24.12.11


Este ano não tive tempo nem vontade de decorar a casa para o Natal. Os filhos cresceram, perdeu um pouco da graça. E os últimos dias voaram antes que eu me recordasse que não tenho mais árvore de Natal...
Mas terei ceia em casa, algo que ocorre muito bissextamente. Fiz o tender - está perigosamente ruim -, mas as outras carnes ficaram a cargo de uma especialista contratada - para alívio de quem pretende degustá-las.
Queria ter arrumado esta guirlanda de Natal, mas me faltava matéria-prima indispensável: as fitinhas do Bonfim. Pelo que vi no Decoueração, não é tão difícil assim. Tento ano que vem, quem sabe.
Por hoje fica, então, uma guirlanda virtual pra quem navega e chega a estas areias.

22.12.11

Chega esta época e eu tento ignorar o calor.
ODEIO o verão desde criança. Praias lotadas, dias insuportavelmente quentes, noites abafadas. Três meses ou muito mais que isso de gente bufando pelas ruas, num tremendo mau humor, sem ligar para a beleza das cores de céu e mar, sonhando com ar condicionado.
Quem foi que inventou que o verão é a estação mais alegre para os cariocas?

17.12.11

Um operário da arte

Sérgio Britto vai fazer muita falta.

8.12.11

Artes, criações, criaturas


Gostaria de ter sido artista plástica, mesmo sem um ingrediente básico para qualquer criador: a imaginação.
Ser jornalista é fácil para quem tem o dom da escrita seca, informativa, que sabe dar algum charme a relatos, sem qualquer lírica para desenvolver a veia literária ou erudição - e uma boa dose de pretensão entendiante - para tornar-se um acadêmico.
Mas eu queria mesmo era criar uma casa colorida, imaginar paredes pintadas, capas de livros e discos, quadros, estampas, fotos, flores, letras borradas, cabelos de diversos tons. Criações exuberantes como os trópicos.
Claro que se eu tivesse algum dom para a criação em desenho acabaria como ilustradora ou diagramadora de jornal. Porque minha criação é pequenininha, limitada. Só se expandiu libertária na produção de humanos. Essa, superou qualquer expectativa, incluindo as minhas próprias.

4.12.11

No escurinho do cinema

Minha coluna Para Ler na Rede está também no site Cinema.com.br desde semana passada. Os links estão ao lado, mas abro aqui a coluna que saiu hoje.

No escurinho do cinema

Posted on Dom, 04 de Dezembro de 2011 15:30
Olga de Mello

Quase nasci dentro de um cinema – de onde minha mãe retirou meu pai, revoltado, para seguirem até o hospital, onde surgi para o planeta algumas horas mais tarde. No dia seguinte, meu pai foi acabar de ver o filme – Os Primos, de Claude Chabrol, nouvelle vague em sua total acepção.

Cresci ouvindo os relatos de meus pais sobre os “filmes proibidos” que a idade me impedia de assistir. Eles me levavam à cinemateca do Museu de Arte Moderna carioca, meu refúgio nos fins de semana, já adulta, quando estava sem programa e descobrira as delícias de ir ao cinema desacompanhada. Aos poucos, montei uma modestíssima biblioteca sobre cinema, mais com biografias de artistas e escassas análises a respeito de gêneros ou diretores em português. Até a década de 1980, eram volumes caríssimos, geralmente em inglês, os que abordavam a história e o impacto dos filmes na vida dos espectadores. Uma das raridades traduzidas, então, foi o maravilhoso A Cidade das Redes (Companhia das Letras, R$ 76,50), de Otto Friedrich, que trata da Hollywood nos anos 40, abordando desde os primórdios da indústria até o apogeu do star system.

Quase 30 anos depois, outro livro sobre cinema me impressionava. Em doze dias, no fim de 2009, devorei Easy Riders, Ragging Bulls – Como a Geração Sexo-Drogas-e-Rock’n'Roll salvou Hollywood (Intrínseca, R$ 29,90), de Peter Biskind. Na época, escrevi que difícil era parar a leitura e tocar a vida, já que estava fascinada pelas histórias sobre a recuperação da indústria do entretenimento nos anos 60/70 por Martin Scorcese, Francis Ford Coppolla, Spielberg, George Lucas, Alan J. Pakula, Hal Ashby, Arthur Penn, Paul Mazursky, Woody Allen, Sidney Lumet, Sidney Pollack, Frankheimer, William Friedkin, Peter Bogdanovich, Bob Rafelson, Bob Fosse, Paul Schrader, Brian De Palma, Robert Altman, entre outros. Quando acabei de ler, senti um vazio, como se houvesse perdido uma grande paixão, devastadora, inebriante e breve.

Sem tanto arrebatamento, percebo a ampliação de publicações para os que gostam de reflexões sobre cinema. Alguns títulos até parecem pretensiosos, como Tudo sobre cinema (Sextante, R$ 59), que, à primeira vista, poderia ser tomado por mais um livro-presente, repleto de fotos e observações básicas sobre filmes. Editado pelo historiador Phillip Kemp, o volume de mais de 500 páginas é fartamente ilustrado e traz informações preciosas, desde as experiências dos irmãos Lumière. A seleção de filmes é de um grupo de especialistas britânicos e não deixa de fora sequer os pipocões baseados em histórias em quadrinho, mesmo privilegiando as linguagens mais sofisticadas.

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Para quem não quer se enredar em considerações artísticas, sempre há os livros que inspiram filmes. Alguns são quase roteiros prontos, como o clássico Crônica de uma Morte Anunciada (Record, R$ 34,90), de Gabriel Garcia Marques, levado ao cinema por Francesco Rosi. Pedro Almodóvar gosta de policiais. Adaptou Carne Trêmula (LP&M, R$ 18), de Ruth Rendell, e, recentemente, Tarântula (Record, R$ 29,90), de Thierry Jonquet, que ganhou o título A Pele que Habito. O chileno Antonio Skármeta já era respeitado como romancista quando seu Ardente Paciência – originalmente publicado no Brasil pela Brasiliense, mas que hoje tem edição da BestBolso (R$ 12,90) como O Carteiro e o Poeta, título imortalizado nas telas, sob direção de Michael Radford. A doçura do cinéfilo Skármeta pode ser conferida na bela novela Um Pai de Cinema (Record, R$ 27,90), que dá a sensação de ser curta demais, de tão deliciosa. Igual a filme bom que não sai de dentro do espectador mesmo quando as luzes se acendem no fim da sessão.