17.5.15

O glamour morreu

Em Cannes, há diversas formas de chamar a atenção da imprensa. A mais corriqueira é despir-se ou vestir algo bem inusitado. Fora isso, sempre vale uma declaração polêmica a ser desmentida depois. A talentosíssima, consequente e elegante Cate Blanchett resolveu dizer que teve diversos relacionamentos com mulheres num dia para desmentir no outro, falando que a esta altura da evolução não há sentido em se preocupar com a preferência sexual de qualquer um. Concordo em gênero, número e grau, mas discordo veementemente do que La Blanchett decidiu usar para passear pela Croisette. A transparência e os babados, realmente, são atrozes, parecendo figurino de filme de ficção científica assinado por Gaultier.  À noite, ela envergou vestido de grávida, com estampa que necessita de óculos 3D para ser decifrada, sob camadas de dobras na parte de trás.





A harmonia que Woody Allen imprime a seu elenco inexiste deste lado da tela. Não podiam ser mais diferentes as fatiotas de Emma Stone, fantasiada de noiva do Drácula, e Parker Posey, de americana madura  em férias na Riviera. Woody Allen foi de Woody Allen mesmo.


À noite, Parker Posey foi de Tributo clean a Carmem Miranda.


Natalie Portman, diurna, de Cisne Negro desconjuntado.



 No tapete vermelho, mais alegrinha com um belo saião godê, de estampa desfocada.


O pretinho acetinado totalmente dispensável de Charlize Theron, candidatando-se ao troféu Até as Divas Erram. Uma celebração do encontro das damas vitorianas com os índios norte-americanos, em luto pela perda de seus territórios. 


O vestido-combinação de Sophie Marceau até ficou charmoso com as aplicações.


O mesmo não se pode dizer da rosa aplicada no vestidinho de Diane Kruger.


Rooney Mara de noiva caipira.


A almodovariana Rossy de Palma encarnando Maria Alcina.


Salma Hayek quis mostrar os novos seios. 


Sienna Miller numa homenagem  a Eloi Machado, eterno concorrente dos concursos de fantasias do Hotel Glória, que sempre ganhava o prêmio de originalidade masculina por composições intituladas "O vendedor de pipas", "Domingo na praça" ou coisa que o valha.


Apesar dos esforços de tantas estrelas de cinema, ninguém há de bater a russa Elena Lenina, que alia trajes pavorosos com esculturas capilares de péssimo gosto. Imagino que ela esteja proibida de entrar nas salas de projeção. 


Nenhum comentário: