24.12.11


Este ano não tive tempo nem vontade de decorar a casa para o Natal. Os filhos cresceram, perdeu um pouco da graça. E os últimos dias voaram antes que eu me recordasse que não tenho mais árvore de Natal...
Mas terei ceia em casa, algo que ocorre muito bissextamente. Fiz o tender - está perigosamente ruim -, mas as outras carnes ficaram a cargo de uma especialista contratada - para alívio de quem pretende degustá-las.
Queria ter arrumado esta guirlanda de Natal, mas me faltava matéria-prima indispensável: as fitinhas do Bonfim. Pelo que vi no Decoueração, não é tão difícil assim. Tento ano que vem, quem sabe.
Por hoje fica, então, uma guirlanda virtual pra quem navega e chega a estas areias.

22.12.11

Chega esta época e eu tento ignorar o calor.
ODEIO o verão desde criança. Praias lotadas, dias insuportavelmente quentes, noites abafadas. Três meses ou muito mais que isso de gente bufando pelas ruas, num tremendo mau humor, sem ligar para a beleza das cores de céu e mar, sonhando com ar condicionado.
Quem foi que inventou que o verão é a estação mais alegre para os cariocas?

17.12.11

Um operário da arte

Sérgio Britto vai fazer muita falta.

8.12.11

Artes, criações, criaturas


Gostaria de ter sido artista plástica, mesmo sem um ingrediente básico para qualquer criador: a imaginação.
Ser jornalista é fácil para quem tem o dom da escrita seca, informativa, que sabe dar algum charme a relatos, sem qualquer lírica para desenvolver a veia literária ou erudição - e uma boa dose de pretensão entendiante - para tornar-se um acadêmico.
Mas eu queria mesmo era criar uma casa colorida, imaginar paredes pintadas, capas de livros e discos, quadros, estampas, fotos, flores, letras borradas, cabelos de diversos tons. Criações exuberantes como os trópicos.
Claro que se eu tivesse algum dom para a criação em desenho acabaria como ilustradora ou diagramadora de jornal. Porque minha criação é pequenininha, limitada. Só se expandiu libertária na produção de humanos. Essa, superou qualquer expectativa, incluindo as minhas próprias.

4.12.11

No escurinho do cinema

Minha coluna Para Ler na Rede está também no site Cinema.com.br desde semana passada. Os links estão ao lado, mas abro aqui a coluna que saiu hoje.

No escurinho do cinema

Posted on Dom, 04 de Dezembro de 2011 15:30
Olga de Mello

Quase nasci dentro de um cinema – de onde minha mãe retirou meu pai, revoltado, para seguirem até o hospital, onde surgi para o planeta algumas horas mais tarde. No dia seguinte, meu pai foi acabar de ver o filme – Os Primos, de Claude Chabrol, nouvelle vague em sua total acepção.

Cresci ouvindo os relatos de meus pais sobre os “filmes proibidos” que a idade me impedia de assistir. Eles me levavam à cinemateca do Museu de Arte Moderna carioca, meu refúgio nos fins de semana, já adulta, quando estava sem programa e descobrira as delícias de ir ao cinema desacompanhada. Aos poucos, montei uma modestíssima biblioteca sobre cinema, mais com biografias de artistas e escassas análises a respeito de gêneros ou diretores em português. Até a década de 1980, eram volumes caríssimos, geralmente em inglês, os que abordavam a história e o impacto dos filmes na vida dos espectadores. Uma das raridades traduzidas, então, foi o maravilhoso A Cidade das Redes (Companhia das Letras, R$ 76,50), de Otto Friedrich, que trata da Hollywood nos anos 40, abordando desde os primórdios da indústria até o apogeu do star system.

Quase 30 anos depois, outro livro sobre cinema me impressionava. Em doze dias, no fim de 2009, devorei Easy Riders, Ragging Bulls – Como a Geração Sexo-Drogas-e-Rock’n'Roll salvou Hollywood (Intrínseca, R$ 29,90), de Peter Biskind. Na época, escrevi que difícil era parar a leitura e tocar a vida, já que estava fascinada pelas histórias sobre a recuperação da indústria do entretenimento nos anos 60/70 por Martin Scorcese, Francis Ford Coppolla, Spielberg, George Lucas, Alan J. Pakula, Hal Ashby, Arthur Penn, Paul Mazursky, Woody Allen, Sidney Lumet, Sidney Pollack, Frankheimer, William Friedkin, Peter Bogdanovich, Bob Rafelson, Bob Fosse, Paul Schrader, Brian De Palma, Robert Altman, entre outros. Quando acabei de ler, senti um vazio, como se houvesse perdido uma grande paixão, devastadora, inebriante e breve.

