26.11.07

A raspa do tacho



Minha bela caçula chega aos 14 anos.

Há coisas que já não faço mais pelo rock'n'roll. Uma delas é não ir ao Maracanã ver o Police. Como já assisti a dois shows do Sting e ele é o que mais me agrada no grupo - tá, isso soa como heresia para aquela turma que venera Pink Floyd e Led Zeppelin, mas eu gosto é de música, jazz e blues e rockão raiz -. vou não. Também fui a um show no Canecão do Stanley Jordan acompanhado pelo Andy Summers e pelo Stewart Copland, então... já vi todo mundo tocando, ainda que separados.
Minha última experiência no quesito tentativa de suplantar o excesso de peso e idade foi desistir de assistir aos Stones em Copacabana. O Police era melhor, no Maracanã, onde já havia visto Sting e Paul McCartney (diversas gestações me levaram a perder shows como o de Tina Turner, um Rock in Rio que tinha Santana e otras cositas mas), gramado (pisar na grama do templo do futebol é sempre uma delícia), tranqüilo. O preço, no entanto, me levou a recuar sabiamente. Afinal, ia gastar mais que um salário mínimo em entradas. Acabou que Hugo vai viajar com a turma da escola, minha amiga conseguiu duas cadeiras permanentes para assistir ao show lá looooonge do palco e eu verei pela TV mesmo.
Mas nas próximas duas semanas será um bombardeio de Police. Começou com minha vizinha adolescente e desafinada. Certamente comprou um greatest hits da banda e já começou a disputar quem esganiça mais nos adultos, ela ou Sting. I'll send an SOS to the world...

23.11.07

A árvore de Natal da Lagoa terá 85 metros de altura, três metros a mais que a do ano passado. A primeira árvore, montada em 1996, tinha a metade desse tamanho.
A pergunta que não quer calar: a geringonça cresce ano a ano pra quê????
Resta saber como será a decoração da vez. Afinal, além de aumentar suas dimensões, os responsáveis pela árvore também se esmeram em, todos os anos, tornar a decoração mais e mais cafona.

19.11.07

O insondável raciocínio da burocracia

Alguém inventou e tem gente acreditando que o Brasil é um país informatizado, com uma população alfabetizada, capaz de se orientar perfeitamente pelas searas da Internet.
A Rede Estadual de Educação do Rio exige que seus alunos agora façam a pré-matrícula pela Internet. Naturalmente, esses alunos dispõem de computadores e, mais que isso, de pais totalmente familiarizados com a utilização das máquinas. Semana passada, uma vizinha de Vanúzia, minha empregada, enviou cópias de documentos e uma relação de escolas onde gostaria que seu filho estudasse. Entrei no site da Secretaria de Educação, preenchi um formulário, demorei uns bons dez minutos até compreender como faria a escolha das escolas, e gravei a ficha de inscrição em um CD para que ela imprimisse em uma lan house. A Secretaria, logicamente, acredita que não apenas sua clientela tenha computadores e conhecimentos para operá-los, mas também impressoras.
Agora, leio que as autoridades de Educação estão preocupadas porque os formulários têm chegado com somente uma escolha de colégio, em vez de cinco, conforme as claríssimas instruções - que não existem (o site traz a ficha, a gente se vira pra descobrir o que fazer com ela e como montar a relação de escolas).
Em vez de imaginar que estamos no Primeiro Mundo, não seria mais prático as escolas reservarem um computador e um funcionário para inscrever seus alunos em outras unidades? Ou manter um convênio com lan houses para cumprir a tal exigência? Ou melhor que isso, perceber que não adianta tanta sofisticação para facilitar os registros se não formamos pessoal habilitado para completá-los.

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Uma grande amiga é professora do Município do Rio de Janeiro, mas há pelo menos 10 anos ela trabalha em Niterói, numa permuta com outro profissional daquela cidade que quer trabalhar aqui. Um processo comum no sistema de ensino das duas cidades. Há cerca de dois meses, a pessoa com quem ela permutava a vaga se aposentou e outra colega se ofereceu para substituí-la. Foi quando minha amiga descobriu, então, que desde 2003 a Secretaria de Administração carioca proibiu as permutas, mas que tudo poderia ser resolvido desde que peregrinasse entre diversos órgãos para obter a tal substituição.
No início de novembro, ela foi notificada de que precisava imediatamente apresentar-se em uma escola de um subúrbio carioca. Seus alunos, em Niterói, ficariam, então, sem aulas, mas ... e daí? Afinal, o ano letivo está acabando mesmo, há pouco conteúdo a ser passado, daqui a pouquinho começam as provas finais e recuperação...
Aqui no Rio, ela também não tem o que fazer já que ... não há conteúdo a ser ensinado nos últimos dez dias letivos nem turma necessitando de seus serviços. Por que, então, não deixaram que ela terminasse o ano em Niterói para, no início de 2008, alocá-la em outro colégio com turmas novas?
Há mais mistérios entre o céu e a terra do que imagina nossa vã burocracia.

15.11.07

Beijar, beijar, beijar


No blog da Sonia, rolou um debate sobre o hábito de beijar e a força emocional dos abraços.
Como colonizados que somos, temos intensificado muito os abraços, igual aos americanos de miniséries, que beijam os filhos na boca, mas se despedem com um sempre constrangido agarramento de braços. Amigos que vivem por lá dizem que é isso mesmo, os carinhos públicos são raros.
O hábito carioca de distribuir beijos e abraços gera situações bastante difíceis. Não chega a ser constrangedor, mas sempre surge a dúvida se devemos beijar médico, dentista, gerente de banco assim que estabelecemos uma relação mais intensa, ou seja, na segunda ou terceira consulta. Decidir quando beijar no rosto é tão crucial, nesses casos, que o eterno dilema feminino sobre sexo no primeiro encontro.
Duro mesmo é em reunião de negócios. Sempre chegamos de mão estendida, mas na saída... Afinal, quando conhecemos socialmente alguém, já vamos sapecando beijocas nas despedidas.
Aos homens brasileiros restou a opção de beijar ou não as mulheres. A dessacralização do ósculo (assim eu volto à vida acadêmica) como traço de união familiar começa, se não me engano, na década de 70, quando passamos a beijar os amigos de outro sexo. Hoje, dentro da beijação generalizada, os moços já trocam beijos de cumprimento, principalmente pais e filhos, algo proibido quando eu era criança.
Agora, tem que haver um pouco de limite, né? Na primeira posse do Lula, o período de permanência na fila do beija-mão foi mais longo do que as três horas regulamentares. Afinal, abraços e beijinhos sempre são acompanhados por carinhos sem ter fim.

13.11.07

O pecado


Assistindo ao edificante reality show "Brasil's next top model", onde belas mocinhas magriças disputam um lugar sob os refletores, constato que a estética realmente vence qualquer tipo de desvio de caráter. No episódio da semana passada, uma das concorrentes, que fotografa mal, é baixa, tem o corpo coberto por tatuagens e, não apenas pelo tipo físico, faz o gênero bad girl, deu chiliques contínuos e sucessivos, absolutamente descontrolada. Sempre que ela aparece está chorando, brigando, falando mal de todas as outras gurias, que se afastam da descompensada.
Os jurados, no entanto, preferiram eliminar uma moça mais alta, muito mais bonita, e doce. Afinal, a desprezada incorreu em um descomprometimento grave para a carreira de cabide andante: gosta de comer e "engordou", ou seja, passou dos 50 quilos distribuídos por quase 1,80m para 51 kg.
Segundo a psicóloga Joana Vilhena de Moraes, coordenadora do Núcleo das Doenças da Beleza da PUC, estar acima do peso virou transgressão no Terceiro Milênio. E não é pelo aspecto da saúde, não. É estético mesmo. Melhor ser ridícula, como algumas atrizes e apresentadoras de TV, do que incorrer no grave pecado de permitir que o tempo imprima marcas no organismo.

Aforismos


Quem se deprime, vivo está.



Para cair na real, nada como um bom supermercado.

7.11.07


Saudade surge do abstrato, do momento, não de gente, de sensações, de sentimentos, de vivenciar, de rir, de certezas, de olhos brilhantes, de pranto em filme de Zefirelli, de quando a solidão não era um estado da alma.
Depois, só depois, vem a saudade de gente.

Toby, um dos três sobreviventes do acidente que matou quase toda uma família em São Paulo. (Acidente daqueles que fazem o mais empedernido ateu imaginar se fatalidades são guiadas por leis espirituais).

5.11.07

Mais uma do Cesar Maia

Há cerca de um mês, a prestimosa Prefeitura carioca derrubou trechos de meio-fio e implantou rampinhas para facilitar a travessia de carrinhos de bebê, de compras e cadeiras de rodas nos sinais. Achei louvável a iniciativa até que... no temporal de domingo descobri que, na São Clemente, as rampinhas contribuíram para a formação de novos bolsões d'água nas exíguas calçadas. Antes das rampas, não havia tais poças. Agora, diversos pontos têm de ser percorridos com tornozelos submersos.
Gente, não ensinam cálculo na Escola de Engenharia, não?

3.11.07

Há 28 anos



... assisti a "Menino do Rio" no Roxy. Era ruim, muito ruim. Passadas quase três décadas para reviver tal experiência, comprovo: é ruim, muito ruim, tão ruim que chega a ser bom de rever.

"Menino do Rio" tem erros técnicos, erros de continuidade, de produção, de câmera, de tudo o que é possível, além de contar com um desastroso elenco, tirando Rogério Fróes, Jacqueline Laurence e Adriano Reis. Evandro Mesquita melhorou muito como intérprete, mas a voz continua a mesma. Os cabelos, quanta diferença. André di Biasi era lindo - e péssimo. O elenco jovem era pior que o de "Malhação".

E tem a melô do incesto "Garota Dourada/quero ser teu irmão, eu sou teu irmão-namorado". Acho que Caetano não permitiu o uso de sua canção no desastre que é o filme. Ruim de doer. Sem costura, sem direção. Com cenas constrangedoras, como a do banho de cachoeira e passeios pela mata com o casal de protagonistas sem roupas, usando grinaldas de flores nos cabelos, numa releitura do Jardim do Éden ou da Lagoa Azul. Algo que sequer consegue ser besteirol. Como os anos 80.