31.10.07


Cheguei a um ponto da vida em que não enxergo bem nem de perto nem de longe.
Apenas vislumbro.

30.10.07


Sei, não. Copa do Mundo que ninguém quis sediar...
Enfim, serão dias deliciosos, de muita segurança e festa.
Futebol brasileiro? Ah, isso são outros 500...

Maternidade

Minha implicância com o funcionalismo público brasileiro é antiga. Venho de uma família de funcionários públicos ou militares, todos muito zelosos e trabalhadores, acostumados ao raciocínio lógico que muita gente abandona no momento em que passa num concurso.
Minha mãe, que deve ter servido de inspiração para a Monica, personagem de Friends com mania de arrumação, contava que foi cobrir férias de uma colega no antigo setor de Hipoteca da Caixa Econômica, onde trabalhava. Um chefe mostrou-lhe um armário abarrotado de processos e disse que ela fosse ordenando, tranqüilamente. Em dois dias, Mamãe despachou a processada toda para onde a papelada deveria ter sido encaminhada e... o chefe, apavorado, devolveu-a à seção original. Afinal, naquela época, a Hipoteca da CEF seguia um padrão de lerdeza e inoperância felizmente abandonado.
Hoje, tive meu momento de entrevero com o serviço público. Meu filho foi fazer a inscrição no vestibulinho do Pedro II e voltou desolado. A funcionária que atendia não aceitara o comprovante de pagamento da taxa de inscrição. Isso porque não havia autenticação mecânica do caixa, já que fizéramos o pagamento no caixa eletrônico que, espantosamente, imprime o número do boleto, aquela montoeira de algarismos, no comprovante.
Neste País, apenas as mães enfrentam funcionários públicos com a autoridade que a biologia concede.

29.10.07

Francamente...

Nossas autoridades pós-modernas parecem com aquelas pessoas que começam a fazer análise e saem por aí dizendo verdades, doa a quem doer, distribuindo certezas que passam por cima, no mínimo, do tato.
Semana passada, algumas dessas declarações foram proferidas. Difícil selecionar o vencedor no quesito "Frases infelizes", todas gerando dupla interpretação e mal-entendidos que vêm sendo exaustivamente esclarecido por alguns de seus autores.
O governador Sérgio Cabral defende a legalização do aborto para impedir o nascimentos de crianças que seriam levadas à marginalidade devido às condições de miséria em que viveriam. Certamente, ele se baseou num estudo feito nos Estados Unidos. A tal pesquisa encontrou uma correlação na queda de criminalidade a partir da legalização do aborto em determinados estados americanos. O bom da declaração infelicíssima - até parece que bandido só nasce na pobreza; décadas atrás, o filho de um distribuidor de cinema foi indiciado por tráfico de drogas no Rio, e há diversos jovens de classe média traficando, atualmente - é que suscita uma discussão sobre educação contraceptiva.
O secretário de Segurança fluminense proferiu uma máxima das redações de jornal. Enquanto Beltrame falava da diferença do combate ao crime em Copacabana e na Favela da Coréia, jornalistas sempre disseram que a repercussão de um tapa em Ipanema é maior do que um assassinato na Baixada. Pura verdade. Quando o edifício Palace 2 desabou na Barra da Tijuca, houve matérias sobre a dor da perda de todos os bens dos moradores. Semana passada, uma enchente acabou com móveis e eletrodomésticos de diversas famílias em Mesquita. Não li nenhum artigo detalhando o trauma psicológico de se ver desprovido de tudo pelo que se lutou a vida inteira. O secretário disse que se referia à estratégia no enfrentamento com os criminosos, porém, para quem ouviu apenas a manchete de sua declaração, pareceu mais uma admissão de cuidados diferenciados no tratamento da população.
Naturalmente, o prefeito Cesar Maia não poderia deixar de soltar sua asneira, a única absolutamente indenfensável. O caos no trânsito da cidade desde o fechamento do Túnel Rebouças, para ele, só incomodou os motoristas de carros particulares. Lógico, quem anda de ônibus, por exemplo, nem percebeu que está demorando, em média, mais uma hora para chegar a qualquer lugar.
Nossos políticos estão abrindo seus corações à população. Não seria melhor eles guardaram suas observações para os consultórios de seus terapeutas?

