24.3.07

Pugilato literário

Brigalhada e disse-me-disse no mundo das letras. Um projeto que recebeu financiamento da Lei Rouanet levará 16 escritores a diferentes partes do mundo. Na volta, eles escrevem uma história de amor. Um dos mais ardorosos críticos que ficou fora do projeto batizou-o de ação entre amigos.
Para que tantos resmungos? Ora, ano passado a Petrobras anunciou que iria financiar 20 autores escolhidos por seleção pública, com nome na frente do projeto de romance ou poesia, igual em concurso literário. Ninguém chiou, embora já possa imaginar que vai haver auê quando sair o resultado, como aconteceu com os patrocínios de cinema em outras edições do Programa Petrobras de Cultura.
Já o chamado Bonde das Letras convocou autores escolhidos pelo idealizador do projeto. Não vejo problema, ao contrário.
Por que só cinema, balé, música e teatro podem ter subvenção pública no Brasil?
Eu quero mais é ver escritor sendo subvencionado! A gente precisa parar de ver livro como luxo neste país.
Outro dia uma amiga reclamou que eu não gosto de emprestar livros. Não gosto mesmo. Raramente empresto, na maioria das vezes para fins escolares e olhe lá. Na devolução, já recebi livros destroçados. Por isso, preferiria que as pessoas adquirissem seus próprios exemplares e os mantivessem, como eu faço com os meus. Livro para mim é patrimônio, com preciosidades abertas ao conhecimento, ao toque, à experimentação de todos. A literatura e a música são as expressões artísticas mais democráticas que existem, porém há muita gente interessada em segregá-las, limitá-las à elite pensante. O povo não merece o conhecimento, nem os escritores um apoio para ajudar o mundo a refletir sobre a vida e encontrar o alento que faz o planeta a seguir em frente.



Amantes das letras em seu santuário: Meu pai e Artur, com menos de um ano de idade, em 1989, conversando no ambiente natural desta família - a biblioteca doméstica

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