30.1.13

Minhas férias



Faz muitos anos que não escrevo uma redação sobre as minhas férias. Era o tema recorrente durante todo o curso primário. Professores de Português jamais pensaram em nada menos convencional do que botar as pobres criancinhas relatando como haviam se divertido durante os três meses distantes das salas de 

Falar sobre as férias me dá a sensação de que elas se prolongarão, como um recreio estendido - delícia da vida de estudante. Momentos de júbilo absoluto por não fazer nada. 
No primeiro momento das férias, eufórica por não ter o que fazer, subi a Serra e por lá permaneci uns cinco breves dias, sob o solzinho, na piscina, comendo do bom e do melhor, sendo mimada e trocando carinhos com amigos queridos. 
De volta a São Sebastião, li um pouco. Vi um bocado de filmes antigões, visitei amigos, recebi visitas. Arrumei livros nas estantes. Fui a um funeral. Assisti à defesa de dissertação de mestrado de minha sócia-amiga-irmã. Redescobri o prazer de acordar após as 9 da manhã. Conversei com meus filhos. Fui à exposição dos Impressionistas.
Não fui ao médico.
Não renovei a carteira de motorista.
Não renovei meu passaporte, nem a carteira de identidade.
Não resolvi problemas bancários.
Mas ainda faltam três dias úteis para eu encher com burocracias nas férias.
Depois, volto à vida de sempre, com uma breve parada, porque o Carnaval chega e exige mais descanso.
É bom ser brasileiro.
Vou me recostar e folhear Macunaíma.



28.1.13

Fim de férias


Não quero pensar nos meninos mortos no Rio Grande do Sul. Então, me concentro na minha despedida de férias, quando curto a chegada de meu querido amigo Eduardo Graça, em sua temporada anual no Rio e tento continuar a arrumação de minhas estantes, consolo pra quem não tem como deixar a cidade por falta absoluta de recursos.
 Umas três vezes por ano resolvo dar uma geral nos livros, já que as prateleiras estão sempre entupidas de volumes deitados sobre os demais. É quando percebo que não há espaço para tanto livro dentro de casa e que preciso arranjar mais estantes. Então, aquelas que estavam escondidas nos quartos conquistam um cantinho na sala. Cabem, porque moro num apartamento antigo (mais de 70 anos), amplo. Não é imenso, mas comporta gente e móveis. Não comporta é tanto livro, porque eles invadem tudo quanto é lugar, acumulando poeira e lembranças.
Desapegar de livro velho é difícil, tanto pelo afeto que eles encerram quanto pela falta de vontade dos demais habitantes do planeta de recebê-los. Ninguém mais quer saber de enciclopédias e eu tenho uma Barsa quase virgem de folheados, já que ela surgiu em nossas vidas quando a Internet se fortaleceu. Hoje, não tenho o que fazer com a Barsa. Nem a biblioteca da mais humilde escolinha comunitária quer uma enciclopédia. Está tudo digitalizado. Já tentei me desfazer de minha velha coleção dos livros do Monteiro Lobato. Antes de ser acusada de sacrílega, informo: estão cobertos de fungos. E sou asmática. Já botei no sol, já deixei ao relento, já acalentei. Não adianta, os fungos não os deixam em paz. Então, consegui interessados em acolhê-los. Meu filho mais velho se indignou. Quer a coleção para ele. Que mora em outra cidade e não tem casa própria. Enquanto não for dono de seu nariz, os 17 volumes ficam aqui, contribuindo para o aumento de minhas alergias, claro.
Nas férias, eu queria ter lido mais. Li uns sete livros, apenas. Alguns em dias adoráveis passados na Serra Fluminense, sem telefone, televisão ou Internet, pude ler um bocado, menos até do que pretendia também, já que os amigos exigiam, felizmente, horas de conversas intermináveis – e interminadas... Fiquei espantada com a quantidade de livros que algumas blogueiras alegam ter devorado no ano passado. Os números passam de cinco centenas, enquanto eu, que leio desesperadamente, não cheguei a 100. É verdade que a imensa maioria das obras relacionadas pelas jovens não merece mais do que um passar de olhos – são romances de banca, digeríveis facilmente, uma diversão sem consequências além do prazer imediato. Eu sou metida, quero leituras mais consistentes, então...
Voltando às estantes, cuidar de livro exige que eles sejam levados para novos domínios vez por outra. Saem de uma estante fechada para uma aberta. Ficam mais expostos à luz, mais próximos de janelas. A poeira se incrusta neles e não há como desinfecta-los. Alberto Manguel, na abertura de “A Biblioteca, à noite”, diz que quando iniciamos uma biblioteca temos o propósito de que nenhuma prateleira esteja fora do alcance de nossas mãos. Ou seja, as estantes jamais podem ter altura superior a 1,80m. Isso, até que a gente perceba que, dada a ausência de espaço para acomodar tantos livros, eles começam a subir, igual a edifícios. E, lá em cima, ficam os que não deverão ter tanta procura.
O problema é que o interesse da gente é cíclico. Em criança, jamais compreendi por que meus pais tinham tantos livros sobre Segunda Guerra Mundial. Ora, porque eles vivenciaram aquele período. E quando a gente envelhece, ensaios começam a nos parecer mais empolgantes, às vezes mais do que romances. Biografias que não despertavam atenção começam a ser importantes e merecem destaque nas prateleiras baixinhas. Enquanto arrumo e deixo a escada na sala, resmungando quanto à loucura que é ter tanto livro em casa (não são tantos: não chegam a três mil), separando velhos volumes de Graham Greene e Aldous Huxley, autores que se tornaram anacrônicos e que têm páginas cobertas de pontos amarelados, passo num sebo e compro quatro títulos antigos, cujos preços esperei baixar até se adaptarem a meu bolso. Isso nunca vai acabar...


