16.12.13

Um drink para Peter O'Toole

Antes de Michael Caine, era Peter O'Toole o ator britânico de plantão que convencia o público de qualquer coisa. Era bom, mau, piedoso, vaidoso, cruel, simples, humilde, louco, sensato, um conquistador incorrigível, um amante fiel. Mais que um apaixonado, era sempre apaixonante.. Com o olhar, demonstrava o que bem queria.
Vinha de uma escola de teatro que consagrara Alec Guiness, John Gielgud, Alan Bates, Richard Harris, Richard Burton - uma turma respeitável de beberrões charmosos, dos quais ele fora o único realmente belo na juventude.
A bebida acabou com a bela estampa, mas o charme e o talento continuaram magnetizando o público.
E aqueles olhos...
Cheers!















Ganhou um Oscar honorário, consolação pelas oito indicações e nenhuma premiação.
O melhor filme?
Lawrence da Arábia, Lord Jim, O que que há, gatinha?, Como ganhar um milhão de dólares, Vênus, O Homem de La Mancha, Beckett, O Leão do Inverno, O Substituto, Adeus Mr. Chips ... Não há como imaginar essas histórias sem sua presença.

12.12.13

All that gas

Há anos, o gás natural entrou no Rio, com toda a força. Na minha casa, estourou um fogão Brastemp velho de guerra, que sobrevivera por quinze anos, firme e forte. Não depois do gás natural, que estilhaçou toda a porta de vidro do forno. Comprei outro, baratinho, um Continental, modesto, sem acendimento automático. Durou uns quatro anos, mas já tinha substituído todos os acendedores, que eram queimados pelas chamas. O vidro do forno também estilhaçou-se. Depois, começou a se romper.
Há duas semanas, comprei um fogão simples, da Brastemp, não tão barato assim. Em quatro anos, os fogões aumentaram muito de preço, com ou sem IPI. Então, chamei a empresa para fazer a conversão de gás de botijão para encanado. O técnico, um homem muito gentil mesmo, coitado, ofereceu-se para fazer a instalação, o que seria caro, porém daria uma maravilhosa garantia ao produto. E não é que ele arrebentou a canalização de gás?
Imediatamente chamei a CEG, que lacrou meu relógio por causa do escapamento. Consegui que um gasista fosse ver o estrago no dia seguinte. Telefonei para a autorizada que, ontem, dizia que pagaria em dinheiro meu prejuízo. Hoje, cadê o gerente da autorizada?
Liguei pra Brastemp, registrei o caso e, em 72 horas úteis deverei ter um retorno da reclamação.
É dura a vida de consumidor no Brasil.
Ah, sim, só amanhã a CEG vai religar meu gás. As 72 horas inúteis de banho frio e no sanduíche, essas não têm ressarcimento.


4.12.13

Fim de ano

Acho que cansei de escrever blog. Vez por outra sumo. Depois, retorno. Mas ando tão desinteressada do mundo virtual, ultimamente.
A vida sob o sol tá chamando mais.
Coisas de dezembro, esse mês que começa só pra eu desejar MUITO que chegue janeiro.
Ainda bem que passa rapidinho.

22.11.13

Foi assim

Um enfarte provocou uma queda que levou a uma concussão cerebral. E assim morreu hoje o seu Franco, dono da Latteria La Bloise, uma padaria com nome estranho que deu um toque de classe e qualidade ao que tínhamos aqui neste trechinho da São Clemente. Seu Franco era cordial, sempre sorridente e gentil. 
É estranho perder quem faz parte de nossa vida, mesmo sem jamais termos trocado mais que cumprimentos de praxe ou comentários sobre a temperatura.

