29.1.11

Para Ler na Rede

Acaba de estrear minha coluna sobre livros no site Investimentos e Notícias.
O problema é que não consigo postar o link aqui, mas quem quiser ver, cola o endereço lá em cima que vai chegar no texto, tá?

http://www.investimentosenoticias.com.br/colunistas/para-ler-na-rede/abrindo-a-rede.html

25.1.11

Visionária


Cheguei à estranhíssima fase da existência em que preciso botar óculos antigos para encontrar os óculos atualmente em uso - que são de armação transparente, invisíveis para minha miopia.
Comprei uma tela imensa de computador exatamente para descansar meus cinquentenários olhos. Letras imensas, tudo grandinho, o que nem exige mais que eu enverga a cangalha (que era como minha mãe chamava os óculos, furiosa com minha pouca visão que obliterava as íris verdinhas claras; no dia em que comprovou-se minha miopia, quando eu tinha onze anos, ela quase chorou, na saída do oftalmologista - na época, oculista mesmo: "O que vc tem de mais bonito ficará escondido, agora...". Eu, convencida de que era lindinha e inteligente, jamais liguei de usar óculos, embora arranque-os do rosto a cada fotografia. Porque, no fundo, no fundo, Mamãe tinha razão, claro. Como todas as mães.).
Desde que virei presbíope, uma classificação bem mais elegante do que "ter vista cansada", vivo uma confusão de perda de óculos. Mandei fazer um novo par a ser usado sempre que estou de lentes de contato. O problema é que me esqueço deles e sempre tenho que pedir a alguém para ler os cardápios nos botecos da vida. E, para a distância, mandei fazer uma cangalha branquinha, quase transparente. Que perco sempre que deixo de lado para ler sem óculos, já que, normalmente, enxergo muito bem, de pertinho.
Sinto-me como uma criança semi-alfabetizada que não consegue se entender com as linhas em que é obrigada a desenhar letras. Ou como um idoso às voltas com os incontáveis números de senhas dos caixas eletrônicos. Desde a instalação da presbiopia jamais enxergo perfeitamente. Há sempre um ponto desfocado, seja próximo ou distante.
Esta carcaça já começou a sentir a passagem do tempo há uns dez anos. Dores se tornam rotineiras, mas a gente aprende a conviver com elas. O aumento de peso, a falta de disposição para sair todas as noites após um dia de trabalho... isso acaba se tornando aceitável. A perda da visão, no entanto, é o primeiro sinal real da decrepitude - como lamentava um conhecido, 30 anos atrás, quando sequer ele havia chegado à terceira década de vida, mas já se mostrava alarmado com o envelhecimento. Acho que foi o Caetano que disse que se descobriu velho ao precisar de óculos para ler. Realmente, é o primeiro sinal de que o corpo começa a falhar.
Para os míopes, a alteração na visão traz uma tremenda estranheza, que é a troca de lentes. Sinto-me um fotógrafo ou um pesquisador em laboratório. E, incrivelmente, a miopia se reduz - o que garante mais confusão mental ainda.
O jeito é criar truques para enfrentar o envelhecimento, já que a única opção para não chegar à velhice não me agrada. Sei que guardo todos os óculos antigos com suas armações coloridíssimas, numa gaveta. Abro-a constantemente, saco de lá um dos velhinhos, bem arranhadinhos, e saio à caça dos atuais. Com a dignidade que ainda se permite a quem pretende envelhecer sem apelar para uma infrutífera, frustrante e patética busca da juventude eterna.

17.1.11

Globo de Ouro 2011

A entrega dos Globos de Ouro varou a madrugada - e desta vez mal pude contar com minha parceira telefônica de comentários e torcida, Solange, que estava ocupada coletando material para sua colona no site Opinião & Notícia. Parcas observações fizemos sobre cabelos e modelitos, além de raras comemorações com os prêmios.
Atendendo à espera e cobranças de meus 8 leitores fiéis, que exigem minha abalizadíssima opinião a respeito da moda das superstars, tema que domino dado meu total desinteresse pelas loucuras estilísticas desses criadores que parecem odiar a mulherada, seguem daqui meus pitacos sobre os modelitos divinos, maravilhosos e os atentados à sanidade/saúde envergados na noite de gala.

Troféu Bjork
Quem assiste a essas premiações sabe que há anos Bjork superou Cher no quesito traje típico de péssimo gosto, com um vestido que tinha um cisne na frente. Helena Boham-Carter sempre concorre ao título de Rainha do Mau Gosto. Este ano, ganhou disparado. Uma gracinha, boa atriz e bonita, ela tem se esmerado em vestir as mais estranhas (des)combinações. Indescritível para mim, vestida de bruxa, segundo o onipresente Rubens Ewald Filho, Helena deu um toque de desvario ao seu look descabelado ao apresentar sapatinhos de cores diferentes.



No detalhe, a homenagem de Ms Tim Burton ao Fluminense



Os esquisitões

Desglamourização é o objetivo de muitos superstars hollywoodianos, principalmente se são bonitos. Até que para o padrão "Como eu queria ser um Rolling Stone", Johnny Depp estava arrumadinho, embora aquele cabelo chanelzinho já tenha perdido a hora de sair de cena.


As vastas melenas de Christian Bale também mereciam um barbeiro.



Robert Downey Jr é outro que gosta de uma fatiota amarrotada.


Tilda Switon e Geoffrey Rush, o mais estranho casal de apresentadores da noite.


Desgrenhado, cabelos mal-pintados, todo mal ajambrado - este é um dos principais atores da atualidade, Al Pacino, que abiscoitou mais um premiozinho.



