9.9.05

Morro abaixo


11h do dia 9.
Uns 25 graus Celsius, sensação térmica de 32 ao sol, que luta com as nuvens. Amanhã fará um lindo dia de praia, mas eu temo ir à praia depois das chuvas, a Defesa Civil, a Secretaria de Saúde, os biólogos, os sanitaristas avisam que faz mal ir à praia depois das chuvas, porque as águas estão poluídas, já que o esgoto desceu em enxurrada dos morro abaixo.
Hoje, no jornal, tem uma foto do corpo de um homem assassinado sendo encontrado pela mãe e pela irmã do morto. Num morro. No meio da mata. Parecia a foto de um corpo encontrado há mais de 20 anos, de uma mocinha, Mônica, que se matou ou foi morta caindo da janela do apartamento de um ficante. Na época não existiam ficantes e as meninas que “ficavam” eram malvistas, embora todo mundo ficasse e desse como sempre aconteceu na humanidade. Todos os jovens envolvidos no crime eram lindos e filhos de pais separados, olha aí a dissolução da sociedade, era o que se comentava.
O motorista do táxi que eu peguei mora no Vidigal há 20 anos. Comprou uma casa por 21 mil dólares, cruzeiros, cruzados, sei lá qual a moeda daquele tempo. Agora, não vende por vinte mil reais, embora seja na rua principal, em frente a uma padaria, tenha três andares, terraço, churrasqueira e garagem. Mas precisou, vinte dias atrás, alugar uma vaga para seu táxi atrás da padaria, pois o carro foi alvejado em sua própria garagem pela Polícia. As filhas, de 20 e 21 anos, são jogadoras de vôlei e vivem nos Estados Unidos. Estudam na universidade do Texas, mas preferiam morar no Rio com os pais, que passaram a noite acordados por causa do tiroteio incessante entre traficantes e policiais.
E a gente ainda insiste, né?

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