30.12.05


Amo fogos de artifício, detesto cabeça-de-negro! E adoro desejar um bom ano novo com praias de águas calmas, marolas só pra não perder a graça, mergulhos restauradores da fé na vida, areias fininhas pra gente caminhar suavemente, alegremente, sem se afundar.
Então, que neste ano novo todos possam se maravilhar com fogos que iluminam a noite e sonhar de olhos bem abertos.
E beijo-beijo-beijo-beijo-beijo-beijo-beijo-beijo-beijo-beijo-beijo-beijo-beijo-beijo-beijo-beijo-beijo-beijo-beijo-beijo-beijo-beijo-beijo-beijo-beijo-beijo-beijo-beijo-beijo-beijo-beijo-beijo-beijo-beijo-beijo-beijo-beijo-beijo-beijo-beijo-beijo-beijo-beijo-beijo-beijo-beijo-beijo-beijo-beijo-beijo-beijo-beijo-beijo-beijo-beijo-beijo-beijo-beijo-beijo-beijo-beijo-beijo-beijo-beijo

para Sonia, Paulo Thiago, Lívia, Paulinha, Cynthia, Marília, Affonso, Marcelo, Eduardo e as Graças, com destaque para Marina, a leitora-padrão dessas arenas, além de todos os anônimos que me deixam intrigada com a assiduidade em suas visitas nas quais sempre se mantêm incógnitos. Manifestem-se, saiam da obscuridade, soltem a franga em 2006!!!!

26.12.05

Natal sempre foi uma festa estranha para mim, menina que não acreditava em Papai Noel por conta de pais intelectualizados e temerosos do trauma da frustração pela descoberta da não-existência de figuras mágicas. Mais esquisito que esses pais vanguardistas era ter uma família que se reunia para almoços de Natal, não para ceias, hábito iniciado quando minha avó foi morar em uma casa geriátrica por desejo próprios (uma família estranhíssima, já disse) e precisava participar da festa natalina com as companheiras de dia-a-dia.
Eu queria Natal com árvore enfeitada, casa toda macaqueada. Faço isso todos os anos. Meus filhos acreditaram em Papai Noel e coelhinho da Páscoa, até na Fada dos Dentes. O ideal hollywoodiano do White Christmas (sou mais o de Dickens, no belo "Conto de Natal") é tão forte que um Natal foi a minha referência para os parágrafos iniciais de minha tentativa de romance "Novela Familiar", ainda não terminada.
Seguem aí os ditos parágrafos, que são precedidos por um outro, que nada tem a ver com o Natal.

"Minha família se definia por esses silêncios constrangidos. Era uma falta de intimidade desconfortável. Nunca se imaginava que nos amássemos. Não havia beijos estalados, abraços apertados, beliscões na bunda das crianças, cosquinhas. Só cantávamos juntos “Parabéns para você”. Até as brigas eram arroubos, desabafos, a verdade que saia vomitada, depois de comprimida, sufocada. O carinho com as crianças pequenas era comedido. Na verdade, poucos tinham ou exibiam seus bebês. Éramos aristocráticos. Sem grandes recursos financeiros, mas nobres.
As festas constituíam suplícios que cumpríamos com o estoicismo dos ateus em missas de sétimo dia. Jantares de Natal ou aniversário se resolviam em três, quatro horas no máximo. Enquanto todos os cristãos se reuniam para a ceia natalina, nós fazíamos um almoço na véspera do Natal. Lá pelas seis da tarde partíamos, aliviados, cada qual para sua casa ou para festas de amigos ou de parentes “do outro lado”. Duas tradições eram mantidas nesses Natais. Quando havia crianças, os presentes eram deixados dentro de um saco vermelho, na porta, por um Papai Noel que não se via. E eu roubava rabanadas, passando para minha mãe, meu afilhado ou meu padrinho, antes do início da refeição principal. Vovó Antonina e Tia Gertrudes, as coordenadoras dos eventos, ficavam furiosas com a transgressão cometida por mim todos os anos, a fim de me assegurar que pertencia a uma família normal, daquelas que cultuam piadinhas e risadas cúmplices."

Não, minha avó não se chamava Antonina, nem tenho uma tia Gertrudes. Mas o Natal era assim mesmo. Algo que deixava apenas a sensação do dever cumprido.

A meus filhos, meu desejo de Natal é que vivenciem amores intensos, quebrem barreiras, fronteiras, o gelo da alma intimidada pelo pavor do desconhecido.
E que esses amores não se expliquem, apenas existam, cresçam, se frutifiquem, arriscando tudo para que se eternizem e banalizem a dor de enfrentar o mundo.

Então foi Natal


(Li em algum lugar do passado que a roupa de Papai Noel, como a concebemos atualmente, veio de um anúncio da Coca-Cola. Antes, São Nicolau usava vestes longas, medievais, e verdes. E, embora bondoso, era um senhor menos folgazão, com um aspecto mais vetusto. Hoje estou anacrônica como o Natal hollywoodiano, branco, nevado, esquentado pelas lareiras do amor familiar. Aqui, a família fica de bermudas, troca presentes, se empanturra de rabanadas e bacalhau e inclui até os parentes pagãos... O calor de minha família escolhida me trouxe um Natal muito maior do que os que experimentei com parentes de sangue ao longo de tantos anos. Graças ao Eduardo e aos Graça).
Três imagens ótimas: Criança sapeca, Papai Noel surpreendido assaltando a geladeira e coca-cola light, minha bebida natalina! Vamos fingir que esta aí era light...

21.12.05

Admirável Mundo Novo da Gamboa


Minhas andanças atuais me levam a percorrer ruas antigas de bairros pobres, com casas centenárias em permanente risco de desabamento. Os carros têm cores que não se restringem aos tons metálicos preferidos por quem adquire modelos modernos - são magenta, azul turquesa, marrons feiosos, com crateras de ferrugem na lataria e peças que se mantêm agarradas à estrutura por singelas amarrações com barbantes.
Nessas ruas estreitas de pavimentação irregular, o capim brota exuberante nas calçadas que nunca conheceram pedras portuguesas, por onde passeia gente de pele escura, dourada no sol da labuta, cabelos compridos e encaracolados. Pessoas acostumadas a mostrar generosamente pedaços do corpo, sem importar se estão em forma. Um despudor alegre de roupas colantes que tapam pouco de pernas e braços. Seios pulam nos decotes inadequados às dimensões dos bustos fartos, pêlos em evidência sob camisas abertas para arejar o calor e deixar escorrer sem recato o suor provocado pelo clima perenemente abafado e úmido desses lugares.
As crianças são diferentes dos adultos. Também vestem-se modesta e exiguamente, mas as meninas têm cabelos caprichosamente arrumados em cachos arrematados por elásticos e prendedores coloridos. Os meninos, de canelas finas e compridas, jamais vestem camisas. A pele brilha, quando eles pulam alegremente, atrás de bolas murchas, em terrenos secos e poeirentos.
Até os cães são diferentes dos que conheço. Vira-latas usam coleiras e são conhecidos pela vizinhança. Não há cão de raça.
Em frente ao casario destelhado, homens e mulheres de cabeças brancas sentam-se em cadeiras de plástico. Acompanham a passagem dos carros que começam a trilhar aqueles caminhos. Entre os velhos, há mais gente de tez clara, muitos portugueses.
Durante o dia, as ruas têm vivacidade, mesmo nos becos de galpões imensos, antigos entrepostos de carga, fábricas, todos desativados. Caminhões ultrapassam os sinais de trânsito, que apenas os novatos na área respeitam. Os armazéns de esquina servem para guardar material de construção ou escondem oficinas clandestinas, sem placa indicativa, sem impostos recolhidos. Nos bares aos pedaços, quem pede informações timidamente é acolhido calorosamente pelo povo ruidoso e simpático. Numa esquina, uma loja com placa vende vasos, fontes e canteiros, além de estátuas em estilo grego-romano para jardins. Num muro, o aviso: "À 100m lava-jatos". Na outra esquina, uma plaquinha na árvore, com seta indica o local do lava-jato, um homem sem camisa, que usa uma mangueira para limpar carros.
À noite, os recantos tornam-se sombrios, tenebrosos, perigosos na quase total escuridão.
Um dia, há mais de 100 anos, ali foi um lugar pulsante, onde as pessoas conviviam em semi-escuridão pré-luz elétrica. Este imenso grotão de pobreza e decadência faz parte de minha cidade, muito embora eu tentasse não reconhecer como minhas as calçadas esquecidas pelas quais caminha um povo barulhento, de hábitos, alimentação e perfumes tão diversos dos meus, tão fascinantes para mim.
* A foto de Augusto Malta mostra o finado Morro do Castelo. Mas as construções da Gamboa são iguaizinhas, entremeadas por modernos edifícios de pilotis e pastilhinhas feiosas.

19.12.05

Sina


Casa empoeirada
Reforma interminável
Peso insuportável
Bronquite
Computador que nunca funciona perfeitamente
Ventiladores que nunca funcionam perfeitamente
Campainha que nunca funcionou
Papéis por todo canto
Cansaço perene

16.12.05

Espírito natalino


Será que alguém vai perceber que isso é uma guirlanda natalina? Meu espírito de Natal (ou seja, espírito comercial inventado pelo capitalismo e cristalizado pelo cinema americano) está em baixa este ano. A casa em obras intermináveis não permite a montagem da árvore e de toda a papagaiada que eu costumo pendurar por tudo quanto é canto. Só recebo cartões virtuais de boas festas, meu bom humor já era, a pressão subiu e o calor promete.
Alguém botou uma rena de pelúcia na minha escrivaninha, não vou participar de nenhum amigo oculto, sinto enjôo e dor-de-cabeça por causa das tintas e lá vem minha paranóia de fim de ano:
1. Preciso enfrentar um shopping para trocar um livro.
2. Preciso ir ao banco, com o maior cuidado pra não ser assaltada na saidinha de banco.
3. O trânsito vai piorar
4. Meu carro pifou, mas este inferno astral atrasado que tem me assolado nos últimos meses um dia passa
5. A poeira que cobre animais, plantas, móveis e seres humanos desta casa um dia há de se acabar também
6. Vai ser um inferno viajar no Natal
7. Vai ser um inferno circular pelo Rio no Réveillon
8. Escaparei novamente das listinhas do carteiro, lixeiro e entregador de jornais (não tenho mais assinatura, é muita cara dura querer que eu dê gorgeta, não?)
9. Uma mísera rabanada tem 300 calorias, adoro bacalhau com farofa e não posso comer nada porque entrei realmente em dieta para redução de peso.
10. Depois do movimento de fim de ano, vem o verão, as férias, e o show dos Stones, pra me deixar paranóica antes do tempo.
11. Envelheci mesmo.

