27.8.09

Nasce um clássico

Na mesma semana em que a gente descobre by Caras que Xuxa e Luciano Szaffir se casaram (oh...), a mãe de Sasha perde as estribeiras via Twitter com internautas que criticavam a filhota, informa que a menina foi alfabetizada em inglês (pra quê?), e ganha a versão tupiniquim daquele vídeo em defesa da Britney Spears. O fã, que, se não me engano, chama-se David, é mais contido do que o menino que amava Britney. Seus quase quatro minutos de fama já desencadeiam uma série de respostas pelo You Tube, algumas engraçadas, outras simplesmente grosseiras.
Não encontrei o post original, só este, já com uma indelicadeza com o rapaz.
(Em tempo, Xuxa é tão importante para mim quanto sou para ela. Cuidei, apenas, para que meus filhos jamais a admirassem, porque, convenhamos, apresentar desenho animado na TV os capitães Furacão - que eu amava - e o Aza - de quem não gostava, não - já faziam. Mas não eram tão bonitos quanto a moça, claro.)

Eu, hein?


Eu continuo gostando do Suplicy. Mesmo assim, estranho, sabem?

25.8.09

J'accuse Tupiniquim

Alertada por Marcelo Tas, no CQC, me animei a assistir a espinafração pública que Eduardo Suplicy passara em José Sarney.
Que cena patética. O senador Suplicy, incisivo, não difere muito do senador Suplicy conciliador.
O Suplicy é um gentleman, é correto, bonito, mas ... que falta de sal e malemolência.
Até Sarney cresceu em cima da indignação dele.
Tudo bem que Suplicy estava certíssimo: depois de tantas acusações, o imortal autor de Marimbondos de Fogo usa a tribuna para falar de Euclides da Cunha?
Foi o bastante para Sarney se indignar contra o ataque à memória de Euclides da Cunha. E ainda dizer que J'Accuse, invocado por Suplicy como atitude a ser imitada, foi escrito por Emile Zola exatamente para defender Dreyfuss de acusações infundadas.
Bonito ver dois senadores da República deitando erudição!
A massa de eleitores não entendeu nada, assim como, provavelmente, boa parte de seus pares.
Só viram dois senhores trocando mesuras polidas, como lordes do Parlamento inglês. Mas sem um mínimo exigido de indignação latina.

24.8.09

Caindo na real

Cinderella, ex-doméstica, decepcionada com a vida de dondoca.
Branca de Neve e o sonho da família perfeita.
Rapunzel sofrendo de alopecia.

Chapeuzinho Vermelho, a garota que a inconsequente da mãe manda atravessar um bosque sozinha, se entupindo de guloseimas junk.
Yasmin, a muçulmana que vai à luta.
A fotógrafa Dina Goldstein criou uma série de fotos sobre princesas de contos-de-fada/Disney com um approach contemporâneo. Um pouco de humor negro, mas que também nos levam a pensar na condição feminina. Cheguei a ela, pesquisando depois de ver a foto de Branca de Neve com a família, postada pelo Jôka.

21.8.09

Escarlate




Qual é o mais emblemático vestido de Scarlett O'Hara?

O robe vermelho, pré aquela cena clichezaça do romantismo entre tapas e beijos, quando Rett Butler a carrega pela escadaria - com excelentes resultados, de acordo com o alegre semblante da mocinha na morning after, antes de descambar para novo dramalhão?



O vestido de veludo vinho, com plumas, luvas também escarlates e um imeeenso xale transparente, em filó ou seja lá o que for, com a moça pronta para o confronto, jogada à acareação com a boazinha Melanie, que todos acreditam estar sendo traída pela melhor amiga e o marido?





O branco de organza, com bolerinho azul e um chapéu di-vi-no, acompanhados por sombrinha azul, com o qual ela é flagrada abraçando Ashley Wilkes, o bonzinho que não sai de cima do muro?