Sem tanto arrebatamento, percebo a ampliação de publicações para os que gostam de reflexões sobre cinema. Alguns títulos até parecem pretensiosos, como Tudo sobre cinema (Sextante, R$ 59), que, à primeira vista, poderia ser tomado por mais um livro-presente, repleto de fotos e observações básicas sobre filmes. Editado pelo historiador Phillip Kemp, o volume de mais de 500 páginas é fartamente ilustrado e traz informações preciosas, desde as experiências dos irmãos Lumière. A seleção de filmes é de um grupo de especialistas britânicos e não deixa de fora sequer os pipocões baseados em histórias em quadrinho, mesmo privilegiando as linguagens mais sofisticadas.

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Para quem não quer se enredar em considerações artísticas, sempre há os livros que inspiram filmes. Alguns são quase roteiros prontos, como o clássico Crônica de uma Morte Anunciada (Record, R$ 34,90), de Gabriel Garcia Marques, levado ao cinema por Francesco Rosi. Pedro Almodóvar gosta de policiais. Adaptou Carne Trêmula (LP&M, R$ 18), de Ruth Rendell, e, recentemente, Tarântula (Record, R$ 29,90), de Thierry Jonquet, que ganhou o título A Pele que Habito. O chileno Antonio Skármeta já era respeitado como romancista quando seu Ardente Paciência – originalmente publicado no Brasil pela Brasiliense, mas que hoje tem edição da BestBolso (R$ 12,90) como O Carteiro e o Poeta, título imortalizado nas telas, sob direção de Michael Radford. A doçura do cinéfilo Skármeta pode ser conferida na bela novela Um Pai de Cinema (Record, R$ 27,90), que dá a sensação de ser curta demais, de tão deliciosa. Igual a filme bom que não sai de dentro do espectador mesmo quando as luzes se acendem no fim da sessão.

28.11.11

Eu odeio o sistema bancário que aprisiona todos os assalariados em contas e instituições que não nos atendem e só servem para aumentar a pressão, o índice de estresse e os fios de cabelos brancos.

Em algum momento de minha existência, tive uma conta em um banco, hoje incorporado por outro, maior, internacional, imenso. Fechei-a há alguns anos. Recentemente foi aberta uma conta-salário no banco internacional, imenso para mim. Tentei fazer a chamada portabilidade _ ô, nomezinho ridículo _ de meus proventos para outra conta. Não consegui. O banco dá uma senha a cada um de seus correntistas. Esqueci minha senha. Telefonei para reavê-la. Não consegui. Por quê? Porque eles têm cadastrado um número fixo de telefone que não existe mais. Mas que continua constando como meu. Como resolver? Indo à agência, algo que já fiz, pelo menos cinco vezes.
Em tempo, tenho contas em outros bancos, resolvo absolutamente TUDO nos caixas eletrônicos e jamais recebi senhas numéricas desses bancos.
O banco me manda torpedo perguntando se ativei minha conta.
O banco não me dá a senha do cartão por telefone porque meu telefone não é mais o "de final 2428, senhora". Na agência do Santander, da qual sou habituéé, vivo sendo barrada na porta e brigando com os guardas, já que só vou lá porque o banco não me adianta a vida, ao contrário, me atrasa. E muito.
Eu odeio que denigram o nome de Van Gogh, utilizando-o em sua publicidade. Van Gogh não merecia isso. Nem eu usar tal banco, cujo nome apaguei daqui para não fazer publicidade fácil. Odeio o sistema bancário.

26.11.11

O ninho se esvazia


O filho de Woody Allen e Mia Farrow, Ronan, alça voo solo, aos 23 anos, como assessor de Hillary Clinton. Não fala com o pai há 18 anos, desde o casamento de Allen com a enteada Soon-Yi.
Continuo admirando o Woody Allen cineasta, maravilhoso autor que deu a Mia Farrow a chance de estrelar diversas de suas obras, entre eles a protagonista de Simplesmente Alice - uma dondoca que abandona o luxo novaiorquino para dedicar-se a obras sociais no Terceiro Mundo. A atriz deixou a carreira de lado depois da separação de Allen, faz filmecos aqui e ali - alguns ainda muito interessantes, como Rebobine, por favor, de Michael Gondry, mas, aparentemente, preferiu continuar adotando crianças e se dedicar a elas.
O Woody Allen que casou-se com a enteada, no entanto, me incomoda. É muito estranho imaginar quantos homens se envolvem com jovens, sem qualquer freio ao desejo. No entanto, isso acontece - e nem sempre traz felicidade. Há ligações forçadas que não acabam em casamento, como o de Soon-Yi e Woody Allen. Há meninas estupradas por homens que não consideram desrespeito a violação de corpos jovens.
Uma qualidade não pode ser negada à Mia Farrow. Ela jamais acusou a filha de seduzir o marido, ao contrário. Ficou na história como uma amalucada, indignada com a traição. Já ele, com sua genialidade, "limpou" o passado.
Como Allen, muitos artistas tiveram vidas com passagens escandalosas. Lord Byron, Shelley, Rimbaud, Verlaine. Deles ficaram obras para a humanidade, não os exemplos pessoais.
Ronan Farrow sobreviveu a traumas e escândalos, talvez incitado pela boa genética - a força da mãe e a inteligência do pai. Vai demorar, no entanto, para ele mostrar seu valor sem que se lembrem do ninho de onde saiu.
Isso tudo me veio, lendo a história de Ronan, porque minha filha caçula chegou à maioridade.
Todos os quatro estão alçando voos, que podem me agradar ou não - e alguns não me agradam em nada.
Todos os quatro estão inciando a trilha de seus caminhos.
Saudáveis, trôpegos, desatinados, obstinados, ultrapassando pelas próprias pernas, os percalços do caminho.
Como é bom acompanhar a saída do ninho ao mesmo tempo em que a vida apresenta tantas novas etapas a serem galgadas!

