31.8.07

Mid Season - ou a tristeza de quem não gosta de novela

Tudo bem que eu nem tenho mais tempo de ver televisão.
Tudo bem que acabei indo assistir ao "Ultimato Bourne" porque estava há cinco dias em casa, só trabalhando.
Tudo bem que ando tão pilhada que até filme do Jet Li trocando sopapos com o Jason Sthatam pra mim é relaxante.
Mas o que eu faço agora que acabaram as temporadas de House e de Desperate Housewives?
Eu não acompanho novela...
Outro dia, minha amiga Ana C. contou que comentou com um casal de americanos o quanto gostava de House. Como Anita é militante anti-burguesa de carteirinha (é mesmo, ela é do PSOL), daquelas que quase briga na manicure quando ouve a direita festiva se manifestar, com ela estabeleço meu padrão de besteirol aceitável para aturar as vicissitudes humanas. Bem, a Ana falou do House e os yankees quase vomitaram, porque chique nos EUA é o intelectual que não tem televisão. Ah, meus tempos... Meus pais eram vanguardistas e não sabiam. Só foram ter televisão quando eu estava com uns 28 anos, e dei um aparelho velho para eles. Passei a infância vendo TV nos vizinhos, um saco.
Mas TV é pra ver bobagem mesmo. E House, dos seriados médicos, hoje, é o melhor. Cansei de Plantão Médico, da sordidez de Nip Tuck, embora os protagonistas sejam lindinhos. Viva o feioso Hugh Laurie, com um dos mais calhordas personagens que a TV já inventou.

28.8.07

Fatos e fotos


Depois de anos militando no fotojornalismo, meu amigo Angelo Antonio decidiu enveredar também pela área de registro de eventos. Afinal, hoje casamentos e festas infantis são verdadeiros acontecimentos esplendorosos, que necessitam do registro de um profissional com sensibilidade para transformar um olhar em notícia, o que o Angelo tira de letra.
Vale uma chegada ao álbum dele no Flick. O link é no título deste post.

Arenas e a Mídia

Este é um blog já publicado na grande imprensa!
Fazendo uma pesquisa hoje, encontrei esta matéria, do meu amigo-irmão e ídolo, Eduardo Graça, feita quando ele estava acabando de se mudar para Nova York. Aliás, o Eduardo é o padrinho do Arenas, pois foi pela inspiração dele, que criou o www.edudobrooklyn.blogspot.com, que eu decidi traçar minhas linhas na Web.
Então, segue aqui o texto, como sempre magnífico, do Eduardo, sob blogs e dramas pessoais.

Cerimônia do adeus
Por Eduardo Graça, para o Valor
24/06/2005





O anúncio foi feito no dia 5 de fevereiro de 2004 e comoveu uma legião de amigos de todas as partes do globo. "Candy Girl" acabara de falecer. Ainda emocionados, Meroë, Colin, Linda, Ernest e Rob postaram aquela que seria a última mensagem de Emma Candy em seu weblog "May I Be Frank?". Durante cinco intensos meses ela dividiu com íntimos e desconhecidos o cotidiano de uma mulher inglesa de 35 anos consciente de que tinha câncer no ovário. O nome do blog é uma homenagem ao cirurgião que deu a notícia a Emma, três anos depois de ela retirar um cisto. "Ele mudou minha vida", escreveu a designer de móveis.


Os "health blogs", diários de pessoas enfrentando problemas graves de saúde, são a mais recente ferramenta para os que buscam uma maneira de dividir suas experiências e documentar os mais diversos tratamentos médicos no que já é classificado por médicos e pesquisadores como 'web therapy'. Ao mesmo tempo em que produzem um banco de dados extremamente valioso para futuros pacientes e seus familiares, os 'blogueiros da saúde' também se dedicam a uma espécie de auto-terapia, em uma versão eletrônica do velho e bom desabafo.