Sorria! Entrevista com Barbara Ehrenreich

Um lado negativo do pensamento positivo

Por Olga de Mello | Para o Valor, do Rio
Divulgação / Divulgação
Barbara: 'Não precisamos acreditar em nada, e sim tentar compreender o que acontece'
A cultura do pensamento positivo enraizou-se de tal maneira na sociedade americana que levou especialistas a desprezar claros sinais de alerta na economia e a ignorar problemas ambientais iminentes, como o furacão Katrina. "Os efeitos econômicos do culto ao pensamento mágico foram desastrosos. Até executivos de Wall Street foram desencorajados a expressar críticas negativas sobre as estratégias de suas companhias; alguns chegaram a perder o emprego por isso", diz a aclamada ensaísta americana Barbara Ehrenreich, autora de "Sorria - Como a Promoção Incansável do Pensamento Positivo Enfraqueceu a América" (Editora Record).
Sem condenar palestrantes motivacionais, a escritora analisa o fenômeno que ganhou força nos EUA na década de 1980 e ainda demonstra sinais de vigor, embora perceba uma "atmosfera um pouco mais sóbria", desde a crise financeira de 2008: "Tenho visto poucos best-sellers sobre pensamento positivo nas listas de mais vendidos", comentou Barbara, em entrevista ao Valor.
O interesse pelo tema surgiu ao receber o diagnóstico de um câncer de mama. Atordoada com a quantidade de recomendações para manter-se otimista, o que, de acordo com outras pacientes, auxiliaria a cura, ela se recusou a aderir ao "recrutamento pelo pensamento positivo". Rejeitou imediatamente a "cultura do laço cor-de-rosa". Em vez de sentir-se confortada pelas mensagens de alento, incomodou-se com a infantilização das mulheres doentes.
Formada em química, com mestrado em física e doutorado em biologia, Barbara seguiu tratamentos médicos convencionais, sem admitir que o câncer fora causado por seu pensamento negativo. Era o início da década de 2000, quando alguns médicos se rendiam a princípios do pensamento positivo, que responsabiliza cada um pelo próprio destino, ignorando fatores genéticos, a educação ou o meio social. A cultura do pensamento positivo chegaria a seu ápice com a publicação do livro "O Segredo", que afirmava haver bases científicas para uma ideologia que se originou no fim do século XIX, em resposta à severidade do puritanismo religioso.
"Na Nova Inglaterra, na virada do século, os líderes do pensamento positivo declaravam que não estávamos condenados ao sofrimento eterno, mas tínhamos direito a uma vida próspera e saudável. Em meados do século XX, o pensamento positivo passa a focar mais no bem-estar financeiro. Qualquer um poderia ser rico, bastava visualizar essa possibilidade, atraindo mentalmente dinheiro para si próprio." A punição ficaria para os pobres e desempregados, que, partindo desse mesmo princípio, nutririam pensamentos negativos. "Era a negação do mundo real, porque tudo o que acontece é reflexo de pensamentos e atitudes."
A dissociação da realidade também recebeu estímulos de algumas igrejas protestantes, que aconselham os fiéis a mentalizar a prosperidade, diz Barbara, que, para a pesquisa, frequentou cultos religiosos e encontros com os que se dedicam profissionalmente à motivação. Mesmo reconhecendo a dificuldade que seria prever a crise financeira, ela diz que o aspecto doutrinário do otimismo generalizado induziu políticos e executivos a valorizar mais o instinto do que o racionalismo nos negócios.
"Fomos bombardeados pelo pensamento positivo por meio de diversas fontes, celebridades, gurus, como Deepak Chopra, palestrantes motivacionais, empregadores. Até mesmo acadêmicos estavam sendo atraídos para a nova ciência da psicologia positiva. Em 2006, alguns gurus de pensamento positivo chegaram a culpar vítimas do tsunami na Ásia pela fatalidade", afirma.
O cenário ideal para a migração do pensamento positivo do campo espiritual em direção ao mundo empresarial começou a tomar forma nos anos 1980, quando as companhias dos EUA contrataram treinadores e técnicos de esportes para fazer palestras motivacionais em encontros corporativos. Termos como "visualizar a vitória" e "transformar a derrota em oportunidade" entraram no jargão de planejamento das companhias. Doença e desemprego deveriam ser encarados como o início de uma nova fase em que o paciente ou o demitido traçariam metas para conquistar a saúde ou a riqueza.
Entre 1981 e 2003, cerca de 30 milhões de trabalhadores americanos regulares perderam o emprego, observa Barbara. Paralelamente ao trabalho dos "coaches", que apontam novos caminhos para os dispensados, solidifica-se a indústria de produtos motivacionais. Só o investimento das empresas americanas em brindes, equipamentos esportivos, camisetas e viagens para estimular os empregados, em 2006, alcançou em torno de US$ 100 bilhões. Os cerca de 40 mil "coaches" espalhados pelo mundo - a maioria na Europa e nos EUA - movimentam US$ 2 bi por ano, informa.
Hoje, o poder do pensamento positivo já foi abandonado como auxiliar terapêutico por parte dos médicos americanos. Barbara aposta em uma mudança gradual de mentalidade. "A noção de um poder superior que nos protege pode ser emocionalmente reconfortante, mas o que precisamos para sobreviver é ter menos crenças e desenvolver um pensamento mais lúcido. Não precisamos acreditar em nada, e sim tentar compreender o que acontece, além de, naturalmente, ser solidário e tomar conta dos outros", diz a escritora, que, apesar de suas ressalvas ao otimismo como filosofia de vida, é "totalmente favorável" às celebrações coletivas.
"Durante milênios, os homens descobriram as melhores formas de passar tempo juntos, combinando música, figurinos, pintura corporal, dançando, festejando e bebendo. Algumas festas tinham cunho religioso, outras eram apenas diversão. Uma das razões para o fortalecimento do pensamento positivo na cultura americana está nas pouquíssimas oportunidades de alegria coletiva. O pensamento positivo é triste alternativa para a alegria em grupo."