O de luto que combina bem com um chapeuzinho verde?



O vaporoso florido, de dias felizes e jovens, antes da guerra ser anunciada?




Ou o de veludo verde, confeccionado com as cortinas da casa, especialmente para visitar Rett Butler na cadeia?



Eu fico com o vestido das cortinas, embora meu favorito seja o vermelho pecaminoso. Verde e vermelho são as cores de Scarlett, a mulher fútil, que tira a família da lama, da maneira que der. E que amanhã seja um novo dia!!!!

Objeto de desejo




O vestido que Kiera Knightley usa em Atonement. Indispensáveis: 1,70m de altura, 50kg para envergar a fatiota. E um moço bonito para cortejar a dama.

19.8.09

Pizza para inglês ver


Duas turistas inglesas que tentaram dar golpe no seguro, forjando o roubo de objetos que guardavam na estalagem onde se hospedavam (ingleses, em histórias de bucaneiros, sempre ficam em estalagens) mostraram como é importante ser gringo numa república de bananas: foram condenadas a prestar oito meses de serviços comunitários no Brasil. Ah, se fossem brasileirinhas no exterior...
O Conselho de Ética do Senado rejeitou as denúncias contra Sarney.
Que bonitos exemplos de integridade deixamos a nossos filhos.

Recordações de uma menina de apartamento



Quando a gente imagina que nossos políticos não têm criatividade em suas propostas, eis que surge o projeto do deputado pedetista Paulo Ramos que determina ao Estado do Rio de Janeiro a criação de pipódromos, locais seguros onde a população seja instada a soltar pipas.
Fui uma criança de apartamento. Não brinquei na rua, mas ainda peguei trânsito interrompido em Ipanema para a molecada jogar futebol nas travessas menos movimentadas. Embora menina, sempre quis soltar pipa. Nem em ventilador, consegui. Um dia, arrumei linha, umas varetinhas, e fiz uma pipa, com papéis pautados, de caderno. Tentei soltar, sem qualquer sucesso, na janela.
Muitos anos depois, um conhecido se acidentou gravemente no Aterro. Passava de moto, num fim de semana, e teve o pescoço envolvido por umna linha com cerol. Sofreu um corte violento, foi levado para o Souza Aguiar onde tomou 54 pontos - internos e externos, creio.(Naquela época, o Aterro era aberto aos fins de semana para lazer, mas motos podiam trafegar.)

Meu encontro definitivo com a atividade veio quando fui escalada para a cobertura de concurso de pipas, patrocinado pelo Globo, claro, no Museu Aeroespacial, na Zona Oeste. Aquelas roubadas de plantão, que cumpríamos temendo que surgisse um crime nas cercanias, levando a um deslocamento que tomaria algo em torno de seis horas da vida.
(ZOeste era aquela área cinzenta na cabeça das chefias de reportagem da década de 80, sempre acompanhada pelas expressões "aí pertinho" ou "aí ao lado", que considera vizinhos Bangu e Mangaratiba. A infeliz equipe percorria Campo Grande e recebia um chamado no rádio para dar um pulinho em Curicica, "que é aí, ao lado". Na Zona Oeste não existe "aí pertinho". Tudo fica, no mínimo, a 15 quilômetros do primeiro ponto.)
Deu tudo certo naquela tarde. Céu limpo, sem cheiro de nuvens, famílias de pipeiros se esmerando em manobras, pipas coloridíssimas que fizeram a festa do fotógrafo e nenhuma conclamação radiofônica para abandonar aquela tranquilidade. Um pipeiro, ao saber de minha total inexperiência no setor, me levou a empinar uma pipa - impressionamente fácil, apesar das puxadas dos ventos.
Do alto de minha parca experiência na atividade, e embora consciente a respeito do perigo da exercê-la próxima às linhas elétricas, acredito firmemente que pipa é igual a peteca ou frescobol. Não é preciso muita regra, apenas disposição para empiná-las. Pandorgas, papagaios, pipas, tomem os céus livremente, sem regulação! Deixem a molecada subir morros e, mais libertário ainda, invadir o viaduto São Sebastião, que liga o Santo Cristo ao Catumbi, perto do Sambódromo, para arranhar os céus com seus pedaços de papel! Pipas são gritos de liberdade.