15.12.05

Adorável Vagabundo


Depois de brindar ilustre público leitor com a biografia do Chico Buarque e o policial bitter-sweet "Doce Lar", Regina Zappa lançou ontem "Adorável Vagabundo". Nesta suculenta reportagem, Regina conta episódios hilariantes da trajetória do nosso malandro favorito.
(Confinada em redação, não consegui chegar a tempo na noite de autógrafos, mas fui dar um beijo em Regina num restaurante na Cobal do Leblon. Parecia set de filme do Carvana, de tanto artista figurinha fácil nas criações dele...)
Dois livros novos na praça, escudada por uma família amorosa, com uma penca de projetos a serem executados em 2006, Regina tinha tudo pra ficar metida. Mas quem fica são os amigos que têm a felicidade de contar com sua experiência, alegria e doçura.

Dia esquisitinho

Dia estranho. Tinha planejado ir ao Rio Sul trocar um livro e passar nos bancos pra fazer pagamentos, mas li que lá agora tinha assalto e só depois soube que era tudo armação de uma falsária pra ganhar seguro do shopping. E no mesmo dia teve um princípio de incêncio e me lembrei de quando trabalhava na Torre e tínhamos que descer correndo aquela montoeira de degraus, sem saber se era treinamento para evacuação ou se havia algum problema pra valer. Na época do atentado no WTC a todo instante a administração da Torre inventava de fazer treinamento. Uma vez todos descemos, eu já era craque, ouvia a buzina e pegava a bolsa automaticamente e seguia pras escadas, só que uma colega, a Fernanda, estava no banheiro. Quando ela saiu deve ter se sentido num episódio de "Além da Imaginação", não havia ninguém no escritório, silêncio absoluto e as portas trancadas. Ao percebermos que ela ficara lá em cima, o pânico instaurou-se. Pelo celular, eu a aconselhava a pegar uma máquina de escrever e jogar na vidraça da entrada para sair do escritório, uma colega teve um ataque de pânico, sentada no meio-fio, a secretária, sentindo-se responsável por haver trancado a Fernanda, galgou os 12 andares até o escritório, seguida por um bombeiro e libertou a cativa.
Eu pensava nisso tudo, dirigindo meu carrinho que estava totalmente às escuras, sem qualquer iluminação própria, exceto a luz de freio e o pisca alerta, pelo Santo Cristo e Gamboa, imaginando se deveria subir numa ladeira antes da que leva ao estacionamento do Jornal do Commércio. A primeira ladeirinha é menos íngrime, mas segui no piloto automático até a outra, observando um edifício horroroso que destoa do casario aos pedaços da Rua do Livramento e... na ladeira do jornal, fui recepcionada por um carro de polícia. Imaginei confusão com o pessoal do Morro da Providência, mas não, era algo bem menos habitual que troca de tiros entre traficantes e policiais: um caminhão que levava bobinas pro jornal tombou em plena ladeira. Tive que dar uma tremenda volta pela Gamboa, praça da Harmonia e adjacências antes de subir pela primeira ladeira e chegar a uma ruazinha linda, parecia Santa Teresa, velhinhos com cadeiras na calçada. Entoava mentalmente "Gente humilde" quando me deparei com um tremendo buraco da Cedae, sendo escanhoado por uma equipe de seis homens, que serviram de sinalizadores para minha passagem sobre a calçada. Definitivamente, um dia muito estranho.

E a obra? Continua empoeirando minha vida.

13.12.05


E daqui a pouquinho, ele estará vindo assim!

Meu menino quebrou três dedos do pé e está caminhando de muletas, tadinho...

12.12.05

Era só o que faltava


Inventaram protetor solar para cachorros e gatos.
Ignorante que sou, imaginava que cães e bichanos tivessem pêlos o suficientemente expessos para protegê-los das intempéries.
A divulgação manda release informando que "com a pele mais sensível do que a dos humanos, cães e gatos precisam de atenção especial no verão." E prossegue: a exposição ao sol pode tornar os pêlos secos e quebradiços, além de correrem o risco de alterações na coloração. Sem o filtro solar, a pele dos animais pode ficar ressecada e suscetível às doenças.
O release tem até aspas de uma veterinária explicando que a pele dos animais é muito fininha e que, por isso, eles têm risco de desenvolver doenças como câncer de pele. O protetor solar, de sabor amargo para que os gatos não o retirem com lambidas, é indicado até para os animais que não freqüentam praia ou sítio (o grifo é meu). Ué, e eu que pensava que fosse proibida a freqüência de outros mamíferos que não o homem nas praias...
E vamos à explicação da veterinária: “Gatos gostam de tomar sol em cima dos telhados ou perto da janela, cães também deitam-se ao sol, às vezes até de barriga para cima. Eles precisam de proteção solar diária, de preferência 30 minutos antes da exposição ao sol”. E mais: a empresa vende ainda óculos de sol para animais, que protegem olhos e pálpebras contra a radiação solar, e previne doenças como a catarata ou inflamações causada por ciscos, areia, corpos estranhos etc. Específico para cães que andam de carro com a cabeça para fora da janela podem ter os olhos irritados e ressecados.
Coitados dos bichinhos...

Direto da frente de batalha


Choveu terrivelmente em São Sebastião e nas cercanias, o que impediu a chegada de Vanúzia a tempo. O interfone ficou mudo. As novas tintas chegaram, uma força tarefa de pintores ataca a sala, depois que embalei todas as quinquilharias que enfeitam minhas estantes, atualmente uma montanha de prateleiras dispostas na varanda. As plantas foram levadas para o jardinzinho de inverno do edifício. A CEG escolheu justo hoje para fazer a conversão de fogão e aquecedor para gás natural. Um dos pintores quebrou um lustre. A nós resta lanchar, tomar banho frio e torcer para que a pintura acabe até o fim da semana.

11.12.05

Os 15 personagens mais ricos

A gracinha é da Forbes

1. Papai Noel
2. Oliver "Daddy" Warbucks (o pai de Annie, a Pequena Órfã)
3. Riquinho
4 . Lex Luthor
5. C.Montgomery Burns
6. Tio Patinhas
7. Jed Clampett (da Família Buscapé)
8. Bruce Wayne
9. Thurston Howell III (de Gilligan's Island)
10. Willy Wonka
11. Arthur Bach (do filme Arthur, com Dudley Moore)
12.Ebenezer Scrooge
13. Lara Croft
14. Cruella De Vil
15. Lucius Malfoy

A vida dos outros

Uma amiga diz que não lê qualquer blog porque não tem curiosidade pela vida alheia. Compreendo, porém, nesta época de falta de tempo pela correria do cotidiano, o blog é uma das maneiras mais práticas de sabermos da vida de quem está longe - mesmo que esta distância seja a dois ou três quilômetros numa metrópole.
Outra amiga participava da conversa e disse que sabia de todas as etapas de minha obra pela leitura do Arenas.
A verdade é que os blogs nos deram o direito de bisbilhotar a vida dos outros. Costumo visitar alguns de gente que não conheço realmente, mas das quais acompanho as aventuras. O mesmo parece que ocorre comigo. Botei aquele marcador geográfico de entradas e vi que tenho leitores nos EUA, América Latina, Brasil (ainda bem, né?), Europa e até na Oceania...
Minha curiosidade só é menor do que a das gatas lá de casa, que vivem bisbilhotando minhas gavetas ou o que chega de novidade em casa. No momento, estão intratáveis, já que não compreendem por que os móveis se acumulam no meio da sala, o que aconteceu com as estantes de livros, desmotadas na sala de música, a varandinha abrigando as gaiolas e o viveiro dos pássaros e o desaparecimento de todos os vasos de plantas da varandona. Não podem entrar no quarto de Hugo nem no de Júlia, que têm livros por todos os cantos. Então, resmungam e ficam nos rondando, desorientadas.
Intrigante como este tipo de acontecimento não importa para a maioria dos meus amigos próximos, nem para meus filhos. Aliás, compreendo o desinteresse dos filhos pelos escritos dos pais. Eu também não gostava de ler o que meu pai escrevia, exceto quando era para jornal. Suas literatices me incomodavam, porque ali parecia estar o homem real (só pra compensar, minha mãe vivia lendo escondido meu diário, até que passei a chave em tudo que tinha, para garantir minha privacidade), um ser desconhecido, não o pai, outra figura. Esse outro homem não me servia. Deve ser difícil para os filhos de artistas encontrarem o pai no meio da produção artística.
Nesta sociedade sem meio de exposição, os blogs me fascinam. Tem gente que se mostra para mim e eu jamais vou conhecê-las, porque custo a ter coragem de me identificar como leitora. É meio como ficar olhando o interior dos apartamentos à beira-mar, minha diversão favorita quando estou passando de ônibus ou de carro. Adoro ver a decoração das casas e imaginar como vivem aquelas pessoas.
Engraçado é que o autobiografia da Danuza Leão encabeça as listas de best sellers. Nos blogs leio detalhes da vida ao vivo.