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18.11.13

Jasmine, a incômoda

Adolescente, fui ver A Mulher do Lado, de Truffaut, e não gostei nada do drama realista que o diretor mais romântico do cinema criara. Onde estavam as paixões redentoras, que perdoam traições e mal-entendidos, desde que cometidos em nome do amor? Levei muitos anos para compreender que a paixão, muitas vezes, destrói, porque ela avança como proprietária dos corações imaturos. E que os dramas da vida real podem virar cinema, sempre.
Ainda bem que já sou madura o suficiente para apreciar a densidade inconveniente de Blue Jasmine, um Woody Allen amargo, sem concessões ao onírico, de um lirismo doloroso e real. Jasmine, a protagonista que certamente renderá indicação ao Oscar para Cate Blanchett, vive a fantasia de outras personagens de Woody Allen, mulheres que abraçam o papel de anfitriãs ideais para homens de negócios. Simbolizando a decadência de Wall Street, ela própria é uma metáfora para diversas adoções - filha adotiva, mãe adotiva, sem qualquer qualificação profissional, se entope de remédios para reiniciar a vida longe de Nova York, onde acompanhou a prisão do marido, executivo que fraudou investidores e foi condenado à prisão. O enteado desapareceu antes que a família se desfizesse e perdesse todo o patrimônio. Aos poucos, a detestável Jasmine, que reinventou o próprio nome, vai se revelando ao público nesse drama da vida real que não apresenta muitas concessões para a felicidade.
Eu não sei se Woody Allen ficará como o cronista crítico da vida urbana ou o poeta nostálgico, eternamente apaixonado pelo amor. Blue Jasmine está ao lado de O Sonho de Cassandra ou Match Point. Incomoda tanto quanto a realidade.


12.11.13

No Valor, hoje.

Dorothy não calçava sapatinhos vermelhos, mas prateados, para percorrer a Estrada de Tijolos Amarelos. E, no fundo, tudo era uma sátira sobre o novo momento financeiro nos Estados Unidos da virada do século XIX pra XX. Para saber muito do que se escondia além do arco-íris, a nova edição do Mágico de Oz tem um prefácio do Gustavo Franco explicando todas essas ocultas intenções, o que ele me explicou na entrevista publicada hoje no Valor. 

