31.12.08
29.12.08
Freud nunca me explica
Tive uma ex-terapeuta linda e metida a íntima demais. Queria que eu trocasse uma blusa que eu vestira pelo avesso na frente dela. Atendia em casa. E era síndica do próprio prédio, onde morava uma de minhas grandes amigas. Não combina com terapeuta ser síndica do prédio. Nem morar no prédio de nossos amigos.
Minha outra ex-terapeuta era uma figura maternal. Muito boa, muito legal. Morria de medo dela, daqueles olhinhos azuis brabos. Só uma vez tive coragem de usar o banheiro do consultório.
Pra nenhuma das duas eu contava mais que pequenos fragmentos de minha vida.
Desisti de ser cabeça, faltava a tantas sessões.
Depois pagava, claro.
Definitivamente, não confio nem em psicanálise.
Minha outra ex-terapeuta era uma figura maternal. Muito boa, muito legal. Morria de medo dela, daqueles olhinhos azuis brabos. Só uma vez tive coragem de usar o banheiro do consultório.
Pra nenhuma das duas eu contava mais que pequenos fragmentos de minha vida.
Desisti de ser cabeça, faltava a tantas sessões.
Depois pagava, claro.
Definitivamente, não confio nem em psicanálise.
25.12.08
Um presente de Natal
Apesar da lufa-lufa da véspera de Natal (supermercado-manicure-compras de última hora- almoço na Titia-telefonemas de votos festivos-ceia nos compadres), a tranqüilidade da festa máxima do comércio encontra minha casa em ampla, total e irrestrita desorganização, com papéis e fitas espalhados por todos os cômodos.
Antes que se inicie a correria de hoje (interurbanos aos amados distantes-almoço na casa de amigos-lanche na casa de outros) e a depressão pós rabanadas, na subida sobre a balança, me entrego à degustação de uma deliciosa novela de Alan Bennett - Uma Real Leitora (An Uncommon Reader), publicada aqui pela Record.
É o mais recente trabalho deste dramaturgo inglês, conhecido no Brasil pelos roteiros dos filmes As Loucuras do Rei George, The History Boys (que passa sempre em TV a cabo) e Prick Up you Ears, um filme sobre o Joe Orton, com Gary Senise e Alfred Molina bem jovens (acho que só vi em vídeo, priscas eras atrás).
A leitora incomum é Elizabeth II, a rainha inglesa, que descobre a paixão pela leitura às vésperas de seus 80 anos. Só que a novidade afeta tudo o que a cerca, já que ela se acostuma a viver acompanhada por livros.
Qualquer viciado em leitura se vê na personagem. E, por ter acabado de experimentar uma situação muito particular, compreendi o quanto ser leitor incomoda a quem não desfruta da mesma graça. Mais interessante: nos faz refletir o quanto a leitura pode ser subversiva. Esta leitura foi o meu presente de Natal, numa manhã quente de um verão que tenta se mostrar.
(A rainha da Inglaterra, agora velhinha, está virando figurinha fácil no imaginário dos artistas ingleses. Começou com A Rainha, de Stephen Frears. A leitora apaixonada, pra mim, não tem a cara de Elizabeth, mas da Helen Mirren, que vai custar a recuperar suas próprias feições, creio. )
23.12.08
Bom Natal
Paz na terra Aos homens, vontade e liberdade dinheiro nos bolsos e nas bolsas muitas bolsas e bons sapatos chinelos sandálias havaianas areia fria nos pés descalços mergulhos no mar às três da tarde ou às dez da manhã - mas à noite, não, que a gente tem medo de um Bruce quartas-feiras de folga professor faltando à aula no dia de prova um cineminha na primeira sessão de sábado beber suco de frutas vermelhas cochilo na rede dançar, dançar, dançar fantasias e Carnaval chuva, suor e cerveja um pouquinho de futebol queijos, vinhos, delícias delírios sorrisos pedalar caminhar respirar fundo chuva miúda embalando uma tarde com chá e biscoitos (ou sanduíche de mãe com refrigerante mesmo, embaixo das cobertas, vendo sessão da tarde) ler um bocado, sonhar um pouco, juntar tudo e realizar suspirar com a primeira gargalhada dos bebês florescer com as plantas crescer com os bichos rir das mães que ralham com as crianças e dos pais que se curvam a seus desejos beijos que embalem olhares músicas que abram os sentidos segredos risonhos de novos amores e riso cúmplice dos antigos trabalho apaixonante ser dono do próprio nariz! é o que desejamos para este finzinho de 2008, para todo o 2009 e pro resto dos tempos também Olga, Artur, Oto, Hugo e Júlia |
Este foi o nosso cartão virtual.
Que vai pra quem eu não alcancei por e-mail também!
É quase Natal, mas a luta continua, companheiros.
Meus dedos estão inchados de tanto batucar no teclado e ainda faltam duas matérias imensas a entregar... hoje, quando eu pretendia ser madame e ir à manicure, enfrentar o início da canícula nos shoppings (ehhh!!!!!), comprando presentinhos que desagradarão os presenteados, como sempre acontece no Natal.