20.11.11

Dor

É em momentos duros que este blog retoma seu tema, o da grande arena em que convivemos, nós, os moradores da metrópole.
Fico triste com mortes como a do filho de Carlinhos de Jesus porque essas são as que nos chegam, os assassinatos de gente "conhecida", que nos chocam e se tornam quase tão comuns quanto ter alguém próximo doente de câncer ou dengue. E, claro, sinto a dor da perda de um filho, algo que ninguém deseja ao outro, e que, tragicamente, se torna banal com a violência urbana de hoje se ombreando ao que se praticava na Idade Média.

18.11.11

Cabelo, cabeleira, cabeluda







Sonho com trabalho.





E com realizações geniais pero no mucho.





Com tanta gente raspando a cabeça por conta de câncer, sonhei que a Jennifer Anniston (imagina, detesto a Aniston) ia fazer um filme igual àquele da Cameron Diaz em que ela era mãe de uma menina com leucemia. Enfim, lá na sala lá de casa eu dizia que a Anniston tinha que raspar cabeça e leiloar os cabelos, revertendo a renda do leilão pro INCa. E também que precisava que uma fábrica de shampoo entrasse na campanha, reservando dois reais de cada unidade vendida ao INCa. E ainda apresentava a Jennifer Anniston pra um amigo meu que é assessor de imprensa de um fabricante de shampoos.










De toda a minha ideia genial, pela qual eu nada ganharia em troca, só prestígio, falta apenas eu conhecer a Jennifer Anniston e expor minha genialidade. O resto tudo é possível.

17.11.11

Cadê meus óculos?