Uma segunda história para Dorothy e o Homem de Lata

Por Olga de Mello | Para o Valor, do Rio
Aline Massuca/Valor / Aline Massuca/Valor
Gustavo Franco assina o prefácio, uma "alegoria política e monetária"
Um conto de fadas americano, uma peça de subversão socialista ou uma sátira aos Estados Unidos na chegada ao século XX. Essas definições foram atribuídas, ao longo de quase cem anos, a um dos clássicos da literatura infantil americana. Lançado em 1900, "O Mágico de Oz" tinha a explícita intenção do autor, L. Frank Baum, de oferecer diversão às crianças da época, dispensando o cunho moral dos contos de fadas europeus. Por isso, até hoje, os admiradores de Baum protestam contra as diferentes interpretações políticas e econômicas que os meios acadêmicos atribuem à série de livros sobre o reino de Oz.
"Sem desmerecer a excelente narrativa, não há como ignorar a hipótese de que Baum tenha montado uma segunda história, com críticas bem-humoradas a serem compreendidas apenas por leitores maduros", acredita o economista Gustavo Franco, que assina "O Mágico de Oz como Alegoria Política e Monetária" - o prefácio da nova edição ilustrada e comentada de "O Mágico de Oz", integrante da coleção de clássicos comentados e ilustrados da editora Zahar.
Desdenhado pela crítica especializada em literatura infanto-juvenil durante anos, "O Mágico de Oz" foi um sucesso em todas as formas que adquiriu: livro, montagens teatrais e em cinco versões cinematográficas. A mais famosa adaptação para o cinema, protagonizada por Judy Garland em 1939, não respeitou alguns detalhes importantes para a visão político-econômica das aventuras de Dorothy, entre elas a troca da cor dos sapatos que ela calça - originalmente prateados, transformaram-se em vermelhos, para se destacar no cenário da Estrada de Tijolos Amarelos.
Condenado como propaganda comunista pelo macarthismo, na década de 1950, o livro foi banido de algumas bibliotecas no período, quando o obstinado e temido Comitê de Atividades Antiamericanas buscava mensagens subliminares de esquerda em qualquer manifestação artística- incluindo a literatura pré-marxista. No Reino de Oz, apesar da existência de bruxas más, opressoras, a população não adoece, não envelhece e raramente alguém morre.
"Para alguns críticos, ali se delineia uma utopia americana que até pode ser confundida com um estado socialista. O irônico é que talvez as preocupações do macarthismo tenham acordado os leitores para essa simbologia. Nunca houve qualquer dúvida de que Baum aludia à história americana. A comparação de Oz com a era progressista dos Estados Unidos passou a ser um exercício proposto como dever de casa para estudantes secundaristas americanos", diz Franco.
Em 1964, Henry Littlefield, professor de história em escolas secundárias, publica o estudo "O Mágico de Oz: Uma parábola sobre o populismo", que considerava a obra uma sátira "política e monetária". A interpretação foi imediatamente rechaçada pelos admiradores de Baum, que não admitiam o aproveitamento político da história. Somente 20 anos mais tarde a versão de Littlefield conquistou o reconhecimento do meio acadêmico, quando o respeitado economista Hugh Rockoff escreveu um artigo corroborando sua interpretação. Para Rockoff, Baum criara não apenas uma história infantil, mas um "sofisticado comentário sobre os debates políticos e econômicos da era populista".
No prefácio de 25 páginas, Franco traça um panorama da época vivida por Baum, um homem de múltiplos talentos que ganhou a vida como empresário, jornalista, dramaturgo e ator, que usou sete pseudônimos diferentes para cada estilo literário em que criava, entre eles um romance para adultos sobre o Brasil e novelas para adolescentes. Na primeira aventura de Dorothy no Reino de Oz, é estabelecido um paralelo com os Estados Unidos daquele momento de intenso choque cultural pela chegada de imigrantes, além da agitação social pelos direitos dos trabalhadores urbanos e no campo. O movimento sufragista, que buscava dar o direito de voto às mulheres, também ganhava força. Entre as diferentes plataformas políticas em discussão estava o sistema monetário bimetálico, pelo qual o governo poderia emitir dinheiro com lastro em prata, como já fazia com o ouro, aumentando a oferta de moeda e crédito. O Partido do Povo, que abraçou a causa do bimetalismo, tinha bases sólidas no Kansas, o lar da menina Dorothy.
"Baum quis trabalhar com o imaginário de uma garotinha para usá-la como a alegoria de um país jovem. Littlefield foi o primeiro a perceber que ali estava a crônica de uma época, com a defesa do programa do Partido do Povo. Sempre que há uma citação aos sapatos prateados de Dorothy, eles aparecem em contraste com a Estrada de Tijolos Amarelos, em alusão clara ao bimetalismo. Toda a vez em que surge o ouro, a prata se apresenta. Não há nada acidental", diz Franco.
Para Littlefield, as analogias de Baum tinham tanta consistência que não poderiam ser consideradas apenas coincidências. A representação de toda a população americana está em diferentes personagens. Um grupo que se veste sempre de vermelho lembra os "rednecks", os camponeses do Sul dos Estados Unidos. O Espantalho representaria os fazendeiros em dificuldades, enquanto o Homem de Lata (originalmente, o Lenhador de Lata) seria o trabalhador urbano robotizado, que perde sua humanidade diante do trabalho pesado nas fábricas. O Leão Covarde encarnaria o político William Hennings Bryan, conhecido como "O Leão de Nebrasca". O próprio nome do reino de Oz teria se inspirado na abreviatura para onças, a medida de peso utilizada para metais preciosos - embora Baum tenha comentado que escolhera o nome ao abrir um arquivo que listava assuntos de O até Z.
O olhar adulto sobre a obra de Baum jamais afastou qualquer leitor do mundo fantástico de Oz, diz Franco. "Baum nunca deixou nada se interpor à proposta de criar uma história para o público infantil, ligada à realidade americana, o que sobreviveu à sátira de uma época, voltada para leitores de outras idades. Por trás de tantas imagens fortes, que nem fazem sentido para o leitor da atualidade, permanece uma narrativa encantadora que se fixa no imaginário das crianças e dos adultos."

