31.3.06

In love with Shakespeare


Estou numa fase totalmente shakespeareana. Tudo começou com uma matéria sobre escritores que se perpetuam no post mortem, que, quando pronta e publicada, figurará aqui nestas arenas. Daí, saí lendo o livro do Jorge Furtado, recriando o "Trabalhos de Amor Perdidos", propus outra pauta, agora sobre Shakespeare direto para um veículo ao qual meu irmão Eduardo Graça me "apresentou", e, naturalmente, acabei indo ver "O Mercador de Veneza", com Jeremy Irons e Al Pacino brilhando. O resto do elenco morre ao lado de ambos, que decidiram fazer o que eu sempre critico nas montagens de Shakespeare - algo que também acontece em novela de época brasileira: deixaram de lado aquela forma empolada e artificial de falar, adotando um tom mais natural. Sem contar que os olhares, esgares, trejeitos, suspiros, sorrisos e a cadência dos gestos e corpos de ambos são magistrais.
Em compensação, o Joseph Fiennes, que já encarnou o Bardo, está um horror, assim como o resto do elenco, todos impetrando solenidade e reverência ao recitar suas falas.

27.3.06

My little town

Assim era o Rio ontem de manhã. Esta é a Avenida Nossa Senhora de Copacabana, considerada a rua mais melancólica do mundo por um urbanista estrangeiro em visita à cidade, me contava minha mãe. Por que tão triste? Porque estava entre o mar e as montanhas e dela não se vê nada disso, só os tapumes de concreto.
Minha mãe trabalhava numa agência da Caixa na Nossa Senhora de Copacabana (a segunda em movimento no País, como os funcionários costumavam informar, estufando o peito de orgulho). Então, eu costumava pegar um ônibus na Visconde de Pirajá e seguir até Copacabana para encontrar Mamãe e irmos a médico no fim do expediente. Depois, fiz datilografia no Senac de Copacabana, mais tarde, um curso de especialização em Inglês no Ibeu, no mesmo bairro. Copacabana era uma confusão, comparada a Ipanema de então: movimento intenso, comércio, camelôs (poucos) nas esquinas, gente por todo o lado. No ônibus, eu procurava divisar o mar, sempre que passava por alguma esquina que levasse até a praia. Mas o mar era muito distante, já havia o calçadão, o que o deixava longe até quando se passava pela Avenida Atlântica.
Ontem, o mar chegou à Nossa Senhora de Copacabana.
(O título deste texto vem de uma canção que de Simon e Garfunkel, que eles gravaram em 1975. Seria usada na abertura de meu filme imaginário sobre o Rio de Janeiro, que começaria com a viagem de ônibus entre Ipanema e Copacabana, mostrando as tentativas de vislumbrar o mar por uma passageira. Devanear sempre foi um hobby que cultivo até hoje).

26.3.06

Águas de Março


Amo domingos chuvosos. A gente fica impedido de saracotear pela rua, nem é obrigado a aproveitar o dia outdoors, o que é quase uma imposição numa cidade tão bonita quanto o Rio. O domingo chuvoso é uma dádiva: somos obrigados a descansar.
Isso quando não se abre a geladeira e se descobre que há necessidades físicas básicas da família a serem satisfeitas. Aproveitando uma estiada, corri a cumprir um de meus programas de índio mais habituais: o supermercado dominical. Aparentemente, meio Botafogo decidiu fazer o mesmo que eu. Guarda-chuva em punho, apeei do carro e literalmente caminhei sobre as águas no Sendas, que havia sido alagado durante o temporal da manhã (a São Clemente, como sempre, se transformara em rio, minha vizinha da frente avisara. Mas só saí depois que as águas baixaram). Uma funcionária do supermercado informava que não houvera alagamento, mas que a água caíra de goteiras, que ainda rorejavam em baldes espalhados pelos corredores. Outra lei do supermercado, que segue a lógica das agências bancárias no quesito como atender mal ao público, era cumprida à risca: apenas seis das 114 caixas estavam abertas.
Por que eu ainda vou a esse supermercado? Lá só compro praticamente enlatados e tudo o que for industrializado. Não confio em comprar carnes de forma alguma, porque eles praticam - ou parecem praticar - outra máxima da desonestidade contra o consumidor: desligam geladeiras à noite. Então, vou às compras desconfiada.
Desconfiar é um verbo que conjugamos diariamente neste país. Desconfiamos da polícia, do comerciante, do vizinho, do professor, do médico, do jornalista, do chefe, do empregado. De políticos, juízes, religiosos, ricos e miseráveis.
Queria acordar um dia e poder voltar a sentir confiança, mais que esperança.
E, num toque surrealista, nesta cidade em que a natureza insiste em se manter exuberante e sorridente, bombeiros lutam para capturar três jacarés que surgiram em meio a uma favela no Recreio dos Bandeirantes, provavalmente seguindo o curso das águas que os retirou de algum charco da região. Já houve quem reclamasse de uma matéria em jornal americando, no milênio passado, falando sobre macacos e cobras à solta pela cidade...

