A vida corre tanto este ano que a blogagem ficou em segundo plano.
A volta aos estudos exige bem mais do que a mera apreciação de leituras. Para alcançar alguma compreensão, preciso me dedicar às letrinhas. E ainda tem o trabalho, os filhos, os amigos, o zoológico doméstico.
Blog fica quietinho, blogueira se desinspira quando o mundo chama.
Um mundo muito bruto, muito besta. Antes de se pensar em política, em briga pelos royalties, em Copa, importante é gastar dinheiro e eletricidade pensando em eleger um brutamontes ou uma moça de corpo bonito e muita vontade de desnudá-lo para ganhar um milhão no Big Brother.
A disputa suscita debates acalorados sobre a homofobia. Não apresentaram homossexuais discretos, mas um transformista e um jovem exibicionista. E um lutador truculento para contrabalançar. Big Brother me entristece porque não há crítica, não há reflexão. O que vale é o escândalo, o choque, a briga. E é tudo teatrinho para encher os cofrinhos dos concorrentes, que ganharão a vida, por alguns anos, mostrando o corpo vestido ou não, em festas e revistas. Do jeito tosco como se deram a conhecer, desaparecerão no anonimato.
29.3.10
22.3.10
Sobrevida à carioca
Quase tungada dos royalties do petróleo e pré-sal, a cidade fez manifestação que contou com a ressureição de Rosinha Garotinho, repagina e botocada.
Devia ter manifestação contra o Metrô, que por décadas foi um dos poucos serviços elogiados no Rio. Agora tornou-se vergonhoso, constrangedor, perigoso.
Policiais lotados nos morros "pacificados" são presos por banditismo.
O Rio é uma terra desmoralizada, enxovalhada. Se personificado, teria mais flechadas que a imagem de seu padroeiro. Seria alguém sujo, ferido, estuprado, belo, mantendo altivez e resquícios de uma beleza que teima em afrontar os exploradores. Um personagem daqueles romances arrasadores de Thomas Hardy, em que tudo dá errado, mas não se alquebra a vontade de seguir em frente.
Buscamos motivos para festejos, enquanto nos arrastamos andrajosos, trôpegos, ultrapassando percalços e a lógica.
Este é um ano eleitoral. Mais um que só fará soterrar novamente as esperanças de eleitores ingênuos sobre a reconstrução da muy honrada e leal cidade de São Sebastião.
19.3.10
Adultos
O ano corre célere.
Retornei aos bancos universitários para uma pós-graduação na PUC de Literatura, Arte e Pensamento Contemporâneo. Há quase 30 anos não tenho aulas e não sei mais anotar o que o professor diz. Dói a mão. Eu era uma fichadora compulsiva, que chegava em casa e passava a limpo o que fora dado em sala de aula. Terei que voltar ao velho método sob pena de não compreender nada do que está escrito nas anotações originais.
Trabalho bastante, também, enquanto conduzo este barco que, atualmente, singra águas calmas, embora sempre misteriosas e surpreendentes, já que os passageiros são adolescentes prontos a mergulhar em mares nunca d'antes navegados.
Amigos começam a comemorar os 50 anos que também completarei em 2010. Compadres festejam Bodas de Prata.
Estranho perceber que, na contramão do culto à juventude eterna, estamos maduros, mesmo tendo sido a primeira geração agarrada às barras das saias e calças de mães e pais. Antes de nós, eram os que saíam pra romper com o establishment. Nós, não, crescemos protegidos, sentimos dolorosamente a falta desses pais como bebês órfãos. E agora, criamos kidults arrogantes.
Definitivamente, não somos os mesmos nem vivemos como os nossos pais.
E ainda esperamos virar "gente grande".
8.3.10
Oscar - os horrores que entraram para a história
Todos os anos, as estrelas precisam mostrar novos brilhos. Algumas são bem-intencionadas e dá tudo errado. Outras são, provavelmente, malucas.
Muito antes de Lady Gaga, ei-las, esplendorosas!
Bjork e o insuperável cisne - que botava ovo!