A página www.healthdiaries.com, por exemplo, aqui dos EUA, já reúne nada menos do que 176 diários, selecionados por tópicos que vão de doenças auto-imunes e síndrome de pânico a disfunção alimentar e alergias. Um deles é o de Keron Williams, 31 anos, que vive em Buffalo, no estado de Nova York. Ela sofre de lupus, fibromialgia e, nada surpreendente, depressão.



Em uma passagem por seu blog logo se descobre que Williams cria sozinha uma criança de 9 anos, é negra e trava uma batalha kafkiana com o sistema de saúde pública dos EUA. No inverno ela foi informada de que não receberia mais medicamentos para combater a fibromialgia, agora excluída da lista de doenças assistidas pelo Estado. "Vários médicos me disseram que, de qualquer forma, não vou precisar dos remédios mesmo. É engraçado, porque penso de maneira totalmente diferente e não tenho como não levar em conta que nenhum dos meus médicos sofrem de fibromialgia. Alías, muitos deles já me disseram que esta não é nem mesmo uma doença de fato, que tudo está na minha cabeça. Então, pergunto: quantas pessoas que estão lendo o meu blog simplesmente param de tomar remédios contra a dor?"


Em poucos minutos, outra mulher, que se identifica apenas como Lisa, decide responder ao desabafo de Williams. "Vivo o mesmo problema. Tenho lupus e ontem fui diagnosticada com fibromialgia e síndrome de Raynaud´s. Entendo exatamente o que você está passando e sei como é aquela coisa de pensar 'por que isso foi acontecer só comigo?' Bem, não é só com você e me deixe dizer uma coisa: sou branca, caucasianíssima. Se você quiser conversar com alguém que passa pelos mesmos problemas, por favor entre no meu site, escreva no meu blog, vamos trocar e-mails".


Diretor do Hospital do Câncer II, uma das unidades do Instituto Nacional do Câncer (Inca), centro de referência da doença no Brasil, o dr. Reinaldo Rondineli acredita que esta comunicação entre os pacientes é uma ação quase sempre positiva. "Não conheço nenhum paciente aqui do Inca que mantenha um blog, mas acho a idéia extremamente saudável. Tratamentos bem-sucedidos, por exemplo, tendem a ter um efeito extremamente positivo na troca destas experiências", diz. Ele também conta que no Inca, que fica no Rio de Janeiro, já há um projeto em desenvolvimento para que o paciente possa ter a oportunidade de conversar com as diversas equipes de saúde envolvidas em seu tratamento.



Olga de Mello foi durante anos assessora de imprensa do mesmo Inca e travou a batalha de lutar contra o câncer de cérebro que consumiu sua mãe. Hoje blogueira de mão-cheia no delicioso "Arenas Cariocas" (www.arenascariocas.com.br), a jornalista diz, no entanto, que não poderia ter feito um diário sobre o período em que enfrentou a doença de sua mãe. "Eu acho que é uma experiência extremamente pessoal. Uma vivência que eu só conseguiria dividir com a família e os amigos mais próximos. Acho os "heatlh blogs" muito interessantes, mas não são uma opção para mim".


De fato, as noções de privacidade e intimidade parecem cada vez mais nebulosas no mundo contemporâneo dos reality shows, da notoriedade instantânea e do grande espelho de face dupla da internet. Quando a BBC anunciou, em fevereiro, a morte do jornalista Ivan Noble, 37 anos, especialista em ciência e tecnologia, nada menos do que 300 mil pessoas entraram em seu blog para ler seu último 'post'. Noble mantinha o diário desde agosto de 2002, quando foi diagnosticado um tumor maligno em seu cérebro. Em sua derradeira mensagem, no dia 30 de janeiro, ele deixou claro que 'não se sentia um derrotado'. E que, mesmo nunca tendo detectado um talento especial pelo jornalismo em primeira pessoa, se seu "health blog" 'ajudou duas ou três pessoas a largarem o cigarro e não contraírem qualquer tipo de câncer em sua vida, então sinto que minhas mal-digitadas linhas já valeram a pena".