Como tenho que trabalhar, vou passar apenas por mal educada, não por sem gosto (com ou sem hífen? As regras valem a partir do ano que vem, mas eu sou vanguardista... Quero ver os coitados que fazem vestibular - e umas redações absolutamente chatérrimas, opinando sobre textos que discorrem a respeito de um tema, quando para mostrar domínio da linguagem qualquer "minhas férias" serve. Não sei pra que os pobres meninos precisam cortar tanta lenha, se depois de entrarem na faculdade não redigirão sequer um cartãozinho de boas festas...).
Meus dedos estão inchados de tanto batucar no teclado e ainda faltam duas matérias imensas a entregar... hoje, quando eu pretendia ser madame e ir à manicure, enfrentar o início da canícula nos shoppings (ehhh!!!!!), comprando presentinhos que desagradarão os presenteados, como sempre acontece no Natal.
Como tenho que trabalhar, vou passar apenas por mal educada, não por sem gosto (com ou sem hífen? As regras valem a partir do ano que vem, mas eu sou vanguardista... Quero ver os coitados que fazem vestibular - e umas redações absolutamente chatérrimas, opinando sobre textos que discorrem a respeito de um tema, quando para mostrar domínio da linguagem qualquer "minhas férias" serve. Não sei pra que os pobres meninos precisam cortar tanta lenha, se depois de entrarem na faculdade não redigirão sequer um cartãozinho de boas festas...).
22.12.08
Desacordo
A partir de 1° de janeiro, não há mais tremas em palavras como cinqüenta ou líqüido. Diz o manual do Evanildo Bechara que o som persistirá. Duvido muito.
O trema nunca foi um problema para mim.
Problema é o raio do hífen, que caiu, pero no mucho.
A acentuação, outro caos absoluto nesses tempos de Internet, muda um pouquinho.
Caiu o acento agudo de idéia, o circunflexo de vôo. Mas permance o acento em paroxítonas que tenham ôo e terminem em n, informa o Bechara. Como ocorre com herôon. Para quem não conhecia esta palavra, como eu e metade da humanidade que fala português, mas não grego, quer dizer santuário construído em homenagem aos antigos heróis gregos e romanos.
Pelo menos as novas regras ortográficas serviram para que eu aprendesse o significado de herôon, algo que fazia uma falta imensa à minha existência.
Tomara que construam um herôon em minha homenagem.
O trema nunca foi um problema para mim.
Problema é o raio do hífen, que caiu, pero no mucho.
A acentuação, outro caos absoluto nesses tempos de Internet, muda um pouquinho.
Caiu o acento agudo de idéia, o circunflexo de vôo. Mas permance o acento em paroxítonas que tenham ôo e terminem em n, informa o Bechara. Como ocorre com herôon. Para quem não conhecia esta palavra, como eu e metade da humanidade que fala português, mas não grego, quer dizer santuário construído em homenagem aos antigos heróis gregos e romanos.
Pelo menos as novas regras ortográficas serviram para que eu aprendesse o significado de herôon, algo que fazia uma falta imensa à minha existência.
Tomara que construam um herôon em minha homenagem.
16.12.08
Meus melhores livros do ano
Fim de ano é época de fazer listinhas. Retrospectos, projetos, a dos presentes de Natal (aquilo que você dá e nunca recebe na mesma quantidade, qualidade ou intensidade) ...
Eu adoro listinhas. Principalmente aquelas dos 100 melhores filmes de todos os tempos (o grosso é produção americana, mas aí até a gente tem que relevar, porque eles são os segundos grandes produtores de filmes; o duro é quando entram equívocos como Jerry Maguire ao lado de Charles Chaplin), os 100 discos indispensáveis na vida de qualquer ser contemporâneo (atenção, as únicas concessões à antigüidade neste quesito são Miles Davis e Billie Holliday; e qualquer Velha Guarda do Grêmio Recreativo Nhonhoco do Jongo autêntico, claro), os 100 grandes livros que a humanidade precisa ler (só tem literatura norte-americana, inglesa, Dostoievski pra não pegar mal, os franceses básicos, alguns filósofos metidos a besta, três alemães pesadões além de Thomas Mann, dois italianos, Gabo, representando a América Espanhola, Cervantes e, vez por outra, um Machado de Assis).
Como estou exausta de tanto trabalhar nesse finzinho de ano, resolvi me distrair criando minha listinha dos cinco melhores livros lidos este ano. Só cinco, pra não cansar ninguém. De teatro, não falo, pois labuto no setor e sou totalmente isenta. De cinema... nossa, acho que não vi NADA bom este ano. Nada que me enchesse os olhos, ouvidos e mente. Mas pelo menos cinco grandes livros eu li, eu sei. Uma listinha sem ordem, sem eira, ira ou beira.
1. O show do eu - A intimidade como espetáculo (Nova Fronteira) - A antropóloga Paula Sibilla escolheu a sociedade do espetáculo como tema de sua tese de doutorado em Comunicação na Universidade Federal Fluminenes. O livro é a tese reeditada para leigos, sem as amarras do texto acadêmico. Nele, Paula fala de diferentes aspectos da sociedade ocidental contemporânea, que não apenas tornou-se voyeur como criou uma nova exigência: todos precisam se exibir e marcar presença, mesmo sem uma produção consistente. Exemplo fácil: Maddona, uma persona muito maior do que a cantora, sua profissão original.