Don Ameche tinha que rir muito mesmo do tributo aracnídeo de Cher.
Woopie, indescritível.
Triste transparência da Menina de Ouro.
Demi Moore, uma Madame Pompadour revelando sua cinta.
A desgrenhada Kim Basinger perdeu a manga e o pente.
Geena Davis, pronta para a Marquês de Sapucaí.
Muito antes de Lady Gaga, ei-las, esplendorosas!
Bjork e o insuperável cisne - que botava ovo!
Don Ameche tinha que rir muito mesmo do tributo aracnídeo de Cher.
Woopie, indescritível.
Triste transparência da Menina de Ouro.
Demi Moore, uma Madame Pompadour revelando sua cinta.
A desgrenhada Kim Basinger perdeu a manga e o pente.
Geena Davis, pronta para a Marquês de Sapucaí.
Oscar 2010
Minhas leitoras, ansiosas, bombardeiam meu Facebook e e-mail, pedindo os comentários sobre os trajes das estrelas hollywoodianas. Pensava em tirar o dia de folga de tal faina, porém preciso atender aos reclamos de meu público. Então, vamos à malhação.
Como é dia Internacional da Mulher, as roupas dos rapazes ficam em segundo plano.
As grandes damas
Fendas, vestidos de ombro único, estampas, cores diversas, babados, decotões - tudo surgiu em profusão, sem um padrão normatizando a noite, exceto a ausência de colares. Ombros e peitos desnudos, no elogio à diversidade, houve quem apostasse na discrição com algum brilho, como convêm às senhoras, entre elas Meryl Streep e Helen Mirren, braços convenientemente cobertos ou camuflados por tecidos diáfanos que escondem imperfeições da idade.
O horror em azul profundo
Sempre que a gente pensa que a Mariah Carey vai surpreender é uma decepção. Ela continua mostrando mais peitos ou pernas que o necessário, mesmo quando o vestido não fica três números abaixo do seu manequim. E o cabelo, o drapeado... ah, Mariah, Mariah!
Molly Ringwald renegou suas origens de garota de rosa-shocking e se cobriu em azulão para honrar a memória de John Hughes. Praticamente uma Cleópatra in blue.
Só os muito politicamente corretos podem elogiar o desastre que está a roupa desta moça. Ela chegou longe, é boa atriz, esforçou-se, etc e tal. Mas não dá. A roupa, por si só, era um pavor.
Inovações nem sempre felizes
Até achei interesante, mas os que entendem de moda massacraram os apliques no pretinho de Carey Mulligan. Difícil deve ser dançar juntinho com tantos garfos e tesourinhas pendurados.
Sequioso pelo troféu irreverência, Robert Downey Jr tinha as lentes dos óculos combinando com a pavorosa gravatinha borboleta. O detalhe nos pés é para aproveitar que Johnny Depp não se apresentou como o mais mal ajambrado da festa.
No quesito Sheena, a Rainha das Selvas, o vestido de Tina Fey parecia a colagem de dois maiôs.
Todo mundo sabe que eu tenho implicância gratuita com a Sarah Jessica Parker, mas ela dá motivo, né? Parece que isso aí é Dior. Aliás, do tempo em que o Christian Dior estava à frente da maison. O detalhe sub-ancas é di-vi-no!!!! O modelito é perfeito para fazer dondoca em filme do fim dos anos 60, início dos 70. O penteado combinava. As unhas, no entanto, eram de lavadeira em dia de serviço.
Que J-Lo é um esplendor, não nego. Mas o que é este complemento de bolo de noiva em rosinha claro? Os especialistas se dividiram entre este e o vestido da Sarah Jessica como os piores da noite.
Este, quem entende de moda diz que é o máximo. Eu não entendo e só gosto da cor.
Na categoria até as deusas erram, a majestosa Sigourney, de grega flamenguista, e a belíssima Charlize Theron, (abaixo) com rosas que se adequariam mais a um figurino de Madonna.
Babadinhos
Esta autêntica fantasia de escola de samba carioca foi criada para Zoe Saldana pela Maison Givenchy. Tem uma fenda na frente, claro, para permitir seu uso ainda em apoteoses triunfais numa revista que tenha como tema A Quaresma das Rumbeiras.
Tem vezes que babados dão certo, como neste Versace envergado pela Elizabeth Banks.
Em outras, dá errado, mesmo que a modelo seja a mais que retocada e aperfeiçoada Demi Moore.
As belas
O bustier é esquisitinho, mas Penelope, como sempre, estava linda.
Cameron Diaz, simplesmente dourada.
Rachel McAdams estampando o tapetão.
A senhora Jeff Bridges, radiante desde antes da cerimônia, certa da vitória do marido.
La Bullock, nervosíssima, acetinada e rendada, quase uma noiva.
Afinal, mais uma vez Meryl Streep perdeu o Oscar!!!!
Como é dia Internacional da Mulher, as roupas dos rapazes ficam em segundo plano.
As grandes damas
Fendas, vestidos de ombro único, estampas, cores diversas, babados, decotões - tudo surgiu em profusão, sem um padrão normatizando a noite, exceto a ausência de colares. Ombros e peitos desnudos, no elogio à diversidade, houve quem apostasse na discrição com algum brilho, como convêm às senhoras, entre elas Meryl Streep e Helen Mirren, braços convenientemente cobertos ou camuflados por tecidos diáfanos que escondem imperfeições da idade.
O horror em azul profundo
Sempre que a gente pensa que a Mariah Carey vai surpreender é uma decepção. Ela continua mostrando mais peitos ou pernas que o necessário, mesmo quando o vestido não fica três números abaixo do seu manequim. E o cabelo, o drapeado... ah, Mariah, Mariah!
Molly Ringwald renegou suas origens de garota de rosa-shocking e se cobriu em azulão para honrar a memória de John Hughes. Praticamente uma Cleópatra in blue.
Só os muito politicamente corretos podem elogiar o desastre que está a roupa desta moça. Ela chegou longe, é boa atriz, esforçou-se, etc e tal. Mas não dá. A roupa, por si só, era um pavor.
Inovações nem sempre felizes
Até achei interesante, mas os que entendem de moda massacraram os apliques no pretinho de Carey Mulligan. Difícil deve ser dançar juntinho com tantos garfos e tesourinhas pendurados.
Sequioso pelo troféu irreverência, Robert Downey Jr tinha as lentes dos óculos combinando com a pavorosa gravatinha borboleta. O detalhe nos pés é para aproveitar que Johnny Depp não se apresentou como o mais mal ajambrado da festa.
No quesito Sheena, a Rainha das Selvas, o vestido de Tina Fey parecia a colagem de dois maiôs.
Todo mundo sabe que eu tenho implicância gratuita com a Sarah Jessica Parker, mas ela dá motivo, né? Parece que isso aí é Dior. Aliás, do tempo em que o Christian Dior estava à frente da maison. O detalhe sub-ancas é di-vi-no!!!! O modelito é perfeito para fazer dondoca em filme do fim dos anos 60, início dos 70. O penteado combinava. As unhas, no entanto, eram de lavadeira em dia de serviço.
Que J-Lo é um esplendor, não nego. Mas o que é este complemento de bolo de noiva em rosinha claro? Os especialistas se dividiram entre este e o vestido da Sarah Jessica como os piores da noite.
Este, quem entende de moda diz que é o máximo. Eu não entendo e só gosto da cor.
Na categoria até as deusas erram, a majestosa Sigourney, de grega flamenguista, e a belíssima Charlize Theron, (abaixo) com rosas que se adequariam mais a um figurino de Madonna.
Babadinhos
Esta autêntica fantasia de escola de samba carioca foi criada para Zoe Saldana pela Maison Givenchy. Tem uma fenda na frente, claro, para permitir seu uso ainda em apoteoses triunfais numa revista que tenha como tema A Quaresma das Rumbeiras.
Tem vezes que babados dão certo, como neste Versace envergado pela Elizabeth Banks.
Em outras, dá errado, mesmo que a modelo seja a mais que retocada e aperfeiçoada Demi Moore.