Chega a ser engraçado

Na Folha de S.Paulo hoje tem matéria sobre as promoções dos traficantes cariocas. Chegou o tempo do "leve 10 papelotes e ganhe um". A cada compra, ganha-se um vale. Dez vales podem ser trocados por um papelote de coca ou um cigarro de maconha. Crack não entra como brinde, pois, segundo um traficante, os dependentes são muito agressivos.
A estratégia seria para segurar a clientela fiel e aumentar o consumo, a fim de ter capital de giro para pagar grandes partidas de drogas que chegam dos fornecedores. Estranho que, anos atrás, li uma matéria que garantia que 40% das drogas ficavam nas próprias comunidades, pois aumentara consideravelmente o número de dependentes nas favelas, incentivados tanto pela curiosidade na experimentação quanto pela redução nos preços dos produtos oferecidos. Ora, se quase metade dos artigos têm clientela certa ao redor da boca, por que então tanta preocupação em fidelizar os usuários?
Deve haver uma explicação econômica maior do que entende minha vã filosofia...

Esboço


Naquele tempo (*) já chegara à época em que perder os óculos integrara-se à rotina. A surdez chegaria em breve, vinha da mãe, que também sofria de presbiopia, o nome clínico da vista cansada. As duas deficiências precisavam ser encaradas com galhardia.
Compreendia, então, por que o pai lia grudado no papel, sem óculos, tão próximo das letras, voltando, a cada chamado, um olhar apertado e angustiado de quem sabe que não verá ou não entenderá aquele que pede sua atenção. Olhos míopes se apertam desde as bochechas, franzem não apenas o cenho, mas os lábios, esforçando-se para descobrir o que de seu dono desejam.
E quando os domingos eram lindos, exigindo que saísse, vinha o drama de enxergar sem ver corretamente, a inveja dos que conseguiam perceber detalhes sem a necessidade de lentes, óculos, pince-nez, binóculos, lupas, telescópios. (**) Uma ginástica mental antecedia os necessários movimentos novos para seu corpo cansado que não satisfazia mais às exigências da existência. Distinguir letrinhas miúdas quando estava com lentes de contato obrigava um dos braços a esticar-se ao máximo empunhando o papelucho, mas não tão distante que impedisse a simples visão dos caracteres que se juntavam em borrões indistintos. Melhor desistir da leitura ao se aparelhar para vislumbrar o que estivesse ao longe. Observaria paisagens, rostos, letreiros, mas não as atraentes letrinhas, as portas de seu mundo particular, intenso, divertido, único, pronto a ser desfrutado pelas outras pessoas que não se interessavam por este prazer solitário. Nos domingos de céu claro, a praia, os parques, a rua eram para encontrar gente, sentar-se em volta de mesas, rir alto, divertir-se a valer, sonhando em retornar ao conforto das janelas fechadas e do ar parado, empoeirado, turvo em que as letras promoviam passeios a locais bem mais fascinantes do que por onde costumava pisar.
Em alguns momentos, logo depois da tsunami, temia o mar verde escuro, inerte como os olhos de um gato adoentado, com pulsações baixas e solenes. O céu ficava azul escuro também, enquanto o perfume da água invadia os pulmões. Noutras ocasiões, o mar azul brilhante, ondas suaves e delicadas, o céu competindo com os tons azulados da água, a areia dourada aceleravam seus batimentos cardíacos e enchiam sua alma de felicidade inebriante. Sentia-se alvoroçada como uma menina apaixonada pela primeira vez na vida. Tentou traduzir tudo isso em textos escritos ali mesmo, sob a sombra da barraca de praia. Uma cena cinematográfica, da qual era protagonista e única espectadora. Nenhum esboço foi transformado em texto.