9.12.05


O melhor da obra: três horas de musculação, trocando 3 mil volumes de livros de lugar. Esvaziei cinco estantes da sala. Outras são fechadas com vidro, felizmente! Mas nelas há uns 600 livros no máximo. O pior foi invadir os quartos das crianças para guardar os livros empilhados.
Ah, tem os DVDs também. E um monte de fitas de vídeo, que guardo, embora não veja mais vídeo. Já dei um bocado delas. Falta passar alguns filmes caseiros (dois ou três) com os meninos pequenininhos, lindos, pra DVD. E me desapegar das fitas do "Terceiro Homem", "Hair" (não encontro em DVD nenhum dos dois). Os CDs foram guardados, as plantas distribuídas pelo prédio.
As gatas estão indóceis, furiosas com tanta azáfama. Me seguem pela casa, com olhares acusadores, quando não tentam subir em meu colo, me arranhando.
E me vem à lembrança uma cena da "Guerra dos Mundos" do Spielberg que me fez gostar do filme (logo eu, que me angustio com esses temas): a família foge, de carro, e, pela janela, vislumbram uma pessoa empurrando um carrinho de supermercado coalhado de livros.
Acaba de ser descoberta nova - mas pequena - infiltração.
Chega o momento que atormenta qualquer proprietário de casa em obras: será que um dia isso acabará? Será que um dia eu voltarei a respirar?
Quando precisavam pintar o apartamento, meus pais chamavam sempre um pintor, o seu José. porque, com ele, como Papai costumava dizer, a casa não parecia estar em obras. Para mim, havia uma nítida diferença entre pintura de paredes e reforma do apartamento - época que exigia meu asilo na casa de parentes ou amigos. Obra significava cimento, areia e poeirada, claro! Mas a pintura de seu José só se percebia quando ele surgia, completamente coberto pela tinta que respingava em sua pele negra. Seu José reunia todos os móveis do cômodo no centro do aposento. Cobria tudo e não deixava no chão, nem um pingo de tinta. Um artífice.
Para encontrá-lo, era necessário mandar um telegrama, já que ele não tinha telefone nem vizinhos. Calado, misturava as tintas, e ia em frente.
Um dia, seu José foi pintar a fachada de uma casa em São Conrado e caiu do andaime dentro da piscina. Machucou-se seriamente, ficou hospitalizado por muito tempo. Quando voltou, entrou para uma igreja evangélica. Continuou discreto, mas passou a pregar a palavra de Deus.
Fui conhecer a dura realidade de uma grande reforma quando me mudei para a São Clemente e comandei a construção de um banheiro, a reestruturação de dois outros e a abertura de uma varanda. No meio da obra, engravidei. Morávamos, os cinco (Artur, Oto, Hugo bebê, eu e o pai dos meninos) num dos quartos. Descobri que existia poeira cinzenta (de cimento), amarela (de reboco velho) e vermelha (de tijolos velhos), além da branca, causada pela raspagem das paredes. A obra acabou no dia 24 de novembro, véspera do nascimento de Júlia. Só pudemos entrar na casa, eu e ela, duas semanas depois, por proibição do pediatra.
A atual reforma, que deve durar mais uns dez dias, quem sabe, começou com a infiltração do corredor, aquela que foi coberta pelo poster do Indiana Jones desde março. Agora, quando retomamos os trabalhos, havia nova infiltração, na área de serviço e outra, antiqüíssima, na parede da sala.
Decisão tomada: arrumar a parede da sala, consertar bicas que pingavam, secar as infiltrações.
Orçamento fechado, tudo certo.
Aí, pintei uma parede da sala, ficou linda, fez um tremendo contraste com as demais. Então, resolvi pintar as duas salas, as duas varandas, o corredor, os portais e as portas.
Orçamento fechado, tudo certo.
Bem, só ficará faltando pintar dois quartos - o de Júlia tem papel de parede. Será que o orçamento será estendido?
Tomara que a casa fique linda logo, antes que eu morra de asma.

7.12.05

Malandrices


Filha: Posso faltar ao inglês hoje?
Mãe: Não.
Filha: Por quê?
Mãe: Porque eu pago uma fortuna pela sua educação etc e tal etc e tal etc e tal.
Filha: Eu não vou!
Mãe: Vai!
Filha: Não vou!
Mãe: Você está me desafiando?
Etc e tal etc e tal etc e tal.
Toca novamente o telefone.
Filha: Mamãe, me lembrei que hoje é terça-feira, minhas aulas são segundas e quartas.
Mãe: Então, acabou o problema, né, filhota? Vamos ficar as duas satisfeitas: você porque não tem aula, eu porque você não vai faltar a aula!
Filha: Mamãe...
Mãe: Sim, minha vida?
Filha: Posso faltar amanhã?

4.12.05

Esse estranho poder II


The Full Monty exerce sobre mim o mesmo poder que Moulin Rouge: simplesmente preciso rever sempre que topo com ele na TV. E quem tem TV a cabo sabe que tudo é repetido à exaustão. Vez por outra, surgem os peladões de Sheffield, que vi pela primeira vez num sábado de carnaval, no São Luís - e amei! O que me encantou foi a maneira tratar com leveza e bom humor um tema amargo - o desemprego. Aquele velho charme do cinema britânico que tanto me agrada.

3.12.05

Homens trabalhando

Tenho poeira sobre todos os poros, em cada célula, na ponta de cada cílio. Devo confessar: gosto de obras. Elas me estimulam a recomeçar em vez de desanimar frente às renovações constantes que minha casa exije.
Então, a cada espirro, a cada coceira no fundo da garganta, a cada dose de anti-histamínico/alérgico-corticóide-descongestionante, penso em minha parede recoberta por cimento e a encaro como um antidesesperante. Por causa das reformas, sinto-me sempre no limiar de uma nova aventura

1.12.05


Que calor!!!!
Agora que sou Brigitte, dá bem vontade de viver trajada a caráter!
Até as 14h, sobrevivemos a um conto do vigário ou assalto em casa.
Um vigarista entrou no prédio dizendo que ia verificar canalização em busca de infiltrações. Ainda bem que Vanúzia é sagaz e me ligou para confirmar se eu havia tratado alguma coisa com o cara, que saiu furibundo quando ela se recusou a permitir sua entrada. Então, foi para outro apartamento, onde desmontou uma torneira, em busca de falsos vazamentos, levando 200 reais de uma vizinha, dizendo que compraria material para o conserto. Não voltou.
Na rua, Vanúzia viu dois motoqueiros arrebentarem a janela de um carro e levar a bolsa de uma mulher. Semana passada, dei carona de táxi a uma senhora que acabara de ser assaltada com arma em punho, ao sair do banco. Ontem, um ônibus foi incendiado por bandidos sem qualquer motivo aparente, num dos atos mais bestas entre as muitas selvagerias que esta cidade já aturou.
Não dá vontade de voltar no tempo áureo de BB reinando no imaginário masculino? Bem que disseram que os golpes do rapaz retratado por Leonardo DiCaprio em "Catch me if you can" só deram certo porque era a década de 60, uma época em que as pessoas confiavam nas outras. Como seria bom confiar nos outros e fazer um striking de protesto!

30.11.05

29.11.05

Espírito natalino



Convenhamos que a árvore de Natal da Lagoa é feiosa, sim. De uns anos pra cá até que ficou mais bonitinha, apesar da estrela no alto - um horror! Mas o que ela traz de gente para apreciá-la já faz valer o excesso de luzes e agora, suprema glória da cafonice, das águas dançantes.
Fomos ver o espetáculo das luzes e águas na nossa Vegas tropical. Muita gente de outros bairros, algum aperto e o show. São velinhas e triguinhos, estrelinhas azuis e as agüinhas dançando. As pessoas tiram fotos, compram churrasquinho, cerveja, refrigerante, penduricalhos que brilham em neon, joggers disputam a ciclovia com o povo que passeia à noite, chupando picolé.
As luzes falham, por vezes a chaminha das velas não se acende (as referências são todas no diminutivo: agüinha, velinha, triguinho, foguinho...Afinal, estou acompanhada pelas crianças). As pessoas riem, brincam, caminham. Igual quando eu era criança e saíamos todas as noites para dar uma voltinha até a Praça da Paz ou até o Roxy, sem qualquer objetivo consumista, apenas esticar as pernas e conversar. Quando comento isso com a geração que hoje tem 25 anos, causo espécie. Passear à noite pelo Rio, só em ocasiões especiais, como quando a árvore da Lagoa está acesa.

Levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima

Olhos cansados, corpo moído, nova mudança no campo do trabalho, mas desta vez a recuperação foi ainda mais rápida e com maior rentabilidade que a anterior, graças a um dos anjos que surgem na vida para me levarem a questionar minhas convicções materialistas.
A vantagem de me tornar uma trabalhadora temporária, o que permite renovações constantes e a ampliação do universo de conhecidos.
A rede de amigos telefona (Edu de NYC, Ana C de SP), a notícia corre e todos se congratulam com o novo rumo.
Os meninos seguem firmes, Oto manquitolando com três dedos do pé direito quebrado, Artur animado com a proximidade da vinda para as férias, Hugo lendo o último Harry Potter, Júlia promovendo uma maratona doméstica dos filmes do bruxinho - na platéia, Vanúzia e as gatas, claro - enquanto se prepara para assistir ao quarto no cinema.
O computador, consertado, continua lentium.
Vida que segue.