(Os papagaios sumiram das areias de Copacabana?)

18.8.09

I couldabe somebody



Se a caça às bruxas de McCarthy não lhe manchasse os currículos pessoal e profissional, Budd Schulberg, que morreu há duas semanas, teria elegias fúnebres retumbantes. Ganhador do Oscar pelo magnífico roteiro de Sindicato de Ladrões, dirigido por Elia Kazan e estrelado por Marlon Brando, Schulberg era um mestre dos roteiros em Hollywood. E ainda assinou um romance contundente sobre um carreirista que chega a chefão de estúdios cinematográficos em O que faz Sammy Correr?.
Como dos mortos devemos guardar o melhor, vale ver o diálogo de Marlon Brando e Rod Steiger, em Sindicato. E pensar se Budd Schulberg poderia ter sido alguém além do que foi.

17.8.09

Vamos marinar?



A ex-ministra não está parecendo a Frida Kahlo? E as cores, atrás, são pura paixão nativista.
Uma campanha de proteção ao ambiente político.

Quando você descobriu que envelheceu?

Chegando aos 30, ao perceber que as músicas disco já eram usadas em Flashbacks radiofônicos. É sério, eu estava num McDonald's, comprando lanche para toda a turma do plantão na redação com um colega, de moto (nossa, como eu era intrépida!). E aí ouvi aquela voz melodiosa, sussurando "Saudade não tem idade...", antes de atacar a introdução de um Best of My Love qualquer.
Passando dos 40, a chegada da presbiopia me assombrou. Hoje, enxergo mal de perto e de longe.
Doloroso mesmo, é não reconhecer no espelho a pessoa que habitava o corpo de hoje.
Patético seria o dia de entrar em tratamentos dito rejuvenecedores, que dão a todos fisionomia de peixe inchadinho. Vi um filme recente com Billy Bob Thorton em que a única vida no seu rosto está nos olhos. Acabou sua interpretação de tanto botox. Como tenho alergia a tanta coisa no mundo, jamais poderei eliminar rugas, vincos, manchas, marcas da passagem do tempo. Não que eu seja totalmente contrária aos cuidados e até intervenções para minorar traços indesejáveis. Mas chegamos à loucura absoluta, com mulheres de 30 anos aplicando botox, fios de ouro, colágeno e sei lá mais o que no rosto, meninas de 20 se lipoaspirando. Tem até mulher recém-parida que vai tirar as marcas da gravidez antes da criança ser desmamada (a mulher de um rapper veio fazer isso no Brasil, quando o filho tinha três meses. A amamentação do bebê ficou em segundo plano, claro).

Enquanto vejo meus filhos crescerem lindos, acompanho a transformação de uma sociedade de humanos em plastificados. Daqui a dez anos todo mundo terá as feições da Martha Suplicy. Ou da Dona Marisa Letícia. Ou da Marília Gabriela.
Ah, a dignidade que não veremos mais em damas maltratadas pelo tempo e sorrindo para a vida que se escoa...


Judi Dench e Maggie Smith, às gargalhadas, aos 74 anos.


A Abelha Rainha, Bethânia, majestosa aos 63 anos.


Fernanda Montenegro, uma carioca que chega daqui a pouco aos 80.



Eva Todor, húngara de nascimento, carioca de vida, chegando aos 89 (gracinha, que entrevistei ano passado, lúcida e doce).

Cantinho do Consumidor

Mais uma imensa vitória para o consumidor brasileiro!!!
A Justiça determinou que as empresas de TV por assinatura não podem cobrar pela "programação veiculada através de ponto extra". No entanto, podem cobrar o aluguel dos equipamentos.
Mudou o quê, mesmo?

