Será que esses tremeliques são o primeiro sintoma de uma doença grave ou estou apenas tendo um piripaque nervoso, mais uma vez?
Sinto que a hipocondria me domina a cada momento. Já comi um bocado de porcaria pra aumentar o açúcar, mas continua a tremedeira. Interna, porém contínua.
Quando eu fumava não sentia nada disso. Eu fumava, tomava anfetamina adoidado pra não engordar e bebia. Vivia trincadona, nem sabia. Era careta, não usava qualquer droga ilegal.
Fui levada ao maravilhoso mundo das bolinhas por minha mãe, aos 12 anos. Não que ela fosse doidona, muito pelo contrário. Tinha horror a drogas, a sexo, a rock’ n’ roll. Gostava de birita. Cruzes, como minha mãe curtia uma birita. Meu pai também. Os dois adoravam encher a cara. Belos exemplos para uma mocinha em formação, não? Talvez até fossem, eu não gosto mais de beber. Odeio ressaca.
Voltando à minha mãe. Ela era lindona, mas engordava facilmente e resolveu experimentar remédios receitados por médico, me carregando junto. Entrei de sola nas bolas e nos calmantes para segurar a onda. Eu tinha um temperamento do cão, vivia mal humorada, com dor-de-cabeça, zangada mesmo. E tinha um pique fora do comum. Estava sempre animada para sair, pronta a dançar até seis da manhã, dormir quatro horas e recomeçar na movida carioca.
Por volta dos 23 anos, decidi cortar o barato. Fiquei só nas anfetaminas, ainda por algum tempo, depois, cortei até as anfetaminas. Enfrentei crises e perdas pessoais de cara limpa, sem calmantes. Larguei o cigarro. Até que chegou a vez da depressão. Então, veio tudo junto: depressão, obesidade, antidepressivos, mais obesidade, hipertensão, remédio de hipertensão que provoca asma em asmáticos que não sofriam de crise há 30 anos, asma, troca de remédio da hipertensão, persistência da asma. Agora, descubro que o antidepressivo pode provocar hipoglicemia em diabéticos. Acho que estou pré-diabética. E paranóica. Também.
Como é que antes, com cigarro, bolinha e bebida eu não tinha nada disso? Odeio tentar ser saudável.
Baseado em alguns fatos reais
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