corporativo dá a sensação de que se é integrante de alguma coisa, como se sente quem freqüenta uma igreja. A perda desse status gera situações estressantes e humilhantes, além de provocar atos desatinados. O que muita gente não percebe é que o próprio trabalho, algumas vezes, leva as pessoas à loucura", comenta Ferris.

Nascido em uma cidade no interior do Illinois e criado na Flórida, Ferris vive atualmente em Nova York. Em sua primeira viagem ao Brasil, ele também participou da Bienal Internacional do Livro de São Paulo. Interessou-se pelo país quando se apaixonou por uma jovem brasileira, há cerca de 20 anos. "Eu era muito romântico, tinha 15 anos. Ela estava fazendo intercâmbio, mas a família que a hospedava era muito severa e não queriam nossa aproximação. Durante o curto período em que nos aproximamos, tentei aprender um pouco de português e sempre senti uma ligação especial com o país."

2.9.08

No escurinho do cinema


Sou, literalmente, filha da Geração Macunaíma, a precursora da Geração Paissandu, que freqüentava a Cinemateca do MAM e a da ABI.
Tenho quase a idade do Paissandu. Estou fora de forma como a sala.
No Paissandu eu assisti ao Ano Passado em Marienbad, que só fui entender ao chegar em casa e ler A Invenção de Morel. Também revi Morangos Silvestres e a alguns filmes chatérrimos, como um policial francês com três horas de duração, poucos diálogos, pouca ação e apenas um assassinato, desvendado por mim e Eduardo Graça na primeira meia hora de filme.
Também era lá que o Município escolhia para mandar as professoras no Dia do Mestre. Eu fui junto, cobrir o evento. Aproveitei para assistir a um filme (francês, claro) bem interessante sobre uma professora que largava um relacionamento chato que só e saía fugindo das responsabilidades da vida, pegando trens e se hospedando em albergues à beira-mar no norte da França. Não me lembro do nome, mas levei uma bronca do chefe por estar no cinema em vez de retornar correndo para a redação e rumar para mais umas duas materinhas no mesmo dia. Porque repórter de geral não pode aproveitar a vida, só correr do pelourinho...
Os últimos filmes que assisti no Payssandu foram comédias deliciosas. Um do Kevin Smith, creio que aquele em que Silent Bob e Jay vão a Hollywood, e O Barato de Grace.
Lembro-me quando abriram aquela sala com fumódromo, que tinha igual no finado Cinema I. Eu não conseguia assistir a filme algum lá, não permitia a concentração.
Eu queria que voltassem o Ricamar, o Riviera, o Cinema I e o Cinema II, com os nomes de artistas de cinema de antigamente nas poltronas. Era bom sentar-se no colo de Gary Cooper.

Um epitáfio do Paissandu necessita de uma foto de Acossado, claro.
Estas recordações foram inspiradas por minha amiga, irmã e fada madrinha, Eveli Ficher, com quem assisti ao Barato de Grace, ao sair de uma visita ao Eduardo, então hospitalizado, anos atrás. Um cineminha que marcou o início da independência de uma das mais caras amizades que Edu - meu companheiro de grandes jornadas cinematográficas, como os filmes assinados por Kevin Smith e trashs absolutamente imperdoáveis, entre eles o cult Lenda Urbana 2 - consolidou para mim.
Todo mundo sabe que eu não gosto de Madonna, exceto em "Procura-se Susan Desesperadamente", porém ADOREI esta análise do Alexandre.