Inúmeros internautas deixaram mensagens de conforto para a família de Noble, citado como inspiração e motivo de orgulho dos britânicos. Mas muitos outros passaram pelas páginas do blog sem deixar maiores marcas. Curiosidade mórbida ou solidariedade silenciosa? A jornalista Natalie Hanman, do jornal britânico "The Guardian", autora de uma extensa pesquisa sobre o tema, acha que, assim como na sociedade 'real', há de tudo um pouco no mundo da blogosfera. Em geral, na maioria dos "health blogs", a prática é escrever regularmente sobre os desafios vencidos - ou não - no contato direto com a doença ao mesmo tempo em que se responde a e-mails de curiosos e conhecidos sobre sua rotina. A rotina acaba se transformando em um 'quase-emprego', que, na descrição de vários blogueiros, os mantém 'vivos, lúcidos e com mais vontade de viver'.


Um dos blogueiros mais impressionantes do grupo estudado por Hanman é Davey Boy, de Toronto, Canadá, que descobriu há alguns anos ser soropositivo para o vírus HIV. "Eu precisava encontrar uma maneira de dividir o que eu sentia com outras pessoas, então resolvi criar um espaço na internet que poderia ser uma espécie de 'network social' em que eu pudesse também fazer um trabalho mais ou menos educacional voltado para outras pessoas lidando com a Aids", conta em seu blog, que tem o corajoso título de hiv-aids.blogspot.com e oferece links para inúmeros serviços de ajuda a portadores do vírus da aids.


Quanto a Candy Girl, em sua última entrada no blog ela contava que começava a ficar impossível comer e já elaborava um plano para usar pirulitos como uma espécie de catalisador de sabor e excitante de apetite. Dez dias depois, os amigos entraram no blog para comunicar a morte de Emma. Contam que ela morreu em paz, ao lado da família, mostram uma última foto de Emma, passeando feliz, dias atrás, à beira do Tâmisa, e encerram o blog, ainda aberto na internet, como um documento vivo de sua autora, desta maneira: "Este blog foi uma das coisas que mantiveram Emma feliz nos últimos meses. Ela adorava escrever seus 'posts' para todos. Seria genial se as pessoas pudessem sempre dividir seus pensamentos com os outros. Nós sabemos que Emma gostaria de agradecer a todos vocês pelas palavras de apoio, sempre".


Lista de Blogs:


www.mayibefrank.typepad.com


www.healthdiaries.com/blogs/


www.guardian.co.uk/online/weblogs


www.news.bbc.co.uk/1/hi/health/ 4211475.stm


www.arenascariocas.blogspot.com

24.8.07

O que se responde à simpática médica que, durante a primeira consulta, ao descobrir que o trabalho toma 20 horas de seus pensamentos em cada dia, declara: "Você está levando uma vida muito chata!"?
Minha senhora, eu levo a vida que posso.

19.8.07



Da série "Ai, meu Deus, era tudo o que eu queria..."

Dos olhares


Já disse e repito: a perda de visão próxima, a presbiopia, é o grande marco da constatação do envelhecimento, bem mais impactante do que embranquecimento dos cabelos.
Míope de carteirinha, daquelas que, sem óculos não escuta direito, estou cortando um dobrado na fase de adaptação à dita vista cansada.
Como boa Miss Magoo, comecei a tirar os óculos para ler, mas não tenho óculos para ler se estou de lentes de contato, o que acontece sempre que estou fora de casa.
Minha vida virou uma constante busca da visão. Os oftalmologistas têm a idéia de que basta a gente usar óculos para não conseguir viver sem eles. Então, eu sofro, porque estou sempre enxergando mal, de perto ou de longe. Ontem, numa festa de família, fui encarregada de fotografar. Não tenho a menor idéia da qualidade das fotos, analógicas. Mal via o que estava por trás das lentes.
Almejo muito aquele olhar de expert, que só quem usa lentes para perto consegue ter. O ato de envergar óculos de leitura confere ao idoso a distinção aristocrática dos que portavam longhorns em óperas na Belle Epoque.
O único fato interessante nesta fase de transição e aceitação da velhice é que, além de perder meus óculos o dia inteiro, já que eles vivem sendo retirados da face e abandonados em sofás, mesinhas ou na cama, estranhamente, ando enxergando um pouquinho melhor de longe. Ou passei a ouvir melhor.
Legenda saudosista: Em priscas eras, quando os óculos só serviam para ver ao longe...

