20.10.09

O horror, o horror

A morte se torna besta e vulgar quando não nos atinge. E toma proporções de tragédia se pega alguém educado e branco. Se de outra etnia, e artista, aí, sim, nos toca.
Então, esta semana, além da recente batalha do Morro dos Macacos, que teve até helicóptero da Polícia abatido por traficantes, o coordenador do Afroreggae foi assassinado em um assalto, e um acrobata da Intrépida Trupe morreu sob golpes de marreta, em casa, em Santa Teresa.
Leio aqueles comentários de leitores do Globo On Line.
Alguns deveriam ser realmente considerados ofensivos à humanidade. Porém lá permanecem. Enquanto há pessoas com mentalidade humanitária, que acredita na punição aos criminosos sem pena capital, qualquer um desses episódios é ensejo para loas ao extermínio total dos "favelados".
Há muito me ofende este conceito pejorativo, assim como piadas racistas, sexistas ou sobre deficientes de maneira geral. Além do extermínio, prega-se a esterilização dos pobres. Sim, porque pobre e favelado são sinônimos de bandidos em potencial.
Nosso problema vai um pouco além da tensão social. É, basicamente, a falta de educação e de valores. Encontramos, em pleno século 21, mentalidades mais reacionárias, que nutrem profundo desprezo pelo que é diferente, do que 100 anos atrás.
Nem esses representantes da estupidez humanas, com suas mentes deturpadas, merecem a morte nas mãos de bandidos que não nutrem qualquer respeito por suas vítimas. Mas parece que tanto esses bandidos como os que clamam por extirpar dos pretos e pobres o direito à vida encaram o mundo como aqueles nazistas sanguinários de cinema. Não os de comédia, como Bastardos Inglórios, mas os que surgem nas recordações de sobreviventes de campos de concentração, gente sem a menor piedade, que matava prisioneiros como se abatesse uma nuvem de mosquitos.
Em que estamos nos transformando?
Que brutalidade é essa que nos cerca e nos deixa indiferentes?
Enquanto isso, exibimos nossos sorrisos esplendorosos nos Facebooks, Orkuts e aonde mais pudermos estampar a felicidade oca de vidas vazias.

Um comentário:

Milena Magalhães disse...

Olga, mais uma vez você está coberta de razão!

Um abraço,