30.11.06

A copacabanização de Botafogo II

Oba!
Depois da C.A., Botafogo ganha uma filial do Ponto Frio!
E parece que um grande supermercado se instalará na São Clemente.
Horácio continua sumido.

Ai de ti, Copacabana!


Moradores de Copacabana querem que a futura estação Cantagalo, do Metrô, seja rebatizada como Eugênio Jardim, nome da pracinha por onde se desce até os trilhos subterrâneos. Alegam que o nome Cantagalo está associado ao tráfico de drogas.

O detalhe é que a estação fica exatamente no Corte do Cantagalo, que liga Copacabana à Lagoa.

O Morro do Cantagalo é um pouco mais do que um ponto de venda de drogas. Se não me engano é o morro de onde esta foto foi batida, no século passado. Um morro que também é conhecido pelos nomes de Pavão e Pavãozinho, onde mora muita gente que não é nem quer saber de traficantes.

E os separatistas de Copacabana poderiam fazer as malas para a Barra da Tijuca, onde viveriam isolados com uma falsa sensação de segurança. (revisado, depois do toque do Jôka, sem querer ofender ninguém)

29.11.06

Azáfama

É simples.
Se eu tivesse tempo, dormia mais.
Se eu tivesse paciência, leria menos.
Se eu tivesse um cachorro, batizaria de Napier.
Se eu tivesse mais um filho, chamaria de Noé.
Se eu tivesse dinheiro, pintaria a parede do quarto de verde claro.
E aí, iria só sonhar.

25.11.06

13 anos de minha menina




Júlia em três tempos.
A família que ganhei. E minha menina, ainda pequenina, tempos atrás.

Solão e eu vou à praia. Infelizmente, ficarei no asfalto, labutando. 11 da manhã, sábado, aniversário de minha filha e eu lá, fazendo matéria...

Vinte anos atrás, esta era minha sina, nos fins de semana de plantão. Era uma briga dentro da redação. Ninguém queria fazer "praia". Coisa mais natural numa cidade à beira-mar era ir todo mundo pra praia num dia bonito. Mas a gente tinha que procurar notícia naquilo. Calor, engarrafamento, todos pelados e as equipes de jornalistas de calça, culote, paletó, almofadinha (só entende a referência quem tiver mais de 40anos...), caminhando pelas areias cariocas, dizendo: "Dá licença, eu sou do Globo e estou fazendo uma reportagem sobre a praia no fim-de-semana. Você mora aonde? Vem sempre aqui? Tem turma de praia?".

Uma tarde foi linda. Vi golfinhos brincando na beira d'água em Ipanema, na altura do Castelinho. Todo mundo fugiu do mar, em pânico. Beira d'água é força de expressão, claro, mas uns dez bicho pulavam perto da arrebentação. Por quê? Sei lá. Uma festa para os olhos. O que faziam esses desgarrados em Ipanema, quando geralmente ficam lá longe, em alto mar ou na Baía?

Ideal era fazer a matéria à tarde, depois de ter pegado uma prainha de manhã cedo. Aí, eu já saía com a malévola intenção de usar meus amigos como personagens das matérias. Ainda bem que todos levavam na brincadeira e não ligavam quando liam suas declarações no jornal de segunda-feira.

No século passado era assim: havia gente que não plantava bananeiras na Rio Branco para aparecer em jornal.


Eu e meu amigo Ricardo Góes, num domingão desses, em Ipanema.

22.11.06

Bye bye, Altman!

20.11.06

No Escurinho do cinema


Só por haver transformado a linda e insossa Penelope Cruz numa Sofia Loren (embora a referência final seja Anna Magnani) exuberante e doce, Almodóvar merece um Oscar de melhor diretor por 'Volver', filme de um homem que ama as mulheres. Fazer Carmem Maura perder o charme não é vantagem alguma. Ela se vira com ou sem Pedro.

Um elenco de mulheres estupendas, as cores de sempre mais discretas, modernos moinhos de captação de energia eólica substituindo os tradicionais - de vento - com os quais lutou Dom Quixote, em La Mancha, terra natal de Almodóvar e cenário do filme, tudo é docemente triste e histericamente engraçado nesse universo feminino.

