2.2.05

Adulto

Em que momento a gente envelhece? Ou melhor, em que momento a gente constata que amadureceu, que virou adulto?
Quando criança, eu achava que era no instante em que se começava a usar as expressões “Eu era criança”, “Eu era moça”. Nunca usei a segunda. Até porque hoje em dia a gente entra na categoria “garota” e permanece nela até os 40 anos. Já li uma autoclassificação de “menina” por mulheres de 35 anos.
Depois, achei que era quando surgem os cabelos brancos, algo que dá um ar respeitável aos homens e de desleixo às mulheres. Mas não, tem muita gente que pinta cabelo desde a adolescência.
Provavelmente, um dos indicadores de envelhecimento mais preciso é o desinteresse absoluto por novas tendências musicais. De repente, a gente percebe que os últimos discos, digo, CDs comprados são: trilhas sonoras de filmes, o do B.B.King com Eric Clapton, os antigos do Caetano, do Gil e do Chico, que são baratinhos nas Lojas Americanas e... pior que tudo, “Mis Boleros Favoritos”, de Luiz Miguel! Poucos confessam, mas há quem admita que existe lugar para o Luiz Miguel cantando bolero velho em sua discoteca...
Os livros? Os livros continuam sendo comprados às carradas, os discos de música clássica também. Mas é duro quando a musiquinha mais modernosa a tocar em seu lar é do Skank – e não é aquela do “Cosmotron”, é a do Unplugged da MTV!
Uma vez eu li uma entrevista do Marcello Mastroianni na qual ele definia a velhice como “quando sua filha pega seu cotovelo para ajudá-lo a atravessar a rua”. Talvez o “amadurecimento” ou a “adulthood” seja o período marcado pelo início das reprimendas dos filhos adolescentes quando você dança no show do Skank. É uma fase que vai durar a vida toda até que chegue a hora de eles pegarem seu cotovelo para atravessar a rua.

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