2. A Exceção (Intrínseca) - O thriller do dinamarquês Christian Jungersen trata da politicagem em um pequeno escritório de uma organização humanitária, revelando a mesquinharia que qualquer ser humano pode experimentar. Também explora um lado interessante do paraíso social nórdico e o egoísmo cultivado por gente que torna a solidariedade uma profissão.
3. Uma Breve História de Tratores em Ucraniano (Bertrand Brasil) - Os conflitos familiares - e legais - provocados pelo casamento de um ucraniano idoso com uma jovem conterrânea voluptuosa, que quer o conforto e uma permissão de residência na Inglaterra, contado pelo ponto de vista das duas filhas do velho viúvo. Tragicômico e previsível como a vida real, o romance da inglesa Marina Lewicka (descendente de ucranianos) aborda um tema tocante e banal com mordacidade e ternura.
4. A Casa do Califa - Um ano em Casablanca (Roça Nova) - Especialista em livros de viagem, o inglês (descendente de afegãos) Tahir Shah conta a epopéia de sua mudança para Casablanca com a família e a reforma do palacete que ele comprou, ao lado de uma favela. Além dos dissabores comuns em qualquer obra, eles precisam enfrentar empregados prá lá de pitorescos, respeitar o calendário religioso e contratar exorcistas para expulsar demônios da casa.
5. Roma S.A. (Rocco) - Sob o pseudônimo de Stanley Bing, o vice-presidente de Comunicação da CBS criou uma carreira paralela de comentarista de economia. Iconoclasta, ele conta a história de Roma através da visão do mundo corporativo, desde sua mítica criação por Rômulo e Remo, até sua reinvenção e permanência no domínio de um mercado bem maior do que as fronteiras físicas do mercado, quando transformou-se em sede da Igreja Católica.
Taí! Uma lista absolutamente OFF. Selecionei essse porque me vieram à memória recente. Mas é claro que posso me lembrar de muitos e muitos outros.
Eu adoro listinhas. Principalmente aquelas dos 100 melhores filmes de todos os tempos (o grosso é produção americana, mas aí até a gente tem que relevar, porque eles são os segundos grandes produtores de filmes; o duro é quando entram equívocos como Jerry Maguire ao lado de Charles Chaplin), os 100 discos indispensáveis na vida de qualquer ser contemporâneo (atenção, as únicas concessões à antigüidade neste quesito são Miles Davis e Billie Holliday; e qualquer Velha Guarda do Grêmio Recreativo Nhonhoco do Jongo autêntico, claro), os 100 grandes livros que a humanidade precisa ler (só tem literatura norte-americana, inglesa, Dostoievski pra não pegar mal, os franceses básicos, alguns filósofos metidos a besta, três alemães pesadões além de Thomas Mann, dois italianos, Gabo, representando a América Espanhola, Cervantes e, vez por outra, um Machado de Assis).
Como estou exausta de tanto trabalhar nesse finzinho de ano, resolvi me distrair criando minha listinha dos cinco melhores livros lidos este ano. Só cinco, pra não cansar ninguém. De teatro, não falo, pois labuto no setor e sou totalmente isenta. De cinema... nossa, acho que não vi NADA bom este ano. Nada que me enchesse os olhos, ouvidos e mente. Mas pelo menos cinco grandes livros eu li, eu sei. Uma listinha sem ordem, sem eira, ira ou beira.
1. O show do eu - A intimidade como espetáculo (Nova Fronteira) - A antropóloga Paula Sibilla escolheu a sociedade do espetáculo como tema de sua tese de doutorado em Comunicação na Universidade Federal Fluminenes. O livro é a tese reeditada para leigos, sem as amarras do texto acadêmico. Nele, Paula fala de diferentes aspectos da sociedade ocidental contemporânea, que não apenas tornou-se voyeur como criou uma nova exigência: todos precisam se exibir e marcar presença, mesmo sem uma produção consistente. Exemplo fácil: Maddona, uma persona muito maior do que a cantora, sua profissão original.
2. A Exceção (Intrínseca) - O thriller do dinamarquês Christian Jungersen trata da politicagem em um pequeno escritório de uma organização humanitária, revelando a mesquinharia que qualquer ser humano pode experimentar. Também explora um lado interessante do paraíso social nórdico e o egoísmo cultivado por gente que torna a solidariedade uma profissão.
3. Uma Breve História de Tratores em Ucraniano (Bertrand Brasil) - Os conflitos familiares - e legais - provocados pelo casamento de um ucraniano idoso com uma jovem conterrânea voluptuosa, que quer o conforto e uma permissão de residência na Inglaterra, contado pelo ponto de vista das duas filhas do velho viúvo. Tragicômico e previsível como a vida real, o romance da inglesa Marina Lewicka (descendente de ucranianos) aborda um tema tocante e banal com mordacidade e ternura.