17.8.07

Uma paixão compartilhada

Há muito não posto aqui minhas matérias, desde que criei o "Viver da Escrita", um blog-portifólio profissional.
Mas como a gente tem uma tremenda preguiça de ir a links e ler, segue aqui, por extenso, a matéria que saiu no Valor de hoje, sobre um objeto de culto para mim e para tantos amigos.

À sombra das estantes
Por Olga de Mello, para o Valor
17/08/2007





A Shakespeare and Company, em Paris: dois livros tratam da lendária livraria, ponto de encontro de escritores do início do século XX e abrigo recente para um jornalista canadense
"Quando tenho algum dinheiro, compro livros; se me sobrar um pouco, compro roupas e comida." Assim o pensador holandês Erasmo de Roterdã (1455-1536) explicava seu amor pelos livros, produtos cujo consumo em larga escala foi iniciado durante sua infância, quando o alemão Johannes Guttemberg, por volta de 1545, criou a primeira prensa. Depois de popularizar-se ao longo dos séculos e enfrentar a era da informática, o livro firma-se cada vez mais como objeto de culto, alcançando o nível de tema literário de sucesso em países onde tradicionalmente a leitura é um luxo para poucos. Apenas no Brasil, quatro títulos estrangeiros freqüentam, simultaneamente, as listas de mais vendidos, seguindo bons desempenhos em outros mercados. Ao lado de dois romances a respeito de crianças que procuram - ou furtam - livros, relatos semijornalísticos sobre livreiros que hospedam escritores vêm conquistando os leitores brasileiros.


Desde seu lançamento há cinco meses, "A Menina Que Roubava Livros" (Intrínseca, 494 págs., R$ 39,90) vendeu 150 mil exemplares e aumentou em 500% o faturamento da editora, revela o presidente da Intrínseca, Jorge Oaquim, que vê no romance um clássico contemporâneo: "Será igual a 'O Mundo de Sofia', um livro para jovens leitores que conquistou os adultos", diz. O público brasileiro também se entusiasmou com "A Sombra do Vento", do espanhol Carlos Ruiz Zafón, (Suma de Letras, 399 págs., R$ 39,90), um fenômeno literário que permaneceu mais de cinco anos na lista de best-sellers na Espanha e vendeu mais de 6,5 milhões de cópias em todo o mundo, sendo 35 mil no Brasil.


Há 54 semanas "O Livreiro de Cabul" (Record, 316 págs., R$ 42), da jornalista norueguesa Âsne Seierstad permanece nas listas dos mais vendidos, que estão abrindo espaço também para "Um Livro por Dia - Minha Temporada Parisiense na Shakespeare and Company" (Casa da Palavra, 320 págs., R$ 39,90). Irritado com a abordagem de Âsne, a quem hospedou por três meses, sobre a rotina doméstica de sua família, Shah Muhammad Rais escreveu "Eu Sou o Livreiro de Cabul" (Bertrand, 96 págs., R$ 26,00), com outra versão sobre o modo de vida no país de maioria muçulmana, arrasado pela guerra.


Em "Um Livro por Dia", o jornalista canadense Jeremy Mercer trata com humor a falta de higiene e a desorganização administrativa da Shakespeare and Company, onde viveu a convite do excêntrico livreiro George Whitman. Há cerca de 20 anos, outro livreiro, o britânico Frank Doer, foi imortalizado pela escritora americana Helene Hanff. Durante décadas, eles mantiveram uma intensa correspondência descrita no livro "84 Charing Cross Road", mais conhecido no Brasil depois do filme "Nunca Te Vi, Sempre Te Amei", com Anne Bancroft e Anthony Hopkins.