Perdi meus óculos. Uso lentes de contato, mas a preguiça me impede de colocá-las de manhã cedo. Então, enfio "a cangalha na cara", como dizia minha mãe, revoltada porque minha miopia escondia o verdinho de meus olhos.
No dia em que a miopia foi comprovada pelo exame oftalmológico, lembro de Mamãe triste, à espera do elevador, quando saímos do consultório. "Você vai esconder o que tem de mais bonito, que são seus olhos". Conformada, passei a chamá-los de "bonitinhos, mas ordinários".
40 anos mais tarde chegou a presbiopia, a popular "vista cansada", que me obriga a uma ginástica constante de botar ou tirar óculos. Se estou de lentes de contato, tenho que pegar óculos para leitura. Se estou de óculos de grau, comuns, tiro para ler de pertinho, igual meu pai fazia.
O grande problema é a adaptação a tantos novos movimentos. Nunca sei aonde enfio os óculos que tirei do rosto para ler. Até porque cometi a estupidez de mandar fazer óculos de armação quase transparente. E meus olhos menos míopes (caiu meio grau, agora só tenho uns três graus de miopia) não distinguem a maldita armação contra qualquer fundo. Então, tenho mais dois pares de óculos, de armações bem coloridas, mas com menos grau, apenas para encontrar os que me serviriam perfeitamente atualmente - se eu tivesse ideia de onde eles estão!!!!!!!!!!!
Envelhecer exige exercícios constantes de memória - e não é que a gente não consiga mais se lembrar de nada, É QUE TEM COISA DEMAIS PRA GENTE SE LEMBRAR!!!!!
Pagar contas, comprar comida pra um bando de lobos famintos e indolentes, que algumas vezes conseguem se encaminhar até o supermercado (quando a fome aperta) para comprar víveres perecíveis na primeira refeição, marcar médico para toda a alcateia, trabalhar, frequentar reuniões de condomínio (esta é um dos primeiros rituais de passagem para a vida adulta; você se torna um ser humano completo e responsável a partir da primeira reunião de condomínio), lembrar de organizar vaquinha natalina ou de aniversário para 1) a moça que limpa a sala do escritório; 2) seus subordinados no escritório, arranjar dinheiro para pagar as vaquinhas, reservar fundos para os presentes de Páscoa, aniversário e Natal dos porteiros do prédio, visitar os parentes idosos e adoentados, telefonar para os amigos idosos e adoentados de seus falecidos pais, que você considera como parentes idosos e adoentados, conversar (ao telefone, claro) com os amigos, ir ao aniversário dos amigos em churrascarias e restaurantes (nunca em boates, porque esse povo envelheceu e não gosta mais de dançar), às vezes em casa, comprar presentes de aniversário e Natal, comprar presentes de casamento para os filhos dos amigos (que se casam mais de uma vez!!!!! Antigamente era só uma vez, mas agora há vários casamentos. Haja presente!!!!), ler 800 livros para se manter atualizado, ler o jornal, ver os filmes do momento, ver as séries do momento, dormir.
Não dá tempo para ir à praia, ao cinema, fazer caminhada ou dieta, nem manicure - aquelas obrigações de manutenção própria, que, vez por outra, até consigo cumprir, mas apenas em momentos especiais e bissextos.
Quando eu era jovem, não tinha IPTU pra pagar. Contribuía simbolicamente com os gastos da família, pagando contas de gás e luz. Passar no banco para fazer os pagamentos era minha única obrigação, além de lavar a louça e fazer minha cama. Agora, depois de levar uns dez anos ensinando a alcateia a escovar os dentes cinco vezes por dia e a tomar ao menos um banho diariamente, tenho que brigar para que arrumem a bagunça que produzem na casa toda.
Com a mente tão dividida para atender à agenda imaginária, ainda querem que eu encontre meus óculos?
Estou com dor de cabeça e com os óculos mais fracos.
Ah, claro, e estou ficando surda. Realmente. Tem um zumbido que não deixa meus ouvidos, um grilo cricrilando, estridulando, estrilando em minha cabeça eternamente, igual minha mãe se queixou a vida toda.
Para mais resmungos sobre a vida pré-velhice, é bom ler Nora Ephron. "Meu Pescoço é um Horror" era sobre esse início de decrepitude, visto com excelente humor. Mas "Não me Lembro de Nada", que a Rocco acaba de publicar, é bem mais doloroso. Será que vou virar uma velha tristonha?

16.11.11

Este estranho ano se esvai aos borbotões.
Minha família amadureceu, tomou rumos novos.
Enxergo cada vez menos e melhor. Agora não vejo bem nem de perto, nem de longe, mas a miopia diminuiu - em todos os sentidos.
Não me limito a acompanhar o crescimento de meus filhos, almejo crescer também.
Eu não imaginava o quanto o segundo tempo poderia ser empolgante.

3.11.11

O que não entendo

Por que a pequena burguesia tem tanta revolta em relação ao Brasil de hoje?
Nossos aristocratas - banqueiros e industriais -, esses comemoram. Em silêncio, como convém à aristocracia.
Um novo bolsão de consumidores emergiu.
Há recuperação do poder de compra e empregos.
A aristocracia se congratula.
Mas os burguesinhos sofrem com a troca de mandatos.
Porque a corrupção continua igualzinha. Só surgiram novos corruptos.
Vez por outra, os aristocratas posam de chocados com a situação da nação.
Chocados com o número de mães solteiras, os casais gays, o consumo de drogas...
Chocados porque seus privilégios começaram a ser usufruídos por toda a sociedade.
Aí, promovem passeatas por aqui e por ali, protestando contra a desordem social.
Não sou das que vêem o Brasil com lentes rosadas. O País continua corrupto, injusto, desigual. Mas há uma pequena parcela da sociedade que não sofre mais com tanta mazela. Ascendeu socialmente.
Engraçado que ninguém sugere à burguesia que se trate no SUS, mas sim ao Lula. Engraçado que essa burguesia jamais se propôs a impedir o sucateamento da saúde ou da educação públicas.
Ninguém reclama do aumento dos intermediários na vida atual: administradoras de imóveis, recreadores em festas infantis, despachantes ou headhunters - "facilitadores" que se impõem no cotidiano.
Ninguém reclama das perdas de capacidades, da dependência dos facilitadores, do acomodamento que se torna subserviência tecnológica.
Vamos botar a mão na consciência e refletir o quanto gastamos com inutilidades antes de resmungar contra a perda do status. Porque só está havendo uma nova acomodação dos nossos papeis sociais. Tem mais gente se igualando economicamente. Tem pobre recuperando a dignidade que a moradia modesta e o trabalho humilde conferiam. É difícil comemorar isso?
Eu não entendo é a vontade férrea de cristalizar a desigualdade como se fosse um direito divino.