27.11.05

Poeira, moços e moleza

Um vírus está comendo meu computador. Outro quase estourou meu ouvido esquerdo. O dia ficou lindo, depois de uma viradinha de tempo, mas quem disse que tenho ânimo pra me aventurar fora de casa?
Aqui, só poeira. Limpo as plantas, desço algumas para a varandinha interna do prédio, tiro passarinhos de perto da principal frente de obras.
Minha página está maluca, pouco de meus enfeitezinhos (gatinho, contador de entradas, fase da lua) aparecem. Não sei se o problema está no Blogger ou no computador, que endoidou de vez. Chamarei o moço (tem uma crônica do Fernando Sabino falando sobre essa instituição brasileira, "o moço" - o moço da máquina de lavar, o moço da geladeira, agora, o moço do computador; a variável pro moço é "o homem"), não sei se o último, que, naquelas coincidências cariocas, morou a vida inteira no edifício em frente ao de meus pais, em Ipanema, e agora se mudou para um apartamento pertinho do botequim do Beto, namorado da Maria. Aí eu acho que esse moço, bonitinho, menino, parece o Tom Cruise, está predestinado a ser o guru de meu computador. Amigos me indicam outros moços e o que me atender primeiro será o agraciado com este conserto, para mim, tão vital quanto o funcionamento perfeito de minha máquina de lavar roupas.
Aliás, o moço que conserta a máquina de lavar roupas é o Helinho, dublê de técnico de refrigeração e professor de violão. Conheci o Helinho quando éramos adolescentes e ele tocava banjo no finado bar Western (que ficava numa caveira de burro no Humaitá, onde nem clínica médica deu certo. Atualmente, é um centro espírita-terreiro, onde se bota tarô, I-Ching e se estuda cultura cigana também, creio). Bem, o tempo passou, Helinho casou, descasou, voltou a meu convívio e agora namora uma amiga de outro amigo meu, porque esta cidade definitivamente é uma aldeia.
Já tive também um estofador que era ex-guerrilheiro tupamaro. Mas troquei por uns rapazes muito legais, todos irmãos (uns cinco), que desapareceram no mundo. O que vale é que em frente a meu novo emprego tem igreja, sala dos AA e um estofador. Tem também uma boca de fumo, o que tira um pouco do encanto da rua simpática, pela qual caminho diariamente para comprar coca light na padaria da esquina, na verdade, um armazém das antigas.
A obra foi reduzida, mas continuará por muitos dias. Só farei a parede da sala e as outras infiltrações. Não há reservas financeiras para atacar todos os problemas já. Enquanto isso, estamos cobertos de poeira por todos os poros.

24.11.05

Pescoção


Às 10 pra meia-noite de uma quinta-feira, véspera do aniversário de minha Júlia, só me resta repetir frase proferida uma madrugada, anos atrás, dentro de uma redação:
"E eu pensava que mulher decente não trabalhasse neste horário..."

23.11.05

Em obras



O quebra-quebra recomeça em diversas frentes. O buraco do corredor, finalmente, foi fechado. Uma infiltração imensa na parede da sala, provocada pela papelaria vizinha ao prédio que levantou um andar ilegalmente numa mais valia escondida da Prefeitura, levou à retirada de reboco, massa etc. Dá pra ver os tijolos originais, que lá estão há mais de 62 anos. E na área de serviço, investigamos outra infiltração.
Depois haverá raspação de paredes da varandinha para tirar o chapisco e alisar as superfícies, pintura no corredor e na sala principal. Se eu me animar, ainda pinto o resto da casa. Despesa alta, mas revigorante. Se pudesse, eu bem faria um jardim de inverno...
Adoro obras!

The candy man



Então quer dizer que o grande vilão da "Fantástica Fábrica de Chocolates" é o pai do Willy Wonka, o Christopher Lee encarnando um dentista radicalíssimo, que encerra o filho num aparelho que o impede de relacionar-se com o mundo, igualzinho às mãos de tesoura que o Vincent Price enfiou no Edward...
Ou seja, Willy fica com dentes de cinema, boquinha de moça, jeito andrógino entre Michael Jackson, Walter Mercado e Ishbone Crane, e as crianças se amarram naquele centro de torturas onde ele se encerrou por anos? E os pais das crianças ouvem dele, um biruta sem família e sem amor, lições sobre como educar seus filhos mimados?
O que me espanta é uma atriz que já teve projeção importante como a Helena Boham-Carter viver com o Tim Burton, que fatura em cima da fama de esquisitão, mas que, para mim, deu o melhor de si em "Ed Wood".
(Tá, tudo bem, eu não sou louca por chocolates e não deixo meus filhos se empanturrarem de açúcar. Um mundo dominado pelos doces não é bem minha imagem de paraíso.)
O primeiro Willy Wonka, com Gene Wilder, nunca vi. Mas gostava da musiquinha "The Candy Man", cantada pelo Sammy Davis Jr.

22.11.05

Generation Gap


- Você não pode classificar um filme como chato! - revolta-se meu jovem amigo, com aquela indignação que só temos aos 25 anos.
- Posso, sim. Se eu posso dizer que uma pessoa é chata e pronto, por que não posso falar isso de um filme? - respondo com a tranqüilidade sábia que só conquistamos aos 45 anos.

21.11.05

Metida

Paulo Thiago, autor do Pindorama, (http:///www.ipaco.blogspot.com/), um dos mais interessantes blogs cariocas, fotógrafo inspirado e poeta do cotidiano elevou estas Arenas à categoria de blog de jornalismo gonzo. Imaginem se essas croniquetas dão notícias que ultrapassam o umbiguismo...
Enfim, foi uma referência dentro do belo texto sobre um artigo do Eduardo Graça que saiu no "Valor" de sexta-feira passada e que também foi publicado no Edu do Brooklyn (http://edudobrooklyn.blogspot.com). O blog do Eduardo, digo com a maior das isenções, embora sejamos mais que amigos, é jornalístico com pitadas subjetivas de sua experiência de vida em Nova York nesta era Bush, sem descuidar jamais de um olhar sobre a terrinha, lembrando, de longe de nossos hábitos e da maldita política tupiniquim. Ou seja, é um blog sério. Ainda acho que Paulinho, que escreve linda e filosoficamente sobre Rio, boemia, antropologia e suas musas inspiradoras, além da rede de amigos que arregimenta por onde passa, foi generoso demais em sua classificação sobre este caderno de pensamentos de uma senhora que insiste em manter um hábito de menina. Mas que estou metida à beça, ah, estou!

Ginástica

Hoje no jornal saiu uma nota - todas as matérias lá são tão curtinhas que parecem notas - informando que escrever diário é bom para a saúde, dizem médicos. Evita depressão, Alzeihmer, burrice, esquizofrenia. Tudo, claro. Hoje em dia, faço religiosamente palavras cruzadas como exercício para a mente. Preciso urgentemente comprar aquelas da "A Recreativa", que são bem difíceis, porque Coquetel, convenhamos, é pra criancinha. Atualmente, as do Globo são um vexame de tão fáceis. Acho que a mente nem trabalha tanto assim pra completar as letrinhas ali...
Eu me lembro que um namorado-residente se espantou ao me flagrar fazendo palavras cruzadas. "Coisa de gente velha", ele disse. É verdade. Fui entrevistar Dona Neuma, na Mangueira, e ela me confessou que amava fazer palavras cruzadas. Minha mãe adorava, minha Tia Zélia, tem paixão. Bem, como não exercito condignamente o corpo, ao menos tento preservar a mente. Nunca valeu tanto assim, mas entre perder my looks or my mind, com a mais profunda sinceridade, eu confesso que me apavoraria em ser mentalmente incapaz. Afinal, o corpinho já foi pro brejo mesmo. A cuca, esta segue sem grandes vislumbres ou deslumbres. Mas segue. Escrevendo aqui, que é quase um diário, completando meu diário de papel, que já deve estar em seu trigésimo volume (comecei aos 11 anos, mantive anotações quase que diárias por muito tempo, mas fiquei irregular por volta dos 20 anos, quando a vida era tão agitada que nem dava tempo de registrar o que acontecia. Vieram casamento, filhos, crises, perdas, novas conquistas até que "O Diário de Bridget Jones" me inspirou a recomeçar a relatar meus dias, cinco anos atrás). Então, sigo escrevinhando aqui e acolá, às vezes abrindo dores e júbilos publicamente, às vezes guardando-as para o papel. Os resultados de tanta ginástica mental se eu tiver sorte, constatarei algum tempo pra frente.
(Júlia, deitada em minha cama, preparou-se para assistir "Alice no País das Maravilhas", no Disney Channel. Ressona em berço esplêndido desde que apareceu o jardim da cena inicial, parecido com o que está acima. Um jardim que eu gostaria de ter para ofertar algumas de suas flores ao moço que hoje cedo, largou seu caminhão no Vão Central da Ponte Rio-Niterói de onde se jogou. Quem me contou foi Vanúzia, que se atrasou com o tremendo engarrafamento na Ponte. Os jornais on line nada noticiaram. RIP)

A arte de envelhecer bem

Elaine, um beijo

Semana passada, um dia começou horrível. Abri o jornal, li um nome no Funéreo, reconheci a foto, mas não a pessoa. Em três segundos, entendi que era uma amiga querida de 20 anos, daqueles amigos cariocas, que a gente deixa de encontrar por milênios, mas se senta junto no botequim por acaso e faz confidências sobre o tempo de separação mútua. Elaine conheci em 83, 84. Foi minha única estagiária mais velha que eu mesma. Tinha dois filhos, era casada com um pescador, morava em Niterói. Totalmente diferente da garotinha de Ipanema que vivia com os pais, sem a menor dificuldade para curtir a vida adoidado naquela época.
A vida da gente mudou. Casei, engravidei e ganhei fama de ser "boca de sapo" na redação. Olhava para a mulherada e decretava: "Está grávida". Não dava outra. Estava no refeitório, Elaine senta-se em minha mesa, zangada: "Você, hein? Que coisa!". Indaguei o que havia acontecido. E ela: "Tô grávida, como você disse!". Expliquei que era apenas uma sensitiva, não tinha nada a ver com a concepção em si. Júlia foi a temporã de Elaine. Saí do jornal, tive mais dois filhos. Me separei. Encontrei-a há dez anos, tranqüila após uma mastectomia radical. Animada, namorando, brincando. Passamos juntas um reveillon.
Perdemos contato, mas sempre tive notícias dela, afastada do trabalho diversas vezes para submeter-se ao tratamento. Ela se foi sem nos despedirmos. O Ivson escreveu este texto lindo sobre a Elaine no "Coleguinhas", que reproduzo aqui.