26.10.07

Convivência

Há cinco minutos começaram as rajadas de balas. Parecem ser tiros de fuzil-metralhadora, já que alguns disparos soam em destaque, como se procurassem o alvo cuidadosamente.
A escola de meus filhos orientou os alunos a voltarem para casa pela Voluntários da Pátria, alguns esperam que o tiroteio acabe no próprio colégio.
Muito parecido com "Longe - Memórias de um Líbano Recente", da brasileira Ana C.Leonardos. Ela foi conhecer Beirute com o marido, libanês, na década de 80, e diz que a população sabia identificar o tipo de arma utilizado pelo som dos tiros.
Assim como os cariocas.

25.10.07




Joan Crawford e Madonna, com o mesmo modelito. Ou é montagem ou em "Procura-se Susan Desesperadamente" a diretora Susan Seidelman queria homenagear la Crawford. Definitivamente, não sei e procuro desesperadamente tal informação.

Arco-Íris


Na mesma semana em que um jornal anuncia que uma cantora de axé está namorando uma arquiteta chique, J.K.Rowling tirou Dumbledore do armário. Essa nem Bob Esponja esperava! Acho que a Rowling não entende muito do mundo gay, embora seja inglesa. Não conheço nenhum gay que deixaria uma barba dessas ou se vestiria com essas túnicas sem cor ou corte. Não é estereotipar, não. Gays não temem se arrumar direito e têm sempre uma aparência limpinha.

Ah, claro...

... no meio da tarde, a Net caiu e só voltou à noite. Por sorte, já tenho telefone da Oi/Telemar/Telerj funcionando e não ficamos totalmente ilhados na Veneza em que Botafogo se transformou.

Foi o único incômodo que a chuva me causou.

Todo mundo tem uma história de empenho, força e desespero para contar como enfrentou o dia em que o Rebouças fechou.
Menos eu que fiquei quietinha em casa.
Agora, duro será a cidade se virar por uma semana inteira com os túneis fechados, como andam dizendo os técnicos.
Aliás, como se falou besteira o dia inteiro. Cesar Maia falou que uma tubulação que abasteceu, no passado, uma favela já retirada da área pressionara a terra e provocara o desabamento. Mais tarde, a Cedae informou que não existe, nem jamais houve tubulação de água no local. A todo momento surgia um secretário diferente ou um professor da Coppe para falar exatamente as mesmas coisas - que não podiam retirar a terra porque era perigoso para os operários que deveriam fazer o serviço. E dá-lhe enfatizar o quanto a Prefeitura se preocupa com a segurança dos operários.
Teve gente que culpou a Prefeitura. Outros culparam as favelas, outros o Lula.
Parece que a razão mais plausível para a catástrofe é mais simples. Um período longo de estiagem, a terra sequinha, sequinha. Chegou um chuvaréu daqueles e a terra despencou.
Será? Sei lá, mas até pode ser.
Vai render assunto para tudo quanto é telejornal por uma semana.
Que bom que não sou mais repórter de geral...

19.10.07



A classe de Deborah Kerr era tamanha que nem no papel de uma adúltera, deitando e rolando nas beira do mar de uma praia havaiana, nos braços de Burt Lancaster, ela perdia a dignidade. Era 1953, e "A Um Passo da Eternidade" deu ao mundo o beijo mais escandaloso da história do cinema. Durava parcos segundos, mas até hoje rende comentários.
Deborah Kerr mostrou ao mundo que mulheres maduras tinham libido ativa, muitos anos antes da Mrs Robinson de Anne Bancroft. O filme mais famoso foi "Tarde Demais para Esquecer", um melodrama que resvala para a mais pura gaiatice, no namoro dela e de Cary Grant, dois coroas apaixonados. Tentou salvar Gregory Peck do vício, em "O Ídolo de Cristal", biopic do romance de Scott Fitzgerald e da jornalista Sheila Graham. Despertou o amor do Rei do Sião, com quem saiu dançando, naquela sala balão. E foi freira duas vezes, levando Robert Mitchum a fraquejar por tentação. Até casta, ela exalava feromônios, com elegância.
Indicada seis vezes ao Oscar, só ganhou um, honorário.
Morreu tão discretamente quanto viveu.