20.10.11

Adooro!!!

1. Primeira coisa que você lava no chuveiro?
Mãos.
2. Qual é o seu hobby favorito?
Ler.
3. Como você está se sentindo agora?
Bem.
4. Qual é a coisa mais próxima de você que é vermelha?
Uma caneta.
5. Como foi seu último sonho?
Não me lembro, mas tenho um recorrente, de praia, com diversas variações. O mar tá brabo, cheio de ondas em que a gente se enrola, consigo chegar à areia, corro pra calçada e lá também vira mar. Muitas vezes é em Ipanema, outras são praias absolutamente desconhecidas. Estou com meu pai ou com meus filhos, jamais sozinha.
6. O que você quer agora?
Ver "Um Conto Chinês", mas tenho que trabalhar.
7. Você é emotivo?
Noossa. Choro em anúncio de caderneta de poupança.
8. Já contou até 1000?
Não consigo chegar a 200.
9. Você morde ou lambe o sorvete?
Picolé, mordo. Casquinha ou copinho, lambo. Qualquer maneira de sorver vale a pena.
10. Você gosta do seu cabelo?
Gosto. Triste é que ele embranquece, alisa e afina cada vez mais.
11. Você gosta de si mesmo?
Me adoro.
12. O que você está ouvindo agora?
Um zumbido eterno no ouvido, alarido de vozes e minhas tecladas.
13. Queria poder mergulhar no céu?
Eu, não.
14. Você já conheceu uma celebridade?
Sim. Algumas.
15. Existe alguma coisa brilhante onde você está?
Luzes.
16. Qual seu lugar preferido da casa?
Meu quarto.
17. Você já passou trote?
Só quando adolescente.
18. Já esteve em um trem?
Sim. Tem metrô aqui, né? E já viajei de trem.
19. Você tem celular?
Sim.
20. Qual o sabor do gloss/batom que você usa?
Tô meio velha pra usar batom com gostinho...
21. Você tem alguma arma?
O sarcasmo.
22. Se você fosse homem, como gostaria que fosse seu cabelo?
Igual ao do Keanu Reeves
23. Com quem você vai estar hoje a noite?
Com meus filhos.
24. Você é alto(a)?
Não. 1,63m.
25. Já esteve apaixonado(a)?
Sim. Cinco ou seis vezes.
26. O que vai fazer amanhã?
Trabalhar. .
27. Está apaixonado(a)?
Não.
28. A última vez que você chorou?
Há dias, pensando em gente amada.
29. Qual foi a última pergunta que você fez?
Cadê meus óculos?
30. Estação favorita?
Outono.
31. Você tem alguma tatuagem?
Não.
32. Você é sarcástico?
Sim.
33. Já pulou um muro?
Já. Algumas vezes.
34. Cor favorita?
Amarelo.
35. Alguma vez você já bateu alguém?
Sim, mas me arrependo muuuito.
36. O seu cabelo é crespo?
Não.
37. Qual foi o último CD que você comprou?
Acho que foi o da Amy Winehouse.
38. Aparência importa?
Sim.
39. Você poderia perdoar uma traição?
Não.
40. Você gosta de sua vida agora?
Sim. Sempre gosto de minha vida.
41. Você consegue ficar sem mentir?
Claro.
42. Você odeia ou não gosta de muita gente?
Felizmente, conto nos dedos quem realmente não gosto.
43. Quantas vezes você fala ao telefone?
De cinco a 50.
44. O que você está vestindo?
Camiseta florida. Calça marrom de malha, blazer tijolo, botas castanhas.
45. Qual é seu animal favorito?
Gato.
46. Onde você tirou sua foto do perfil do Facebook?
Na cama. .
47. Você é estudioso(a)?
Pouco.
48. Você tem um emprego?
Sim.
49. Alguma vez você já pensou em se matar?
Claro. Mas tenho tanto medo que dê certo que jamais cheguei perto disso.
50. Acha terrível pessoas…?
Grosseiras.
51. Você acha que o sexo oposto te acha atraente?
Em priscas eras, achava. Hoje, não.
52. Uma pessoa para te conquistar precisa?
Ser alegre e gentil.
53. ..E jamais deve..?
Ser racista, machista, misógino, homofóbico, fascista.
54. Você acha que deve ter amor para ter sexo?
Não.
55. Como gostaria de morrer?
Não gostaria.

7.10.11

Reprimida era a sua avó

Minha mãe, Guiomar, provavelmente aos 3 anos, de mão na cintura, minha sorridente Tia Leda, com 4, Tia Zélia aos 7, Tia Consuelo com uns 13 ou 14 anos, Vovó Olga aparentemente grávida do último filho, aos 32, nos idos de 1928.

