9.10.14

Meninice

Frustrações da infância:
- nunca ter sido anjinho de procissão
- jamais ter saído de melindrosa ou de tirolesa no carnaval
- não saber pular corda
- não saber dar cambalhota
- não gostar de balas e de doces, e, portanto, só achar bonito o formato deles, sem apreciar o sabor
- não ter televisão em casa
- não saber soltar pipa
- ser filha única
- não acreditar em Papai Noel nem em Coelhinho da Páscoa
- não ganhar presentes de dia das Crianças


Realizações da infância
- ser dama-de-honra (duas vezes)
- sair de "hippie" estilizada no carnaval
- pulei todos os carnavais que pude e quis
- comer purê de batatas COM batatas fritas
- dar estrela
- ser pequena para brincar na "piscininha" na Praia de Ipanema
- andar de bicicleta na General Osório
- andar de balanço aonde encontrasse um
- tomar sorvete de chocolate com creme holandês
- beber suco de groselha
- ver tudo o que podia na TV dos amigos e da Tia Zelia
- ganhar de aniversário um revólver, uma estrela de xerife e uma cartucheira (meus pais eram mais moderninhos que Brangelina)
- ganhar uma Suzy, o presente mais desejado da minha vida inteira
- ler MUITAS histórias em quadrinho de super-heróis publicadas aqui pela Ebal, que Tia Zélia me arrumava
- ler Monteiro Lobato, Laura Ingalls, a coleção Jovens do Mundo Todo até encontrar Shakespeare e a Coleção Amarela de policiais
- comer amora no sítio de Tia Zélia
- ouvir novelas de rádio à tarde com Maria
- não dar presentes de Dia das Mães ou Dia dos Pais, por serem "datas comerciais, sem sentido algum".
- ir à praia religiosamente todos os sábados, domingos e feriados com meu pai
- comer os bolos que Vovó Olga preparava
- remexer nos discos de Ivan (escondidíssima) e descobrir Carlos Santana;
- remexer nos discos de Telma (escondidíssima) e ouvir diariamente (escondidíssima) "See you in September"
- ver "Help" pela primeira vez no Riviera, em pé, com meus pais, e sair apaixonada pelos Beatles
- ler o Velho Testamento durante as aulas de religião, enquanto todas as colegas recitavam mistérios gloriosos, dolorosos e gozosos, na preparação de catecismo
- fazer o circuito de museus/Zoológico nas férias no Rio, com minha mãe.
- ir à cinemateca do MAM com meus pais
- ir para Florianópolis ver meus avós, tios e minhas primas
- pedir para ficar mais "um pouquinho poucão" na casa de Kathya.
- fingir que caía no sono para dormir na casa da prima.
- ter primas (as de sangue e as adquiridas, como Cynthia Chayb e Kathya).


Olhando pra trás, até que não foi assim uma meninice tão sem graça...

6.10.14

Pulseiras e Paz


Adoooooro pulseiras! Adoooooro!!! Quero todas essas pra ficar em paz também.

Amo pulseirinhas. De búzios, de miçangas, peroladas, douradas, de fitas, de couro, de ouros. Só não tenho muitas assim. Um dia terei e poderei rir dos meus pulsos coloridos, felizes, enfeitados, uma alegria só minha, boba, mulherzinha.
Dentro de uma alma envelhecida e calejada sobrevive o frescor da mocinha boba, romântica, que fica contente com bobagem. Poucas vezes, secretamente, como tudo que é delícia na vida.

A bizarra, a despudorada, a índia loura e as fendas

Depois de um fim de semana emocionante, nada como voltar à futilidade para limpar o HD de tanta politicagem.
E aí, um lançamento de filme qualquer produz essas tragédias.




A lindinha da Emma Roberts, com fendas pra todos os cantos, uma esquisitice de Saint-Laurent.


A equivocada Lea Michelle, com fenda e decote abissais em veludo azul.


Dakota Fanning numa tristeza franjada de camurça vermelha, com sapatinhos atrozes.  Parece índia de filme da década de 60. Valentino cometeu o crime contra o bom gosto.


Indesculpável, mas parece que divertiu muito a moça que não tem nada a esconder. 


A jovem é uma cantora, ou seja, precisa apresentar algo bizarro, em vez de soltar, simplesmente, a voz. Essa fantasia de criança de desenho animado japonês, com pirulitos coloridos nos cabelos bicolores, batom azul, padronagem da túnica (que é até bonitinha pra gente usar aqui, à beira-mar, fazendo umas comprinhas no mercado) se repetindo nas meias... melhor nem falar. (a túnica me remeteu a joguinhos eletrônicos que têm mil pedrinhas preciosas... ah, o horror, o horror....)

17.9.14

Pra hoje

Nadar
Trabalhar
Ganhar na MegaSena.
Viajar pra Pasárgada não dá, tem bombardeio.
Um pulo, então, em Marienbad, pra esperar o ano passar.

26.8.14

O Emmy da mesmice

O Emmy premia a TV e vai prestigiar sempre os artistas que permanecem  fiéis à telinha. Vez por outra, concedem magnanimamente, uma láurea a uma dama inglesa, que não se dá ao trabalho de comparecer à festinha para ser aplaudida de pé por toda a plateia, porque damas inglesas não estão nem aí pras rugas, quanto mais para homenagens da categoria. Os moços ingleses também não vão à premiação, exceto o Ricky Gervais, mas abiscoitam lá seus trofeuzinhos.