17.10.07

Tava demorando....

Chega de seriedade! Melhor é encarar "Tropa de Elite" à carioca, não?


16.10.07



Há pelo menos 60 livros fora das estantes aqui em casa. Boa parte deles no meu quarto. Além dos seis ou sete que estou lendo ao mesmo tempo (um do Evelyn Waugh, delicioso, "Officers and Gentlemen", sobre a experiência dele na guerra, o "Ex-Libris", da Susan Fadiman, que releio, a biografia da Maria Antonieta, que não consigo traçar, a da Carmem Miranda, que comecei e não vai pra frente, o "Invasão de Campo", sobre a criação da Adidas e da Puma - eram de dois irmãos, rivais, muito bom mesmo -, "A evolução dos objetos", um livro muito interessante da Zahar que fala sobre as transformações em talheres, entre outras coisas, e vamos parar por aqui antes que eu descubra que tenho outras leituras a honrar), havia feito pilhas de volumes que iria mencionar em uma matéria. Só que fiquei doente e tudo se acumulou mais ainda pela casa.
Em cima do piano há pilhas de livros para serem entronizados nas prateleiras. O problema é que as estantes ficaram pequenas pra tanto livro. Estou precisando de mais estantes, porém, sempre que surge uma nova, decido trocar toda a organização da biblioteca.
Livros e plantas ocupam a casa toda, em vez de ficarem segregados a um só aposento. Tenho três pequenos guarda-louças que foram transmutados em guarda-livros, depois que entupi tudo de cravo para espantar as traças. Um deles abriga os autores franceses e espanhóis. Outro, os gregos, húngaros e tchecos. No outro estão os latino-americanos. Em duas estantes maiores estão os escritores ingleses e os norte-americanos. Na estante grandona estão policiais, portugueses, australianos, africanos, alemães, dinamarqueses, livros sobre literatura, literatura brasileira, filosofia, história, antropologia. Um armário que era apenas uma vitrine virou estante de livros de viagem, culinária, alguma arte e esportes. Para lá vai o "Invasão de Campo", que fala em marketing esportivo. Em meu quarto estão os livros femistas, e os que ainda não foram classificados, pois chegaram das editoras e terão que ser lidos ou vistos antes de guardar.
O grande problema é o trajeto de um livro do meu quarto até as estantes da sala. Para entrarem em alguma prateleira, preciso desalojar outros e começar uma roda-viva de trocar volumes de lugar que é infernal. Sem contar que livros são habitados por ácaros. Precisam ser limpos com alguma freqüência e, quando mexidos, se vingam de mim, me deixando sem ar e/ou empolada.
Quem adora minha vida de free lancer é meu porteiro, que acha elegantíssimo eu receber tantos volumes. Vizinhos que nem falavam comigo me telefonaram antes da Bienal para me pedir dicas de editoras e títulos a comprar. Muito chique, mas eu continuo soterrada embaixo de volumes que não encontram um cantinho limpinho para se alojar.



A desnuda intelectual não sou eu, não. É a representação de uma amante dos livros.