4. A Casa do Califa - Um ano em Casablanca (Roça Nova) - Especialista em livros de viagem, o inglês (descendente de afegãos) Tahir Shah conta a epopéia de sua mudança para Casablanca com a família e a reforma do palacete que ele comprou, ao lado de uma favela. Além dos dissabores comuns em qualquer obra, eles precisam enfrentar empregados prá lá de pitorescos, respeitar o calendário religioso e contratar exorcistas para expulsar demônios da casa.
5. Roma S.A. (Rocco) - Sob o pseudônimo de Stanley Bing, o vice-presidente de Comunicação da CBS criou uma carreira paralela de comentarista de economia. Iconoclasta, ele conta a história de Roma através da visão do mundo corporativo, desde sua mítica criação por Rômulo e Remo, até sua reinvenção e permanência no domínio de um mercado bem maior do que as fronteiras físicas do mercado, quando transformou-se em sede da Igreja Católica.
Taí! Uma lista absolutamente OFF. Selecionei essse porque me vieram à memória recente. Mas é claro que posso me lembrar de muitos e muitos outros.
12.12.08
No dia em que fomos notícia
Em 2005, meu amigo-irmão-anjo-da-guarda Eduardo Graça já havia se mudado para Nova York e, de lá, constatara o fenômeno dos misery blogs, em que os blogueiros expunham seus problemas de saúde, utilizando a Internet para extravazar a dor. Como eu sofrera, alguns anos antes, com o duro padecimento de minha mãe, ele quis saber se eu utilizaria o blog para apaziguar minha alma. E lá saímos nós, eu e o Arenas Cariocas, no Valor Econômico. Talvez um dia eu mude de opinião e utilize o blog para ajudar na cicatrização de feridas abertas. Mas, por enquanto, isso fica restrito a meu diário secretíssimo, escrito desde os 11 anos de idade (!!!!), pausado por alguns anos, em que me dediquei à gestação, criação e observação de filhos, enquanto enterrava meu pai, um casamento e um namoro/residência. Quando Mamãe adoeceu, um pouquinho antes de sua morte, quando eu já enfrentava os piores problemas de minha até então protegida vida, retomei o diário, que jamais será notícia. Mas o Arenas já foi publicado. E está aqui, neste registro da matéria do Eduardo. Cerimônia do adeus | ||||||||||||||||||||||
Por Eduardo Graça, para o Valor 24/06/2005 | ||||||||||||||||||||||
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9.12.08
A memória dos homens
Como qualquer ser humano globalizado, gosto de futebol.
Como qualquer mulher, gosto o suficiente de futebol.
Como jornalista, tive a experiência de trabalhar com futebol, como redatora. Não há editoria mais divertida do que a de Esportes. Todo mundo adora aquilo e se empolga como se as partidas fossem jogos de meninos, românticas disputas acaloradas e não um negócio extremamente lucrativo por mexer com o imaginário masculino enquanto movimenta milhões. A mais pura prova de que só o público - e os jovens jogadores, em início de carreira - se apaixonam pelo belo jogo é a postura da Seleção brasileira na última Copa. Um bando de milionários, batendo uma bolinha sem o menor empenho.
Agora o que me encanta realmente no futebol é a memória afetiva que ele desperta, o amor que os homens nutrem por aqueles talentos, o fervor com que desfiam datas e se embrenham em discussões coléricas contra a péssima cobertura jornalística e o despreparo dos que entendem do assunto.
Essa magia, que poucas mulheres, por questões de determinismo biológico mesmo - afinal, quantos homens compreendem o fascínio que bolsas, sapatos, brincos, decoração e plantas exercem sobre o imaginário feminino - , conseguem compartilhar, talvez explique o desconhecimento histórico-social de tantos experts quanto ao jogo. Que é muito mais do que um jogo. É um bálsamo catártico, que amortece o estresse dos meninos, enquanto dá tempo às meninas para tomarem banhos ao sol e sonharem com férias, sapatos, bolsas, brincos e belezuras para enfeitar a vida.
***************************
Tô com pena do Vasco. Que macumba boa fez o Eurico Miranda...
Como qualquer mulher, gosto o suficiente de futebol.
Como jornalista, tive a experiência de trabalhar com futebol, como redatora. Não há editoria mais divertida do que a de Esportes. Todo mundo adora aquilo e se empolga como se as partidas fossem jogos de meninos, românticas disputas acaloradas e não um negócio extremamente lucrativo por mexer com o imaginário masculino enquanto movimenta milhões. A mais pura prova de que só o público - e os jovens jogadores, em início de carreira - se apaixonam pelo belo jogo é a postura da Seleção brasileira na última Copa. Um bando de milionários, batendo uma bolinha sem o menor empenho.
Agora o que me encanta realmente no futebol é a memória afetiva que ele desperta, o amor que os homens nutrem por aqueles talentos, o fervor com que desfiam datas e se embrenham em discussões coléricas contra a péssima cobertura jornalística e o despreparo dos que entendem do assunto.
Essa magia, que poucas mulheres, por questões de determinismo biológico mesmo - afinal, quantos homens compreendem o fascínio que bolsas, sapatos, brincos, decoração e plantas exercem sobre o imaginário feminino - , conseguem compartilhar, talvez explique o desconhecimento histórico-social de tantos experts quanto ao jogo. Que é muito mais do que um jogo. É um bálsamo catártico, que amortece o estresse dos meninos, enquanto dá tempo às meninas para tomarem banhos ao sol e sonharem com férias, sapatos, bolsas, brincos e belezuras para enfeitar a vida.
