25.11.06


Solão e eu vou à praia. Infelizmente, ficarei no asfalto, labutando. 11 da manhã, sábado, aniversário de minha filha e eu lá, fazendo matéria...

Vinte anos atrás, esta era minha sina, nos fins de semana de plantão. Era uma briga dentro da redação. Ninguém queria fazer "praia". Coisa mais natural numa cidade à beira-mar era ir todo mundo pra praia num dia bonito. Mas a gente tinha que procurar notícia naquilo. Calor, engarrafamento, todos pelados e as equipes de jornalistas de calça, culote, paletó, almofadinha (só entende a referência quem tiver mais de 40anos...), caminhando pelas areias cariocas, dizendo: "Dá licença, eu sou do Globo e estou fazendo uma reportagem sobre a praia no fim-de-semana. Você mora aonde? Vem sempre aqui? Tem turma de praia?".

Uma tarde foi linda. Vi golfinhos brincando na beira d'água em Ipanema, na altura do Castelinho. Todo mundo fugiu do mar, em pânico. Beira d'água é força de expressão, claro, mas uns dez bicho pulavam perto da arrebentação. Por quê? Sei lá. Uma festa para os olhos. O que faziam esses desgarrados em Ipanema, quando geralmente ficam lá longe, em alto mar ou na Baía?

Ideal era fazer a matéria à tarde, depois de ter pegado uma prainha de manhã cedo. Aí, eu já saía com a malévola intenção de usar meus amigos como personagens das matérias. Ainda bem que todos levavam na brincadeira e não ligavam quando liam suas declarações no jornal de segunda-feira.

No século passado era assim: havia gente que não plantava bananeiras na Rio Branco para aparecer em jornal.


Eu e meu amigo Ricardo Góes, num domingão desses, em Ipanema.

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