15.10.07

Um pouco de laquê


Depois de longo tempo far from the movies, fui ao cinema três dias seguidos. Na primeira saída, não deu para assistir "Tropa de Elite", que estava esgotado.Então, optamos por um filminho com Richard Gere, sempre um regalo para os olhos, mesmo de cabelinho branco e ralo. Esperávamos um daqueles policias americanos, cheio de tiros, uma pancadaria cinematográfica sem grandes conseqüências. Era um filme super-pesado, sobre um serviço de acompanhamento de agressores sexuais e tarados das mais diversas categorias, desde pedófilos a retalhadores de pessoas. Um horror, morri de medo e ainda saí de coração pesado.
Na noite seguinte, "Tropa de Elite" nos esbofeteou como a verdade que conhecemos e fingimos não ver.
Mas no domingo, o dia do descanso, foi a vez do delicioso "Hairspray", com direito a ponta do John Waters fazendo um exibicionista que abre o sobretudo para senhoras de cabelos imensos erguidos graças ao laquê, logo no início do filme. Sim, o original de Waters era bem mais corrosivo, John Travolta parece mais másculo do que a drag queen Divine, que fazia a Edna no primeiro filme. Mas este é um filme de estrelas, com Christopher Walken, Queen Latifah e Michelle Pfeiffer dando show de competência. Cinemão, divertidíssimo, musiquinhas agradáveis, e ainda uma mensagem de combate à discriminação racial e estética. Um doce!!!!

Elitismo no cinema

O mais incômodo em "Tropa de Elite" é ouvir aplausos ao fim da sessão. O filme é bom, bem feito, atores em excelente forma, a ponto de Wagner Moura não se destacar dos coadjuvantes. Talvez o destaque fique para Milhem Cortaz no papel do Capitão Fábio, corrupto até o fundo da alma, que lembra Nuno Leal Maia fazendo aqueles tipos brutos. A violência grassa solta, torturas, execuções perpetradas tanto por policiais quanto por bandidos. E assina embaixo do discurso que só a classe média faz passeata pela paz, enquanto compra drogas e financia o tráfico, enquanto existem diversos estudos que afirmam que algo em torno de 40% da droga ficam atualmente nos morros, para abastecer moradores que são dependentes. Não que isso justifique a utilização da droga pelo asfalto, porém é um dado.
Por que o espectador aplaude o extermínio dos bandidos? Porque onde o Estado não se faz presente, a barbárie impera, claro. O Estado omisso leva ao banditismo generalizado. Ou são eles ou somos nós, pensa quem está no foco da violência.
Nós, Zona Sul, brancos, do asfalto, estamos ainda a anos luz de distância do que sofre a classe média na Zona Norte e subúrbios. Mas corremos riscos. É fácil apontar a existência dessa violência e pregar a eliminação dela, pura e simplesmente. Jogar napalm nas favelas, mas tirando, naturalmente, a família da nossa empregada, é uma das soluções que já ouvi proferidas em alto e bom som, numa conversa com desconhecidos no Aeroporto do Galeão. Tive que me afastar, porque esse tipo de argumento nem merece resposta.
O filme é bom, repito. Vale a pena ser visto como cinema. A realidade é dura e eu jamais aplaudirei corrupção ou assassinato em massa, mesmo podendo ser morta pelo bandido. Os impostos não deveriam pagar o salário de pistoleiros. O filme mostra um Bope violentíssimo, justiceiro, com total desprezo pelo ser humano. Quem não vê isso na criação de José Padilha e Rodrigo Pimentel só quer enxergar um lado da história e aplaudir atitudes simplistas e criminosas que jamais serão uma solução para a violência urbana.

12.10.07

Um político muito conveniente



Este foi o ano de Al Gore. Ganhou Oscar e Nobel, além de ser agraciado com mais uns mimos pela série de alertas contidos nas palestras que redundaram em "Uma Verdade Inconveniente". Tudo bem que se Gore tivesse sido presidente dos EUA não haveria o atentado de 11 de setembro, porém outras coisas horríveis teriam sido perpetradas em nome de valores que são utilizados por quem invade países, comete atos terroristas, não importando se participam de governos constituídos livremente ou pela força de golpes, nem se pertencem a entidades dedicadas a espalhar ideologias que nem todos os povos aceitam, sejam religiosos ou não.
A verdade é que Al Gore fez algo muito mais importante pelo mundo do que se fosse presidente dos poderosos EUA. Em 92, quando vice de Clinton, ele esteve aqui no Rio, na Eco. Era bonitão e articulado, mas não assinou a Carta do Rio. Fora do governo, pôde se dedicar a causas planetárias e, definitivamente, deu uma boa balançada na turma que decide as coisas no hemisfério Norte.
Gore divide o prêmio com o órgão da ONU que trata das mudanças climáticas.
A safra do Nobel deste ano está boa, com Doris Lessing, mais uma lutadora pelos direitos humanos, na Literatura.

