26.1.05

Arabescos

Finalmente, quem sabe, finalmente, estou abrindo um blog, com um título meio bobão. Servirá de back up pro que já jogo no Multiply, que sofre de desconfigurações irritantes e periódicas. Ou servirá mesmo para me exercitar fora daquele mundinho fechado e caloroso. Ou de nada servirá. A esta altura da vida, quem quer fazer diário público, exceto as crianças?
Agora fazer blog, postar, seja lá o que for, dá um trabalho pra mouro algum botar defeito. Minha mãe adorava dizer que havia trabalhado como uma moura. A brincadeirinha é porque nós somos Moura de nome. Mas eu me lembro também de um conto pavoroso A Moura Torta, provavelmente dos Grimm, falando duma mulher feia, manca, vesga, que ia acabar bem e feliz com um príncipe rico, lindão, que desfazia o encanto que a transformara na moura torta. Então, esta Moura nem tão torta assim vai continuar mourejando pra postar e se entender não apenas com a linguagem, mas com o veículo.
A escolha do modelo já deu trabalho. É verdade que eu gosto muito de laranja e amarelo, mas fiquei encantada por este visual aristocrático. Afinal, sob a moura batalhadora existe uma aristocrata rural inglesa, que adoraria sentar-se à escrivaninha com diáfanos vestidinhos apropriados para sentar-se à escrivaninha e escrever cartas aos amigos. Então, esta escrita rude é carregada em uma embalagem bonita e clássica. É como se Sophia Loren vivesse dentro de Grace Kelly ... Sou uma moura da estirpe do Otelo (espero que não tão vaidosa e autocentrada, nem tão absurdamente pouco confiante em quem me ama) ou daquele que cortou um lenço de seda com uma cimitarra pro El Cid. Creio que era Saladim. Meus mouros são guerreiros sem sangue nas mãos. O sangue fica nas cimitarras (amo o som aspirado e sensual das palavras originalmente árabes ou das que usamos para descrever os árabes e seus artefatos).
Com salamaleques, partilharei minha visão das areias da muy leal São Sebastião e sobre quem as pisoteia.

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