24.3.06

Segunda é dia de Maria!!


Minha talentosa e bela amiga Maria Rezende é uma das jovens mulheres que integram o projeto Imagining Ourselves, que faz uma noite de poesia e festa na próxima segunda-feira, 27 de março, no Armazém Digital do Leblon, a partir das 20h.

Sob a desordem, a vida


No último Carnaval encantei-me por um jogo que conheci na Internet - Huntsville Mystery Cases. Não tem nada de especial, insta apenas a que se encontre figuras em desenhos onde aparentemente elas não deveriam estar. Violinos em barbearia, garrafas de refrigerante em tumbas de faraós egípcios, tacos de baseball em museus de história natural. Pois bem, minha casa está parecendo os diversos cenários do jogo. No móvel do computador, além de porta-retratos, livros, CDs e disquetes, mais livros e objetos de decoração, encontram-se mezzo camuflados copos, livros infantis, remédios, notas de dinheiro, um aparelho de telefone mudo que é para jogar fora, uma lista telefônica.
Alço meu olhar um pouco adiante, para uma sapateira/estante de livros feita sob medida para a família por Seu Carneiro, nosso falecido marceneiro. A caixa de CDRoms está encoberta por roupas displicentemente jogadas sobre os discos e também sobre livros e revistas. Acima, em prateleiras onde por muito tempo apenas porta-retratos e porta-jóias reinavam absolutos estão contas, mais CDs. Perto dali, sobre a televisão estão mais CDs e livros. E um cinto colorido da Júlia. Um batom.
Isso é só o meu quarto, um território livre e o cômodo de maior movimento na casa, não apenas por ser abrigar nosso único computador, mas por ter a melhor cama, claro. A mesa de cabeceira tem tantas pilhas de volumes diversos ("O Dia do Gafanhoto", "O Último Magnata", "O que faz Sammy Correr?", "Rapina", " Paixões", "Substantivo Feminino", "Música Fúnebre", "Artemis Fowl", "Lady Barberina/A Outra Volta do Parafuso", uma revista do Homem de Ferro importada, um telefone que funciona) desafiando as leis da gravidade e do equilíbrio mental. A estante de meu quarto também exibe corpos estranhos que se incorporam ao ambiente, resistindo a retornar a suas origens, como estojos de lápis de crianças, brinquedinhos que acabam sendo acatados como artigos decorativos.
O restante da casa está menos caótico porque não há como um neurótico suportar uma cozinha suja e banheiros desarrumados. A sala é rapidamente arrumável, os quartos das crianças têm portas que permanecem cerradas até meu próximo surto de Amélia, que ocorre, geralmente, a cada dois dias. Aí, eu boto tudo nos seus devidos lugares. No dia seguinte, as coisas começam a ressurgir, como animais que hibernavam e que aparecem com a primavera. E retomo a função de catadora-colhedora dos objetos abandonados fora de suas tocas, descobrindo sob cada peça de roupa largada sobre cadernos, brinquedinhos, bugigangas em geral, recordações, histórias, momentos gravados em tudo o que se esquece, o que o desleixo nos obriga a manter vivos, mesmo que camuflados.
Depois de 45 anos sendo servida, aprendo a tocar a vida. Começou o segundo tempo.

21.3.06


Preciso dormir mais. Sempre sinto que estou perdendo tempo precioso quando me desligo da vida consciente. Mas os olhos pesam e os dias não se esticam apenas por minha vontade. Acho que sei por que os velhos dormem pouco e cochilam muito. É medo de desperdiçar o viver precioso.
A maturidade traz rugas, dores e sabedoria.
Como é bom ser o dono de seu tempo.

16.3.06

O Gatão da Terceira Idade


Parece que vai sair o quarto filme de Indiana Jones. Tirando pelos últimos trabalhos de Spielberg e de Harrison Ford, os prognósticos não são bons. Mas uma legião de fãs garantirá os recordes de público.