Ainda no quesito cabelos revoltos, Robert De Niro, que não dá muita bola para festas, resolveu surpreender os presentes com um discurso longo e bem-humoradíssimo.



As noivas

Tem mulher que adora uma fantasia de noiva. Coisinha mais desenxavida esta da J-Lo, com direito a túnica de tule bordadinho ...

... mas ainda foi melhor do que a fantasia de noiva hippie-caipira-brega mesmo da Michelle Williams ...
... ou o traje de executiva que deu um pulinho no cartório, aproveitou e se casou da Swinton. Segundo o Telegraph, de onde saíram estas fotos, sua roupa foi um acerto. Talvez ela estivesse muito bem vestida para ir à feira, mas ao Globo de Ouro?

Jennifer Love-Hewitt foi de bolo de noiva, uma categoria criada há uns três anos. A roupa tem armação em formato de concha. Por trás, se esconde uma mulher.


Desconcertantes - Há um tipo de roupa que não consegue ser feia apenas. Ela incomoda, assusta, constrange. As experimentações dos designers e a burrice de algumas cobaias fazem com que elas surjam em público trajando o indescritível. Cristina Aguilera, boa cantora que insiste em querer virar personagem, como Madonna, que jamais teve os mesmos dotes vocais, conseguiu chamar muita atenção - e apavorar o público - com seu vestido/camisola/lingerie/cafetina estilizada.



Esta moça de Mad Men sempre consegue ficar pavorosa. Mas foi seu melhor ano, já que trocou a habitual fantasia de grega por um babado exuberante, competindo com as dimensões de seu farto busto.

As mulheres loucas de Mad Men combinaram a cor do vestido e os modelos medonhos. January Jones ficou patética com o engana-mamãe.


Pink Ladies - Vamos combinar que nem todo mundo é Jacqueline Kennedy para ficar bonita de rosa. O modelo tem que ser discreto, simples, tranquilo. Algo que Claire Daines conseguiu....


... mas nem Lea Michelle ...


... nem Megan Fox ...


... sequer a talentosíssima Juliane Moores conseguiram.



De rosa vermelha no vestidinho/canga, a linda grávida Nathalie Portman.



Já Heidi Klum pegou um retalho ali no Saara e saiu por Los Angeles.


A guerra do botox não teve vencedores. Mas Nicole cabelo de chapinha Kidman e Sandra megahair Bullock estão conseguindo ficar feias de tanta inexpressão nos semblantes.


E como não existe botox para os braços, Helen Mirren repetiu o modelito de manga que vem usando há muitas e muitas festinhas de gala.



... enquanto Melissa Leo apostava no pretinho básico...



... e Scarlett Johanssen bancava a dama vitoriana.



As belas da noite foram as deslumbrantes

... Angelina Jolie...


Halle Berry


... e Catherine Zeta-Jones. Que sofreram concorrência do estonteante vestido de



Olivia Wilde. Mas quem tem um marido bonitinho desses



... nem precisa se incomodar, né, Angelina?

16.1.11

Susannah York

Susannah York era uma daquelas atrizes inglesas que, ao longo dos anos 60 e 70, contracenavam com Dirk Bogarde, Peter O'Toole, Alan Bates ou Albert Finney, sempre louras e lindas, mas não com o mesmo destaque que os superstars britânicos. Foi indicada a um Oscar, ganhou o prêmio de melhor atriz em Cannes, sempre sem sair daquela fronteira que separava - na época - as grandes atrizes do status de celebridade.
Um ícone da Swinging London, era quase como Sarah Miles ("A Filha de Ryan"), um degrau abaixo de Vanessa Redgrave e Julie Christie, três acima de Charlotte Rampling ou Jacqueline Bisset.
Seu último papel de destaque no cinema foi como Lara, a mãe de Jor-El, o Superhomem. O marido em tela era Marlon Brando. Fez teatro, criou filhos e morreu discretamente, aos 72 anos.
Nas fotos de jovenzinha lembra um pouco a Goldie Hawn daquelas priscas eras.

15.1.11

Outra vez.

Não adianta nada a gente começar um ano com festa quando vêm as chuvas e tantas mortes. Já vi essa tragédia tantas vezes, embora apenas em duas delas tive gente próxima passando sufoco. Em 1970 ou 1971, um casal muito amigo da família, tios por afinidade, apareceu na primeira página do JB, sendo resgatados por bombeiros na Praça da Bandeira, que inundou. Soubemos antes da notícia, pois meu tio ligou de madrugada para nos tranquilizar. A gente se apavorou, já que não sabíamos de nada e naquela época não havia jornal de TV transmitindo a desgraça ao vivo - e nem nós tínhamos TV.
Há uns dois anos, meu compadre Jorge Dau foi acordado pelo cachorrinho histérico, que latia freneticamente, na sala de sua casa de fim-de-semana, em Itaipava. Levantou-se, pronto para brigar com o Yorkshire, quando sentiu água nos pés. Foi o tempo de acordar minha comadre, Gisele, as duas filhas adolescentes, uma amiga das meninas, e a mãe, na época com mais de 90 anos. Subiram todos para um mezanino, onde passaram a noite, à luz de velas e lanternas, vendo a água arrastar móveis. Ao amanhecer, as águas começaram a baixar no momento em que eles já cogitavam a possibilidade de passar para o telhado. Perderam móveis, o carro e venderam a casa, lamentando nada poder fazer para ajudar os que haviam visto parentes sendo levados pela correnteza.
Desanima imaginar que essas desgraças seriam evitadas com algum cuidado nas construções e menos devastação da natureza. Desanima acompanhar isso todos os anos, chorar pelos mortos, comemorar os sobreviventes, saber que NADA será feito para impedir que, no próximo ano, vejamos mais cenas dramáticas como as atuais.