Cresci numa família de mulheres fortes, em que trabalhar era uma condição, não uma opção. Muito estranhava eu que o outro lado da família, o paterno, lá em Florianópolis, considerava natural a dependência econômica masculina. Talvez por isso eu sempre tenha visto Santa Catarina como um cantinho do mundo de outros tempos - e muito me choque encontrar a Ilha cada vez mais coberta de construções, tirando um pouco do viço de sua beleza natural.
Não que o Rio de Janeiro de minha infância fosse assim tão diferente. Que eu me recorde, era a única criança no colégio a ter mãe que "trabalhava fora" - e não na honrosa função de professora, mas na Caixa Econômica. Somente a mais velha de suas três irmãs abandonou a carreira - de professora, a única não-funcionária pública delas - depois do casamento. Teve cinco filho e, como se cuidar dos afazeres domésticos era pouco, ainda alfabetizou todos antes que entrassem no colégio.
Minha mãe e minhas tias sempre trabalharam em repartições públicas. Nunca faltavam ao serviço, pouco adoeciam e sempre foram funcionárias exemplares, incorruptíveis (uma era fiscal da Alfândega, linha dura, daquelas que ameaçava autuar por suborno quem tentasse lhe dar uma caixa de bombons) e responsáveis. Minha avó Olga não trabalhava "fora", mas, ao enviuvar aos 36 anos, decidiu montar uma pensão para estudantes em sua casa, na Travessa Euricles de Mattos, em Laranjeiras. Mamãe contava que ela tinha uma empregada e eu tenho pena da coitada, mesmo sem ter conhecido a moça. Convivi com as diaristas de Vovó, que sempre morou sozinha, e fazia questão de acompanhar a faxina, pano na mão, ao lado das empregadas. Gostava de jardinagem, cultivava violetas e samambaias em qualquer naco de terra, cozinhava bem e só delegou a administração de seu orçamento aos filhos perto de completar 90 anos. As mãos eram feias, enormes e ásperas de tanto lidar com lavagem de pratos, roupas, cuidar dos oito filhos e do marido, que passou quase duas décadas doente.
E foi ela que sempre repetiu às filhas que não seguissem seu exemplo, casando-se adolescente. Também dizia que todas deveriam trabalhar, porque "casamento não é meio de vida".
E isso tudo me vêm à lembrança agora, graças à bela Giselle Bündchen, estrela de uma campanha publicitária que presta um desserviço à causa feminista - um movimento que jamais se colocou contra os homens e que garantiu a eles alguns direitos, como o de se aproximarem mais dos filhos.
Minha avó, minhas tias e minha mãe jamais se declararam feministas. Também não gostavam de lutar contra o machismo, mas não aceitavam cantadas de chefes, franzindo o cenho assim que ouviam piadas mais pesadas. Ah, e todas eram mulheres bonitas, que se apaixonaram, namoraram bastante, se casaram e tiveram filhos. Minha pergunta aos que reclamam dos protestos contra a propaganda que exalta o comportamento submisso da mulher e o estereótipo da brasileira gostosona, sem qualquer outro poder de argumentação que não o sexo, é a seguinte: sua mãe trabalhava 'fora' ou dependia economicamente de algum homem?
Porque, desculpe, recordando outro antigo bordão publicitário, reprimida era a sua avó! A minha estava longe de se enquadrar nesse papel e nem quis tal destino para suas filhas.

5.10.11

Ando assim meio down

Tem gente que é destrutiva, que precisa derrubar tudo o que está em volta para ressurgir dos escombros. Sou assim. O problema é que, enquanto não viro fênix, sinto todas as dores da tralha que desmorona sobre mim, por falta de manutenção.

3.10.11

A decrepitude

Não estou em fase de entristecimentos.
Véspera de meu aniversário, motivo mais que justo para reunir amigos e alegrar-me. Só que estes 51 anos têm sido celebrados com baldes de água fria despejados sobre o champanhe.
Primeiro que não consigo ter tanto júbilo no coração há dez anos, já que minha mãe morreu exatamente três dias antes de meu aniversário. Fora essa névoa que circunda meu festejar (não sei se devemos manter a dor estampada no olhar a cada vez em que nos lembramos dos que já morreram, mas essa cobertura meio amarga, que destemperou minha vida me rodeia incessantemente; perder as grandes referências de minha vida é trauma para a existência inteira), chegam notícias muito ruins, sobre conhecidos. Não são amigos, mas pessoas que já entraram em minha casa, que estão dentro de meu cotidiano. Um descobriu na semana passada que tem câncer de pulmão com metástase cerebral. Outra, tem dois aneurismas cerebrais.
Nada que me impeça de encontrar quem adoça minha vida. Mas nos leva a refletir se o homem deve mesmo durar mais que 50 anos...