Não é raro encontrar apaixonados por livros protagonizando tramas ficcionais que, por vezes, pouco têm de eruditas. O escritor de policiais John Dunning criou um detetive especialista em obras raras. A resistência ao obscurantismo está tanto no clássico "Farenheit 451", de Ray Bradbury, em que bombeiros incineram livros, que passam a ser memorizados para que não se perca a cultura, quanto em "Balzac e a Costureirinha Chinesa" - que a Alfaguara relança em setembro (R$ 28,90). Este mostra dois rapazes desafiando o regime maoísta ao ler uma mala repleta de obras clássicas ocidentais, consideradas subversivas pelo governo.


O protagonista de "A Confissão", (Rocco, R$ 31), de Flávio Rodrigues, valoriza os livros porque tira deles seu sustento: ladrão, rouba volumes que revende em sebos. Livreiros e livrarias estão em "A Décima Terceira História" (Record, 420 págs., R$ 50,00), o romance gótico da inglesa Diane Setterfield que ficou semanas na lista dos mais vendidos do "The New York Times", e em "Desvarios no Brooklyn" (Companhia das Letras, 328 págs., R$ 49,50), de Paul Auster.


"Nada mais natural que a literatura aproveite como ambiente o palco do encontro entre o leitor e o livro", diz Rui Campos, um dos sócios da Livraria da Travessa, que determinou um espaço exclusivo para livros sobre bibliofilia. Laura Gasparian, da Livraria Argumento, acha que o livreiro merece ser imortalizado na pele de astros do cinema como Hugh Grant ("Notting Hill") ou Johnny Depp ("O Último Portal", de Roman Polanski, baseado na novela "O Club Dumas", de Artur Pérez-Reverte): "É uma profissão muito charmosa, porque vende o conhecimento."


"É uma satisfação perceber o crescimento de títulos sobre bibliofilia no Brasil, embora não esteja surgindo um nicho nem um filão. Antes, nem tínhamos concorrência", brinca Martha Ribas, gerente-editorial da Casa da Palavra, que tem 18% de seu catálogo dedicado ao gênero. O primeiro lançamento da editora, "O Bibliófilo Aprendiz", de Rubens Borba de Moraes (207 págs., R$ 32,00), continua em catálogo. O maior sucesso, "A Paixão pelos Livros" (152 págs., R$ 32,00) está na quinta reimpressão. Junto com "Um Livro por Dia", a Casa da Palavra relançou "Shakespeare and Company, uma Livraria na Paris do Entre-Guerras" (272 págs., R$ 42,00), a autobiografia da livreira Sylvia Beach, proprietária da Shakespeare and Company original. "Conseguimos transformar uma paixão em negócio lucrativo, com uma excelente receptividade", afirma Martha.


Em 2005, o Atelier Editorial lançou "Philobiblon" (181 págs., R$ 27,00), o primeiro livro sobre bibliofilia, escrito pelo inglês Richard de Bury em 1344. As vendas foram modestas, mas o editor Plínio Martins Filho não desanima. "É importante termos esses títulos disponíveis, mesmo com um público pequeno", acredita, informando que ainda este ano o conto "O Inferno do Bibliófilo", do francês Charles Asselineau, será o segundo volume da coleção O Prazer de Ler, iniciada com "Philobiblon".