"O Mágico de Oz"

L. Frank Baum. Tradução: Sergio Flaksman. Editora: Zahar. 256 págs., R$ 49,90


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26.10.13

Dicionário de insignificâncias

Inflação: fenômeno perceptível quando os caixas eletrônicos só fornecem notas de 50 reais.

23.10.13

This Guy, Jackie


O guru de investimentos Guy Kawasaki bem poderia descolar uns trocados como dublê do Jackie Chan...

A erva

Com a falta de erva-mate nos campos do Sul, o preço de 50 gramas de mate solúvel do Rei do Mate passou, no início do ano de R$ 7,5 para R$ 9, R$ 13 e, finalmente, R$ 19,90!!
Pelo menos foi isso que me explicou um franqueado da rede, sem calcular que o quilo do mate solúvel chegara a estratosféricos R$ 398!!!! 
O Matte Leão em caixa, a erva, para infusão, custa, em média, R$ 7. Tem 200 gramas, o que leva o quilo do chá para R$ 35.
O que me espanta é que o Rei do Mate cobre quase o dobro do que o Matte Leão pelo produto solúvel. E que essa disparada de preços continue, continue e continue. 
Tá difícil.

BBB

Beagles, biografias, black blocks... ah, BBB pra mim são Bach, Beethoven e Brahms. O quarto B são mais quatro. Beatles. E basta!


Cinema na quarta.
Duas palestras na quinta.
Coquetel na sexta.
Teatro no sábado.
Escrever frila no domingo.
Viver não é preciso.


10.10.13

Tudo o que eu disse no post anterior, se resume no que publiquei no Facebook.

Tô fora da discussão sobre direitos de biógrafos, tô fora de briga por causa de Marina Silva, tô fora mesmo. Estressada crônica, fui duramente advertida por médicos que me informaram que tenho de ser livre, leve e solta. E tomar sol quinze minutos por dia, igual a neném. Se não me encontrarem por aqui, estou quarando sob o sol e me alienando pra viver melhor.

E lembrar de que, muito tempo atrás, letras de Rita Lee combinavam com meu estado de espírito.

Se Deus quiser, um dia eu quero ser índio
Viver pelado, pintado de verde num eterno domingo

Ser um bicho preguiça e espantar turista

E tomar banho de sol, banho de sol, banho de sol, sol

Se Deus quiser um dia acabo voando
Tão banal, assim como um pardal, meio de contrabando
Desviar de estilingue, deixar que me xinguem
E tomar banho de sol, banho de sol, banho de sol, banho de sol
Baila comigo, como se baila na tribo
Baila comigo, lá no meu esconderijo

Se Deus quiser um dia eu viro semente
E quando a chuva molhar o jardim, ah, eu fico contente
E na primavera vou brotar na terra
E tomar banho de sol, banho de sol, banho de sol, sol

Se Deus quiser um dia eu morro bem velha
Na hora "H" quando a bomba estourar quero ver da janela
E entrar no pacote de camarote

http://www.youtube.com/watch?v=-G3pcQRXmQM


De novo sob o sol

53 anos de desprezo por boa parte dos cuidados de saúde que a medicina - a religião do século XXI - recomenda me condenaram a muitos males previstos. Desafio a morte porque sou estressada, me explicou uma médica. Meus dentes alcançaram um tom acinzentado devido ao bruxismo, causado pelo estresse, informou a dentista. Alergias respondem à tensão nervosa e alimentam esse mesmo estresse. Ou seja, a obesidade, culpada pela minha hipertensão e agravante da asma que se instalou em meu ser ainda na infância, desceu do banco dos réus e virou consequência da permanente tensão que me impele a viver.

Adorei, embora os médicos continuem me culpando pelas alergias que tenho, igual a meu pai, e pelas que meus filhos desenvolveram, traumatizados com a mãe estressada. Preciso desestressar, porque tenho risco de diabetes e estou com o colesterol alto (ué, não é a orgia alimentar que provoca isso?). Como não gosto de chocolate, uma das receitas naturais para reduzir o risco de diabetes é ingerir, diariamente, chocolate amargo. Se eu fosse chocólatra, não poderia, claro. E, enfim, a menopausa, além de desacelerar meu metabolismo e não queimar as calorias suficientes para evitar a gordura que me cerca, também me levou a uma deficiência de vitamina D. O remédio: além de continuar ingerindo leite/queijo/verduras, tomar quinze minutos de sol diariamente, igual a um neném.