30.9.11

A vida é bela


... e aí, no meio da madrugada, uma multidão canta "Garota de Ipanema", embalados por Stevie Wonder e sua filha Aisha (a inspiradora, em bebezinha, de "Isn't she lovely?"). Com direito até a Antonio Carlos e Jocafi para ganhar, de vez, a plateia.

Neoburgueses

Existe uma estética convencionada como "anti-establishment" mais careta do que qualquer rococó burguês. É a ela que provavelmente prestou tributo o show de uma cantora (?) que eu tive a felicidade de desconhecer até ontem, 29 de setembro, quando esperava a apresentação do Stevie Wonder no Rock in Rio pela TV. À parte ouvir as bobagens proferidas por ex-VJs bonitas e mal-informadas, além das intervenções inexpressivas de Beto Lee, e algumas tentativas bem-sucedidas de fazer graça de Fernando Caruso (o treinamento de ator conta muito em televisão. Aquilo é espetáculo. Precisa de atores - ou, no mínimo, de quem tenha o famoso jogo de cintura-, não de moça bonita que é modelo e manequim antes de se tornar apresentadora), permaneci em frente a duas telinhas - a da TV e a do computador, onde dialoguei com amigos sobre as atrações.
O que me intriga realmente é o destaque dado a um péssimo aproveitamento de tempo, espaço, neurônios e inteligência que foi o show da tal Kesha. O que a moça fez? Rebolou no palco, cercada por dançarinos mal vestidos como ela, de cabelos desgrenhados, cantando algo feio numa confusão de fumaça e luzes. As músicas pareciam todas iguais - tudo bem, as do Jamiroquai também parecem iguais, mas o cara tem voz bonita, não usa sintetizador e não tem um bailarino fingindo que se masturba em cena. Ah, ela também bebeu "sangue" de um "coração" - algo que o Gene Simmons já fez, um pastiche dos morceguinhos comidos pelo Ozzy Osborne. Qualidade musical? Ah, pra quê, né?
Enfim, isso deve vender horrores. Um horror que vende horrores.
Se há 30, 40 anos ser maldito era mais eficiente que prender melancia no pescoço, hoje é apenas uma forma de ganhar muito dinheiro.
Então, tá, né? Nada de ideologia, apenas o vil metal - que ninguém despreza, nem os malditos.

28.9.11

21.9.11




Eu queria muito que houvesse alguém com brio suficiente para impedir a Dilma de usar a composição O Sonho Azul da Mulher Rendeira na ONU. Nada contra a originalidade, a desconstrução da vaidade feminina, mas... custava vestir um pretinho básico?

19.9.11

Emmy 2011

O momento fashionista rides again.
Quem ganhou, quem perdeu - e lá isso interessa por aqui?
A gente assiste a entrega de prêmios é pra ver artista de cinema (ou TV) pagando mico ou dando show de elegância. Os detalhes vêm junto com o texto.

Foi uma noite de muito vestidos vermelhos e decotes profundos, nem sempre valorizando quem expunha os seios. A pior roupa da noite, desta vez, não ficou com uma mulher. O vencedor do Troféu Helena Bonhan Carter, na ausência da homenageada, foi o britânico Alan Cummings, que há anos veste roupa bem esquisitinha pra sair em tudo quanto é fotografia. Este ano, caprichou nas calças que ele certamente já foram estampa de almofadas na casa da tia-avó dele que mora em subúrbio londrino.



Outra que jamais decepciona o público é a maluca desta atriz de Mad Men, que sempre dá um jeito de usar algo que a deixe em evidência, prejudicando ao máximo a estética. Até que o vestido era interessante. Parecia camisola da década de 1920. Ela não quis arriscar com o novo estilo dos decotes, mantendo-se fiel ao estilo Dolly Parton que a consagrou nas últimas premiações.



Talvez por solidariedade com o tema "Anos Loucos", sua colega de elenco, Elizabeth Moss, envergou um modelo seguindo a concepção de forma mais discreta.



Depois de Cummings e da Mad Woman, o que surgisse no tapete vermelho não assustaria mais ninguém, é o que qualquer um pensaria. Não foi bem assim. A sempre linda Heidi Klum e seu maravilhoso marido mostraram que belas silhuetas também podem se mostrar ridículas. Ela, representando o quesito bolo de noiva. Ele, aderiu à onda do busto desnudo.



Julianna Marguilies ficou entre bolo de noiva e abajour da sala. Mas levou um Emmy, zebra que desbancou Kathy Bates.



