31.10.15

À solta!

O dia é delas.













26.10.15

Um Enem pra mexer com a cabeça dos caretas


Ao usar palavras de pensadores como Simone de Beauvoir, Santo Tomás de Aquino e David Hume nas provas, além de pedir uma reflexão sobre a violência contra a mulher no Brasil, os organizadores do Enem levaram os jovens candidatos a uma vaga na universidade a refletirem sobre a vida em geral.
Uma guinada em direção ao raciocínio, ao entendimento, um chamamento para o respeito a quem está ao nosso lado. Sem qualquer tipo de reverência à juventude, nem desprezo por essa imensa massa que é adulada pela publicidade e desprezada pelo grande capital, que só a vê como consumidora de produtos supérfluos.
Os conservadores de plantão não resmungaram contra Hume ou Santo Tomás, mas viram esquerdismo na proposta de discutir o pensamento de Simone, a primeira pessoa a fazer um registro sobre a condição feminina no Ocidente, incensada pelas feministas, antes mesmo de aderir ao movimento. Uma mulher que escolheu viver de forma diferente da convencional, em sua época, e ainda hoje, que não formou uma família biológica nem se casou oficialmente com quem amou.
Será que essa senhora afeta a estabilidade da família brasileira?
Será que o papa Francisco, representante da caretíssima Igreja Católica, ameaça as famílias ao dizer que a maternidade nada tem a ver com o estado civil da mãe, para uma jovem que não conseguia batizar seu filho por não ser casada?
Será que manter amantes ocultos de filhos e cônjuges garante a solidez da instituição da família?
Será que impedir o uso de medicamentos contraceptivos - e não abortivos - vai fortalecer a família?
Podemos dizer que um árabe ou um mórmon polígamo têm famílias disfuncionais?
O que é uma família, senão um ajuntamento de pessoas que crescem juntas?
O que é uma sociedade desigual, que fala em apoio familiar, mas nega qualquer tipo de garantia de saúde ou educação a seus membros, tratados como alimentadores de um sistema de compras destinado ao enriquecimento de poucos?
Pensar me faz bem. E pra um monte de meninos que não são estimulados a isso, melhor ainda!!!


24.10.15

A irlandesa mais enfezada de Hollywood - RIP Maureen O'Hara

Se John Ford escalava Maureen O'Hara e John Wayne como protagonistas de seus filmes, era quase certo que haveria alguma cena de pancadaria. De um lado ou do outro, os dois costumavam interpretar casais temperamentais, apaixonados e brigões. A irlandesa grandalhona sempre rodou a baiana na tela - e não só com seu principal galã. As cenas de amor entre ela e Tyrone Power no Cisne Negro (filme de pirata, não aquela chorumela psicochata musical) eram pugilato puro.


Ruiva bonitona, atriz de uma impressionante segurança em cena, não fazia o gênero namoradinha: nasceu mulher madura, mãe e... furiosa.  Bem jovem, destacou-se como a Esmeralda do Corcunda de Notre Dame, encarnado por Charles Laughton. De tanto trabalhar com John Wayne, acabou tendo com ele mais do que uma profunda amizade. Durante anos, revelou ela recentemente, mantiveram um longo affair, nos intervalos entre os diversos casamentos de ambos.

Apesar de trocar tabefes com seus mocinhos e levar palmada até de Henry Fonda, Maureen não levava o menor jeito de Amélia. Distribuía bolachas e desaforos. E, de repente, soltava um olhar meigo, superior, arrasador, irresistível como as divas d'outrora.

Fica na história do cinema como a "mocinha"  irlandesa enfezada de Depois da Tempestade, cuja cena mais sensual foi copiada, docemente, por Spielberg em ET.







15.10.15

Spy - A espiã que sabia de menos

Pra desanuviar a cabeça, uma comédia sem pretensão alguma, exceto a de juntar atores competentes para fazer rir de todos os clichês de filme de espionagem. "Spy" (2015), a terceira dobradinha do diretor Paul Feig com Melissa McCarthy, mostra a primeira missão em campo de uma agente da CIA, que, aparentemente, tem por praxe contratar britânicos - Jude Law, Jason Stathan, a comediante Miranda Hart estão na equipe, ao lado da brasileira Morena Baccarin, além de outro inglês, Peter Serafinowicz - que encarna um italiano, assim como o americano Bobby Canavale. Allison Janney é a chefe dos atrapalhados espiões, que, claro, circulam por Paris, Roma e Budapeste como se estivessem em Langley.
Melissa domina o filme, mas os coadjuvantes de luxo não fazem feio, principalmente Stathan como o brucutu enfezado, em contraponto a Jude Law, de smoking e peruca, esbanjando charme pra todo o lado.


4.10.15

Franciscanos

Um ano atrás, escrevi isso aqui:

Francisco me cerca desde o batizado de minha bisavó, quando se registrava, então, o nome do recém-nascido. Ao ouvir "Que nome darás a esta criança?" do padre, minha tataaravó respondeu: "Amélia".
E o padre: "Eu te batizo, Amélia, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo..."
Minha tataravó: "Não, não. O nome dela é Francisca. Eu estava pensando numa amiga, minha, Amélia".
O padre: "Agora já está batizada e é Amélia mesmo".
O nome não pegou, mas sim o apelido, Chiquinha, que acompanhou minha bisavó a vida inteira.
Muito tempo depois, eu estava para nascer no início de um outubro. Se fosse dia 2, lembraria a bisavó Chiquinha, já que era a data de sua morte - e minha família tinha dessas onomastias, quase cultuando o dia do santo. Acabou que vim ao mundo num 4 de outubro, o dia de São Francisco, o Pobrezinho, que meu pai, agnóstico, admirava por ser "o primeiro hippie", o homem que amou animais e a natureza.
Hoje é o dia de Francisco e de seus devotos, os que amam bichos e plantas. Entre eles, eu, que vivo com Gal, Bella, Jolie e Agador Spartacus.


Este ano, me lembrei que eu quero um canto onde eu possa guardar meus amigos, meus filhos, meus discos, meus livros, minhas plantas, meus bichos e nada mais...