26.2.06

O melhor dos indicados ao Oscar que vi, apesar da Scarlett Johanssen (que está uma perfeita mulher de filme de Woody Allen no menos woodyalleano dos filmes que ele já fez). Não resisto a implicar com o fã-clube da lourinha...
Faltam "Crash", "Capote" e "Broeback Mountain" - que ainda não estou muito inclinada a ver, depois que duas amigas picharam, mas todos os amigos gays amaram. Como GLS militante, creio que tenho obrigação moral de assistir. Resta arranjar tempo, já que Carnaval significa uma semana de recesso escolar para as crianças. Creio que vou acabar indo ao cinema para ver "A Marcha do Imperador" e olhe lá...
A entrega do Cesar, que passou ontem na TV 5, é uma bagunça só. Até o teleprompter quebra no meio e os apresentadores são obrigados a ler papeizinhos na mão. Charme francês, improviso, roupas lindas, homens convenientemente desarrumados pra mostrar que artista de cinema é gente sem glamour fora das telas, todos de gravatas sociais arregaçadas abaixo do colarinho... O jeitinho francês não tem a menor graça. É falta de profissionalismo mesmo. E os perdedores fecham a cara, tudo bem latino, nada blazé!

25.2.06

Evoé, Momo!



Ai, quem me dera ter a energia de vinte anos atrás e estar, neste momento, me recuperando do baile da sexta-feira, correndo para a praia e me preparando para pular num bloco, voando para casa e me arrumando para o baile da noite de sábado, seguindo incessantemente neste ritmo até a quarta-feira e o cansaço chegarem...

22.2.06

Good night and good luck

Fui com tudo pra gostar. Tema, bons atores, trilha sonora exata com o vigor de Dianne Reeves e uma jazz band. Mas o tom documental demais, com poucos momentos emotivos, todo mundo tenso e contido como os adultos daquela época eram - a ponto de esconderem até seus casamentos -, não me tocou. O melhor é o título. A interpretação de David Strathairn. A ponta de Robert Downey Jr (é sempre um prazer vê-lo).
(Surpresa foi a voz de Phillip Seymour Hoffman no trailler de "Capote". O que é aquilo, meu Deus? Ele está falando em falsete, ele que tem um belo tom grave... Parece que realmente Capote encarnou nele. E deu MUITA vontade de assistir a "Match Point". Correndo. Apesar da Scarlet Johanssen).
O melhor filme sobre jornalismo talvez seja o ficcional "A Montanha dos Sete Abutres". Seguido pela versão de Billy Wilder para "A Primeira Página". Do George Clooney, prefiro a "Mente Perigosa", mais dinâmico. Mas parece que ela adora o tom noir dos filmes da década de 50, aquela estética Elia Kazan, dedurismo à parte. Agora, o que é a voz de Dianne Reeves? A gente fica lendo créditos intermináveis só para ouvir "One for my babe". O filme tem valor político, claro, neste momento do expansionismo bushiano. Fotografia boa, cenários cuidados. Só faltou emoção. Igual a um jornal.

Viaggio per le etichette






Uma viagem este site, que a Luci, amiga virtual, me apresentou. São rótulos e etiquetas de bebidas antigas, inclusive elixires que não estão mais à venda no mercado.
Escravos, mocinhas gordotas e um jeitinho lascivo à parte, são muito bonitos e enfeitados. O site é italiano, com links para quem gosta de ancestralidades tipográficas em geral.