Uma estrutura durona em frente ao busto, como a da Margoulis, foi usada por esta moça do Glee, que parecia ter sido envelopada para presente.



E é com uma jovem do elenco de Glee que inicia-se o desfile das concorrentes ao prêmio Cortina. Acho que devem dizer à mulherada que elas vão parecer com Scarlett O'Hara, em algum momento. Não parecem. Nunca.




Já esta jovem, também de Glee, foi uma das vítimas menos atingidas por aqueles estilistas que odeiam mulher gorda e resolvem que elas têm de mostrar braço, perna e muitos excessos.



Talvez fosse melhor se ela, mesmo sob o risco de parecer mais idosas, fizesse como a veterana Margo Martindale, que vestiu uma túnica - que devia ser, no entanto, um pouco incômoda, já que quase provocou um tombo na atriz, quando ela subia a escadaria pro palco.



A noite só não foi das, digamos assim, damas graúdas, pela ausência de Kathy Bates entre as premiadas. A surpresa foi Melissa McCarthy ganhar das outras comediantes, que subiram, todas ao palco, num dos melhores momentos do show.



Outro grupo que se divertiu muito, mas que não divertiu tanto assim foram as novas três anoréxicas panteras, e Drew Barrymore, com uma roupa... assim, assim... como direi... meio melindrosa, meio ... Categoria Assim, Meio, você sabe, né?




Na mesma categoria estavam Gwyneth Paltrow, com um modelito barriga de fora à la Carmem Miranda, que alguns disseram ser elegantérrimo, outros chamaram de pavoroso, e eu realmente não sei se isso é um vestido ou uma saia com miniblusa de gosto duvidoso...



... e esta moça com roupa curta/comprida, sei lá o quê...



As damas de vermelho variavam entre o decote bem pronunciado de Kate Winslet...



... o uso e abuso de fendas, tomara que caia e um certo desmazêlo capilar...






... e um ar meio desenxabido da menina abaixo...



.... bem diferente da exuberância de Sophia Vergara, sua 'parente' em Modern Family,...



... ou dos estranhos detalhes nos ombros da esganiçada Lea Michelle.



Sair do vermelho sexy para o rosado inocente não agradou muito à moça abaixo.



A Taça Anorexia Azulada foi arrebatada por Paula Abdul, desclassificada no concurso de cortinas.



Desalinhadinha, mas com o sorrisinho bem-comportado e azulzinho, Mrs Cruise estava só.



Outra cortina, desta vez em cetim azul.



E Claire Danes, que não temeu o cubismo chic.



O brilho em grafite que Jane Lynch usou no palco...



... coincidiu com o do modelito de Julie Bownen com seu decote constrangedor,





... que caiu muito bem em Emily Blunt ...



... e também em Christina Baranski.



A deselegância discreta de Ms Osbourne (com o babado parecendo que foi atado ao corpo do vestido...)



... encontrou forte concorrente no vaporoso figurino de Kelly Cuoco (que remete à inigualável Helena Bohan-Carter).



Uma pausa para a entrada de homens que poderiam criar um momento saia justa, como Charlie (envelhecido) Sheen, ...



... que encarnou o bom moço arrependido e desejou boa sorte aos ex-colegas de elenco de "Two and a Half Men".




Entram os incompreensíveis (ao menos para boa parte dos espectadores brasileiros) comediantes bancando um coro grego pouco acionado.



E o brilho em vinho de Martha Plimpton



e em negro, de Evan Rachel Woods.



E Jane Lynch, em várias versões, na mesma noite!

9.9.11

Deslumbre



Sou retrô praticamente por natureza, já que meio século de vida tornam qualquer um d'outrora, principalmente nestes tempos em que o efêmero é cultuado como perene.



Mas tenho um fastio da moda retrô/vintage, tão besta quanto o som dessas palavras estrangeiradas que se imiscuem no idioma. Igual a ballaiage, que um dia já foi "luzes", que noutro dia eram "mechas"...



O que me entedia, realmente, são os brados entusiasmados por canções-filmes-pessoas-objetos decorativos-peças-escritores-políticos que jamais ultrapassaram os limites da banalidade. Tem gente que sai en-lou-que-ci-da a saltitar no salão quando ouve Mutantes. Olha que eu até gosto dos Mutantes, mas... vamos convir: o que há de tão espetacular nos Mutantes?



Detesto deslumbrados pela própria natureza. É gente que se empolga com absolutamente qualquer coisa, mas sempre mantendo um arzinho blasé. E que tanto pode adorar produtos de Phillip Starck como aquelas almofadas pavorosas de croché que minha avó fazia. Eu já achava feio na década de 70. Agora... na boa, não preciso delas. Vovó já morreu e minhas almofadas são de algodão mesmo.