Nós, os filhos dos trópicos, precisamos tanto do Astro-Rei, embora nos esqueçamos de sua importância, já que ele também é o vilão dos cânceres de pele. Não tenho o menor problema em relação ao sol. Tenho quanto ao calor, que odeio. Nunca fui de me expor muito, porque sempre fui moreninha. Agora, que a praia ficou distante da moradia, tenho aquele tom amarelado que, combinado com meus olhos clarinhos, faz muita gente acreditar em meu sangue ariano. Que nada, meu pai me chamava de Crioula, porque eu era preta de praia, sim.

Indicações para desestressar: meditação e ioga. Só medito sobre meus problemas financeiros. Ioga, eu fiz, por uns dois anos de vida. Dormia, completamente entediada. Sofro de tédio em qualquer circunstância. E o tédio me irrita, me estressa. Mas com o sol, vou ficar. Há dois dias, passo os quinze minutos regulamentares no terraço do trabalho, andando de um lado pro outro, olhando o Cristo Redentor. A folga virá nos dias de chuva. Claro que já estou mais bem-humorada, efeito imediato do solzinho. Quem sabe envelhecer possa ser até divertido?

1.10.13

Ela, sim, entendia de beleza...

Pobre Helena, só com uns potes e a vontade de vencer

Por Olga de Mello | Para o Valor, do Rio
Reprodução / Reprodução
Coberta de joias, como era seu costume, Helena não lembrava a modéstia da aparência dos tempos de pobreza
Uma polonesa de 24 anos vai para a Austrália, em fins do século XIX, com doze potes de creme para a pele na bagagem. A fórmula do creme será a base de um verdadeiro culto a produtos que conquistarão bilhões de seguidoras mundo afora, graças ao empenho da jovem imigrante, que estuda química, biologia e abre fábricas e lojas na Europa e nos Estados Unidos, controlando com mão de ferro suas empresas. Verdade? Quase. Ao longo de sua vida, Helena Rubinstein apresentou diferentes versões sobre seu passado, colorindo com tons heroicos a trajetória de uma mulher que realmente nasceu em berço pobre e mostrou um talento raro para construir o mercado de cosméticos internacional.
"Helena escreveu - ou melhor, fez com que escrevessem - duas autobiografias que estabeleceram sua lenda", diz a editora da revista "Elle" francesa, a jornalista Michèle Fitoussi, autora de "A Mulher que Inventou a Beleza", em que tenta desvendar a personalidade de uma mulher fascinante, que seguiu apenas sua intuição para se destacar em um meio ainda hoje dominado pelos homens.
O nome de Helena Rubinstein, para Michèle, por muito tempo significou apenas "a assinatura em cosméticos que nem usava". A ousadia dos primeiros anos da jovem de pouca instrução, mas com coragem para viajar por dois meses, sem acompanhante, até um continente desconhecido, levou a jornalista a perceber na empresária uma personagem romântica e intrépida. Durante dois anos, ela entrevistou parentes ainda vivos de Helena, fez pesquisas nos arquivos de suas empresas e traçou um retrato nem tão favorável assim da empresária que gerenciava sua companhia como uma tirana, exigindo dedicação integral - e em qualquer horário - dos empregados, entre eles suas irmãs, cunhados e sobrinhos. Em entrevista ao Valor, por e-mail, Michèle sublinha a severidade de Helena na gestão de seu negócio, essencial para que se impusesse em um meio no qual até hoje muitas das mulheres bem-sucedidas são herdeiras ou ganham destaque através dos maridos.
"Ela lutou, passou fome, ganhou duramente cada centavo que conseguiu, com garra, autoridade, disciplina, desde quando era uma jovem inconformada com um destino modesto, pronta para tudo, que desembarca em um país desconhecido e vai morar com parentes nada simpáticos. Com obstinação e trabalho, venceu sozinha. Os poucos homens que a ajudaram lhe deram conselhos, nunca dinheiro. Helena era uma visionária, uma mulher de ação, uma personagem rara", diz Michèle.
Sob o intenso sol da Oceania, Helena Rubinstein chamou a atenção das australianas para seu tom de pele, claríssimo, protegido pelos cremes que trouxera da Europa. Encomendou à mãe mais potes do produto, passando a vendê-lo até iniciar a fabricação local, com ingredientes que manteve em segredo - mas que estavam na fórmula criada por um químico conhecido de sua família, na Polônia. Em 1902, abre em Melbourne o primeiro salão luxuosamente decorado, criando um ambiente acolhedor para oferecer às mulheres tratamentos de beleza. Expandiu os negócios para a Europa e para os Estados Unidos nos anos 1910. É na América que encontra uma concorrente de peso: a americana Elizabeth Arden.