A guerreira
A primeira surpresa com Elaine Rodrigues veio na mesa do nosso bar preferido do Triângulo Alcoólico, localizado no fim da Rua Lara Vilella, bairro do Ingá, Nikiti: aquela mulher era do MR-8, mas, apesar disso, tinha o pensamento claro e ordenado, defendendo, com tranqüilidade e agudeza, as sandices pregadas por aquela tendência do PMDB (você ainda pode lê-las no Hora do Povo).
A segunda surpresa veio logo depois, por meio de colegas mais velhos no Instituto de Artes e Comunicação Social (IACS), da UFF, onde eu cheguei naquele 1980, dois anos (ou coisa assim) depois de Elaine. Eles me contaram um pouco de sua vida e eu vi que ali não havia apenas um cérebro límpido, mas também uma alma poderosa, ao mesmo forte e terna.
A diferença de períodos e de posição política não me permitiram privar mais da companhia de Elaine na faculdade. Essa oportunidade se ofereceu depois, em minhas passagens no Globo, primeiro como repórter, depois como redator e, por fim, como pauteiro. Em todos esses momentos, que se estenderam, intermitentes, entre meados dos anos 80 a meio dos 90, confirmei o que intuíra lá em Niterói: Elaine tinha cérebro privilegiado e alma forte, mas tinha mais- um coração de guerreira. Por possuir essas qualidades jamais se entregou à doença que a matou, depois de mutilá-la. Doença que herdara da mãe e da avó e que a fez pôr a filha em acompanhamento médico aos oito anos.
Da última vez em que trabalhamos juntos, vem o exemplo que sempre dou aos jovens que têm o azar de me cair nas mãos durante os estágios e que não sabem - e não querem aprender - a apurar. Numa noite de fins de 95, Elaine chegou à redação por volta das 23 horas. Deu boa noite de passagem e foi direto ao armário onde ficavam guardados os diários oficiais, pegando o do Estado. Sentou-se na minha frente, na mesa da chefia de reportagem, e folheou o calhamaço até a parte da Secretaria de Saúde :
- Que cê tá fazendo? - perguntei.
- Arrumando pauta pra você. É aqui que saem todas as maracutaias - respondeu, olhando por cima dos óculos, com a clareza de sempre.
A imagem que tenho agora nos olhos, porém, foi da última vez que a vi, aí por 97 ou 98, num fim de tarde, na esquina da Rio Branco com a Ouvidor. Apresentei a Andréa e perguntei o que estava fazendo. Adivinhou?:
- Tô apurando. Descobri uma licitação fraudada na Saúde. Tenho que ir logo pra redação - confidenciou e, toda satisfeita, se despediu.
Vai na paz, guerreira.

19.11.05


Anos atrás era um sábado, Dia da Bandeira e fazia um calor senegalesco. Nas escadas do Palácio Guanabara, eu acompanhava uma homenagem à bandeira comandada pelo Darcy Ribeiro que era vice-governador ou governador em exercício, não me lembro mais. Nem sei que coisas o Darcy falou. Só me lembro que uma aluna de escola pública desmaiou por causa do calorão. As crianças, coitadas, tinham ido participar da solenidade.
Quando eu era criança, em plena ditadura militar, fui avisada que teria 10 em Educação Moral e Cívica se participasse do desfile de 7 de setembro na Presidente Vargas, de uniforme de gala, ou seja, camisa de manga comprida, gravata e boina de feltro branco, combinando com luvinhas brancas. Eu fiz um fuzuê na sala de aula. Disse que achava um absurdo ganhar nota boa apenas por ir marchar na rua. Nem falei em casa, e hoje tenho certeza que meus pais não permitiriam que eu fosse. Eu adorava marchar na época pré-semana da Pátria. Em vez de jogarmos vôlei ou corrermos em torno do nada nas aulas de Educação Física, marchávamos por uma hora. Mas passar vexame na Presidente Vargas era demais para mim. Preferi decorar os símbolos da Pátria, cantar todos os hinos, incluindo o "Salve-lindo-pendão-da-esperança, salve-símbolo-augusto-da-paz", o meu favorito. Tirei nota 8, acho. E ainda fui chamada de antipatriota pela professorinha de direita festiva.
Fui educada para odiar qualquer regime totalitário. Minha mãe odiava Getúlio porque, em menina, fora obrigada a jogar livros de Monteiro Lobato numa fogueira, por ordem das freiras do colégio interno. Papai anulou voto sistematicamente até voltarem as eleições diretas para presidente da República. E se zangou quando me ouviu cantando "Eu te amo, meu Brasil". Mamãe gostava de cantar hinos em geral. Eu também. Adorava "hora cívica", que acontecia uma vez por semana ou por mês, dependendo das determinações da diretoria do colégio, pois cantava, por vezes três a quatro hinos, incluindo "Cidade Maravilhosa". Mal comportada, nunca pude hastear a bandeira, o que vim a fazer uma vez, na Câmara Municipal, convocada, num Dia da Mulher, por ser a única representante do sexo feminino em plenário, além de uma vereadora. Não foi apenas constrangedor. Tinha que hastear a bandeira durante a execução do Hino Nacional e não acabar antes do fim da música. Deu certo, mas eu puxava a cordinha em câmara lenta, apavorada com a possibilidade de errar o andamento e cometer algum ato antipatriótico. Suspirei aliviada ao fim do hasteamento, pois não havia incorrido em qualquer crime lesa-Pátria. Mas fiquei tão preocupada que nem pude curtir o momento de glória em que vivenciei um sonho de infância.

16.11.05

Devoção


(Acabei o "Ripley" que me faltava. Uma decepção.
Os que havia lido antes não eram da coleção Cantadas Literárias, mas do Circo de Letras, que trouxe belos policiais em traduções brasileiras, como O Destino Bate à sua Porta e outros do James Cain, o David Goodiss e Hammets a valer.)
Em minha casa, não havia televisão. Então, a conversa versava sobre livros, cinema e música. Lógico que isso jamais afastaria meu pai da paixão por futebol, mas sendo o único homem numa casa de mulheres - eu, Mamãe, Maria, minha babá, e Andrea, filha de Maria, afilhada de meus pais, e, futuramente, minha comadre -, não encontrava grandes interlocutores para debater a escalação da seleção ou as campanhas gloriosas de seu tricolor de coração. O jeito, então, era falar de livros.
Quem trazia um livro novo para casa tinha que disputar o volume para ler primeiro. Eu, que sempre li em altíssima velocidade, dava a volta nos outros e comia as páginas com os olhos. Papai era lento demais na leitura. Mamãe, dependia. Na fase dos Cem Anos de Solidão, eu me lembro que Papai foi obrigado a dividir a leitura com ela. Quem chegava mais cedo em casa se atracava com o calhamaço e só soltava ao ser vencido pelo sono. Papai, de uma longa linhagem de insones - caso sério: dormia de quatro a cinco horas por noite e olhe lá -, atravessava parte da madrugada lendo, devagarinho o Garcia Marquez. E ficava furioso quando Mamãe e Lícia trocavam idéias sobre capítulos adiante de seu ponto de leitura.
Eu não tinha o menor problema em saber o fim da história, naquela época. Antes de começar a ler, passava pela na última página para saber se haveria um bom desfecho para os protagonistas. História chata, eu largava no meio ou pulava muitos trechos - o que faço até hoje. Mamãe era igual a mim, mas Papai encarava cada volume como uma missão que exigia fervor quase religioso. Uma vez iniciado, só deixava o livro meses depois.
Mamãe, completamente anárquica, lia nas mais estranhas posições imagináveis. Aliás, da mesma forma que há manuais de posições sexuais, deveria haver estudos sobre as estranhas maneiras em que as pessoas se concentram em leitura. Mamãe adorava ler na cama. Quer dizer, ela gostava era de se deitar com o livro e cochilar imediatamente após se deitar. Quando tirávamos o livro de suas mãos, resmungava: "Estou lendo, estou lendo!", mas entregava os pontos. Papai ficava danado, porque achava que poderia danificar as folhas quando elas tombavam sobre o corpo sonolento. Para não despencar de sono, Mamãe decidia ler sentada numa cadeira de balanço. Lá, o estrago era maior: o livro despencava ao chão e, indignada porque a chamávamos para ir dormir na cama, Mamãe saía tropeçando, às vezes, chutando o livro.
Papai se indignava, mas Mamãe acabou desistindo de chegar ao fim de Conversa na Catedral de tanto dormir na vã tentativa de lê-lo. Eu tracei o livro em quatro dias, apaixonada pela prosa de Vargas Llosa, que tanto aborrecia Mamãe. Gosto é definitivamente indiscutível. A mesma mulher que cochilava com Vargas Llosa, virava a noite mergulhada em qualquer história de aulkner, uma leitura nem sempre tão fácil para a maioria dos bons leitores.
Foi nessa época que adquiri um hábito detestável, aprendido com meu pai. Não posso ver alguém com um livro na mão, aberto ou fechado, que preciso saber qual é o título. Faço contorcionismo ocular para descobrir o título dentro de elevadores, ônibus, metrô ou na praia. Sabendo qual é o livro, me parece que vou descobrir quem é seu leitor. Na maioria das vezes, a pessoa está carregando um best seller, um manual de auto-ajuda ou um livro técnico. Cabe a mim, então, imaginar a vida daquele leitor que segue seu caminho sem saber que carrega um objeto de devoção para minha família.

