13.8.13

A falta que ela me faz

Se minha mãe fosse viva, completaria hoje 88 anos.
Gostava, quando jovem de marcar os aniversários indo a estúdio fotográfico, posando para fotos como esta, de 1951, quando fez 26 anos.


Seu ensinamento mais importante para mim foi a de não temer a vida, enquanto me inoculava vícios como o amor pela literatura, pelo cinema e pela arte.


Com meu pai, formou uma dupla conversadeira, companheira e festeira, embora cultuassem a severidade dos que nasceram antes da Segunda Guerra Mundial.


Vaidosa, nunca temeu a velhice. Ao contrário, gostava da respeitabilidade de velhas damas, sem se impressionar tanto com as rugas, desprezando solenemente as tinturas capilares, já que jamais pintou os inexpressivos cabelos brancos que timidamente surgiram após os 70 anos (comemorados com almoço festivo, registrado abaixo).



O riso aberto, pleno e sempre presente pontuavam seu traço maior, a sociabilidade, que a levava a  incorporar-se aos amigos da filha e a ser afetuosamente aceita por todos eles. Na época, o convívio de gerações diferentes era parte da vida adulta.


Como avó, redescobriu a paixão, percebendo nos netos características notáveis em cada um. A única retribuição que lhe dei por tantos anos intensos, foi uma grande descendência, que pôde conhecer, amar e aproveitar por um tempo breve. 


Tivemos uma convivência conturbada, muito mais por nossas semelhanças do que pelas diferenças,  captadas nas expressões diametralmente opostas nesta fotografia, feita por meu pai, em nossos primeiros tempos juntas. .



Talvez eu já soubesse que ninguém conseguiria me repreender e me compreender tanto quanto ela. 


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