15.3.06

O bom da vida




... Samuel Rosa cantando "Balada do Amor Inabalável"
... quase todo mundo cantando "Try a Little Tenderness" *
... a chegada de volumes e volumes pelo correio
... Bela dormindo com a cabecinha encostada no degrau do banheiro, esperando Júlia sair do banho
... sonhar que haverá dias ainda melhores!
* um dia aprendo a linkar som neste blog.

13.3.06

Petas da semana passada

1. Exército cerca favelas em busca de armas roubadas.
2. Milosevic morre de causas naturais, abruptamente, na prisão em Haia.
3. Jean Charles era suspeito de estupro.

1. Assumimos a guerra civil?
2. Morte no xadrez nunca é por causa natural.
3. Pronto, arrumamos uma maneira de justificar a estupidez da polícia inglesa.

1. Também acho que o Exército brasileiro nada tem a fazer, então, que bom se os soldados fossem mobilizados para uma ação conseqüente de segurança da população, mas, porém, todavia... desde quando a gente assume a falência das forças policiais com tanta tranqüilidade e entrega investigações e combate ao crime a praças preparados sabe-se lá de que forma para lutar em guerra.
2. Uma desencarnada dessas mostra que a Europa também fecha os olhos para os justiçamentos, igualzinho ao que ocorre na Ásia, África e América Latina.
3. Levantar os "podres" da vítima é a melhor defesa para quem comete atos indefensáveis. O fuzilamento de Jean Charles pelos policiais londrinos foi uma execução igualzinha a outras que já vimos no Brasil (Favela Narval, Rio Sul).

Conclusão: a Humanidade continua sob o jugo da barbárie organizada.

10.3.06

No Valor, hoje

Para as muito românticas ou não, um assunto muito intrigante. Atire a primeira pedra quem nunca leu uma Barbara Cartland (que era bisavó da Lady Di, sabiam?).

De Cinderela a Bridget Jones
As heroínas românticas se modernizam e o gênero "chick lit", ou literatura "mulherzinha", conquista uma legião cada vez maior de leitoras no Brasil

Olga de Mello


A atriz americana Renée Zellweger interpreta a ansiosa e hilariante Bridget Jones, assediada por seu chefe (Hugh Grant), no filme que adaptou o sucesso de Helen Fielding
Vem dos contos de fadas a figura da heroína romântica que sofre na mão de vilões e é resgatada de seu triste destino por um homem audaz, que lhe concede a recompensa com o casamento e o amor eterno. Os contos atuais já não têm tantas promessas de felicidade, mas as narrativas sobre jovens que enfrentam percalços sem desanimar até encontrarem um príncipe encantado continuam fazendo sucesso entre leitoras de todas as idades. Desdenhado pela crítica especializada como um gênero subliterário, o chamado romance rosa transformou-se na "chick lit" - ou literatura "mulherzinha", no Brasil - e ganhou vigor no fim do século XX, quando "O Diário de Bridget Jones" foi um best-seller mundial, contando as desventuras da atrapalhada trintona inglesa, que, como toda heroína romântica, almeja um final feliz ao lado de um homem idealizado.

Com mais de 10 milhões de exemplares vendidos no mundo inteiro, mais de 100 mil só no Brasil, a inglesa Helen Fielding montou sua novela com a estrutura do clássico "Orgulho e Preconceito", de Jane Austen. A sutil e irônica crítica social de Jane foi substituída por uma veia cômica histriônica, mostrando que a sociedade inglesa ainda vê o casamento como o destino natural das mulheres. A maior façanha de Helen, no entanto, foi tirar o folhetim romântico de seus esconderijos em gavetas de cômodas ou mesas de cabeceira para conquistar seu espaço nas estantes sem causar qualquer constrangimento às leitoras.

O sucesso desse modelo de personagem manifesta o simples desejo de obter na cultura popular uma satisfação inviável na vida real, acha a americana Laura Kipnis, autora de "Contra o Amor - Uma Polêmica". Ela lembra que o arquétipo da heroína romântica não foi derrubado sequer pelas quatro protagonistas da série "Sex and the City", baseadas em personagens criados por Candance Bushnell na novela "Quatro Louras". As quatro "mocinhas" chegam ao fim da série casadas ou mantendo um relacionamento duradouro com seus namorados, formando casais quase antagônicos, derrubando barreiras sociais e etárias, indo de encontro ao anseio do público por finais felizes que dificilmente acontecem na vida real. Laura, que participará na Bienal do Livro do debate "Ensaio sobre o amor na literatura", acredita que os relacionamentos reais são minados pela promessa de que o romance e o amor suprirão todas as exigências que a vida faz. O sucesso da "chick lit" estaria, então, em fornecer aos leitores o sonho de que o amor consegue superar qualquer frustração na vida, mesmo "numa época em que parecemos viver um momento de transição quanto às expectativas românticas e nas formas de relacionamento", diz a escritora, que tem diversos estudos sobre política sexual e cultura contemporânea.