A festinha de ontem premiou as mesmas pessoas e séries de sempre. Julianna Margulies, Julia Dreyfuss, Bryan Craston e todo mundo de Breaking Bad e  Modern Family. Ou seja, originalidade, zero. Nem os trajes chegaram a surpreender. Quem não usou vermelho, envergou o branco ou preto. Ninguém homenageou Helena Bonham-Carter (os ingleses estão por baixo, mesmo) e os litros de botox aplicado nas estrelas competiam com o brilho do clareamento dental dos sorrisos amarelos dos perdedores. No Emmy da mesmice, até as bizarrices dos figurinos foram pouco criativas.
Felizmente, existe a inigualável Lena Dunham, que conquistou a categoria Tribufu Hors Concours com uma fantasia de piñata. Insuperável.


O quesito Liquidificador do Estilista Louco foi arrebatado por Kate Mara. Tinha de tudo na grega estilizada, que, no colo, lembrava ainda uma parede de azulejos, com uma pala rígida de onde descia um cortinado, algo que remonta as colunas helênicas. Claro que piorava muito atrás, com tiras para segurarem a estrutura.





Tenho a impressão de que chegará o dia em que Jennifer Westfeld terá apenas uma linha no lugar da boca. Quem vai se lembrar do vestido dela, quando madame tem o Jon Hamm para exibir como adereço de mão?


As damas de vermelho surgiram em diferentes feitios - de corpo ou de vestes.


Christina Hendricks, que prima pela opulência, parecia uma dama de pintura romântica. 

Claire Daines pendurou uma guirlanda de porta no pescoço. A guirlanda era até interessante, mas a transparência de rendinhas com cintinho... 

Julia Dreyfuss também usou cintinho e umas armações que seguravam a parte superior do vestido, com bom efeito (mas eu preferia sem o cintinho). 

Algo muito estranho anda acontecendo com Heidi Klum. Ela abandonou o Versace e está discretíssima, ainda que avermelhada.



Adoro a Octavia Spencer, mas alguém precisa informar a ela que o estilista misógino que avança nas gordas de Los Angeles deveria ser exilado no Iraque para aprender a cobrir braços volumosos. De resto, até que as preguinhas formaram um bonito efeito neste sari estilizado.


Kaley Cuoco foi de Explosão no Canteiro da Maria Sem Vergonha, mas ficou bonita - e o que não fica, nela? 




January Jones demonstrando claramente sua infelicidade com o modelito pastorinha, que já saiu de moda - algo que jamais deveria ter acontecido.


Sarah Paulson parecia um presente, envolta em tule negro com pintinhas vermelhas. Eu achei que era uma Galinha D'Angola Rubro-Negra, mas a Lívia Almeida definiu melhor: algo como a cruza do Cisne Negro com a Galinha D'Angola Pintadinha. 



Há uma ilusão de que preto é sempre elegante. A prova contrária está acima. 


Agora, tem gente que sabe posar de diva dos anos 40 com a maior tranquilidade. Saia e blusa perfeitas.


Debra Messing, maravilhosa.




Lizzy Caplan, de engana-mamãe, com uma cauda branca, estava com o vestido mais bonito da noite.


Felicity Huffman acertou no pretinho básico. Já William H. Macy adora esse corte chanelzinho de cabelo que não o favorece em nada.

Jessica Lange também estava com um sensacional pretinho. 
Só faltou uma manguinha, porque, os anos passam e a pele não contribui, né?


Jodie Foster, como sempre linda, simples, básica. 

Melissa McCarthy insiste em cortar a silhueta avantajada e atarracada ...






   .... enquanto a diva Kathy Bates procurava uniformizar a estrutura exuberante com um quimono estampadão e pantalonas. 




E a überstar Julia Roberts foi simplesinha, com esse vestidinho curto, mas cheio de aplicações. Eu sempre imagino a dificuldade de se sentar em cima de tanta coisa pontuda. 



Enquanto Mayin Bialik abandonava a personagem esquisitona de Big Bang Theory para encarnar uma das rainhas desprezadas por Henrique VIII ...


 sua coleguinha Melissa Rauch apareceu também de azulão, bem lindinha. 




Momento constrangedor da noite: a bela Sophia Vergara subiu numa plataforma para mostrar seus atributos físicos, no que seria uma denúncia sobre a exploração dos corpos femininos pela indústria dos filmes. Não deu certo. 


Esta aí pegou o figurino de um filme de bruxa e foi pra festa. Nunca havia visto antes um vestido em formato de cogumelo.




Robyn Wright, ousada. 


A cor já era um risco. O modelo, que vem sendo repetido há uns três anos pelos tapetes vermelhos, uma indefinição de cauda e tecidos despencados.  Ganhou a categoria ovo estrelado.




Amanda Peet,  a grávida romântica;


Hayden Pannetiere, de grávida rainha da discoteca.



Taissa Farmiga mostrando que nem tudo o que uma linda jovem enverga fica bonitinho. Daqui a alguns anos ela vai poder rir muito desse desastre que vestiu. Tem tudo de feio. Transparência, blusa que não combina com a saia - ou seria um vestido por baixo da saia? Um horror. 




Julianna Margulies, sempre tão discreta e chique, estragou a bela frente do vestido com um toque Madonna atrás.




 Natalie Dormer, com um vestido que funciona longo ou curto, um dos mais originais da noite.  



Os inevitáveis tecidos que poderiam estofar poltronas até que eram bonitos, mas agora, eles também fazem quem olha questionar a qualidade da própria visão. 




Mais um pouquinho da saia mesa-de-aniversário-de-criança de Lena Dunham, perfeitamente adequada à postura cuidadosamente desleixada da moça alternativa. O que seria do mundo sem os palhaços? 

15.8.14