26.8.14

O Emmy da mesmice

O Emmy premia a TV e vai prestigiar sempre os artistas que permanecem  fiéis à telinha. Vez por outra, concedem magnanimamente, uma láurea a uma dama inglesa, que não se dá ao trabalho de comparecer à festinha para ser aplaudida de pé por toda a plateia, porque damas inglesas não estão nem aí pras rugas, quanto mais para homenagens da categoria. Os moços ingleses também não vão à premiação, exceto o Ricky Gervais, mas abiscoitam lá seus trofeuzinhos.

A festinha de ontem premiou as mesmas pessoas e séries de sempre. Julianna Margulies, Julia Dreyfuss, Bryan Craston e todo mundo de Breaking Bad e  Modern Family. Ou seja, originalidade, zero. Nem os trajes chegaram a surpreender. Quem não usou vermelho, envergou o branco ou preto. Ninguém homenageou Helena Bonham-Carter (os ingleses estão por baixo, mesmo) e os litros de botox aplicado nas estrelas competiam com o brilho do clareamento dental dos sorrisos amarelos dos perdedores. No Emmy da mesmice, até as bizarrices dos figurinos foram pouco criativas.
Felizmente, existe a inigualável Lena Dunham, que conquistou a categoria Tribufu Hors Concours com uma fantasia de piñata. Insuperável.


O quesito Liquidificador do Estilista Louco foi arrebatado por Kate Mara. Tinha de tudo na grega estilizada, que, no colo, lembrava ainda uma parede de azulejos, com uma pala rígida de onde descia um cortinado, algo que remonta as colunas helênicas. Claro que piorava muito atrás, com tiras para segurarem a estrutura.





Tenho a impressão de que chegará o dia em que Jennifer Westfeld terá apenas uma linha no lugar da boca. Quem vai se lembrar do vestido dela, quando madame tem o Jon Hamm para exibir como adereço de mão?


As damas de vermelho surgiram em diferentes feitios - de corpo ou de vestes.


Christina Hendricks, que prima pela opulência, parecia uma dama de pintura romântica. 

Claire Daines pendurou uma guirlanda de porta no pescoço. A guirlanda era até interessante, mas a transparência de rendinhas com cintinho... 

Julia Dreyfuss também usou cintinho e umas armações que seguravam a parte superior do vestido, com bom efeito (mas eu preferia sem o cintinho). 

Algo muito estranho anda acontecendo com Heidi Klum. Ela abandonou o Versace e está discretíssima, ainda que avermelhada.



Adoro a Octavia Spencer, mas alguém precisa informar a ela que o estilista misógino que avança nas gordas de Los Angeles deveria ser exilado no Iraque para aprender a cobrir braços volumosos. De resto, até que as preguinhas formaram um bonito efeito neste sari estilizado.


Kaley Cuoco foi de Explosão no Canteiro da Maria Sem Vergonha, mas ficou bonita - e o que não fica, nela? 




January Jones demonstrando claramente sua infelicidade com o modelito pastorinha, que já saiu de moda - algo que jamais deveria ter acontecido.


Sarah Paulson parecia um presente, envolta em tule negro com pintinhas vermelhas. Eu achei que era uma Galinha D'Angola Rubro-Negra, mas a Lívia Almeida definiu melhor: algo como a cruza do Cisne Negro com a Galinha D'Angola Pintadinha. 



Há uma ilusão de que preto é sempre elegante. A prova contrária está acima. 


Agora, tem gente que sabe posar de diva dos anos 40 com a maior tranquilidade. Saia e blusa perfeitas.


Debra Messing, maravilhosa.




Lizzy Caplan, de engana-mamãe, com uma cauda branca, estava com o vestido mais bonito da noite.


Felicity Huffman acertou no pretinho básico. Já William H. Macy adora esse corte chanelzinho de cabelo que não o favorece em nada.

Jessica Lange também estava com um sensacional pretinho. 
Só faltou uma manguinha, porque, os anos passam e a pele não contribui, né?


Jodie Foster, como sempre linda, simples, básica. 

Melissa McCarthy insiste em cortar a silhueta avantajada e atarracada ...






   .... enquanto a diva Kathy Bates procurava uniformizar a estrutura exuberante com um quimono estampadão e pantalonas. 




E a überstar Julia Roberts foi simplesinha, com esse vestidinho curto, mas cheio de aplicações. Eu sempre imagino a dificuldade de se sentar em cima de tanta coisa pontuda. 



Enquanto Mayin Bialik abandonava a personagem esquisitona de Big Bang Theory para encarnar uma das rainhas desprezadas por Henrique VIII ...


 sua coleguinha Melissa Rauch apareceu também de azulão, bem lindinha. 




Momento constrangedor da noite: a bela Sophia Vergara subiu numa plataforma para mostrar seus atributos físicos, no que seria uma denúncia sobre a exploração dos corpos femininos pela indústria dos filmes. Não deu certo. 


Esta aí pegou o figurino de um filme de bruxa e foi pra festa. Nunca havia visto antes um vestido em formato de cogumelo.




Robyn Wright, ousada. 


A cor já era um risco. O modelo, que vem sendo repetido há uns três anos pelos tapetes vermelhos, uma indefinição de cauda e tecidos despencados.  Ganhou a categoria ovo estrelado.




Amanda Peet,  a grávida romântica;


Hayden Pannetiere, de grávida rainha da discoteca.



Taissa Farmiga mostrando que nem tudo o que uma linda jovem enverga fica bonitinho. Daqui a alguns anos ela vai poder rir muito desse desastre que vestiu. Tem tudo de feio. Transparência, blusa que não combina com a saia - ou seria um vestido por baixo da saia? Um horror. 




Julianna Margulies, sempre tão discreta e chique, estragou a bela frente do vestido com um toque Madonna atrás.




 Natalie Dormer, com um vestido que funciona longo ou curto, um dos mais originais da noite.  



Os inevitáveis tecidos que poderiam estofar poltronas até que eram bonitos, mas agora, eles também fazem quem olha questionar a qualidade da própria visão. 




Mais um pouquinho da saia mesa-de-aniversário-de-criança de Lena Dunham, perfeitamente adequada à postura cuidadosamente desleixada da moça alternativa. O que seria do mundo sem os palhaços? 

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