27.1.13

Mudaria o Carnaval...?

Um dia, fui carnavalesca, mas não era moda, então. Carnaval era como praia, uma consequência da vida carioca. Agora, não tenho o menor entusiasmo por me espremer entre milhares de corpos suados, sem ouvir  marchinhas mal tocadas por bandas que se aglomeram em carros de som. Tem gente demais, tem calor demais, tem samba-enredo de bloco...
Nada contra a alegria, tudo pela fantasia, pelos amores de carnaval, pelo descompromisso, pelo júbilo de tomar a rua dos carros. Mas o calorão...

24.1.13

Envelheço na cidade

Ouço a cantora Andreia Dias, de voz suave, fazendo MPB de boa qualidade, ou seja, não comercial, não explosiva, mas respeitável dentro do chamado circuito alternativo musical da atualidade. Originalidade não há, não. Há cuidado na escolha dos instrumentistas e no tom blasé característico dessa geração de intérpretes pós Marisa Monte, de boa técnica vocal e nenhuma emoção. Isso fica para as antigas cantoras de vozeirão, herdeiras de Alcione, como a tecnobrega Gaby Amarantos. 
Um dos principais sintomas do envelhecimento, acho, é a falta de curiosidade em relação à nova produção artística em geral. No meu caso, está praticamente restrito à música. Ainda busco novidades em cinema, teatro e literatura. Artes plásticas, bem, esta virou uma intrincada colagem de conceitualismos misturados à física, com algumas experiências bastante interessantes. Poucos são os artistas que insistem em trabalhos que privilegiam a estética, sem um discurso elaborado por trás. No teatro, também há o que dê certo em tanta experimentação, embora o tédio seja quase sempre a tônica dos espetáculos. Cinema tem seguido o ritmo ditado pelos videoclipes. Nenhum take pode se estender por mais que seis segundos. Mas ainda há bons narradores que desafiam a estética tradicional, entre eles o Tarantino. E muito cinema chato também. Literatura, ah, tem a chatérrima, pretensiosa pacas e o entretenimento puro e simples, sem qualquer preocupação com densidade de personagens (e muito retorno comercial), além do experimentalismo aloprado e da incorporação de produtos da indústria cultural, como as histórias em quadrinho, ao panteão das obras artísticas (mas, fora criações novas, como O Gosto do Cloro e O Paraíso de Zahra, tenho visto pouca coisa que demonstre força literária).
A cultura jovem - cada vez mais produzida por gente madura, acima dos 30 anos, mas com postura e visual desalinhado de quem não chegou aos 20 - perdeu um pouco da alegria que caracterizava a juventude. Fora as bobices adolescentes, gente moça que produz cultura tem que armar um olhar aristocrático até quando canta marchinha. Brejeirice é estudada. Falta um pouco de espontaneidade, com honrosas exceções. O artificialismo talvez seja componente importante num mundo em que tudo é observado. Há que se proteger a imagem. Excessos ficam para os artistas populares ou para quem se exibe no Big Brother. Ah, claro, também é reservada aos roqueiros que insistem em manter o comportamento desvairado de Rolling Stones setentões. 
É típico do velho criticar o jovem. Antes se reclamava do jovem que desconstruía a estética. Hoje, além do desmazelo no vestir, qual é a desconstrução? Existe mais uma redescoberta da pólvora, como se fosse original, sem a impetuosidade dos Novos Baianos gravando Assis Valente. 
O chato de envelhecer é que parece que só surgem novidades no campo tecnológico. Os jovens, bem, esses continuam lindos e, felizmente, com a capacidade de se deslumbrarem com o que surge. Ainda bem. 



21.1.13

Falsa identidade

Exercício de paciência e de  readaptação à vida real: na sua última semana de férias, o telefone toca às 9  da madrugada, aquele momento de cochilo curtido, depois de um despertar que não colou mesmo, e... uma felicíssima televendedora oferece a oportunidade de ganharmos 100 mil reais contratando um título de capitalização.

Quando recuso, ela quer saber minhas razões. Mas sou cortês: "No momento, não tenho interesse em fazer". Ela insiste. Eu falo com mais firmeza: "No momento, não farei.". Ela, então, me pergunta como planejo meu futuro e aí eu percebo que o telefonema não era para mim, mas para meu filho de 20 anos, correntista do banco. Atendi com a voz enrolada de barítono característica de meu alvorecer. Ela já informara que para minha segurança, o telefonema seria gravado. Tomara que eles jamais comparem gravações e cheguem à conclusão de que eu me fiz passar por um jovem que não tem renda a comprometer tão cedo na vida, que fará uma simples poupança na Caixa Econômica para guardar recursos a serem despendidos com um mochilão no fim do ano, que não deve se interessar pelas armadilhas capitalistas oferecidas pelos bancos, que ...

Uma rápida pesquisa na Internet me tranquiliza. Descubro que o artigo 307 do Código Penal só pune quem utiliza a identidade de outro para obter vantagem "em proveito próprio ou alheio ou para causar dano a outrem". Como eu protegi outrem, acho que ainda estou distante das garras da lei...

Esta é uma fêmea de porco-espinho, exibindo sua cria. Às vezes, a gente se esconde atrás dos filhotinhos mesmo...

