A Casa de Rui Barbosa era o museu da nossa rua - e nem havia museus nos bairros onde morei antes. Sem dúvida foi o museu entre os três do bairro que mais frequentamos – para ver a casa, sentar nos jardins, procurar os patinhos e peixes. Uma vez, deixei os meninos no jardim enquanto entrava por dez minutos na agência da Caixa ao lado. Ao voltar, encontrei dois encharcados, ouvindo um sermão do segurança por terem sido jogados pelos irmãos no laguinho. Tive que dar uma bronca para não fazer feio na frente do guarda, mas, na rua, me acabei de rir, informando que provavelmente eles pegariam hepatite ou sérias infecções que jamais aconteceram.
A Casa não era apenas nosso parquinho, mas um centro disseminador de cultura, com uma programação de concertos, palestras e seminários da qual pude desfrutar. Os jardins eram nosso alívio num bairro desprovido de praças. Lá no fundo do terreno, no prédio, estava a alma da Casa, alimentada por quem fazia circular o pensamento nesta terra que tanto despreza quanto ama a cultura.
Há um ano, perdemos o Museu Nacional. Agora, desmonta-se a estrutura cerebral da Casa de Rui. Dói.
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