As belas
O bustier é esquisitinho, mas Penelope, como sempre, estava linda.
Cameron Diaz, simplesmente dourada.
Rachel McAdams estampando o tapetão.
A senhora Jeff Bridges, radiante desde antes da cerimônia, certa da vitória do marido.
La Bullock, nervosíssima, acetinada e rendada, quase uma noiva.
Afinal, mais uma vez Meryl Streep perdeu o Oscar!!!!
3.3.10
Ponderosa
Meu seriado favorito na infância (mesmo sem TV em casa, eu via, na casa de minha tia, claro) era Bonanza. Pois não é que voltou a passar no TCM esta semana? E agora, descubro que o ator que fazia Adam, Pernell Roberts, o último dos Cartwright vivos, morreu há poucos dias! Lógico que ele não tinha mais o aspecto do bonitão da década de 60, nem o de outro seriado que fez na TV, vinte anos depois. Estava com mais de 80 anos.
Meu Cartwright favorito era o Little Joe. Adam era o queridinho da mulherada madura, como minha babé Maria. Hoje, entendo por quê.
Não sabia que Bonanza durou 14 anos. Eu adorava. Até fiz meus pais me comprarem uma cartucheira e revólver para brincar de Bonanza com minha prima. Depois, me encantei pelo Homem de Virgínia.
Adoro os seriados velhos. O ritmo é tão mais lento.
Próprio para senhoras vetustas como eu.
O fim dos tempos
Em A Praga Escarlate, Jack London relata o fim da civilização, com boa parte da humanidade dizimada por uma doença incurável. Os mais fortes ou imunes ao vírus, sobrevivem. As perdas imediatas são a delicadeza, a arte, o refinamento e a linguagem. Tudo passa a ser mais bruto e imediato.
Acabo de saber que o Big Brother teve mais de 90 milhões de votantes. Libertário, o pleito permite a tripla ou quádrupla votação por cada teleleitor. Arrecada-se mais em paredões do Big Brother do que no Criança Esperança, já ouvi falar.
Enquanto isso, a chapa esquenta na Cidade de Deus, onde uma noite antes houve festa pelo aniversário da cidade, chove dentro dos vagões do Metrô (já houve até descarrilhamento; quantos acidentes deverão acontecer antes de trocarem a concessionária?), o Chile treme, a Justiça determina que carros de luxo devem ser devolvidos a suspeitos de tráfico para que não se deteriorem em depósitos publicos, candidatos a cargos políticos poderão concorrer a eleições mesmo com fichas criminais recheadas de ocorrências e pendências.
Dá para entender porque o povo prefere o teatrinho de grosserias explícitas, amplas e irrestritas à vida real. Não precisamos de epidemias para sobreviver grosseiramente diante da estupidez de uma nação inculta, rude, lutadora, que pode até vir a enriquecer, sem, no entanto, cultivar o espírito.
Acabo de saber que o Big Brother teve mais de 90 milhões de votantes. Libertário, o pleito permite a tripla ou quádrupla votação por cada teleleitor. Arrecada-se mais em paredões do Big Brother do que no Criança Esperança, já ouvi falar.
Enquanto isso, a chapa esquenta na Cidade de Deus, onde uma noite antes houve festa pelo aniversário da cidade, chove dentro dos vagões do Metrô (já houve até descarrilhamento; quantos acidentes deverão acontecer antes de trocarem a concessionária?), o Chile treme, a Justiça determina que carros de luxo devem ser devolvidos a suspeitos de tráfico para que não se deteriorem em depósitos publicos, candidatos a cargos políticos poderão concorrer a eleições mesmo com fichas criminais recheadas de ocorrências e pendências.
Dá para entender porque o povo prefere o teatrinho de grosserias explícitas, amplas e irrestritas à vida real. Não precisamos de epidemias para sobreviver grosseiramente diante da estupidez de uma nação inculta, rude, lutadora, que pode até vir a enriquecer, sem, no entanto, cultivar o espírito.
1.3.10
Parabéns, muy leal e heróica São Sebastião
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