5.10.05

Bang-Bang

Alquebrada pela gripe que se apossou de meu organismo e se agarra nele como um parlamentar às mordomias, distribuí beijos resfriados a todos os que me cercaram de mimos no 4 de outubro. Maria floriu minha casa com diversos vasinhos de flores variadas, Hugo procurou um belo buquê de margaridas que me entregou em nome dos irmãos. No meio de tanta beleza, floresce uma horrível discussão: por que tantos temem o fim do comércio de armas no País?
Aos que defendem o direito do cidadão honesto de manter armas para se proteger dos bandidos, só pergunto se entre esses cidadãos honestos estão os pobres que vivem em favelas e não têm cabelos lisos, olhos claros, peles protegidas por filtros solares. Não sou ingênua a ponto de acreditar que o fim do comércio de armas reduzirá a violência criminal. Mas ele diminuirá a banalidade dos assassinatos domésticos, em brigas de pais e filhos, maridos e mulheres, discussões com vizinhos, disputas no trânsito, ferimentos por balas que voam quando alguém reage a um assalto dentro do ônibus.
Péssimo momento para estrear uma novela sobre faroeste americano...

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