Como de cada dez livros vendidos no Brasil, seis são adquiridos por mulheres, não causa surpresa o interesse pelo gênero. A popularidade da literatura feminina no país fica marcada a partir de 1935, quando a Companhia Editora Nacional começou a publicar a Biblioteca das Moças, um sucesso até a década de 60, com 158 títulos de diversos autores, tendo como expoentes as obras de M. Delly, pseudônimo de Frédéric e Jeanne Marie de La Rosiére, um casal de irmãos franceses que invariavelmente criavam histórias sobre jovens belas e pobres apaixonadas por heróis ricos, belos e aristocratas. A diferença para os títulos atuais é que os romances ingênuos, sem qualquer insinuação de sensualidade, destinavam-se a adolescentes, não a mulheres adultas, hoje o público-alvo da "chick lit". Nos anos 70 e 80, a literatura "mulherzinha" ficou praticamente restrita às bancas de jornal, com autores só conhecidos pelas leitoras do gênero.

Para a diretora editorial do grupo Record, Luciana Villas-Boas, houve uma evolução significativa na literatura feminina: "A literatura rosa era muito escapista, com enredos em locais exóticos e uma linguagem melodramática. Desde os anos 90, ela está ligada à realidade de mulheres que trabalham fora, sem deixar de valorizar o contexto romântico. Já temos divorciadas na faixa dos 40 entre as personagens da 'chick lit'". Muito antes de publicar "Bridget Jones" no Brasil, a Record já tinha as popularíssimas Bárbara Taylor Bradford e Danielle Steel entre seus autores. Em média, o grupo publica 28 novos títulos de literatura feminina ao ano, cerca de 10% do total de seus lançamentos - incluindo aí a série "Diários da Princesa", de Meg Cabot, destinada ao público adolescente.

As narrativas sobre a amizade e primeiros amores foram reunidas pela editora Rocco na Coleção Rosa Choque, que tem entre seus títulos os livros das séries "Irmandade das Calças Viajantes" e "Angel", este, seguindo a fórmula de humor com heroínas atrapalhadas à la Bridget Jones. Na mesma coleção estão os livros de uma admiradora confessa do gênero, Thalita Rebouças, autora de "Tudo por um Pop Star", "Tudo por Um Namorado" e "Fala Sério, Mãe", que já vendeu mais de 20 mil exemplares. Sem pretensão educativa, ela evita temas polêmicos como sexo ou gravidez: "Quero entreter e fazer rir. Eu quero falar do menino bonito, do professor que faz as meninas suspirarem. Não é escapismo, é a realidade da adolescência, das meninas de 11 a 16 anos, que, graças à Internet, dão retorno sobre os livros e pedem que eu continue escrevendo as aventuras das personagens que criei", conta Thalita.

Outra leitora de "chick lit", Michelle Abreu Vivas, debruçou-se sobre o tema para criar um dos raros estudos sobre o assunto no Brasil. Sua tese de mestrado em lingüística na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro foi "A Literatura Mulherzinha: a Construção de Feminilidades nas Tirinhas da Série Mulheres Alteradas". "As charges da cartunista Maitena enfocam as mesmas mulheres que estão em 'Bridget Jones' ou 'Melancia', com profissão e carreira definidas, mas em busca da realização afetiva. Elas vivem dilemas que as mulheres de hoje conhecem bem, o descompasso amoroso, a dupla jornada de trabalho. O interessante é que isso é visto de forma leve, crítica e bem humorada, num verdadeiro anestésico para a alma, mostrando que há como dar a volta por cima de uma realidade difícil e ainda se divertir", acredita Michelle.

Amélie ou Amélia?


