30.11.17

Sobre fome e tristeza

Como boa parte dos habitantes do planeta, vivo para pagar dívidas e serviços. Sei que conseguirei saldar tudo em algum momento, nem que para isso me desfaça do patrimônio conseguido com sacrifícios e trabalho. Começar de novo é difícil, porém não impossível para mim. Meus problemas são equilibrar contas, e, vez por outra, passar pelo constrangimento de ter luz ou gás cortados por falta de pagamento.
E as pessoas que não têm como se constranger? Pessoas que só tiveram o azar de não serem frutos do mesmo acaso biológico que eu. Pessoas que tentam buscar algum oxigênio na miséria e que perdem um direito social cortado porque precisamos, sim, arcar com salários e benefícios altíssimos para apenas uma parcela ínfima da população. Pessoas que vivem à míngua, completamente ignoradas pelo Estado.
Foi para isso que depuseram Dilma Roussef.
Não pela corrupção, que, esta sim, sobreviverá e alimentará os poucos de sempre.
Enquanto se isentam de impostos os bancos, lutam para encerrar programas "populistas", retirar direitos trabalhistas e reformar a Previdência.




Mas isso não interessa a Simone e a seu filho. E ninguém se interessa por Simone e por seu filho. Ela, uma folgada, que viveu às custas da gente de bem, terá que se virar para alimentar o garoto. Ou morrer, né? De fome e de tristeza mesmo.

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