14.11.05

Amores literários


"... há dias em que você se sente tão inspirada, tão cheia de palavras e imagens, que escreve com uma total noção de leveza, escreve como quem sobrevoa o horizonte, surpreendendo a si mesma com o que escreveu... Às vezes acontece de você escrever muito acima da sua capacidade, de escrever melhor do que sabe escrever. E então não quer sair da cadeira... "

Rosa Montero, A Louca da Casa, que me fez entrar numa polêmica amigável no blog da Sonia (www.contandocausos.blogger.com.br), pois não concordo com alguns aspectos do livro, que, na verdade, é um passeio/papo sobre a arte de escrever e o amor aos livros. Esta paixão, este vício que adquiri em família, não transmiti a meus filhos, com, talvez, uma exceção. É difícil, hoje em dia, competir com tantas informações imediatas e tanto conhecimento circunstancial. Há pouco tempo, conversando com Cíntia, falávamos sobre um livro pelo qual ela havia se encantado e eu me lembrei que datava de mais de um ano minha última paixão literária, Possessão, de A.S. Byatt, uma escritora que eu descobrira num livreto de contos, Histórias de Matisse, e, depois, devido ao Anjos e Insetos, filme interessantíssimo, baseado em uma de suas novelas. Mas quando cheguei ao Possessão, foi uma paixonite mesmo. Eu simplesmente não me separava do livro, andava com ele pelo País, carregava-o em viagens.
A primeira vez que ouvi falar neste affair com livros foi numa conversa de minha mãe com uma amiga, Lícia. Ambas estavam lendo Cem Anos de Solidão, e nada, nada mesmo era mais empolgante que o livro naquele momento. Muitos anos mais tarde, numa madrugada, comecei a ler a saga dos Buendia e acabei quando o dia raiou. Foi uma das minhas poucas noites de insônia naquela fase da vida, excelentemente aproveitada, embora o Garcia Marques que mais me envolvesse ainda estivesse para ser descoberto por mim, com a Crônica de uma Morte Anunciada, que li numa viagem entre Ipanema e a Praça Onze, num 464, indo trabalhar no Globo (eu leio rápido mesmo).
Atualmente, intercalo Minha Vida, Uma Farsa com O Menino que seguiu Ripley, com a mesma avidez. Meu primeiro Ripley foi Um Passo em Falso, que lia no Globo, comentando o mau caratismo impressionante do protagonista com um colega, que me aconselhava: "Larga esse homem que ele não presta!". Era uma edição da Brasiliense, da coleção Cantadas Literárias, se não me engano, que, logo depois, lançou O Amigo Americano. Só então juntei os pauzinhos e liguei Patricia Highsmith a seu maior personagem. Eu já gostava muito de policiais, mas pouco conhecia do gênero com profundidade, mesmo tendo passado a adolescência lendo a Coleção Amarela, de Papai, Agatha Christie, Simenon, Chandler e meu amado Hammet. Só quando percebi que Ripley era o canalha interpretado por Alain Delon no Sol por Testemunha, recordei outra conversa de Mamãe e Lícia, que estava lendo o romance (minha mãe só lia Simenon, entre os policiais) e contava que, diferentemente do filme, Ripley seguia impune. Mamãe estranhou e Lícia explicou que o Ripley do livro era fascinante, apaixonante, simpático.
A revelação sobre a "identidade" desses personagens e sua fama literária é como descobrir que seus amigos se conhecem de outras circunstâncias. Dá aquela sensação de que o mundo é pequeno como uma cidade do interior.
Estou com muita vontade de me apaixonar perdidamente por algum livro, andar com ele em tudo quanto é canto, dividir com aquele volume a minha existência. Os outros viciados me compreenderão.

Lá fora é um dia lindo, azul, que terei de encarar a caminho do trabalho, numa véspera de feriado em que eu deveria festejar a República, reunindo amigos para um almoço comunitário, mas que passarei dentro da redação, porque assim é a vida de jornal, que eu havia esquecido há muito.
O trabalho é tranqüilo, a convivência agradável, o local próximo de casa, um projeto jovem e cheio de atitude. A casa retoma um cotidiano mais próximo de mim, crianças entram e saem, novas pequenas reformas planejadas, a rotina inexiste novamente, só preocupações que embranquecem as melenas, incham-me os dedos, turvam-me os olhos e embotam a capacidade criativa.
A troca de mensagens internauta com os amigos espalhados pelo mundo é um tônico neste novembro soturno de minha alma. O verão e seu calor insuportável se avizinham. Que os Stones sejam um sopro de vitalidade antecedendo meu outono.

10.11.05




Há 17 anos, este cara mudou minha vida para sempre!!!!

8.11.05


Em criança tive uma breve porém intensa fase de recusas peremptórias a entrar no banho. Era pequena, Maria, minha babá, me arrastava até o banheiro e eu gritava, desesperada, que a água iria estragar minha roupa (sim, ela acabava me jogando no chuveiro de roupa e tudo) e, percebendo que tal argumento não a comovia, bradava, aos prantos: "Vai estragar minha pele!". Lembro-me perfeitamente da convicção que me invadia ao justificar a falta de necessidade de higiene diária.
Nos últimos 17 anos, não sei quantas vezes obriguei crianças a tomar banho. Eles apresentam todas as desculpas do mundo para postergar a entrada sob os pingos d'água e já não são mais tão pequenos que eram postos dentro da banheira ou instados a entrar nela com brinquedinhos e transformar o ambiente em piscina. Ainda bem que a fase cascãozinho chega a seu fim. Mas dá uma saudade de correr atrás dos molequinhos e mergulhá-los no banho!

7.11.05

Uma casinha assim - apesar de tanto azul - me faria muito feliz.

Pé de pato, mangalô três vezes!


O pé de arruda é para agradar a meus amigos crentes no poder desses talismãs. Tenho três amigos tranqüilamente materialistas. Só. Os demais, sem exceção, professam as mais diversas fés. Boa parte deles é espírita. Alguns são macumbeiros mesmo, mas agora se diz espiritualista. Há poucos católicos, uma taoísta, um reikiano, uma xamãnica. Bem, todos esses meus amigos acham que devo acreditar em divindades de qualquer maneira, o que não consigo assim tão facilmente, não. Para eles, tá aqui meu pé de arruda virtual, que tem a vantagem de não soltar aquele perfume enjoativo das folhas na vida real. Ele deve levantar os maus fluidos que cercaram minha última incursão profissional na véspera de iniciar a próxima.
Afinal, o dia foi bem esquisito. O abre e fecha do tempo impede que a gente se desloque até a praia. Então, dormi até tarde, levantei da cama ao meio-dia fui abastecer no posto da esquina de casa, mas, como sempre, demoraram a me atender, desisti e fui para o asfalto apenas a tempo de ficar presa no sinal, enquanto um carro entrava no meu lugar e era imediatamente abastecido. Segui para outro posto, na Lagoa, aonde esperava tirar dinheiro no caixa eletrônico. Um, do Itaú, fora removido. O outro, do Banco 24 horas, estava com defeito. Segui, então para pegar Hugo na casa de um amigo, em Laranjeiras, e, de láe fui pro supermercado para compras de emergência, que iriam incluir guloseimas se eu não descobrisse que saíra apenas com um pouquinho de dinheiro e nenhum cartão eletrônico. Desisti. Comprei apenas comida para as gatas.
Em casa, continuou a azáfama de menininhas iniciada no sábado, quando Júlia e suas amigas se preparavam para uma festa à fantasia. Hugo ia de Hades, o Deus da Morte, mas acabou desistindo e se vestindo de ninja (calça e camiseta preta, capuz preto). Júlia caprichou e montou asas de algodão em armação de papelão, com haste para segurar uma auréola. Era um anjo. Outra amiga foi de diaba. As demais, de bruxinhas. Logicamente, hoje todas vieram para cá à tarde e ficaram para dormir. O único momento realmente lamentável do dia foi quando o agaporne macho saiu da gaiola e, enquanto tentávamos atraí-lo novamente para a gaiola, voou janelão da sala afora. Vai morrer, mas em liberdade. Tenho que comprar outro macho para acompanhar a fêmea, que choca três ovinhos. Algo me diz que será mais uma ninhada a perecer.
Fora isso, uma tarde movimentada, com meninas correndo pelo apartamento, dando risinhos irritantes, enquanto Hugo permanecia no computador sem dar importância aos sorrisos marotos que elas soltam quando próximas a ele. Júlia declara que sempre quer morar na São Clemente, pois está próxima das amigas, inclusive uma que vive num apart-hotel em frente, onde elas tomam banho de piscina noturno.
Meus amigos que me desculpem e fiquem com a arruda. Para mim, não há talismã melhor que gente e risos.

3.11.05

De Zellwegger a Hoffman


No milênio passado houve um filme que causou furor. Era "Kramer X Kramer", em que Dustin Hoffman de pai tradicional passa a pai presente, pois a mãe, Meryl Streep, o abandona, deixando também o filhinho pequeninho. Como eram anos 70/80, o pai fica totalmente atrapalhado ao ter que cuidar do menino (parece que nos filmes americanos existe uma impossibilidade filosófica de personagens bem sucedidos profissionalmente, como os solteirões do "Três Solteirões e um Bebê", ou a executiva de "Presente de Grego", ou ainda esse publicitário Kramer, contratarem babás) e acaba perdendo seu emprego muito bem remunerado. Na véspera de Natal, ele consegue um trabalho numa agência de publicidade modesta só para manter o menino.
Então, de Bridget Jones, há cerca de um mês, encarno, agora, Kramer.
E igualzinho aos personagens, espero a rendenção através de uma grande remuneração. Por enquanto, a felicidade de ter os melhores amigos do mundo me enche o peito de entusiasmo. Mesmo que o sobrenome de meus intérpretes continue dobrando letras e línguas...


Então, retorno à redação, oito anos depois de ter saído de uma, feliz porque jornal pega a gente como vírus, preocupada com a remuneração inferior ao que recebi por muito tempo, mas entusiasmada por ter que encarar o batente com apenas uma semana de desemprego. Não deu nem para deprimir! E o almoço mexicano volta a meus planos para o próximo feriado.

2.11.05

Finados



Hoje é Dia de Finados e eu iria dar um almoço mexicano. Moro perto do São João Batista, seria perfeito para os mais chegados a um culto aos ossos, entre os quais, naturalmente, não estão meus amigos próximos.
O dia começa pesado. Dormi depois de tomar um bom calmante. Como dizia minha ex-sogra, tecnologia existe para ser usada. Tudo bem que ela é hipocondríaca , ama um remedinho. Uma personalidade fascinante, mulher inteligente, culta, porém maníaca por médicos e doenças.
A festa foi cancelada porque meu novo emprego se acabou abruptamente. Tão abruptamente que não dá nem para me sentir a última das incompetentes. Segundo um colega, minha permanência foi tão breve que não houve tempo para fazer merda. Sem saber que teria um curto momento de glória e felicidade numa função encantadora, cercada de livros por todos os lados e trabalhando a divulgação deles e de autores, acabei gastando algo além do que deveria - caso previsse um futuro incerto próximo, o que deixou todos os meus conhecidos aparvalhados.
Entre minhas imprevidências está a aquisição do mais novo membro de nossa grande família animal: Mel Gibson, uma calopsita amestrada, que me observa escrevendo.
Ontem à noite, pesquisando na Internet, chegamos à conclusão que Mel pode ser Melanie, o que não importa muito, já que é o único pássaro solteiro da casa, atualmente com dois mandarins, dois periquitos, duas rolinhas chinesas e dois agapornes, que estão chocando três novos ovinhos.
Os amigos me cercam de cuidados. Eduardo liga de Nova York. Hugo se preocupa, Artur fica furioso e não sei da reação de Oto. Júlia desconta a fúria limpando a casa. Vanúzia diz que já passamos por coisas piores e corre a jogar na Megasena. Alguns pensam em encosto, outros prometem vingança e detração contra quem me iludiu.
É o calor deste abraço amoroso que me tira da cama.
A vida continua.