O alento, tentamos conseguir ouvindo Gal cantar Mamãe, Coragem!, de Caetano e Torquato Neto.

15.8.09

Há 40 anos



Para celebrar os 40 anos de Woodstock, deixei a vida de lado e devorei Aconteceu em Woodstock (Record), de Elliot Tiber e Tom Monte. Tiber, um artista plástico e roteirista, na época administrava o hotel decadente da família em Bethel, intermediou a locação de uma fazenda vizinha para sediar o anunciado festival de artes e música. Um mês antes, os produtores encaravam um prejuízo de 2 milhões de dólares com a cassação da licença para a realização do evento em uma cidade próxima. Esperavam atrair 50 mil pessoas. Tiber conversou com o fazendeiro Max Yuger, que alugou sua propriedade, e contribuiu para fazer história.

O Festival foi um sonho musical que trouxe o brilho de Carlos Santana, The Who, Janis Joplin, Hendrix, Alvin Lee e o Ten Years After, Cosby, Stills, Nash and Young, Credence, Traffic, Joan Baez, Sha-na-na, a inesquecível interpretação de Joe Cocker para With a Little Help from my Friends, entre muitos outros.



A região foi invadida por quase 500 mil pessoas. Tomaram banho nos lagos, chafurdaram na lama, consumiram toneladas de drogas, dançaram, cantaram, fizeram sexo e celebraram a Era de Aquarius, engarrafando qualquer caminho e abrindo muitos outros.







Alguns jovens levaram os filhinhos, mostrando-se totalmente tranquilos quanto à segurança da prole. Gostaria de ouvir as recordações dessas crianças de Woodstock.



Uma das imagens mais famosas de Woodstock foi a escolhida para cartaz do documentário e capa do disco, com um casal abraçado, enrolado numa manta, não se sabe se esperando um show ou acordando.




Faltou comida, choveu um bocado, morreram três pessoas, houve muitos atendimentos por overdose, nasceram três bebês.






Se houvesse uma viagem no tempo, bem que eu queria ter um desses ingressos (que no fim, foram dispensados, pois correu muito mais gente do que se imaginava, e a entrada acabou liberada).

14.8.09

VIPs

Há duas semanas recebo a Caras naquelas promoções para ver se atrai assinantes. Comigo não dá certo. Já recebi Caras de outra feita, Contigo e Veja, sem contar jornais. Não é arrogância minha, reconheço a qualidade do produto. No entanto, não sou o público alvo dessas publicações.
Não que eu seja imune a elas. Quando eu era jovenzinha, havia a Fatos & Fotos, a Manchete. Ambas traziam alguma cobertura política, mas o forte eram matérias reveladoras sobre o day after da vencedora do concurso de Miss Brasil, sempre tomando café-da-manhã na cama com coroa, faixa e cetro, cercada de flores. Havia também umas sessões de flagrantes, com fotos de artistas estrangeiros chegando ou saindo de aeroportos, caminhando nas ruas, essas que hoje são abertas em páginas duplas. E muito material sobre a aristocracia decadente: o duque e a duquesa de Windsor, Madame Sukarno, a família real inglesa - a estrela dos escândalos era sempre a princesa Margareth, irmã da rainha da Inglaterra - e os príncipes de Mônaco. Haja Grace Kelly em baile, encontrando com Cary Grant, David Niven e James Stewart, que deviam ser habitués do cassino de Montecarlo. Ah, e ainda sobravam fotos de Omar Shariff em mesas de jogo. Vez por outra, Jacqueline Kennedy Onassis surgia, sempre atrás de óculos imensos. E muita Elizabeth Taylor com Richard Burton.
Hoje, meu problema é que desconheço boa parte dos personagens, dessas revistas por minha teimosia em não assistir a novelas nos diversos canais. Alguns, conheço, e obtenho importantes revelações sobre em quais lojas o filho do Reginaldo Faria comprou móveis, ou que a apresentadora de TV Márcia Goldschmidt tem uma relação especial com Portugal.
O que mais me diverte são as colunas com os desconhecidos ilustres, como um empresário paulista que ganhou festa surpresa organizada por sua amada... ex-BBB!!!! Outra empresária prestigiando um cantor durante um cruzeiro pela costa brasileira. E tem um modelo que participou do reality show A Fazenda, feliz pela visibilidade alcançada após o programa.
De resto, fotos salpicadas de Zezé di Camargo e Luciano, Xuxa, Dilma Rousseff numa festa do SBT ao lado de Sílvio Santos, Roberto Justus, Hebe Camargo, Babi, Marília Gabriela, Helena Ranaldi, estreias de peças, de filmes, noites de autógrafos, os filhos de Michael Jackson... E a informação realmente insólita e inesperada: Madonna, Jesus e a nova filha da pop star entrando no Museu Hermitage, em São Petersburgo. Isso, sim, é notícia.