Tô mais pra Amélie Poulin do que pra Amélia. Sou um desastre doméstico. Não sei cozinhar, o que tento oferecer a meus filhos nem eu consigo comer. Desaprendi a temperar macarrão. Boto roupa pra lavar e tiro um monte de panos de chão e tapetes de um balde com água sanitária que a faxineira deixou de molho. Lógico que todos adquiriram as cores dos demais. Com o remelexo da máquina de lavar, um dos baldes, que estava sobre a Sebastiana (a máquina), despencou, derrubando, em efeito dominó, dois outros que se equilibravam sobre o tanque. Resultado: área de lavar encharcada e nenhum pano de chão seco.
O jeito: sair pra comprar pano de chão no camelô, que é mais barato que no supermercado.
Não ter empregada é um desafio a ser enfrentado com galhardia por mulheres de classe média. Ah, acaba com as unhas, sim. Mas a economia é incomensurável...
Muito melhor é sentar e descrever os desastres domésticos.

4.3.06

Aniversário sem festa

Aniversário em Quarta-feira de Cinzas é a cara do Rio de Janeiro.
Parece praia com mormaço, algo que só os cariocas curtem.
Sem folia, sem muito alarde. Como convém a quem completa 441 anos.

Intragáveis

Coisa nojenta é política mesmo. Não sou tucana, não ligo pra Serra, Fernando Henrique, Aécio Neves e cia, mas me deu até pena do Alckmin quando os três primeiros jantaram acintosamente juntos num restaurante chique de São Paulo. Anúncio público de que o Serra seria o candidato do PSDB só pra humilhar o outro.
Qual é a diferença em trocar um sorvete de chuchu diet por um copo de vitamina de giló com Nescafé gelado? Um é sem-graça o outro tem cara de remédio contra ressaca de abstêmio.

(Nescafé gelado puro é infalível contra ressaca de bebum de sábado à noite. Eu tomava essa gororoba no século passado e, depois de um período desejando uma morte rápida, estava inteira. Sem qualquer vestígio de álcool no estômago e na corrente sangüínea, claro!).

3.3.06

Mrs Henderson Presents


Delicious! Judi Dench sem rabugice.
Adoro a dignidade das velhas atrizes inglesas, que não escondem rugas, desprezando solenemente a ditadura da indústria da beleza artificial.
Também admiro as mulheres que lutam corajosamente contra o passar dos anos, recusando-se a aceitar a força da natureza até os limites que a dignidade permite.
Triste é quando se sucumbe à insanidade da luta, porque nossos corpos, indubitavelmente, terão de sucumbir ao tempo.
Dame Judi brilha no meio das jovens belas que se despem em espetáculos de gosto pra lá de duvidoso durante a 2a Guerra Mundial, parecendo divertir-se tanto quanto a personagem e botando no chinelo até o Bob Hoskins. Se ela vai ganhar o Oscar desta vez? Duvido. Quinta indicação, certamente a melhor entre as demais concorrentes, mas ... não é americana, nem linda.
Mrs Henderson faz esquecer a peste que ela interpretou em "Orgulho e Preconceito" recentemente.
Num de meus melhores anos pré-Oscar, não vi ainda "Brokeback Mountain", "Johnny and June", "Crash", "Syriana".
Mas assisti a "Paradise, Now" - se ganhar o Oscar, prova que a Academia pirou. O filme é interessante. Só isso. Faz a gente pensar depois que acaba, qualidade que falta a muita coisa atual. "Capote", que eu estava preparada para não gostar, me agradou muito. Talvez porque eu ame "A Sangue Frio", talvez porque eu ame Phillip Seymour Hoffman, talvez porque seja fascinante o artifício da aproximação do personagem com seus entrevistados na busca da informação, sem o menor escrúpulo ou laivo de decência. Fiquei envolvida, sim.
Resta torcer para que "Crash" fature alguma coisinha ou sairá de cartaz definitivamente esta semana. DVD não é exatamente o veículo ideal para alguns filmes.

2.3.06

Resoluções de Ano Novo

Algumas me acompanham há anos:
- Regularizar a situação financeira
- Regularizar a situação do apartamento (botar no nome das crianças, em usufruto meu)
- Emagrecer. Muito.
- Arrumar os álbuns de retrato

Outras, superei:
- Parar de fumar

Então, pra que novas?
Basta resumir em uma só:

- Ser uma pessoa legal

E vamos começar 2006!