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Tô com pena do Vasco. Que macumba boa fez o Eurico Miranda...
8.12.08
Racismo
Gripada e grudada na tela, apurando e escrevendo matérias, aproveitei um tempinho para passear por blogs amigos e de outros que percorro anonimamente, pois não sou tão cool ou cult assim para entrar nas discussões filosóficas sobre todo e qualquer tema, de buraco na rua a futebol e política educacional. Um desses é o do Pedro Doria, coleguinha a quem não conheço pessoalmente, e que tem bons textos.
Via Pedro Dória, descobri que alguns birutas não querem que o Obama assuma a presidência norte-americana alegando que o moço não nasceu nos EUA. Os tribunais americanos, sabiamente, desprezaram sem qualquer solenidade, o questionamento dos ditos defensores da santa constituição deles. Tem doido pra tudo neste mundo. E até aqui. O post do Pedro gerou uma enormidade de respostas, principalmente de quem defende a tese dos malucos. No fundo, no fundo? É o bom e velho racismo falando mais alto mesmo.
Via Pedro Dória, descobri que alguns birutas não querem que o Obama assuma a presidência norte-americana alegando que o moço não nasceu nos EUA. Os tribunais americanos, sabiamente, desprezaram sem qualquer solenidade, o questionamento dos ditos defensores da santa constituição deles. Tem doido pra tudo neste mundo. E até aqui. O post do Pedro gerou uma enormidade de respostas, principalmente de quem defende a tese dos malucos. No fundo, no fundo? É o bom e velho racismo falando mais alto mesmo.
7.12.08
Blogueiro novo no ar
Tem blog novo na praça, que vale muito ser lido. É o Quem é vivo sempre aparece, do Zé Sérgio Rocha, um cronista delicioso, que discorre sobre samba, política, carioquismos e niteroices (sim, ele vive do outro lado da Poça) com galhardia e um bom humor mais que ncessários nesses tempos desanimados que enfrentamos.
Só tem um defeito. É bem capaz de ele começar a falar bem do Botafogo. Mas a gente supera isso.
Só tem um defeito. É bem capaz de ele começar a falar bem do Botafogo. Mas a gente supera isso.
4.12.08
Juventude
Que delícia é compreender a alma masculina através de Juventude, de Domingos de Oliveira, o mais truffautiano/woodyalleano de nossos cineastas. Porque a alma feminina, vamos lá, quem não conhece? Mulher se abre, se mostra, se fala, se toca. Homem cresce calado.
E continua menino, olhos que brilham com um carro espetacular, ainda que emprestado.No filme, três senhores no início da velhice, ou da fase "está tudo ótimo" da vida, se encontram na casa de um deles, que é rico, em Petrópolis. Amigos de infância, montaram, no colégio, A Ceia dos Cardeais, de Júlio Dantas. E dali, os três, vividos por Domingos, Aderbal Freire Filho e Paulo José (como é maravilhoso o Paulo José), refletem sobre as paixões viscerais, incluindo amantes, mulheres e filhos, enquanto ceiam, fantasiados de cardeais.
A gente se percebe velha quando reconhece figuras anacrônicas e obsoletas. Pois bem, eu li, em menina, A Ceia dos Cardeais, um clássico da dramaturgia portuguesa, que mostra o encontro de três cardeias, recordando os amores da juventude. O mais interessante: tenho a mesma cópia do livro que aparece no filme, uma edição lindamente ilustrada, que não consigo, logicamente, encontrar (sei que está guardado por trás de outros livros, mas tenho que descobrir em qual prateleira; cheguei à época em que é preciso acomodar fileiras de livros menos consultáveis por trás de outros, cuja visão é essencial para a respiração). E mesmo que a tivesse, não poderia escanear pra botar aqui, já que sou um ser tecnologicamente desprovido do que é indispensável para a modernidade.
3.12.08
Fim de ciclo
Depois de dez anos de convivência, eu e Vanúzia nos separamos consensualmente. Quando chegou aqui em casa, éramos algo em torno de trinta quilos mais magras. Envelhecemos e engordamos na mesma proporção, compartilhamos alegrias e tristezas.
Antes de Vanúzia, tive em torno de 40 empregadas domésticas, que permaneciam, em média, três meses no serviço. Divorciada, trabalhando em jornal, com quatro crianças pequenas, por muito tempo mantive duas empregadas. Mas a rotatividade era tão grande que já me esqueci do nome de quase todas.
Vanúzia chegou para tratar do serviço na véspera de meu aniversário de 38 anos, quando eu preparava uma festa. Voltou na segunda-feira e nos conquistou por seu excelente e inabalável humor, uma alegria contagiante que suplantava sua pouca habilidade - ou seria afinidade? - com a faina doméstica. Enquanto fazia amizades nos portões das escolas dos meus filhos, reclamava das professoras que tratavam as crianças injustamente e tinha sempre uma novidade ao voltar da rua, o trabalho ficava meio de lado. Isso porque Vanúzia é desorganizada. E eu sofro de culpa pequeno burguesa pela exploração dos menos afortunados.