A exemplo de Virginia Woolf, para quem "ler sistematicamente com o objetivo de tornar-se um especialista ou uma autoridade" poderia matar "a paixão mais humana pela leitura pura e desinteressada", o mais renomado bibliófilo brasileiro, José Mindlin, acha que a formação deve ser mais conseqüência que objetivo do leitor: "Não se pode pensar em educação sem leitura, mas só é inoculado pelo vírus da leitura quem obtém prazer nela. O refinamento vem aos poucos", diz Mindlin, um entusiasta das bibliotecas populares que têm sido montadas em garagens de diversas cidades do Brasil, sem registro formal nem catálogo das obras. Iniciativas que merecem elogio semelhante do argentino Alberto Maguel, em "A Biblioteca, à Noite" (Companhia das Letras, 301 págs., R$ 47,00), em que destaca o esforço do governo colombiano, que criou um sistema dinâmico de bibliotecas itinerantes que alcança locais inacessíveis por automóveis usando os biblioburros - sacolas com livros carregadas em lombos de burros.

16.8.07

No Valor Econômico, hoje

Aperta aí no link, que sai. Se não, corram no Viver da Escrita, que está lá, por extenso.

14.8.07

Livros para morrer sem ler

Eu estava animadinha, eager to read, a lista dos 1000 livros para serem lidos antes de morrer, do professor de Literatra Inglesa Peter Boxall. Ali estaria a relação que nortearia meu resto de vida. E aí começa pelo século XXI, com muitos autores patrícios do moço ou da Commonwealth. Até aí, tudo bem, que eu adoro literatura inglesa, mas sou mais a do século XIX para trás, com descrições fotográficas do Thomas Hardy sobre as charnecas, ou o Henry James, o americano mais britânico que já existiu, falando da inadequação dos habitantes no Novo Mundo na Europa.
Só que logo, logo, no número 52, dois números depois de "A Festa do Bode", do Vargas Llosa, um dos pouquíssimos latinos citados, como Saramago, está... "The Devil and Miss Pymm", de nosso Paulo Coelho.
Tá certo que a única obra completa que li do Paulo Coelho foi a letra de "Esse Tal de Rock Enrow", mas algo me diz que Dr Boxall também não deve ter lido nada do Mago. Porque não é apenas Miss Prymm que está na lista, mas "Verônica quer morrer" ou coisa que o valha também. E pode ser que tenha me escapado mais algum. Isso contra dois livros de Clarice Lispector (A Hora da Estrela e GH)e um de Jorge Amado. Ah, sim, Vargas Llosa entra mais uma vez na lista, Garcia Marques também, assim como Laura Esquivel e Borges. Tá bom pra América Latina, não?
Uma listinha fajuta dessa só me dá vontade de sentar-me às margens do Rio Piedra e chorar.

13.8.07

Mangalô, pé de pato três vezes!

Tem gente que merece conjuração astral para ter sua conversinha melíflua concretizada em sapos e cobras que descem da boca, igual a alguns personagens dos Irmãos Grimm.

6.8.07

Prazer solitário


Não há qualquer dificuldade em encher uma página ou uma tela de palavras coerentes desde que surja a frase de impacto que dará ao texto o toque para atrair os leitores.
Depois disso, é fácil. As mãos seguem pensamentos tão rápidos que mal consigo captá-los. Permaneço fascinada pela delicada elegância dos movimentos dos dedos sobre as teclas, tentando manter a atenção no lado mecânico desse exercício de criação. Parece com dirigir um carro, não há mais reflexão, tudo é automatizado. Quando uso caneta ou lápis é diferente. Só a página manuscrita parece mais interessante e misteriosa que a tela onde as letras somem e seguem seus caminhos direto para a impressão.
Quando se escreve sobre o factual, sobre os acontecimentos, não há essa necessidade de cortejar o leitor.
Se o tema pouco tem a ver com a realidade e é preciso criar uma situação de interesse, por vezes escrever torna-se tão trabalhoso quanto seduzir. Um jogo agradável, que arranca alguns suspiros e devaneios.
E daí, em algum momento, premente pela hora do fechamento, nasce mais uma história.

5.8.07

Meia-noite e meia


Olhos úmidos, sempre úmidos.
Alergia e desalento.
Alergia ou desalento.
Alergia com desalento.
Alergia a desalento.
Pegar outro papel; tudo tem que estar pronto segunda-feira.
E enquanto isso, eles cantam.