21.2.06

Sem preconceito


Adoro ir ao cinema sozinha, à tarde, em dia de semana. Principalmente para ver filme "mulherzinha", como a nova versão de "Orgulho e Preconceito", que não tem absolutamente nada de notável. Estava dividida entre ele e "Match Point", do Woody Allen. Acabei me decidindo pelo da mocinha menos chata. Tá, a Scarlet Johanssen é boa atriz, mas tem uma cara chata. Eu implico mesmo. Passei anos odiando a Meryl Streep, depois, voltei a amá-la. Isso me afastou de muitos filmes do James Woods também. Agora, já consigo olhá-lo. Meu atual objeto de repulsa é o Nicholas Cage. Mas com ele implico desde "Birdie".
Então, entrei no clima pré-vitoriano, mesmo sabendo da história de cor e salteado. Li a primeira vez quando era menina e me revoltei com a passividade daquelas moças que não tinham outro meio de vida que não fosse o casamento. Absolutamente ridículo, imaginava eu, que mulheres de determinadas classes sociais não podiam trabalhar para ganhar a vida. O trabalho era reservado aos pobres. O romance de Elizabeth Bennet e o detestável Mr. Darcy era impensável para mim. Redescobri Jane Austen na pós-adolescência e me encantei por todas as histórias sobre mocinhas inteligentes à procura de príncipes encantados, desdenhando de casamentos por conveniência e sempre topando com um canalha ou outro. Voltei a reler quando vi a série da BBC (que está sendo reprisada no Telecine, mais uma vez) e, mais tarde, quando li "Bridget Jones", uma adaptação da história original.
Esta foi a versão mais depressiva da novela de Austen. A família Bennet é mostrada sem o menor glamour. Não é apenas a mãe (Brenda Blethyn, sempre divina) que parece inconveniente, mas todos, incluindo o pai, um Donald Sutherland totalmente baixo-astral. E as casas não são imaculadamente limpas, só as dos aristocratas. É mais patente a diferença das "castas". A mocinha atrevidinha de Kiera Knightley está linda e aparentemente tem a idade da personagem. Já o Mr Darcy consegue ser o mais feioso e rude do mundo, sem o menor charme mesmo. Aquele personagem fácil de ser interpretado, igual ao da mãe. Qualquer um consegue dar o tom caricato da matriarca casamenteira, assim como deve ser fácil baixar as pálpebras e falar em tons monocórdios.
Dava gosto era ver a sessão: só tinha mulher na platéia. E dois senhores, certamente arrastados pelas velhinhas que os acompanhavam.

20.2.06

Sobre a Bienal

O título não faz sentido para quem não leu a capa do caderno, que fala na Bienal do Livro depois do Carnaval.
Mas o título não é meu, não.

19.2.06

Segundo tempo

Comprei ticket do metrô, combinei com amigos, fomos até parte do caminho e, ao encarar realmente a multidão e concluir que ficaria a um quilômetro e meio de um palco, sem possibilidade de ver o show sequer do telão, e, quem sabe, com alguma possibilidade de ouvir as músicas, desisti. Meu filho me odiou por vinte minutos inteiros, mas, afinal, ele precisa de algo para contar ao analista quando tiver 30 anos. E eu vi os Stones pela TV. Fazer o quê? Aos 45, a gente só vai pra prorrogação se guardar o fôlego.

17.2.06

Eis a questão


Ir ou não ir? Querer, eu quero, mas cadê energia pra esperar um show que deve começar lá pelas 11 da noite. Isso sem contar com ter que aturar um show imenso dos Titãs, de abertura. Ao contrário da maioria dos meus contemporâneos, não gosto dos Titãs, acho todos com cada de malucos.
E ainda tem criança a tiracolo pra levar. Dá medo, vai ser uma multidão, pode rolar de tudo. Pode ser um novo Altamont, sem necessidade de seguranças fazendo o papelão dos Hell Angels. Tem gente que ama uma aglomeração pra promover um bom arrastão.
Queria era ser VIP. Ou viver no Primeiro Mundo, onde estádios são fechados e todo mundo assiste aos shows tranqüilo.
Claro que, não indo, vou me arrepender. Mas ainda estou achando mais prudente guardar as forças pro Santana na Apoteose, mês que vem. Afinal, não disponho de um terço da vitalidade de Mick Jagger. Nem a incrível capacidade de sobrevivência do Keith, que, este sim, sempre foi meu Stone favorito... Ao lado, ele, em priscas eras. Agora, parece uma uva passa, o lindinho.

16.2.06

Start me up!

Trabalho como uma moura, não consigo botar ordem na casa inteira. Isso porque serviço doméstico é aquele que só aparece quando não é feito (frase perfeita para definir as lides do lar). Batendo dois frilas ao mesmo tempo e coordenando a vida da família, além da desarrumação da casa, não posso me queixar de monotonia.
Ah, e decidi, finalmente, fazer dieta, antes que caia dura de cansaço. Não há pulmão nem coração que agüentem tanto excesso de peso. Curvo-me mentalmente às exigências da saúde, já que as da estética foram pro brejo há muito, enquanto tento uma solução para um dilema premente: ir ou não ao show dos Stones? A prudência recomenda que eu assista pela TV, porém...

9.2.06

Trecho para um conto que um dia eu vos conto

Quando estava na idade para descobrir o mundo, tinha pais repressores, desconfiados, certos como um maometano xiita que no âmago daquela mulherzinha pulsava uma devassa, ou, como se dizia então, uma ninfomaníaca.

Quando chegou ao tempo de não ligar para repressões, todos os repressores estavam mortos e não havia mais graça em descobrir nada.