20.1.13

Saberes de minhas avós

Faxinando sala e varanda há dois dias, arrumando estantes há quatro, engulo a ira contra a última faxineira contratada que não limpou metade da casa e concluo que, sim, chegamos à situação primeiromundista da inexistência de empregados domésticos para quem está pouco acima da linha de pobreza. Não há mais, para boa parte dos cariocas, manter empregadas - diaristas ou mensalistas. Outro dia li no Facebook um brado de uma pessoa que não conheço, mas com quem concordei em gênero, número e grau: desde quando 100 reais viraram sinônimo de pechincha? Não sei como é no Primeiro Mundo, mas aqui temos a tendência a aceitar, cordatos, os preços que nos impingem.
Eu ainda protesto. O mate solúvel que eu comprava no ano passado por R$ 8,5 passou a custar, em uma das lojas do Rei do Mate, na Voluntários da Pátria, quase na esquina com Dona Mariana, R$ 14,50. Não comprei. Peguei em outra lojinha da mesma griffe, no Humaitá, onde paguei módicos R$ 9,50. Achei ridículo pagar R$ 70 reais por uma pizza na Capricciosa esta semana. Dividi com dois amigos, mas, convenhamos... dava para utilizar em algo não tão gostoso, mas bem mais substancial - e divisível por mais gente ainda. 
Enfim, empobreci. E já comecei a adotar hábitos de países ricos, tais como pintar paredes. Desde sempre fui a rainha dos cerzidos e nunca mandei roupa para armarinho fazer bainha. Porque essas eram habilidades que se aprendiam em casa e até em colégio. Tive aula de "Trabalhos Manuais", ou seja, fazer bordadinhos mixurucas com ponto de haste, de cruz e outros, cujos nomes esqueci. Sempre fui bastante medíocre nessas prendas, jamais passei da terceira linha de um tricô, que minha mãe tentava me ensinar. Anos depois, concluí que minha absoluta inabilidade devia-se a uma característica física raramente encontrada, que eu e alguns de meus filhos herdamos de meu pai: nossos polegares não têm curvatura alguma. São retos. Seguro em lápis de forma que aflige quem admira o espetáculo. 
Isso não me desculpa da falta de talento para cozinhar, por exemplo. E nem me eximiu de aprender a fazer "costura de mão", porque quando eu era menina, havia costureiras que iam às nossas casas para fazerem dois vestidos por dia. Minha função era puxar as linhas dos alinhavos, chulear e catar alfinetes espalhados pelo quarto. Foi quando aprendi a fazer bainhas, remendar e a me virar na costura de sobrevivência. Destra, aprendi com minha prima Jussara a pintar as unhas da mão direita, empunhando o pincelzinho de esmalte canhestramente, a princípio. Depois, virei expert. 
Então, por que não começar a encarar as chatérrimas tarefas domésticas, cujos preços são tarifados com base na cotação do grama do ouro? Eu realmente odeio lavar, passar, varrer, tirar pó, trabalhos incessantes e desprezados. Como ouvi uma vez alguém dizer, o trabalho doméstico só é perceptível quando não é executado. E a gente acaba relaxando, se acostumando com a baguncinha de uma gaveta, que acaba contagiando armários, cômodos, a casa toda. 



Em meio à labuta, recordo-me de minhas avós, Olga e Júlia, mulheres de imensas diferenças em personalidade e tipo de vida, mas de muita semelhança na forma de encarar o trabalho exaustivo das donas de casa. Ambas tiveram dez filhos e pouquíssimo estudo. Vovó Olga era mais sofisticada, conheceu o mundo, só queria morar na Zona Sul carioca, mesmo que, para isso, viúva jovem que era, sublocasse os quartos de sua casa, alugada, transformada em pensão. Vovó Júlia jamais saiu de Florianópolis e pouco deixava a própria casa. Do muro em frente a seu jardinzinho, sabia da vida de toda a vizinhança. Acho que foi dela que puxei a intensa curiosidade pela vida alheia. 



