2.3.20

Minha vida ao pé do morro.



Nasci no Hospital Silvestre, na Ladeira dos Guararapes. Meu pai descia para tomar café na favela; no hospital, de adventistas, só serviam uma água suja nojenta chamada chá de cevada, que tem aspecto e sabor de roupa mal lavada - tomei um gole para provar e comprovei.
Com menos de uma semana de vida, fui morar por um ano na Alberto de Campos, aos pés do Cantagalo. Dali, fomos para a Visconde de Pirajá, de onde saímos logo depois da Copa de 70, indo para a Barão da Torre 15, em frente ao nesmo morro, mas no outro lado.
Em 87, comprei um apartamento na Barão de Itapagibe, na encosta do Turano. Era bucólico, desciam cabrinhas até o condomínio. Em 88, troquei pelo da D. Mariana, onde nasceram Artur, Oto e Hugo. Tinha vista panorâmica para o Cemitério, mas não havia tiroteio, então. Em 92, chegamos à São Clemente, onde nasceu Júlia. Na primeira noite, acordei de um pesadelo, pensando que estava em Trípoli, em guerra na época. Era só a droga chegando ao Santa Marta.
Em 93 e 94, vivemos em Rio das Ostras, onde ainda não havia favelas. Voltamos em 95 para a Barão da Torre, de onde eu saíra sozinha e retornava com quatro filhotes.Em 96, viemos de vez para a São Clemente, os cinco.
Agora, três saímos para Copacabana. Pro pé dos Tabajaras.
Nasci na montanha pra viver à beira-mar. Do asfalto, sim, mas sempre num pé de morro!!!!
(a foto, do início do séc XX, é da nossa - até amanhã ou depois - esquininha, da São Clemente com D. Mariana. O prédio garboso é uma ruína, atualmente. O nosso ex fica ao lado, no espaço da grade.)

Nenhum comentário: