25.2.08

Momento caderno feminino

A greve dos roteiristas de Hollywood tirou um pouco do glamour da entrega do Oscar, mas também encurtou consideravelmente a premiação mais hipócrita da indústria cinematográfica.
A zebra da noite ficou com Tilda esquisitona Swinton, mas, de resto, foi tudo previsto, incluindo o - desculpem, adoradores de filme paradão - a chatice dos irmãos Coen - e olha que eu gosto de quase TUDO o que eles fazem. Aqueles sotaques pesadões e até o psicopata o Barden não me comoveram. Tudo muito tedioso.
Mas, agora, vamos ao que interessa MESMO!!!! As roupas, as jóias, os penteados...



O que na vida leva uma moça tão bonita como Marion Cotillard destroçar a imagem da alta costura francesa com o vestido "Barbie Noiva Sereia", do Jean Paul Gaultier? Crime lesa-pátria, que, todos os fashionistas dirão ter sido perfeito. Me poupem, me poupem.



Na categoria Cher-Bjork, Tilda Switon arrasou, abiscoitando o título de ser mais estranho da noite.



Mas sempre haveria que lutasse bravamente no quesito roupa menos adequada para mim. A vencedora foi a gritalhona Showgirl, que emagreceu sem aprender que mulheres de peito precisam recobri-los de outras maneiras.



Fazendo a linha "fui stripper, sim, mas agora sou literata", Diablo Cody customizou uma fantasia do Bafo da Onça. Lembrou-me em diversos carnavais na década de 70, quando eu me enrolava em um corte de oncinha que ganhei para fazer um vestidinho. Embora jovem e destemida, jamais enverguei fora do Carnaval. Tão vendo como faz falta carnaval pra algumas pessoas?
Por fim, as rainhas do charme da terceira idade, Helen Mirren e Julie Christie, puseram no chinelo algumas das estrelas mais jovens.



Na disputa como grávida mais majestosa, Cate Blanchett ganhou de Nicole Kidman, que, por sua vez, portava fios de diamantes que caem bem no colo de qualquer mulher.


E, na premiação mais européia dos últimos tempos, nada como lembrar os sempre gracinhas Johnny Depp e Daniel Day Lewis, aquele irlandês cheio de borogodó, da estirpe do Gabriel Byrne. Afinal, nem só de modelitos lindos vive o imaginário feminino, né?

24.2.08


Definitivamente, o Sobrenatural de Almeida vestiu a camisa do Flamengo na desastrada jogada final em que o Botafogo mais uma vez perdeu a Taça Guanabara...

20.2.08


Longe de mim questionar o caráter humanitário da adoção de crianças fadadas à miséria se deixadas nos orfanatos de regiões paupérrimas do mundo inteiro. Mas Hugo tem uma teoria sobre os gatíssimos filhotes Brangelina. "Eles chegam no orfanato e escolhem os bebês mais lindos". Prudência, dinheiro no bolso, canja de galinha e beleza não fazem mal a ninguém, né?

Está chegando a noite do Oscar, aquela cafonalha maçante que todo mundo critica e assiste para ver astros velhinhos e esquecidos, estrelinhas jovens com roupas estranhas e a premiação de blockbusters que nem sempre são os melhores filmes do ano.

Assisto religiosamente ao Oscar desde 1974, quando o mestre de cerimônias era David Niven, que reagiu aristocraticamente ao aparecimento de um homem pelado, correndo, palco adentro. Era a época dos strikers, uns malucos que saiam nus pelos cenários mais insólitos, em protesto contra o status quo. Niven, então o britânico de plantão em Hollywood, feio e charmosérrimo, soltou aquele olhar irônico e fechou a festa. Se sabia ou não do striker, impossível dizer. Era bom ator.

A entrega dos prêmios está cada vez mais tediosa, porém continua imperdível, contando há anos com a velocidade das informações de Rubens Ewald Filho, sempre pronto a tecer os mais impertinentes comentários sobre cabelos, feições e modelitos das estrelas. Este ano podem surgir diversas zebras na premiação, aliás, um dos sinais que a indústria anda atônita com os rumos do cinema. O mestre de cerimônias será o chato do Jon Stewart, todos dirão que é uma honra ser indicado, a orquestra tentará cortar o discurso dos vencedores, que agradecerão aos agentes e a um monte de produtores, sem esquecer de mandar um beijo para o filho que acompanha o espetáculo em casa, pela televisão.

E os filmes? Palpites à parte, fiquei encantada por "Atonement", apesar de continuar achando Kiera Knightley uma jovem simpática e interessante e só. O filme é grandioso, cinemão da estirpe de David Lean, envolvente. James McAvoy é maravilhoso - tô de olho nesse menino desde "As Crônicas de Nárnia", em que ele era um fauno -, a menina irlandesa Saoirse Ronan, sensacional, fotografia divina, aquele plano imenso pra bater recorde de tempo sem troca de câmera espetacular, o vestido verde da Kiera, o máximo. Elenco e trilha sonora envolvem o espectador com o cuidado de uma sedução bem planejada, arquitetada para a conquista. Sem contar que a história é bem elaborada, com toques de preconceito e sensualidade na dose exata. O filme é tão bem feito que parece que ter o propósito de agradar a Academia. Mas funciona bem, apesar da injustiça de não terem indicado o protagonista para prêmio.

Os outros? Ah, vamos ver o que rola, né?

19.2.08

Já não era sem tempo, né?

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Ontem morreu o Alain Robbe-Grillet, o papa do nouveau romain, uma escola literária francesa que teve como expoente a Marguerite Duras, essa sim uma romancista.
Lógico que eu, metida pacas, tentei ler um livro dele, aos 20 anos. Acabara de assistir ao "Ano Passado em Marienbad" e questionava minha capacidade de compreensão, depois de ver e ler tanto experimentalismo junto (depois, li "A Invenção de Morel", no qual "Marienbad" foi baseado. Aí, entendi o filme direitinho).
Pois bem, qualquer coisa do Robbe-Grillet faz a gente se sentir totalmente idiota pelo tempo despendido no exercício inútil de buscar lógica no experimentalismo. Sua morte e a despedida de Fidel marcam o fim de uma era que associo a meus pais, da mesma geração que o escritor e o ex-revolucionário. Um tempo em que se tentava reescrever o mundo.
Hoje, sabemos que no fim tudo acaba no confirmismo totalitário mesmo.

18.2.08

Onomástico

A última conta da NET foi enviada com um contrato daqueles de letras minúsculas, escritas por chineses na cabeça de alfinete. Como precisava de informações sobre fidelidade minha com o Virtua, a banda larga da NET, liguei para lá.
O contrato informa aos assinantes sobre as determinações da Anatel. A partir de junho, as operadoras de TV a cabo não poderão cobrar mensalidades por cada um dos pontos de TV na casa. Então, o que fez a NET? Mudou a denominação do serviço!!! E isso a atendente explica com todas as letras. O serviço agora se chama conexão adicional, se não me engano. E é gratuito.
Pago é, agora, o "aluguel do decodificador". O valor é o mesmo que o do falecido ponto adicional.
Mas é muita cara dura!!!!
Pela terceira vez em 2008, o ano começa. Acabou o horário de verão, o que me deixa completamente em jet lag por alguns dias. Sempre. O dia é menos claro, porém mais comprido.
O ano recomeça, então. Seria, talvez, o quarto início, já que a primeira semana não conta, pois sempre há quem tenha viajado e esvaziado a cidade. Depois vem o Carnaval, depois vem o fim do horário de verão. Nos últimos tempos, com o Carnaval caindo em fins de fevereiro ou comecinho de março, essas convenções se embolavam.
Gosto mais de um março ainda distante, um fevereiro carnavalesco desde sempre, como nas priscas eras de minha infância, quando as férias escolares eram um período tão longo de enjoar e eu devorava toda a biblioteca policial de meu pai relendo a pulp fiction mais reles. A praia durava pouco, era interrompida por volta de uma da tarde. As tardes eram devotadas ao cochilo e à leitura. À tardinha, quem sabe, um cinema.
Hoje a vida é mais interessante, porém a sensação de que o mundo aguarda a gente pra rodar acabou.

16.2.08


Com júri presidido por Costa Gavras, imagina se alguém ia ligar pra crítica da Variety que considerou Tropa de Elite fascista? Triste é que no mesmo dia em que o filme ganha o Festival de Berlim, o Rio assistiu ao sepultamento de uma menina de onze anos, morta por bala perdida na Rocinha, durante uma incursão policial.

11.2.08

Reabilitada


They tried to make her go to rehab, but she said "no, no, no" e ainda faturou cinco grammies.
Justa premiação pra doidaça talentosa, que, proibida de entrar nos EUA, fez show em Londres e ganhou beijos da mãe - que deve ter aproveitado aquele abraço emocionado pra dizer: "Filha, veja se toma jeito agora. Todo mundo gosta de você, que é linda, talentosa, maravilhosa. Larga das drogas, filhota, aproveita para mudar de vida".
Porque mãe é sempre igual. Mesmo quando a filha não é uma maluquete de carteirinha.

9.2.08

I wanna rock 'n roll all night



Parece que Martin Scorcese voltou a fazer mágica com "Shine a Light", seu novo documentário sobre os Rolling Stones, que envelhecem como a banda mais mal vestida e desalinhada do planeta, porém, inegavelmente, a mais bem disposta.
Os Stones jamais serão aqueles velhinhos "gracinhas", até porque as caras de maracujá de gaveta espelham bem o que os excessos - e haja excesso nisso - podem causar ao organismo. Eles sempre terão a fisionomia aniquilada de quem se acabou na farra - aliás, algo bastante comum aos artistas britânicos, que se não carregam nas drogas são uns pés-de-cana de respeito, como os falecidos Oliver Reed (que morreu bonitinho porque era gorducho), o Richard Harris (que desde jovem parecia mais velho do que o Dumbledore) e Richard Burton, ou o fantástico Peter O'Toole, que foi belíssimo e está um gravetinho magriço).
Sob a batuta de Scorcese, os desalinhados e barulhentos velhuscos provam que o rock combina com a Terceira Idade.

6.2.08

Para ler


A Revista Aplauso de janeiro e fevereiro já chegou - e se esgotou - nos teatros. Quem quiser ler, entre no link http://aplauso.art.br/home/revistaaplauso/revista_atual.php

Pois é, não deu pra escrever...


1.2.08

Civismo pré-carnavalesco

Começou uma campanha para o Gabeira candidatar-se a prefeito do Rio.
Deputado federal mais votado do Estado, Gabeira respondeu ao Pedro Dória, autor da idéia, que tem conversado com pré-candidatos para auxiliar na elaboração de programas de governo.
Como legislador, ele é conseqüente e sério. Administração, no entanto, é um pouco mais complicado. Mas estou com os que acreditam que ter Gabeira na prefeitura, depois dos períodos de indiferença de Cesar Maia, não apenas seria bom para a cidade, como para o País. Porque Gabeira tem visão executiva e humanista - conforme expôs em seu programa de governo, quando candidato a governador em 1986, arrebatando a audiência de um debate que seria apenas o tedioso desenrolar de baixarias costumeiras, mas que mostrou alguém com idéias maiores do que xingar os adversários.
A campanha atual ainda é a de convencimento do candidato. Tomara que dê certo. Afinal, meu filho que completa 16 anos em julho já disse que tira o título de eleitor se Gabeira estiver entre os candidatos. Que, por enquanto, têm entre as maiores expressões nomes como Marcelo Crivella e Wagner Montes.