Aprendeu a passar roupa magnificamente, cozinhava mais ou menos, quebrava muitos copos, esquecia baldes, panos de chão e esponjas em qualquer lugar que estivesse limpando. Era a companhia perfeita para programas chatos, como festas de escola, compras no Saara ou no supermercado.
Nesse meio tempo, Vanúzia se apaixonou, engravidou e casou-se, dando à luz Giovanna no mesmo dia do aniversário de minha comadre ... Danúzia. O nascimento de Giovanna e o crescimento de meus filhos nos tornou mais independentes uma da outra. Manter uma empregada duas vezes por semana acabou pesando em meu orçamento.
Sem dor, sem mágoas, Vanúzia foi ganhar mais como folguista, cuidando de um menininho ruivo bem pequeno. Já recomendei que ela se afaste dos copos porque o salário é bom. E fiquei morrendo de inveja do menininho!
Vanúzia em dois tempos: em seu aniversário, cercada por meus filhos e por Luís Heitor, o vizinho que vivia aqui em casa também, e no bloco de carnaval do colégio, cuidando de Hugo.
2.12.08
Coleta seletiva
Meu joguinho favorito na Internet é o que tem figurinhas escondidas nos mais variados ambientes. Baixo os demos de diferentes distribuidores. Durante meses fico no mesmo jogo, já que só se pode usufruir das charadas ao longo de uma hora. São horas que duuuram...
Gostaria de fazer a mesma limpeza que o jogo propõe na minha casa.
A cada dia meu quarto está mais soterrado de papéis e livros. Descobrir um objeto no lugar é uma façanha. Definitivamente, a gente se acostuma com bagunça. Ainda bem que é dezembro, mês de faxina geral, daquelas pra botar a vida em ordem. Em duas semanas, os armários serão esvaziados e deletarei da vida toda a tranqueira que acumulei em 2008.
Afinal, tenho que abrir espaço para a tralha de 2009.
Meu
Gostaria de fazer a mesma limpeza que o jogo propõe na minha casa.
A cada dia meu quarto está mais soterrado de papéis e livros. Descobrir um objeto no lugar é uma façanha. Definitivamente, a gente se acostuma com bagunça. Ainda bem que é dezembro, mês de faxina geral, daquelas pra botar a vida em ordem. Em duas semanas, os armários serão esvaziados e deletarei da vida toda a tranqueira que acumulei em 2008.
Afinal, tenho que abrir espaço para a tralha de 2009.
Meu
Precisamos correr atrás de dezembro, aquele mês que é menor do que fevereiro e que começa acabando.
O motorista do táxi, bufando porque me levava a Santa Teresa, comentava, "Já estamos no Natal". Para ele, ninguém deve subir a Santa Teresa no Natal.
Mesmo que ainda estivéssemos no finzinho de novembro.
O tempo urge, o tempo voa, o comércio é ansioso como pré-adolescentes.
Precisamos armar a árvore, comprar presentes que desagradarão a quem os receberá com sorrisos amarelos, enquanto balbuciamos "Não repara, é só uma lembrancinha" (custou 56 reais no cartão, vou morrer em janeiro pra pagar IPTU e o desgraçado nem gostou...), ganhar produtos do Saara que repassaremos à empregada ou ao porteiro, ai, tem que comprar o presente do porteiro, da manicure, da diarista, da avó, enfrentar o stress do reveillon (em casa, em Copacabana, na Lagoa, off-Rio), as maratonas de filmes natalinos na TV.
Por que dezembro é tão apressado?
Eu queria um dezembro que me deleitasse.
24.11.08
14.11.08
À tarde
A inocência do envelhecimento, a incerteza da maturidade, o olhar maravilhado para o novo não se esgotam na plenitude de minha vida. As descobertas persistem - são infinitamente maiores do que as experiências.
No dia em que perder a capacidade de me admirar terei, enfim, justificado todas as rugas e cãs que rodeiam minha carcaça alquebrada pelo excesso de maus tratos d'alma e alimentação indevida.
Gosto de cultivar a esperança do eterno aprendiz.
13.11.08
Clarice sem mistérios
Lendo crônicas de Clarice Lispector escritas para o Jornal do Brasil entre 1967 e 1973, encontro uma mulher bem maior que a escritora. Há algum tempo eu já me encantara com sua ingenuidade romântica dentro de uma cidade pequena, que era o Rio de então. Agora e na outra ocasião, lia Clarice para fazer resenhas de livros reunindo textos dela.
A romancista, contista e também autora de livros infantis, sempre achei chatinha, excetuando A Hora da Estrela e os trechos da Paixão Segundo G.H. sobre baratas. Aquela angústia perene me cansava, assim como a depressão do neo-realismo italiano, que conheci aos 13 anos assistindo a Ladrões de Bicicleta no MAM, com meus pais. Preferi o outro filme que vira no mesmo dia, O Delator, drama pesadíssimo de John Ford, com Victor McLagen fazendo um traidor da causa revolucionária irlandesa. A corrupção da alma que não tem amor à pátria era mais atraente do que a miséria corrompendo honestos. Não sabia, então, que as duas histórias tratavam do mesmo tema, claro.