Quem tem mãe morta, chora. Quem tem mãe viva, telefona correndo pra ela.

E as comidas, a falação, a viração. Tudo com uma pitada de perversão, uma música dramática, um tom de ódio, muita paixão. Uma comédia da vida real, sem um encerramento grandiloqüente, mas com créditos finais estupendos.

Não é o maior nem o mais bombástico Almodóvar. Mas é um dos mais delicados e poéticos, com uma simplicidade de Manoel Bandeira.


19.11.06

Gris


Ando com antigas canções francesas na cabeça.
"La Mer", "La Vie en Rose", "Que rest-il de nos amours".
Eu, hein!
Meu clima hoje é de doce melancolia em preto e branco.

13.11.06

Gambiarra


O termo vem do teatro, segundo o Aurélio. Sempre conheci como aquela fileira de lâmpadas que fazem as árvores de Natal do Aterro ou que iluminam as festas de São João. O termo é lindo e atualmente tem diversos significados, entre eles mulher feia. O mais comum é um remendo, feito por mecânicos de automóvel ou eletricistas.

Minha mãe era especialista em gambiarras. Nutria uma paixão secreta por instalações elétricas, sentava-se no chão e ia pregando fios nos rodapés até chegar a uma tomada, que recebia benjamins, outros fios cortados e colados. Tomava choques e, no fim, os fios ficavam invisíveis e os eletrodomésticos funcionavam perfeitamente. Ela era mestre em consertar descargas quebradas também. Papai, filho de pedreiro, nunca se habilitou a esses trabalhos de handy man. Sua única participação no setor de ajustes domésticos era trocar lâmpadas (e varrer cacos de vidro. Ele tinha pavor de cacos de vidro, se um copo se quebrava, rapidamente se apresentava, vassoura e pá em punho). Sempre se prontificou a trocar carrapetas de torneiras, distribuindo artisticamente ferramentas em torno da área a ser consertada. A exposição durava dias até que alguém pedia ao porteiro para resolver o problema.

Sou uma negação neste tipo de serviço. Meu negócio é decoração e urbanismo, trocar plantas de vasos e furar paredes para botar prateleiras ou quadros. Tenho absoluta fascinação por loja de material de construção, sempre preciso comprar porcas, parafusos, ferramentas - preciso mesmo, descobri que só tenho três chaves de fenda em casa. Pois não é que depois que eu desisti de arrumar os plugs do computador e saí triste para trabalhar, minha filha, honrando a tradição feminina da família, montou uma gambiarra que permitiu o funcionamento do equipamento. Pegou um teclado antigo, ligou no plug redondinho, fixou com fita durex, prendeu o plug do mouse no local correto e... tudo ficará assim até eu comprar - amanhã, espero - a espécie de benjamim para drivers recomendada pelo moço do computador.

A menina promete!

Ainda Cândida


A meus amigos queridos, informações relevantes:

- Mais uma vez, tenho que me virar pra blogar, escrever, trabalhar. Este PC zinho está dando mostras de cansaço absoluto e sinais de falência múltipla dos órgãos. Afinal, tem quase seis anos de vida. Em tempos modernos, isso não serve nem como tempo de duração de casamento de celebridades, quanto mais de eletrodoméstico. (Alguém viu as últimas fotos do casal Brangelina, passeando com os filhinhos pela Índia? Depois de tanta promoção, inclusive com a produção de um bebê próprio, os dois se mostram bicudos - o que, convenhamos, é fácil pra ela; parece que a relação vai pro mesmo brejo que o fugaz casamento de Britney Spears. Fim do parênteses Contigo/Caras)

O que pifou agora no bravo PCboso - o driver do mouse e o do teclado - já havia dado umas boas tossidelas em tempos atrás. Agora, parece que já era. Assim como o driver do CD-Rom. Toca, vê, mas não grava.

Sei que é o momento de me desapegar desta máquina que tantos bons serviços me prestou. Acontece que não tenho COMO arrumar outra. Está sendo dramático escrever qualquer coisa, pela simples razão de que sem o mouse não sou quase ninguém. Então é um tal de plugar e desplugar as conexões pra utilizar mouse e teclado separadamente, o que se torna bastante confuso na maioria das vezes e atrasa meu serviço.

