Há algum tempo, uma mocinha morreu de madrugada na porta da casa da avó, onde conversava com amigos. Tinha 14 anos e não me lembro do nome dela também. Como não sei o nome dos tripulantes do helicóptero que caiu e explodiu em cima do auditório da Bennet. Testemunhas juraram que tiros abateram o helicóptero. A perícia diz que não, mas valerá a lenda da imensa força dos traficantes do Morro Azul, capazes de derrubar uma aeronave. O que me deixa intrigada, apenas, é a razão de um helicóptero da Marinha sair de São Pedro d'Aldeia para fazer um vôo de reconhecimento no fim da tarde sobre o Rio, a quase 200 quilômetros de distância do ponto de partida. (Avião cair em casa é raro mesmo. Só me lembro de um, que aterrissou na sala de uma casinha, na Saúde, há uns bons vinte anos, num sábado em que eu dava plantão. Uma cena estranhíssima, a sala destruída por um avião pequeno. O piloto escapou ileso).
Um estudante de 23 anos atravessa pistas da Vieira Souto em alta velocidade, destroçando o carro de um senhor, que morre no impacto. Preso em flagrante, é liberado, embora tudo indique (já que não há perícia para comprovar o estado etílico do motorista) que tenha consumido muita bebida alcoólica numa boate. A família do morto vai processá-lo.
Uma amiga chega ao trabalho contando a tentativa de assalto que sofreu. Caminhava por Botafogo, falando ao celular, que um homem, de mão dentro da blusa, requisitou. Em segundos, correu até uma loja, de onde só saiu de táxi.
E a gente ainda resiste, olhando o céu azul claro de mais um inverno quentinho, que sufoca nossa revolta e só nos faz ir em frente, tolerantes com a miséria que nos cerca.
Nenhum comentário:
Postar um comentário