Clarice era uma das escritoras favoritas de meu pai. Minha mãe também não tinha muita paciência para os devaneios metafísicos de sua literatura, embora me comprasse os livros infantis que ela escreveu. São muuuuuuito chatos e deprimentes. Mas a Clarice contratada para escrever colunas de jornal era outra pessoa. Divertida, sem temer a superficialidade, apaixonada, derramada, maravilhada pela convivência com a nata da intelectualidade brasileira (e estrangeira, também, como na entrevista com Pablo Neruda), deslumbrada com os filhos meninos, afetuosa em suas memórias de infância. Não parecia escrever para o público, mas para ela mesma, mostrando um pouco de sua vida, cautelosamente, não da forma exagerada e narcisista utilizada por muitos colunistas atuais. As manias, as neuroses, o uso da experiência para fins literários surgem em boa parte dos textos, que hoje seriam demasiadamente longos neste mundo de tempo mirrado.
Eu custei a reconhecer que a angústia de Clarice era a de todos nós. Por isso gosto mais da Clarice real - no que se apresenta como real - do que da Clarice artista. Através dessa Clarice que fazia jornal, mas não era jornalista, de artigos longos, publicados aos trechos, em sucessivas semanas, entendo a mulher que se escondeu na literatura.
9.11.08
Tá todo mundo aí!
Eduardo Paes vem anunciando seu secretariado com muita gente que, como ele, foi do PSDB. Tem Cláudia Costin, que trabalhou na administração de Alckmin e de FHC, Ruy Cesar, que foi secretário do Cesar Maia, o secretário de Saúde é deputado do PSDB.
Ué, não era para escorraçar o PSDB do Rio de Janeiro?
Mas há novidades! A ex-médica e ex-baterista Jandira Feghalli, do PC do B, assumirá a pasta da Cultura. Projetos fluidos há diversos, como a eterna revitalização da Zona Portuária (ouço isso desde que comecei em jornal, há 27 anos) e a ampliação do Corredor Cultural através da Lapa, local que ressurgiu como ponto de concentração noturna carioca com a instalação do Circo Voador, há cerca de 25 anos. E demorou muito tempo até juntar gente em bares como o Semente, os brechós abrirem suas portas para atrações musicais e aquilo se firmar, entrando, então, o incentivo público - que poderia ser mais eficaz, com isenção de impostos e reurbanização de diversos lugares. Ou vai dizer que foi a Prefeitura que estimulou os restaurantes atrás do CCBB a se manterem abertos à noite?
A Prefeitura, sim, fez a Lagoa abrir-se ao carioca à noite com a instalação dos quiosques, mais acolhedores que os da orla maritma. Onde há comércio, aparece gente que passa a utilizar o espaço público.
A Secretaria de Cultura deveria procurar estimular a imensa clientela da rede pública escolar - a maior do mundo, olha que orgulho por sua grandeza, porém não pela qualidade do ensino medíocre que conheci de perto - a conhecer diferentes expressões culturais com visitas freqüentes a teatros e museus, não aquele passeiozinho único do ano, em que os meninos aprendem que existe um mundo ao qual só terão acesso como serviçais. A Secretaria de Cultura poderia se preocupar mais com a indigência dos teatros de sua rede. A Secretaria de Cultura poderia juntar-se à de Educação para estimular os professores a se tornarem leitores.
A Secretaria de Cultura tem um projeto concreto: rever as Apacs, que engessaram as construções novas no congestionadíssimo espaço da ZSul. Não sou contra a revisão, acho que a diversidade arquitetônica deve existir numa cidade grande, abrindo espaço para a modernidade, sim. No entanto, botar espigão, vendendo apartamentos a preços de castelo na França, não é uma preocupação cultural. Adoro ver Botafogo * com edifícios modernos e calçadas maiores. Particularmente acho que o Catete e o Largo do Machado mereciam uma modificação arquitetônica. Mas é tão estranho que as Apacs só causem revolta no Leblon...
Seria esta uma prioridade da Secretaria da Cultura?
* Um bairro que se valorizou, em parte, pela iniciativa do Grupo Estação, que começou com um cinema feioso, no fundo de uma galeria, mudando o perfil de uma geração de cinemeiros na cidade. Hoje tem seis cinemas que levaram à abertura de bares e uma livraria nas vizinhanças. Cultura não serve apenas à discussão de idéias, mas à geração de mais impostos.
Ué, não era para escorraçar o PSDB do Rio de Janeiro?
Mas há novidades! A ex-médica e ex-baterista Jandira Feghalli, do PC do B, assumirá a pasta da Cultura. Projetos fluidos há diversos, como a eterna revitalização da Zona Portuária (ouço isso desde que comecei em jornal, há 27 anos) e a ampliação do Corredor Cultural através da Lapa, local que ressurgiu como ponto de concentração noturna carioca com a instalação do Circo Voador, há cerca de 25 anos. E demorou muito tempo até juntar gente em bares como o Semente, os brechós abrirem suas portas para atrações musicais e aquilo se firmar, entrando, então, o incentivo público - que poderia ser mais eficaz, com isenção de impostos e reurbanização de diversos lugares. Ou vai dizer que foi a Prefeitura que estimulou os restaurantes atrás do CCBB a se manterem abertos à noite?