31.10.05

Fim de festa

De um golpe o chão sumiu, mas vai surgir outra vez.
Ousei, perdi.
Mais uma chicotada do destino.
Ainda bem que aprendi a fazer curativos e encontrar ungüentos que ardem, mas curam.

26.10.05

Doze meses virtuais

Ontem completou-se um ano de minha primeira incursão escrita no mundo virtual, com a publicação de uma crônica no Sem Graus de Separação, o meu espaço no Multiply, que tinha Arenas Cariocas como título da seção Journal. Isso porque o Multiply é todo dividido, arrumadinho como um jornalzinho. Então eu defini o "espaço" como Minha Praia, vindo daí todas as associações a que isso poderia remeter.
As areias se espalharam para o blogspot em dezembro, ainda como back up do Multiply. Aos poucos, foram se empilhando em montinhos e hoje o Arenas é maior que seu canto original.
Ao longo do ano fiz dieta três vezes a sério, não retomei as caminhadas pretendidas umas 300 vezes, emagreci três a quatro quilos rapidamente recuperados, troquei o tom das madeixas de louro cocker spaniel para castanho mezzo escuro (não adianta que a tinta é completamente desmoralizada pelo sol em São Sebastião. Meu cabelo teima em clarear, mesmo tingido), pintei as unhas de preto, marrom, vermelho, branco e "glitter", fiquei bochechuda como um buldogue, igualzinha a minha avó Olga, escrevi muitos contos, dei deliciosos almoços, peguei praias magníficas, lambi minhas crias, adotei mais duas gatas, uma morreu, outra sobrevive serelepe, promovi a adoção de três gatinhas, perdi dinheiro, passei perrengues financeiros brabos, me recuperei with a big help from my friends, comprei um viveiro para uma infinidade de passarinhos, tive peixes beta de variadas cores, assiti a bons filmes, li muito, ri mais ainda.
É bom registrar a realidade virtualmente.

24.10.05

Televida

A Coca Light mudou de sabor e deixa um travo adocicado na boca depois de bebermos.
Lembro-me da primeira Coca Light, na época, Coca Diet. Era horrível. Convenci-me a beber lendo o rótulo: "Menos de uma caloria" na garrafinha média. Daí pra frente, larguei o café e caí na Coca dietética. Pensei que ia me livrar da dependência agora, estava até comemorando meu retorno para a água e apenas o mate. Mas a cafeína deles é melhor, mais intensa, mais forte e já me viciei.
Afinal, é a única coisa que me acorda de manhã, quando chego ao trabalho e abro uns 35 e-mails que me oferecem produtos para aumentar o tamanho do pênis com o qual não fui aquinhoada, garantir os orgasmos de minha parceira sexual, ganhar a herança de morto na tsunami que, por acaso, vivia no Gabão e nunca teve herdeiros, apenas um gerente de banco picareta que achou justíssimo me escolher para dividir a fortuna do defunto, emagrecer dormindo, adquirir os mais arrojados modelos de relógios suíços por menos de dez dólares, comprar casas em Guarujá, Ubatuba e São Sebastião, receber toneladas de Viagra a preço baixíssimo, experimentar praticamente de graça o novo Repelétron, que acabará com os mosquitos em minha casa. Há também um e-mail assustador em que uma pessoa amiga me informa que sou vítima de traição amorosa, enquanto outro me convida a participar de um clube de swing. Também chegam e-mails de organizações de cobrança informando sobre meu débito com a Tim, embora meus telefones celulares sejam da Vivo.
Naturalmente, esses são e-mails de spammers ou hackers, todos deletados só com a leitura do enunciado. Mas chegam outros realmente destinados a mim que são de lascar. Além de todos os meus amigos que adoram me passar correntes de santo Antônio, São Benedito, Santo Daime, São Judas Tadeu, Dalai Lama, espírito de Emanuel e outras rezas, há as mensagens de motivação para a vida (que eu, definitivamente, ODEIO) e o ataque das assinaturas de jornais e revistas. Não há semana em que eu não receba uma oferta incrível de assinar Veja, Caras, Cláudia, Nova, Marie Claire, Elle, Atrevida, Capricho, Casa Cláudia, Superinteressante, Casa e Jardim, Galileu e Vip.
É tão certo quanto as incomensuráveis ofertas da NET para eu fazer um novon plano de TV a cabo, que me dará um prejuízo certo, já que há apenas mais dois ou três canais de filmes e 25 canais de ... música. Vem cá, as operadoras ainda não descobriram que existe rádio pra quem gosta de música? E a empulhação daqueles canais como o Canal Rural, o Shopping Time, a Rai (uma das piores programações do mundo; só tem programa cafona com mulheres lindas apresentando. Ou seja, dá raiva porque são umas drogas de programa e porque as mulheres são um escândalo de belas!), a RTP (só para a gente rir, porque, rigorosamente, pouco se entende do que os lusos falam, naquela velocidade impressionante. A programação também é de matar), a TV Senado, o estranhíssimo canal 06 (que passa umas entrevistas sobre Teosofia e Esperanto, um show de calouros tristíssimo, com mocinhas que dançam mal, cantores que devem cantar pior ainda, mas que a gente não ouve nada, porque o som inexiste), a TV Universitária. Nem me arrisco a dizer nada sobre o canal alemão, que só tem noticiário, parece. A TV 5 até passa uns filmes razoáveis, mas nos sábados à noite tem um programinha de auditório rastaquera, com uma gente que gosta mesmo é de ouvir cantores cafonas e românticos, como o Alejandro Sanz. A BBC é chata demais. Tudo na BBC é chato. Algumas séries deles são mais tediosas que programa musical da TVE. Eu vi um Robin Hood que dava sono.
Nem sei mais se existe a TV Turfe. A única pessoa conhecida minha que assistia aquela chatice era a Júlia, pequenina, porque apareciam cavalinhos. Aos poucos, ela substituiu o canal dos viciados no Jóquei Club pela Animal Planet, que virou fundo musical na minha casa. Já vi séries sobre a vida dos suricatos, o Diário dos Grandes Felinos, Plantão Veterinário, um outro programa em que policiais vão resgatar animais vítimas de maus tratos. Tem até uns programas em que se fala qual é o animal mais forte sobre a terra, qual tem o veneno de atuação mais rápida, essas informações extremamente úteis numa metrópole. Sem contar com uma infinidade de especiais sobre cobras, jacarés e hipopótamos. De todos os canais desnecessários na vida, o Animal Planet é dos melhores.
Pagar por esses canais é a mesma coisa que pagar IPVA ou imposto de bombeiros. Bitributação enganosa, ora! Mas tudo vale a pena quando se quer botar uma criança para dormir e já acabou seu estoque de cantigas de ninar. É só ligar no leilão de jóias ou no leilão de tapetes. Ninguém resiste. O sono domina fácil, fácil.

Depois da chuva



A gente acorda com um estrondo, antes das 6 da manhã, e é uma tempestade violenta, daquelas de livro de Somerset Maughan nos Mares do Sul. As tormentas dele eram no Pacífico, as nossas são no Atlântico. Parece fúria dos céus com o resultado do referendo.
A Rua São Clemente se transforma em rio, enquanto no Amazonas os córregos viraram terra.Corro até a varanda, carrego as gaiolas de passarinhos da chuva para longe da chuva, deixo as vidraças escancaradas mesmo. Penso seriamente se devo ou não tirar todos os fios de eletrodomésticos das tomadas, mas só me animo a desligar o moden da banda larga. Volto para a cama, Hugo desceu para confirmar que a São Clemente é um rio caudaloso e não temos como sair para a escola de carro ou a pé. Ele, feliz, adormece.
A "Mad" publicou, no milênio passado, charges com 'momentos de felicidade'. Os que nunca esqueci era:
- Acordar sobressaltado, atrasado e constatar que é sábado;
- O dentista dizer que você só precisa de uma limpeza nos dentes;
- A professora faltar no dia da prova de Matemática.
Um desses momentos de intensa felicidade é mostrado nas últimas cenas do filme "Esperança e Glória" de John Boorman. A escola é bombardeada e, no meio do tumulto de crianças correndo e professores impedindo que eles entrem, um garotinho se vira para o céu e grita "Thank you, Adolf!". Só tive esta alegria uma vez. Em meu último emprego, nosso andar foi inundado por um problema nos sprinklers e acabamos não tendo que trabalhar. Hoje, permiti que Hugo experimentasse tal felicidade imensa ao faltar aula por total impossibilidade de chegada ao colégio. Minha Júlia, que entrava mais tarde, insistiu e conseguiu ir para a escola, quando as águas baixaram.
E agora o céu está azul, faz um solão na Cidade. Vai entender este tempo pós-tsunami...

23.10.05

Quatro Graças do Edu, Eliane (que é quase uma Graça honorária) e Manoel, que não é do Edu, mas é uma graça de pessoa, na noite da Regina.