"A rivalidade entre ambas durou muito tempo, porque não havia muitos que pudessem enfrentar as duas. Empresas como a Revlon, a Estée Laudée, surgiram mais tarde, aproveitando o que Helena e Elizabeth haviam iniciado, principalmente em marketing e publicidade", diz Michèle, que considera a principal qualidade de Helena a capacidade de se adaptar a qualquer lugar e em reverter situações adversas. Uma delas foi a de readquirir sua própria companhia, nos Estados Unidos, que entregara ao banco Lehman Brothers. Com a crise de 1929, lucrou mais de US$ 5 milhões ao comprar a baixo preço as ações da empresa. Retomou seu controle, reerguendo fábricas e institutos de beleza em solo americano.
"Na França devastada após a Segunda Guerra Mundial, com mais de 70 anos, ela arregaçou as mangas para recomeçar do zero. Claro que isso aumentava seu patrimônio, mas ela poderia ter deixado tudo de lado, porque tinha uma fortuna que permitiria viver sem o negócio", diz Michèle.
Autodidata em administração, Helena soube criar um marketing pessoal sem auxílio de especialistas em imagem. A diminuta "Madame", como ficou conhecida entre os empregados e amigos, compensava a baixa estatura (tinha menos de 1,50 m de altura) com uma autoridade inquestionável pelos que estavam próximos a ela. Vaidosa, vestia-se com os mais requintados estilistas e cobria-se de joias, caprichos que considerava imprescindíveis para qualquer mulher - e essenciais para quem representava a indústria da beleza. Colecionou obras de arte, cercando-se de artistas e intelectuais. Investiu em pesquisa científica para aprimorar o que seus laboratórios fabricavam. Ainda na Austrália, convenceu atrizes e cantoras a anunciarem seus produtos, antevendo que os artigos de maquiagem, até então de uso restrito aos palcos, aos poucos conquistariam as mulheres do mundo real. Sua maior paixão eram os negócios. Casou-se duas vezes, teve dois filhos e nenhum amante, por falta de "tempo ou vontade", como confidenciou a Coco Chanel. Uma vida semelhante à de muitas empresárias da atualidade, acredita Michèle.
"Helena intimidava sua família, é verdade, mas isso não impediu que tudo funcionasse bem e que ela vivesse junto a eles, dentro de um modelo semelhante ao que se apresenta hoje como o das mulheres dedicadas aos maridos e filhos. Sua intuição e "timing" eram excepcionais. Ela surgiu numa época em que, em matéria de beleza e de higiene, tudo tinha que ser produzido, e as mulheres estavam em vias de se emancipar", diz Michelle.
Em 1953, cria a Fundação Helena Rubinstein que patrocinaria projetos de apoio aos direitos e ao bem-estar de mulheres e crianças, além de incentivar o desenvolvimento da educação, ciência e cultura. "Enriqueci graças às mulheres. Portanto, esse dinheiro deve ser usado para o benefício delas e de seus filhos", costumava dizer "Madame", que, ao morrer, aos 94 anos, deixou um patrimônio de US$ 60 milhões, incluindo uma cobiçada coleção de obras de arte africana, além de quadros de artistas como Picasso, Dali e Matisse.
Michèle lamenta que os quase 70 anos dedicados por Helena ao negócio, criado a partir da observação das tendências de mercado, não sejam objeto de estudos acadêmicos. Não seria por falta de interesse de alunos e professores de escolas de comércio e de ciências políticas, que têm convidado a jornalista a falar sobre a pioneira de um setor da economia que somente no Brasil, em 2012, movimentou mais de R$ 30 bilhões.

"A Mulher que Inventou a Beleza"

Michèle Fitoussi. Tradução: Vera Lucia dos Reis. Editora: Objetiva. 400 págs., R$ 49,90


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23.9.13

Emmy 2013

Emmy modorrento, calminho mesmo. Até os modelitos foram contidos este ano. Claro que sempre há alguma estrelinha que busca brilho maior do que o obtido por seu trabalho e surge na festinha com um figurino de filme de terror. 
Mas fora a mesmice das sempre elegantes, seguem aqui alguns astros destoantes.

As damas de vermelho

As mais belas da noite foram duas latinas, a brasileira gravidíssima Morena Bacarin, e a colombiana Sofia Vergara, sempre espetacular.



 Uma transição do vermelho para vinho deu um ar meio desalentado à Michelle Dockery.


