30.12.06

O horror, o horror


As últimas palavras do Coronel Kurtz, o terrível personagem criado por Joseph Conrad em "Coração das Trevas", a novela que foi a base de "Apocalipse Now", o filme de Coppola, marcam o fim de um ditador e de seu mundo particular, mas, para mim, sempre têm a dimensão de tudo o que a barbárie significa.
O horror é haver gente cruel a ponto de matar suas vítimas ateando fogo a um ônibus.
O horror é o enforcamento de Sadam Hussein, que poderia ser mantido vivo, numa cadeia de segurança máxima e trabalhos forçados.
O horror é ouvir as teorias pueris e sanguinárias para o fim da violência urbana, entre elas o fuzilamento constante de presidiários nas cadeias brasileiras como solução para eliminar o banditismo no país.
O horror é ouvir Bush dizendo que Sadam teve um julgamento justo.
Certamente a negligência com os cidadãos de Nova Orleans, abandonados às vésperas da chegada de um furacão, não pode ser objeto de um julgamento justo. Invadir países para fomentar lucros com a indústria da guerra também não vale julgamentos públicos.
Bom seria o horror ficar reservado ao cinema e à literatura, enquanto à realidade caberiam ainda os sofrimentos decorrentes da existência.

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