A Prefeitura, sim, fez a Lagoa abrir-se ao carioca à noite com a instalação dos quiosques, mais acolhedores que os da orla maritma. Onde há comércio, aparece gente que passa a utilizar o espaço público.
A Secretaria de Cultura deveria procurar estimular a imensa clientela da rede pública escolar - a maior do mundo, olha que orgulho por sua grandeza, porém não pela qualidade do ensino medíocre que conheci de perto - a conhecer diferentes expressões culturais com visitas freqüentes a teatros e museus, não aquele passeiozinho único do ano, em que os meninos aprendem que existe um mundo ao qual só terão acesso como serviçais. A Secretaria de Cultura poderia se preocupar mais com a indigência dos teatros de sua rede. A Secretaria de Cultura poderia juntar-se à de Educação para estimular os professores a se tornarem leitores.
A Secretaria de Cultura tem um projeto concreto: rever as Apacs, que engessaram as construções novas no congestionadíssimo espaço da ZSul. Não sou contra a revisão, acho que a diversidade arquitetônica deve existir numa cidade grande, abrindo espaço para a modernidade, sim. No entanto, botar espigão, vendendo apartamentos a preços de castelo na França, não é uma preocupação cultural. Adoro ver Botafogo * com edifícios modernos e calçadas maiores. Particularmente acho que o Catete e o Largo do Machado mereciam uma modificação arquitetônica. Mas é tão estranho que as Apacs só causem revolta no Leblon...
Seria esta uma prioridade da Secretaria da Cultura?
* Um bairro que se valorizou, em parte, pela iniciativa do Grupo Estação, que começou com um cinema feioso, no fundo de uma galeria, mudando o perfil de uma geração de cinemeiros na cidade. Hoje tem seis cinemas que levaram à abertura de bares e uma livraria nas vizinhanças. Cultura não serve apenas à discussão de idéias, mas à geração de mais impostos.
7.11.08
Vicky Cristina Barcelona
Não adianta botar Penélope Cruz e Javier Barden pra virar Almodóvar. Em sua procura por locações que modifiquem a linguagem novaiorquina que ele próprio cunhou, Woody Allen traz algo melhor do que alguns equívocos cometidos, como Igual a tudo na vida, mas ainda a quilômetros da genialidade exibida em Match Point. Mais que Almodóvarismos óbvios, como o título esquisito e as locações em belas cidades espanholas, a história tem seu toque de Truffaut, com um narrador que explica os sentimentos das protagonistas, enquanto se discute o amor - com a realização das fantasias masculinas mais banais no triângulo amoroso entre a onipresente chatinha Scarlett Johanssen e o casal espanhol.
Desta vez, o homem apaixonado de Woody Allen é, além de prolixo, um latino ardente, com Barden encarnando todos os clichês imagináveis para compor o personagem. Penélope Cruz é a ex-mulher dramática, passional, à beira da esquizofrenia absoluta. Ou seja, os latinos são todos bipolares na visão das duas americaninhas ricas e desencantadas com a vida. Lógico que a gente espera mais de Woody Allen, embora a elegância esteja sempre em cena, dominada pela exuberância de Barden e Cruz.
Mas sempre é um Woody Allen, ainda que numa incursão pelo universo de Truffaut, com arroubos apaixonados minimizados pelo choque de culturas.
5.11.08
Enfim!
Os sensacionais Nicholas Brothers, bailarinos
Paul Robeson, cantor, ator e ativista político
Michael Jordan, atleta
Ben Vereen, bailarino
James Baldwin, escritor
Stevie Wonder, músico
Muhammad Ali, pugilista
B. B. King, o rei do blues
Whoppie Goldberg , atriz
Forrest Whitaker, ator
Denzel Washington, ator
Sidney Poitier, ator
Halle Berry, atriz
Oprah Winphrey, a mulher mais poderosa dos EUA
Little Richard, pioneiro do rock e da maquiagem masculina
Marvin Gaye, músico
Louis Armstrong, o Satchmo, músico
Jesse Jackson, político
Quincy Jones, músico
Kareen Abdul Jabar, jogador de basquete
James Brown, cantor
Ella Fitzgerald, a diva do jazz
Gregory Hines, bailarino
Count Basie, músico
Bill Cosby, ator
Duke Ellington, músico
Ray Charles, músico
Aretha Franklin, a Lady Soul
Spike Lee, cineasta
Chuck Berry, pioneiro do rock
Sammy Davis Jr, entertainer
Cab Calloway, entertainer
Josephine Baker, entertainer
Hattie McDaniel, a primeira pessoa negra a ganhar um Oscar
Dorothy Dandridge e Harry Belafonte
Malcom X, político
Rosa Parks, a costureira que, em 1955, negou-se a ceder seu lugar no ônibus a um passageiro branco. Sua prisão levou ao boicote de 360 dias contra as empresas de transportes segregacionistas, um marco no movimento de igualdade racial norte-americano.
Angela Davis, ativista política
Martin Luther King, político
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