Minhas duas avós eram grandes jardineiras. Vovó Olga sempre teve samambaias e violetas no jardim de inverno de seu apartamento do Flamengo, entre outras plantas. Era tanta folhagem que eu usava a varanda para imaginar meus passeios como exploradora das selvas. Vovó Júlia tinha um minúsculo jardim em frente à casa. No Natal, os camarõezinhos amarelos floriam. Havia pequenas roseiras choronas, flores de maio, damas da noite, e numa parte coberta, as mais exuberantes rendas portuguesas, samambaias, avencas, dinheiro em penca e outras plantas que gostam de calor e sombra. 
No momento em que tive minha primeira casa própria, comecei minhas aventuras na jardinagem. Na casa de meus pais, a atribuição era de Maria, minha babá, que sabe fazer qualquer coisa. Mesmo. Cozinha, lava, passa, limpa, arrumava meus cabelos, costurava algumas roupas para mim, e ainda cuida como poucos de plantas, que roubava em jardins particulares ou públicos, afirmando que a natureza não pode ser propriedade privada. Então, meu primeiro apartamento tinha uma linda árvore da felicidade e muitas jiboias. Houve época em que cultivei minhas plantinhas, tirava mudas, trocava terra de vasos, estava até dando certo. Samambaias, eu respeitava, mas dólares, árvores da felicidade, lírios, todos eram transferidos de vasos com uma intimidade temerosa, de quem tenta se aproximar do desconhecido, com o ímpeto do cientista experimentador. 
Depois que minha mãe morreu, trouxe para casa um antúrio que ganhei de um namoradinho, quando tínhamos 16 anos. Há 36 anos, o antúrio floresce, mas eu não mexo nele, não. Espero Maria aparecer para trocar terra e vasos. Mas continuo entupindo a casa de plantas e, por vezes, ousando experimentar novos plantios.
Minhas avós teriam hoje bem mais de 100 anos. Perceberiam, assustadas, que o mundo da tecnologia expulsou mulheres com os saberes delas para bem longe das grandes cidades. As que permaneceram nas metrópoles estão a serviço de quem pode arcar com o preço de seus raros conhecimentos. Como eu não posso, resta-me tentar resgatar um pouco do instinto dessas ancestrais cujos talentos jamais foram devidamente valorizados. 

14.1.13

Globo de Ouro 2013

A única surpresa do Globo de Ouro deste ano foi Jodie Foster dizer que não ia sair do armário publicamente porque não precisava disso - e aproveitar para fazer um discurso pela volta à discrição pessoal. Foi o momento mais vigoroso de uma noite pouco surpreendente nas premiações e menos ainda na apresentação de modelitos lindos, estranhos e inadequados.


  Gente bonita, gente acabada, gente jovem e o desprezo absoluto pelos não-premiados. Teve isso, sim, como em outros anos. E até repetecos de figurinos (o casal esquisitão Helena Bonham-Carter e Tim Burton, a cantora Adele, que não parecem ter muitas fatiotas diferentes no closet).


A bela Helena, sempre vestida de noiva cadáver, inovou com uma bolsinha provavelmente comprada no Gilson, no tempo em que ele era da Feira Hype, aqui no Rio. Minha dúvida era se o braço na tipoia do Tim Burton foi composição cenográfica ou realidade. E continuo atrás do cabeleireiro da dupla. Para denunciar, claro.



Adele estava perfeita no modelito "jovem-acima-do-peso-bota-roupa-franzida-para-ficar-com-pinta-de-diva-operística". Como faltaram gordas para serem enroladas em tecidos na festa de ontem, a cantora, que, particularmente, considero uma mulher bonita, embora aparente vinte anos a mais do que os alegados 24, foi  a vítima da vez. Até que deu certo, embora todas as roupas dela sigam o mesmo tom e modelo.





Rosas desmaiados deram o tom da noite gelada na Califórnia, que as estrelas de cinema e TV enfrentaram bravamente, sem uma écharpezinha para cobrir os ombros desnudos. Megan Fox e Amanda Seyfried  tinham, ao menos, cabelos para esquentar os bracinhos. Já Amy Adams parecia pelada, pois o vestido de sereia era da cor de sua pele.


Pior foi deslizar com classe sobre saltos acima de plataformas que nem travestis ou mulatas de exportação ousam calçar. A mulherada precisava de ajuda para subir e descer escadas. Algumas demonstraram mais categoria, outras disfarçaram os maus passos com uma euforia que só contribuía para a esquisitice generalizada, como a vencedora do troféu Tribufu Simpático, Lena Durham.  Nunca assisti à série dela, mas depois que a vi marchando, coitada, sofrendo, certamente, por causa dos sapatos incômodos, vou até tentar ver para conferir se é essa Brastemp toda.










