21.11.05

Ginástica

Hoje no jornal saiu uma nota - todas as matérias lá são tão curtinhas que parecem notas - informando que escrever diário é bom para a saúde, dizem médicos. Evita depressão, Alzeihmer, burrice, esquizofrenia. Tudo, claro. Hoje em dia, faço religiosamente palavras cruzadas como exercício para a mente. Preciso urgentemente comprar aquelas da "A Recreativa", que são bem difíceis, porque Coquetel, convenhamos, é pra criancinha. Atualmente, as do Globo são um vexame de tão fáceis. Acho que a mente nem trabalha tanto assim pra completar as letrinhas ali...
Eu me lembro que um namorado-residente se espantou ao me flagrar fazendo palavras cruzadas. "Coisa de gente velha", ele disse. É verdade. Fui entrevistar Dona Neuma, na Mangueira, e ela me confessou que amava fazer palavras cruzadas. Minha mãe adorava, minha Tia Zélia, tem paixão. Bem, como não exercito condignamente o corpo, ao menos tento preservar a mente. Nunca valeu tanto assim, mas entre perder my looks or my mind, com a mais profunda sinceridade, eu confesso que me apavoraria em ser mentalmente incapaz. Afinal, o corpinho já foi pro brejo mesmo. A cuca, esta segue sem grandes vislumbres ou deslumbres. Mas segue. Escrevendo aqui, que é quase um diário, completando meu diário de papel, que já deve estar em seu trigésimo volume (comecei aos 11 anos, mantive anotações quase que diárias por muito tempo, mas fiquei irregular por volta dos 20 anos, quando a vida era tão agitada que nem dava tempo de registrar o que acontecia. Vieram casamento, filhos, crises, perdas, novas conquistas até que "O Diário de Bridget Jones" me inspirou a recomeçar a relatar meus dias, cinco anos atrás). Então, sigo escrevinhando aqui e acolá, às vezes abrindo dores e júbilos publicamente, às vezes guardando-as para o papel. Os resultados de tanta ginástica mental se eu tiver sorte, constatarei algum tempo pra frente.
(Júlia, deitada em minha cama, preparou-se para assistir "Alice no País das Maravilhas", no Disney Channel. Ressona em berço esplêndido desde que apareceu o jardim da cena inicial, parecido com o que está acima. Um jardim que eu gostaria de ter para ofertar algumas de suas flores ao moço que hoje cedo, largou seu caminhão no Vão Central da Ponte Rio-Niterói de onde se jogou. Quem me contou foi Vanúzia, que se atrasou com o tremendo engarrafamento na Ponte. Os jornais on line nada noticiaram. RIP)

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