Kaley Cuoco tem dúzias deste modelo. Só muda a cor, porque vem dando certo.



Heidi Klum é uma das mulheres mais bonitas do mundo. Por isso pode usar essa fantasia de cobra coral, perfeita para destaque do Salgueiro.


As noivas de Drácula

Este ano elas variaram entre a caipira básica...





... a transparência urbana que enfeia até a Amanda Peet...

... a homenagem de Vera Farmiga à Helena Boham-Carter (complementada pelo penteado do Johnny Bravo)...


.... outra transparência inadequada para qualquer ser humano ...



.... isso (que é feio, que parece alegoria carnavalesca pendurada em poste de cidade do interior do Brasil, que parece maiô, que desmonta o corpo da modelo, que foi desenhado por algum misógino que odeia MUITO as mulheres em geral e a mãe dele em particular)...


.... e a sempre notável Christina Hendricks, que foi até discreta em seu modelo belle epoque!!


Minha irmã é mais bonita do que eu


As Deschanel eram as irmãs mais belas da noite, indiscutivelmente. 

Forma de bolo

Minha ressalva quanto a esses modelos é uma questão prática. Como alguém consegue sentar-se com algo tão armado assim?



Em rosinha claro ou em fúcsia, não há como não se lembrar de flores em bolos de noiva.



E volta a pergunta: isso amassa quando a gente se senta?

As desalentadas


Vamos combinar que as mulheres de Hollywood contam com uma força-tarefa de especialistas em beleza para deixarem-nas mais belas que as deusas do Olimpo. Então por que tantas delas caem na conversa dos costureiros misóginos e saem assim?
 
Não há como um ser humano sentir-se natural num troço desses...



... tudo bem que Rooney Mara tem cara de eterno desalento, mas... não falta motivo, não é?  A saia é até interessante, mas ninguém merece essa blusa.


 O sorriso pra lá de amarelo da Alfre Woodard tem razão de ser. O rendão acetinado é para o carnaval carioca.



O modelito de Laura Dern aparece sempre em Hollywood em outras cores. Mas sempre com o mesmo desânimo por quem o enverga.


As verdejantes

Apesar dos tons quase semelhantes, nem sempre o verde traz esperança de um belo modelo para quem o usa.
Mayin Bialik parece ter incorporado seu personagem, a cientista tribufu de The Big Band Theory, que certamente vestiria algo assim.



Anna Chlumsky, que já foi a garotinha de Meu Primeiro Amor, cresceu e já aponta com a esperança que o verde pode oferecer.


E Sarah Hyland, de Modern Family , também reabilitou o verde.


Plumas, flores e rendões

Não que elas estivessem feias. Quem sou eu para falar de Malim Ackerman, emplumada e bonitinha, sempre?


Ou das flores que davam aspecto de cortinado ao vestidinho de Kerry Washington?


Menos ainda da  despeitadíssima - e sempre vencedora de Emmy - Claire Daines.




Mas devo confessar que estranhei a blusa de Jessica Lange, interessante, mas não para uma noite de gala. 



Roupa de poltrona

Agora, virou tendência nessas noites de premiação. Sempre aparece alguém vestido de revestimento de sofá. Inovando, este ano, a padronagem foi veludo acetinado com aplicação dourada. 




Tão interessante que merece uma segunda foto. 




E não é que funcionou bem?

E às vezes, quando menos se espera, não é que uma combinação simplesinha dá certo? Foi o caso da saia de cintura alta preta com a blusa rosada/branca. 


A simplicidade do preto e branco, redesenhado, remonta à Free Willy, mas também teve um bom efeito.




Os mais-mais

E aí vêm o que jamais deveria ter saído do fabricante...
O que dizer disso que vestiram nessa menina? Só uma criança mesmo pode aceitar tal... coisa!!! Um caso típico de jovem que não tem mãe em casa. 


Outro caso de desacerto amplo geral e irrestrito. Por que existe essa pala e um destaque negro sobre o busto? E a estampa específica para almofadas-sofá também piora a situação toda.


Lena Durham, de Girls, até tem boa intenção. Quer mostrar que nem todas as pessoas interessantes devem se enquadrar nos padrões de beleza da atualidade. Mas elas podem ter alguma ligação com a normalidade, o que é impossível para quem escolhe vestir outro tecido de almofada. Só não foi a roupa mais pavorosa da noite porque a concorrência sempre é pesada e...


... lá estava Melissa Leo, fantasiada de Tributo a Johnny Depp!!!


Um traje de dândi que nem Oscar Wilde ousaria experimentar...