27.11.05

Poeira, moços e moleza

Um vírus está comendo meu computador. Outro quase estourou meu ouvido esquerdo. O dia ficou lindo, depois de uma viradinha de tempo, mas quem disse que tenho ânimo pra me aventurar fora de casa?
Aqui, só poeira. Limpo as plantas, desço algumas para a varandinha interna do prédio, tiro passarinhos de perto da principal frente de obras.
Minha página está maluca, pouco de meus enfeitezinhos (gatinho, contador de entradas, fase da lua) aparecem. Não sei se o problema está no Blogger ou no computador, que endoidou de vez. Chamarei o moço (tem uma crônica do Fernando Sabino falando sobre essa instituição brasileira, "o moço" - o moço da máquina de lavar, o moço da geladeira, agora, o moço do computador; a variável pro moço é "o homem"), não sei se o último, que, naquelas coincidências cariocas, morou a vida inteira no edifício em frente ao de meus pais, em Ipanema, e agora se mudou para um apartamento pertinho do botequim do Beto, namorado da Maria. Aí eu acho que esse moço, bonitinho, menino, parece o Tom Cruise, está predestinado a ser o guru de meu computador. Amigos me indicam outros moços e o que me atender primeiro será o agraciado com este conserto, para mim, tão vital quanto o funcionamento perfeito de minha máquina de lavar roupas.
Aliás, o moço que conserta a máquina de lavar roupas é o Helinho, dublê de técnico de refrigeração e professor de violão. Conheci o Helinho quando éramos adolescentes e ele tocava banjo no finado bar Western (que ficava numa caveira de burro no Humaitá, onde nem clínica médica deu certo. Atualmente, é um centro espírita-terreiro, onde se bota tarô, I-Ching e se estuda cultura cigana também, creio). Bem, o tempo passou, Helinho casou, descasou, voltou a meu convívio e agora namora uma amiga de outro amigo meu, porque esta cidade definitivamente é uma aldeia.
Já tive também um estofador que era ex-guerrilheiro tupamaro. Mas troquei por uns rapazes muito legais, todos irmãos (uns cinco), que desapareceram no mundo. O que vale é que em frente a meu novo emprego tem igreja, sala dos AA e um estofador. Tem também uma boca de fumo, o que tira um pouco do encanto da rua simpática, pela qual caminho diariamente para comprar coca light na padaria da esquina, na verdade, um armazém das antigas.
A obra foi reduzida, mas continuará por muitos dias. Só farei a parede da sala e as outras infiltrações. Não há reservas financeiras para atacar todos os problemas já. Enquanto isso, estamos cobertos de poeira por todos os poros.

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