8.10.07

Aos 47 , ou dois minutos do segundo tempo!

Eu adoro comemorar meu aniversário, porque ganho abraços e beijinhos e carinhos sem ter fim.
Este ano, rompendo uma tradição, não foi nem no finado Jangadeiro, nem no Botequim, mas na filial botafoguense do Bar do Adão, onde nos empanturramos de deliciosos pastéis. Fotos by Ana Cristina Machado, mas não de todos os convivas, já que a máquina cansou e pifou.



A fotógrafa e o objeto das homenagens


Homens bonitos: Jôka, Cagê, Hugo - o mais belo, claro - Júnior e Ronny



Eu e Naná, Naná e eu - e Hugo, ao fundo



Jôka, que atravessou a fronteira de Copa para festejar em um obscuro bar de Botafogo.



Huguinho degustando seu 28°pastelzinho.


As meninas: Vania Mezzô, Anita, Consuelo e Naná

4.10.07

45 anos de Love Me Do


Nesta data, há 45 anos, era lançado o compacto de uma canção ingênua. O resto é história.

3.10.07

Manquitolas

Era uma vez uma senhora atrapalhada, que saiu para um compromisso mezzo chique de sandálias plataformas inseguras para senhoras atrapalhadas ou não.
E então... ela deu a queda e foi ao chão!
Pé direito inchado, torcido, mãos escalavradas e o supremo embaraço de ser levantada por dois prestimosos rapazes enquanto percebia o quanto é irregular o calçamento de pedras portuguesas da Praia de Botafogo, a senhora não imaginava que a idade aumentasse com tanta dor...

A luta continua

Manhã de guerra em Botafogo. Traficantes disparavam rajadas de metralhadoras contra o helicóptero da Polícia que apoiava a subida de policiais ao Santa Marta. Algumas escolas proibiram os alunos de brincarem no pátio, moradores do Morro eram aconselhados a permanecer no asfalto.
Saldo da brincadeira: dois traficantes feridos, apreensão de armas, 1 tonelada de maconha e 30 kg de cocaína.
O pior é que a gente se pergunta: e precisava de tanto barulho para pegar 30 quilos de cocaína?

Os outros

Enquanto este blog vive uma fase umbiguista, o Rio continua uma arena de guerra surda. Uma conhecida morreu em acidente de carro anteontem provocado pela imprudência do motorista, duas mulheres foram baleadas por assaltantes ao tentarem escapar dos bandidos.
De manhã cedo, boto compras no carro, no estacionamento do supermercado e sou abordada por um menino de rua, se dizendo faminto. Dou-lhe um pacote de biscoitos que ele divide com outro garoto. Dois guris, 14, 15 anos, soltos na rua, sem pai nem mãe. Quanto tempo de vida terão, nunca conseguirão emprego, não sabem ler, escrever, apenas se viram diariamente.
E nós, continuamos dando biscoitinho, com um misto de medo e compaixão.
Não sei quem disse, mas no Rio a dor social nos assola a cada passo.

1.10.07

A falta que ela me faz



Seis anos atrás minha mãe morreu. Uma amiga, também já falecida, costumava dizer que idade boa pra perder pais é a partir dos 80 anos, pois aí não precisamos deles tanto assim.
Como toda boa relação familiar, eu e minha mãe divergíamos muito, porém tínhamos afinidades intelectuais que nos aproximavam além dos laços mãe e filha.
O mais estranho é que a saudade não aperta nos momento difíceis. Nesses, a gente quer pai e mãe para nos auxiliar a resolver problemas que somos perfeitamente capazes de enfrentar. A saudade é maior na hora da alegria, de compartilhar a felicidade. Dá aquele travo esquisito no coração, o olhar se alonga e a gente sabe que viveu uma grande e incondicional história de amor.


A única alegria da virose que não me abandona é ter reduzido meu avantajado peso. Ainda não estou, mas já me sinto uma sílfide...