21.10.05

Filmes para sorrir e chorar

Impossível ver "The Glenn Miller Story", apesar de todos os seus clichezões de dominação cultural facilmente detectáveis por qualquer patrulheiro ideológico, e não se emocionar com a melhor música dançante do planeta...Uma cena memorável é quando Glenn Miller bota a banda militar a tocar dobrados como blues. O coronel quer se matar e mandat todo mundo pra corte marcial, mas eles acabam indo tocar "In the Mood" na França. Deve ser tudo mentira. Mas é bom demais. Ninguém interpretava um homem bom como o James Stewart. Melhor que ele só as saias rodadas e engomadas da June Allyson. Impressionante como aquelas saias não amassavam nem perdiam os gomos.
E eu nem me lembrava que a direção era do Anthony Mann, que adorava fazer dobradinha com o James Stewart. Posted by Picasa

20.10.05

A noite era da Regina e da Fátima Valença, que também lançava seu livro na Argumento do Leblon. Uma noite idealmente carioca: gente agradável, alegre, todos felizes com as amigas escritoras. Eu, nem parecia que estava trabalhando, pois encontrei tantos queridos que há muito não via...
Enquanto Regina e Fátima se esmeravam em escrever belas dedicatórias nos livros, a gente brincava, beijava, abraçava e ria. Enquanto não recebo as outras fotos - as em que nós, reles mortais estamos, vai a primeira, da Regina com seu mais célebre admirador... A mulherada suou frio (menos eu que, como todos sabem, gosto do Chico compondo, mas nunca achei que fosse uma beleza tamanha; minha mãe é que enfiou um pôster do Chico no meu armário, dizendo que eu deveria achá-lo lindo... As mães também podem ser ridículas em seu tesão reprimido por temor aos maridos...)
Francisco Buarque de Hollanda não foi o único VIP. Tinha Chico e Eliane Caruso, Alcione Araújo, Antônio Bernardo e muitos, muitos jornalistas mesmo!!! Saroldi, a quem não via desde os tempos de coral, P.H., a quem não encontrava desde a malfadada viagem a Itaipava, Sandra Chaves, Custódio e Chacel - esses, nem me lembro mais quando foi a última vez em que conversamos -, Sílvio Essinger, um povo imenso que é melhor nem citar para não ofender os omitidos. Lógico, tinha o Petropovo e também as onipresentes Graças do Edu. Foi é bom!!! Posted by Picasa

17.10.05

Dia do comerciário

Adoro feriados mesmo que não possa aproveitá-los. A cidade esvazia, o trânsito melhora por um dia apenas, a vida fica mais fácil. Com a cidade deserta, aumenta minha paranóia de assaltos, embora o dia esteja lindo e ensolarado. Percebo a aproximação de um menino de rua, ou melhor de um rapaz de rua, completamente trincado. Disfarço, faço que procuro um número nos três únicos edifícios do quarteirão - e um deles é a Academia Brasileira de Letras, ou seja, nem o meu algoz imaginário se ilude com a performance, que inclui menear de cabeça e resmungos em voz alta. Enquanto ele também finge que não vai me abordar, mexendo numa lixeira, passo direto, caminhando com a firmeza e velocidade que minhas plataformas de 9 centímetros (estou com 1,72 m acima delas, uma giganta!) permitem. A altivez que demonstro não o faz desistir. Ele pede um trocadinho qualquer para comprar comida ou pagar uma passagem de ônibus, não consigo compreender seu modo de falar com os olhos brilhando e a boca cheia de água. Puxo as últimas moedas da bolsa, murmurando uma desculpa porque "hoje tá mal, querido". Ele compreende, enquanto agradece, solidário: "Tá ruim pra todo mundo, minha tia".
Na segurança do escritório, observo um casal louro de turistas tranqüilamente fotografando os jardins do Palácio do MEC, totalmente descuidados, sem o menor temor de assaltantes drogados à espreita dos incautos. Telefono para pedir meu almoço, o calor não anima volteios pelas calçadas sem sombras. O sistema de computação do restaurante está fora do ar, me explica a atendente, perguntando se eu posso estar ligando em cinco minutos. Lógico que posso, informo. Afinal, o computador também faz feriado e ninguém num restaurante pode anotar um pedido a lápis. Isso é tão anacrônico quanto fazer qualquer soma ou subtração de cabeça, no comércio carioca. Ninguém vive sem computador, sem calculadora e sem empregar erroneamente o gerúndio, caprichando na fala anasalada, tentando um sotaque paulistano que algum gênio do telemarketing considera a mais polida forma de tratar um cliente. Lógico que há exceções. A Vivo não tem atendentes com tal sotaque, pois eles ficam na Bahia e só faltam bater na gente por telefone. Meu celular pode ser cortado porque não recebi a conta do mês passado e, portanto, não a paguei. Problema meu. Deveria ter sido previdente e, ao perceber que a conta não vinha, correr a uma loja da Vivo para pegar uma segunda via.
O problema é que minha rotina de incessante contribuinte de empresas públicas me atordoa a ponto de eu não saber o que foi pago ou não. Algumas vezes, pago duas vezes a mesma conta. Como aconteceu com a Light. Paguei duas vezes a conta de agosto. Então, fui avisada de que poderia ter a energia cortada, pois o pagamento duplicado foi compensado em ... outubro, não em setembro. A lógica dessas compensações não me compete descobrir. Melhor pagar a conta atrasada sem chiar para não gastar tanta energia própria.

Músicas que provocam sorrisos


Esta é uma das que levam todos a dar um meio sorriso, cantar em corinho e lembrar de uma alegre cena do "Deer Hunter", com Christopher Walken, John Savage, Robert DeNiro, John Cazale e George Dzunza cantando, jogando sinuca e dançando. Meia hora pra frente, o filme cai em baita depressão.

Can't take my eyes off you (Franki Valli)

You're just too good to be true
Can't take my eyes off you.
You'd be like Heaven to touch
I wanna hold you so much
At long last love has arrived
And I thank God I'm alive
You're just too good to be true
Can't take my eyes off you.
Pardon the way that I stare.
There's nothing else to compare.
The sight of you leaves me weak
There are no words left to speak,
But if you feel like I feel,
Please let me know that it's real.
You're just too good to be true.
Can't take my eyes off you.
I love you, baby,
And if it's quite alright,
I need you, baby,
To warm a lonely night.
I love you, baby.
Trust in me when I say:
Oh, pretty baby,
Don't bring me down, I pray.
Oh, pretty baby,
now that I found you, stay
And let me love you, baby
Let me love you.
You're just too good to be true
Can't take my eyes off you
You'd be like Heaven to touch
I wanna hold you so much
At long last love has arrived
And I thank God I'm alive
You're just too good to be true
Can't take my eyes off you
I love you, baby,
And if it's quite alright,
I need you, baby,
To warm a lonely night.
I love you, baby.
Trust in me when I say:
Oh, pretty baby,
Don't bring me down, I pray.
Oh, pretty baby, now that I found you, stay.
And let me love you, baby, let me love you...

14.10.05

Zappa já!!!


Combinado: na quarta-feira, dia 19 de outubro, todo mundo na Argumento pra levar um "Doce Lar" e beijar a Regina. A pergunta é: será que o Chico vai????

Pintou Nobel pro Pinter

Copyright by Eduardo Graça, que exultou - como muita gente - com o Nobel do Harold Pinter.

Não agüento mais


A gripe mutante cata partes de meu corpo até então incólumes para atacar. Já me deixou totalmente 'endubida', já me matou de dor no corpo, já me acabou de dor de cabeça. Agora, quando as narinas estão livres e a garganta limpa, os olhos incharam e convivem com uma poeirinha que se diferencia de conjuntivite porque esta é uma areinha. E o sono? Eu que durmo cerca de cinco horas entrecortadas por idas ao banheiro, visitas ao quarto do filho que deixou a TV ligada, carregamento de gatas para a cozinha, porque lugar de bichana é no borralho, tenho apagado por NOVE horas/dia!!! Desfaleço de tanto cansaço.
Aí vêm os fantasmas. Embora não tenha hipocondria declarada, é só ler um artigo sobre pólipos no canal auricular para sentir dor de ouvido e me preocupar. Pelo tempo da leitura, claro, mas os sintomas imediatamente aparecem. A prostração me lembrou a síndrome da fadiga extrema, uma doença rara, da qual sofre o Sean Connery. E logo me esqueci da fadiga para constatar que o novo James Bond será o feioso mas charmoso Daniel Craig, já apontado pelos noticiários como o primeiro 007 louro. Esqueceram do Roger Moore, o segundo Bond.
O que um resfriado que se apossa de meu ser não causa em minha mente...
(pra quem não conhece Roger Moore, o moreninho na foto é o Tony Curtis, muito mais ator e rei das comédias malucas da década de 60, que, nos anos 70, com Moore, fez a série de TV "The Persuaders". O tempo passou...)

11.10.05

Fiesta, fiesta

Meu PC voltou, com teclado e mouse novos. Por algum motivo estranho, os antigos ficaram incompatíveis com a máquina. O HD deu tilt, tudo parou e agora todos funcionam regularmente, embora ainda não saiba manusear este mouse de alta precisão e sensor ótico. É tão preciso, que tudo desliza sob meus dedos...
Amanhã tem feriado em meio de semana, que eu ADORO!!! Um dos principais motivos de eu gostar tanto desses feriados soltos é que, além de darem um intervalo adorável na azáfama diária, parecem propícios a um festejo rápido. Então, eu chamo os amigos, geralmente pretextando uma celebração cívica (Tiradentes, 7 de setembro), e fazemos a festa. A de amanhã, promete. Afinal, é Dia da Padroeira do Brasil, Dia da América, Dia das Crianças e Dia de comemorarmos meus 45 anos e uma semana!!!! Dou motivo e local, os amigos trazem iguarias, pois cozinhar continua sendo sinônimo de tortura para mim, esquecemos de discutir assuntos sérios - corrupção no governo, custo de vida ou referendo - rimos alto, cantamos e batemos fotos.
Na quinta-feira? Na quinta-feira daremos mais risadas e faremos dieta.

10.10.05


Júlia:"Mamãe, é bom ver uma pessoa crescer?"

Definitivamente, Júlia, é maravilhoso.

6.10.05


Novo ano judeu, novo ano chinês, novo ano meu. Começo a me desvencilhar desta gripe que não parece querer me deixar. O dia tenta se acabar, nublado como eu, abafado e estouvado como eu.
Novo visual para cá. E a vida entra no melhor dos eixos.