13.8.17

França, o nosso livreiro (7 de agosto)

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Todo mundo tem uma história com o França. A minha é episódica, num convívio de quinze anos em redações, lamentando que ele não frequentasse as assessorias de imprensa e agências. França logo conhecia o gosto do freguês, recomendava leituras, desaconselhava outras. "Isso não é pra você, não. Mas tem quem goste", dizia. Eu era mais de olhar as novidades, porque tinha o hábito de frequentar livrarias. Mas ganhei sua atenção na primeira compra que fiz com ele, um volume da Aguilar com a obra completa de Oscar Wilde. 
Anos mais tarde, ao sair de casa, o Wilde me causou problemas, já que era parte do pequeno patrimônio que carreguei comigo. Meu pai ficou carrancudo por uma semana, sem querer conversa no Globo, onde nos encontrávamos diariamente - ele era redator, eu, repórter. Falou "sai a filha e nem os livros ficam?". França lamentou que não tivesse outro exemplar - a Aguilar já havia sido vendida/fundida/incorporada, então -, mas providenciou rapidinho um Milan Kundera saído do prelo para aplacar a ira do seu Mello. E a paz voltou a reinar em família.

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