Se eu não estivesse trabalhando muito - felizmente -, não haveria tanto problema. ARRRRGGGGG!!!!!! Odeio tecnologia que falha!

- Como este ano aprimorei meu estoicismo, ficarei no plug, replug, desplug até o moço do computador conseguir vir trocar os drivers ou decretar a caquexia absolura de meu PCbento. Mas tô cansada de viver na gambiarra.

- Para todos os estetas, que torcem pela modernização do visual de uma mulher que está mais pra banhista de Renoir do que para Venus de Milo, um alento: iniciei um projeto de caminhadas. Só houve uma ontem, outra acontecerá amanhã, que hoje, com os drivers that drive me crazy não pude abandonar ainda meu home office.

7.11.06

Nota de Falecimento

Morreu Paul Mauriat, bandleader da minha infância, que fazia tanto sucesso quanto Ray Conniff. Não tinha o prestígio de Henry Mancini ou Nino Rota, nem acompanhava Frank Sinatra, como Nelson Riddle.
Nesta era de som eletrônico, é estranho lembrar que houve um tempo em que ser músico, mesmo que de orquestras que animavam bailes, era algo mais trabalhado.
Paul Mauriat, Herp Albert (desse eu gostava, com os Tijuana Brass), Ray Conniff tocando "Besame Mucho" foram os reis da música de elevador. Tranqüila e distante. Como minha infância.
Horácio continua sumido.

É a mãe


Eu não sei se a culpa é de Freud, do cinema americano ou de Proust, mas a maternidade volta e meia entra em voga. No momento, a moda é falar do dilema da mulher contemporânea que ama o filho e não quer perder sua individualidade, ou seja, não vai deixar de trabalhar fora para ficar em casa dedicada ao bebê.

A vida não tem receita de bolo, é só a repetição de comportamentos observados. A maioria das mães ama seus filhos acima de qualquer coisa. É biológico. O ser viveu dentro da barriga da gente ou foi gestado por outra, mas nos conquistou no primeiro olhar, num orfanato, na rua, na vida. Agora, isso é um comportamento atual, não era assim, não. Quem diz é a Elizabeth Badinter, no "Um Amor Conquistado - O Mito do Amor Materno", uma pesquisa histórica que lembra os hábitos das mulheres chiques dos séculos XVII e VIII na França, que entregavam os bebês para amas-de-leite criarem no campo. Muitas crianças morriam. No século XIX, o padrão muda e nasce a mãe abnegada, imortalizada pela literatura.

Desde que tive meu primeiro rebento revolta-me a insistência em estudar o comportamento social apenas observando os hábitos das classes abastadas ou mais instruídas. As amas-de-leite francesas precisavam daquelas crianças para sobreviver. Seus próprios filhos eram os geradores da situação profissional delas, mas não me recordo o que acontecia com aquelas crianças. Hoje, as revistas e livros que analisam a maternidade no mundo moderno também resumem a abordagem à vivência das mulheres de classe média. Fiquei enfurecida ao ler, uns 17 anos atrás, no fim de minha primeira licença-maternidade, que a mulher precisava optar entre permanecer com o bebê ou retomar suas atividades profissionais. Não se mencionava ali a mãe que, como eu, precisava trabalhar para sustentar a família.

Ao longo de seis anos tive quatro filhos e jamais parei de trabalhar, exceto nos períodos de licença-maternidade. Naturalmente com a entourage indispensável à mãe de classe média brasileira: avós e empregada, além de um pai participativo, que jamais "ajudou", mas fez sua parte na criação dos filhos, claro. (Odeio a expressão "meu marido me ajuda". Se os dois estão trabalhando fora de casa por que as lides domésticas e os cuidados com a prole são responsabilidade apenas de um?)

Ter uma profissão me trouxe muito mais do que uma realização pessoal, mas é a única forma de garantir a sobrevivência de minha família. Minha mãe sempre trabalhou fora, muito mais por necessidade do que por prazer. Sou da geração que teve a felicidade de escolher uma profissão e de escolher a maternidade também.

