Foi uma festa coloridíssima e de moda pouco ousada, quase austera. Geralmente, as premiações de Hollywood são bem menos atrevidas em criatividade de figurinos do que as da música pop, em que os astros se esmeram na procura de apresentar a roupa mais pavorosa que alguém possa envergar. A entrega do Emmy foi uma das mais chatas de todos os tempos, com um apresentador pra lá de sem graça e uns modelitos tão sem imaginação que eu senti muita falta mesmo da Helena Bonham-Carter. Mas sempre houve atrocidades, algumas delas listadas abaixo.
Como o destaque da noite foi a paleta de cores, elas servem de divisória para meus comentários, fashionista que não sou. Igual aos anos anteriores, contei com o inestimável apoio e as observações de minha amiga Sol, que estranhou, de cara, a classificação enlouquecida de Heidi Klum de que a cor de seu esvoaçante vestidinho verde-água (que na impressão parece azul-bebê) era Sea Foam - Espuma do Mar. Espuma de mar, pelo menos aqui no Rio, é branca. E um sutiãzinho pegava bem...
Uma variação da espuma do mar, dentro da daltonia Klum, foi o vestidinho de sereia de Sofia Vergara, fazendo a linha J-Lo não pôde vir.
Ainda no mesmo tom, mas com um ar mais primaveril-poltrona, Juliana Margolis.
O que imediatamente remonta a um dos mais pavorosos vestidos da noite, da Elizabeth Moss do Mad Men, uma das amalucadas que nunca falham, sempre buscando o inusitado, o bizarro. Também foi na linha decoração de interiores. A padronagem é de papel de parede para norte-americanos. Ou almofada. Detalhe: a bolsinha. Sem contar o modelo, que não fica bem em ninguém mesmo. Nem em artista de cinema.
Entramos então nos tons avermelhados, cor que, geralmente, combina com todos os tons de pele. Alguns modelitos da noite, no entanto, eram inadequados às dimensões de quem os envergava como a mulher de peito abaixo, concorrente séria ao Troféu Jayne Mansfield. .
E então, em coral, surge a veterana Jessica Lange, que já passou da fase em que não se deve mais exibir braços em público. Manguinhas, senhora, mesmo que sejam em filó, transparentes, ajudam a esconder as marcas desagradáveis da idade.
E aí chega a moça abaixo, que, eu não sabia, é um gênio, igual à personagem que ela interpreta em The Big Bang Theory. Adorei a cor, mas o modelo poderia ser menos baile de formatura da década de 80.
É, Jena Malone, eu também estaria emburrada se alguém me fantasiasse de coro greco-romano...
Tina Fey lembrando um balcão de teatro de ópera - qualquer um.
E Ashley Judd, sereia rosada, revigorando o penteado bolo de noiva, mostrando suas raízes na country music.
Kelly Osbourne também honrou a deselegância discreta de sua dinastia, combinando o tom lilás do vestido com o do cabelo - ou seria o contrário?
A absoluta Rainha do Botox, Nicole Kidman, etérea, altíssima, branquinha, em momento portelense homenageando She-Ra, a irmã de He-Man, com lacinhos no sapato. Melhor fez a Rita Wilson, madame Tom Hanks, num pretinho básico, continua recorrendo ao melhor cirurgião plástico de Beverly Hills, provavelmente o mesmo que fez parar o tempo no rosto de Susan Sarandon.
E aí vêm os azuizinhos. Tudo tão feminino, tão vestidinho de formatura, tão desmilinguido ...
.... tão esvoaçante, né, Zooey Deschanel?
... tão amedrontador...
... ou tão encantador quanto este sari estilizado sobre o dourado!
Amarelo é minha cor favorita. Em pinturas. Tem que ser muito linda mesmo para se enfiar num vestido-guardanapo e ainda ficar bem como a Kelly Cuoco ou a grávida Claire Daines.
A maravilhosa Julianne Moore também aderiu ao tom de limão siciliano, num modelo pra lá de sem-graça.
Nada que se comparasse ao verde de irremediável neon de Julie Bowen.
O tom do traje de Emily Vancamp era parecido com o do apavorante macacão de Portia de Rossi, que, inexplicavelmente, enfeiou, enquanto Ellen de Generes fica a cada dia mais jovial.
Christina Hendriks, de Mad Men, jamaism me decepciona. Até que para os padrões dela, estava discreta. E, como sempre, vencedora incontestável do troféu Jayne Mansfield.
Finalista da categoria noiva gótica, Kate Mara perdeu...
... para Kristin Wigg, que conseguiu trajar algo feio, desconjuntado, medonho mesmo.
Também não gostei da Elegia ao Robocop, título da fantasia de Lucy Liu.
O prêmio Johnny Depp de mais mal ajambrado foi para Jeremy Davies. Não apenas pelo paletó curtinho e os sapatos marrons, mas, principalmente, pelos cabelos raspados em pontos da cabeça. Segundo Sol, é a composição do personagem que ele faz atualmente na TV. Custava botar um chapéu?