6.2.06

Ruby you're like a dream

Para quem não conhece, esta é Ruby, a bonequinha criada pela Body Shop, indústria inglesa de cosméticos e execrada pela Mattel, fabricante da Barbie. Ruby foi parte de uma campanha para melhorar a auto-estima das mulheres, aquele grupo populacional que tem a obrigação de manter medidas de menina de 12 anos até a morte.

4.2.06

Prazos

Estarei sem empregada por um mês, talvez
Por um ano, pouco menos, quem sabe, sem a presença de dois filhos
Sem dinheiro ou emprego por tempo indeterminado.
Quando é que eu volto a contar como gente?

2.2.06

Minha prévia do Oscar



Alguém tem dúvidas de que o filme do Ang Lee sobre os cowboys gays vai papar tudo quanto é estatueta de Oscar? Só se a Academia for totalmente homofóbica eles perdem. Se bem que é óbvio que o bonitinho Heath Ledger não ganhará do Philip Seymour Hoffman (adoro este gorducho louríssimo, que consegue encarnar qualquer coisa que bem entende com igual intensidade - um Michael Caine da atualidade, com mais preparo dramático e a mesma sensibilidade artística), nem sua senhora, Michelle Williams há de subir ao palco e tirar a estatueta de alguma das demais coadjuvantes. Lógico que o belo casalzinho só entrou na parada porque a Academia adora indicar todo mundo do mesmo filme de uma vez só. Deve ser preguiça de assistirem a mais filmes.
Pena é prever que mais uma vez a maravilhosa Judy Dench perderá sua vez para aquela chatérrima Felicity sei-lá-do-quê. O melhor que aquela loura feiosa tem é o marido, William H. Macy. Tem também quem aposte alto na Reese Whiterspoon. Tá, ela é simpática, jovem, mas é chatinha, né? Até gosto dela, mas é bem chatinha mesmo...
Nos coadjuvantes, mon couer balance entre William Hurt e Paul Giamatti, claro, mas quem vai ganhar é o charmosérrimo e simpaticíssimo George Clooney. Os americanos amam a TV e têm que premiar atores que vêm dela. Tá aí aquela maleta da Helen Hunt, que faturou um Oscar num filmeco "Melhor Impossível" e nunca fez NADA que prestasse em cinema. Espero que o George Clooney se dê melhor. Aliás, ele parece ter sedimentado muito bem sua carreira, ao cair nas graças do Soderbergh. Dirigiu um filme excelente ("Confissões de uma mente perigosa") e foi elogiadíssimo pelo "Good Night and Good Luck".
Nem adianta a gente dizer que Oscar é brega, que as premiações são injustas, que os votantes são burros. É brega, mas todo mundo vê, nem que seja pra ouvir o Rubens Ewald falar mal do cabelo da Julia Roberts (ele detesta a cabeleira da Julia Roberts). Eu adoro tudo. Aqueles atores fingindo naturalidade, todos os galãs de óculos para se desglamourizarem no off screen, embora estejam cobertos de pancake e pó-de-arroz pra não brilharem e destoarem dos paetês das roupas das moças. Teve uma vez em que o Harrison Ford estava um caco na platéia, ao lado daquela desenxavida da Ally McBeal. No que assomou ao palco, o rosto estava corado, não tinha rugas... Acho que deve haver um médico com injeções de botox de rápido efeito nos bastidores, acompanhado por outros caras que têm fita durex para amenizar as rugas da moçada.
Meus palpites: Phillip Seymour Hoffman e a maleta Felicity ganham os principais prêmios. Os coadjuvantes até podem surpreender, mas devem repetir as escolhas do Globo de Ouro, assim como os vencedores de filmes, roteiro, essas coisas.
Agora, quem são meus favoritos? Dame Judy, David Strathaim (acho um charme e um grande ator, daquela estirpe do Phillip, interpreta com total segurança bandidos sanguinários e homens de bem), Paul Giamatti (pelo conjunto da obra), Rachel Weiss (ela era PÉSSIMA, vide a primeira "Múmia", e só fez se aprimorar), "Goodnight" - ainda não vi o filme, mas pressinto que é o melhor, afinal, é sobre jornalismo e perseguição política - para roteiro e melhor filme. Diretor? Só avalio se assitir a todos os concorrentes.
(Bem, agora que decidi o que a Academia deve escolher, vou acompanhar as crianças que assistem a mais um desenho de japoneses da era feudal em outra dimensão, que lutam o tempo inteiro, observados pela heroína adolescente que se veste com roupinhas à marinheira. Good night and good luck!)