11.7.12

Direto do front, digo, do canteiro - Dia 9

A desolação toma conta de meu ser. Passo em casa para almoçar, feliz porque havia chegado meu novo sofá da sala, pequenino, modesto, Tok & Stok mesmo, e, ao abrir a porta me deparei com a poeira. Muita poeira. Poeira demasiada para uma obra no quarto láááá atrás. Poeira sobre os livros da sala, sobre os móveis, sobre os gatos, sobre tudo.
Abri o caminho entre a nuvem que chegava à sala, seguindo o som de serra elétrica que não esperava ouvir em casa. Avançando pelo corredor, descobri, na soleira do quarto em obras, seu Augusto lixava, com uma lixadeira elétrica, a porta. Sem se importar em  isolar o corredor com um dos 10 mil metros de plástico preto que me pedira para comprar e que ele não está usando.
Agradeci ao Altíssimo a tranquilidade zen de meu filho, que recebeu o sofá novo e nem pensou em retirar a embalagem plástica de proteção. Pensei em sentar-me à beira da cama e chorar, mas resolvi perguntar a seu Augusto e a seu Mário, os pintores pirados, se haveria mais produção de poeira no ambiente. Os dois, muito vexados, reconheceram que falharam ao não isolar o local do crime do resto da casa, argumentando, no entanto, que bastava um buraquinho no plástico para a poeira invadir qualquer espaço livre.
Não respondi, suplicando apenas que ignorem as imperfeições na madeira. Que não pintem a madeira. Que deixem a vida continuar.Porque há dois mil livros na sala, todos cobertos de poeira branca. E quem vai limpar sou eu.





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