Nesses quase vinte anos em que me graduei na função materna (nem com tanto louvor assim, mas com experiência de serviço), a imprensa e a literatura continuam abrindo espaço para textos intrigados quando mulheres admitem que trabalhar é muito menos cansativo do que criar pessoas. Ao mesmo tempo, observo mulheres de classe média ainda fora do mercado de trabalho, sem qualquer pressão ou desejo de trabalhar. A vida doméstica as satisfaz plenamente. E mulheres pobres, que vivem em condições abaixo da dignidade (linha da pobreza, no Brasil, é algo próximo à miséria absoluta; basta manter uma família com salário mínimo para estar quase em classe média, de acordo com nossos sensacionais indicadores sociais), também se arvoram de ter maridos que as sustentam. Mas essas mulheres não são objeto de análise. Estão dentro do padrão hollywoodiano de maternidade compensatória pela vida difícil. Só são mostradas quando a vida abate um de seus filhos e aí surgem descompensadas, desesperadas, escandalosas como uma mãe de tragédia grega. Ao leitor branco e educado resta condoer-se da situação "dessa gente".

6.11.06

Pros meninos


Estreou o novo filme de James Bond, com o feioso Daniel Craig encarnando nosso assassino profissional favorito.

Não sou viúva de Sean Connery, ao contrário. Acho que a canastrice de Pierce Brosnam é perfeita para um personagem ridículo daqueles - além, naturalmente, dos belos atributos naturais do maduro ator irlandês.

Divertido é imaginar que OO7 tenha que ser lindão para levar mulheres ao cinema. Mulher não gosta de filme de James Bond, nem de qualquer pancadaria básica estrelada por Schwazzenegger, Van Damme, Chuck Norris ou os fenomenais George Segal e Dolph Lundgreen. Sim, eu conheço tudo quanto é trash production. Afinal, basta ficar com a televisão ligada na Globo aos domingos à noite que se é brindado com a diversidade da porcaria cinematográfica.

Bem, eu já fui ao cinema assistir 007. Não os que tinham Sean Connery, era criança ainda. Mas acho que vi alguns com Roger Moore (incluindo Live and Let Die, péssimo, mas com o melhor tema musical, assinado por Paul McCartney, e um pavoroso, filmado no Brasil, em que 007 saía da Amazônia direto para as cataratas do Iguaçu, um que o Sean Connery fez que tinha Klaus Maria Brandauer como vilão e a Kim Basinger novinha como Bond girl (este filme, acho que se chamou Nunca mais outra vez não foi computado na série, porque não foi produzido por Albert Broccoli), os dois ou três com o Timothy Dalton, todos os com Pierce Brosnam.

Tanta cultura bondiana me credencia a afirmar que pouco importa se o intérprete do agente 007 é bonito ou feio. Ele tem é que convencer aos ... homens!

É só entrar em qualquer sala que exiba filme de 007 para constatar o que observei: só tem homem na platéia. Quando fui ver uma dessas maravilhas, levando meus filhos, notei que, além de mim havia mais duas mulheres dentro do cinema. Ambas, naturalmente, acompanhando os namorados.

Se este filme será um sucesso de crítica? E importa?


Ah, sim, antes que eu me esqueça. Outro filme que não fez parte da série oficial, o primeiro Cassino Royale trazia o mais britânico dos ingleses, Sir David Niven, encarnando o espião. Ai, será que alguém se lembra de David Niven? Parece que estou lendo uma página da finada Manchete!!!!

5.11.06

Negligência materna

Jamais imaginaria que um dia faria a defesa de Maddona e que condenaria um jornalista apressado.
Está no Globo on line de hoje que a cantora admite ser uma mãe negligente. A princípio, achei que era mais uma jogada de marketing dela, depois da adoção do menininho africano. Ou que fosse algum erro de tradução, já que Maddona diz que não se contentaria em dedicar-se apenas à família, pois quer provocar mudanças no mundo (!).
As mudanças que Maddona pretende promover no planeta não me afetam. Mas me afeta essa incorporação da ideologia norte-americana de que mulher precisa ser mãe 24h por dia, que não pode conciliar carreira com maternidade, como se cuidar de filho fosse uma tarefa que se relegue a segundo plano quando seus interesses não estão focados apenas na educação deles. Classificar isso como negligência é, no mínimo, sensacionalismo de redação.
Negligência foi editar assim a matéria.