As damas de vermelho também coloriram a festa. Marion Cottillard atacou de grega simplesinha, com aquela pala em frente ao corpo, igualzinha à da mulher que vende alisador de cabelos na Polishop. Jennifer Lawrence mostrou que um Dior pode ter seu dia de Jean Paul Gaultier, com aquele busto à la Madonna. A recém-parida Claire Daines foi de vermelhinho básico, daqueles que carioca usa à tarde, pra fazer compras (indicação de Jair Santana, fashionpoliceman). A lindinha Zooey Deschanel já teve modelito igual em azulzinho. E houvem quem preferisse escurecer o encarnado, como Jennifer Garner e Naomi Watts.



Amarelo significa sabedoria para alguns povos. Certamente faltou isso à Alissa Mylano. Deu certo para Emily Blunt,.






Festa em Hollywood não existe sem noivas. A filha de Clint Eastwood era a Miss Golden Globe da vez e só precisava de véu para entrar na igreja. Já Mayin Bialik preferiu ser noiva caipira do faroeste mesmo. Julianne Hough optou por uma alegoria, algo como She-Ra Noiva.




A inspiração nos modelitos de She-Ra/Feiticeira/Cleópatra também fizeram a glória da apresentadora do E! (o detalhe nos ombros era copiando asas de borboleta?), na mocinha de Dowton Abbey e em Kate Hudson.


Caprichando no "nude" (ex-bege, ex-cor de pele), a insuperável J-Lo! Transparências e rendão: um must!!!

Kelley Cuoco também foi de bordados sobre tranparências. Ficou igual a bonequinhas em cima de bolo de noiva.


Helen Hunt seguiu o modelito cortinado e brilho, tudo no mesmo tonzinho de pele. 

A gracinha Sienna Miller foi de roupa da década de 1960, com aplicações de florzinhas que minha avó fazia em almofadas. Como eram feias as almofadas da vovó...



Nem sempre beleza combina com arrojo no vestuário. Tandie Newton e Rachel Weiss ficaram, assim, desenxavidas, né? Se eu fosse da produção de 007 rompia hoje o contrato com Daniel Craig. Só matando quem usa essas calças de porteiro de cinema em festa cinematográfica.



Da série Como Estragar um Pretinho Básico: Helen Mirren (que baixou de Rainha do Nilo chega ao Farwest),  Nicole Kidman (trajando Arquitetura Australiana - Uma composição em Negro e Dourado) e a pirralha do Modern Family (vestindo roupa adequada à idade, porém não ao tipo físico da fedelha, que caprichou na cabeleira de cantora sertaneja).




Fendas e decotes também podem assustar, em vez de seduzir. Eva Langorria foi de Noiva de Drácula. Katherine McPhee tinha tanta abertura na roupa que, por mais que afirmasse estar confortável, montou um olhar constrangido a noite inteira. Amy Powler é comediante. Por isso, nada mais adequado que as calças pescando siri e a sandália desenhada por um homem que odeia mulheres.

Na categoria Quaresma, a brasileira Morena Baccarin, de negligée dos anos 20, Jennifer Westfeld, de super-heroína de ficção científica, e Juliana Margulis, que se deu bem na escolha da renda achinesada.



Discretas e bem recobertas, a envelhecida Nicole Ritchie e Emily Mortimer (esta pronta para trabalhar em comercial de geladeira. Como a própria).


E sempre há quem ouse e dê certo, mesmo vestida de Free Willy, como a maravilhosa Julianne Moore.




E quem prefira apostar nos modelos mais tradicionais, sem se arriscar a fazer feio, como Julia Louis-Dreyfuss, a date do George Clooney e Debra Messing (de cortina de teatro, mas, ainda assim, bonita).


 Há também quem aposte no modelo já exibido anos antes: ombro único, esvoaçante, mas... a padronagem não ajudou muito, não, Halle Berry. 

Nem vestir uma tradicional sereia (que parecia ter uma cauda mal costurada) ajuda a Preta Gil do Hemisfério Norte, Kelly Osbourne.



No quesito Coragem, como disse Mirthes Guimarães, ninguém se comparou à Lucy Liu, que envergou com estoicismo o modelito Carolina Herrera que serviria lindamente para estofar sofás. Primaveril, com uma modelo que ajuda, foi o traje mais interessante da noite.