11.8.09

Memórias cinematográficas



Esta foto é de 1960, mesma safra que a minha, e mostra o Cine Botafogo, que cheguei a conhecer - e a ir, uma só vez, com meus pais. Mas não me lembro do filme, só de cadeiras duras, de madeira.



Já deste me lembro mais, o Miramar, na Praia do Leblon. Fui algumas vezes, também criança, não me recordo a que assisti lá. Em Cada Um com Seu Cinema, uma produção que comemorou o 60° aniversário do Festival de Cannes, com diversos diretores apresentando curtas de três minutos, o de Nanni Moretti, O Diário de um Espectador, fala sobre a memória afetiva que temos dos filmes e das salas em que os assistimos. Fala mais, claro, mostra a vida integrada ao cinema.
É um pouco frustrante, para mim, saber que estive nesses locais, mas não haver registrado o que vi.
Porque me lembro bem de tantos outros cinemas que se acabaram e do que assisti neles. No Caruso, em Copacabana, vi A Mulher do Lado, Barry Lindon, Tommy (umas 800 vezes), festivais de cinema francês. No Cinema I, descobri Eric Rohmer, com A Marquesa D'O. No Bruni Copacabana, Amor e Ciúme, de Lina Wertmuller, com Sophia Loren, Marcello Mastroianni e Giancarlo Giannini afinados em performances soberbas. A Oitava Esposa de Barba Azul e muitos filmes dos Irmãos Marx, no Cinema II. Risky Business, com Tom Cruise dançando de cuecas, no Imperator - sim, eu ia longe para ver o que me interessava. Silverado no Art-Copacabana, tudo quanto era estréia boa no Veneza, uma das piores localizações da cidade e sala pavorosa, com pouca inclinação (Arrastei meus pais e meus tios, em troca de uma carona em meu carro, a verem lá, comigo, Give My Regards to Broad Street, um filme de e com Paul McCartney, prá lá de ruim). ET e O Ano em que vivemos Perigosamente, no Condor Copacabana (com todo mundo fazendo "Schiiiiiii!" pro condor voar na tela antes do filme começar). Cidadão Kane, a primeira vez, no Pax. A Pantera Cor-de-Rosa, no Copacabana (que era bom de entrar em filme proibido para menores de 14 anos, aquele friozinho na barriga... entrava na matinê e me escondia no banheiro antes de começar a soirée; depois de iniciada a sessão, o lanterninha esquecia da gente). Caçadores da Arca Perdida no Ricamar, Carrie, a Estranha, no Coral, seguido por uma imediata sessão de Grease, no Scala, para nos acalmarmos do impacto daquela mão saindo do túmulo, reconhecendo, no escuro, sessão já começada, a voz de David Bowie, e por isso já gostando de Cat People, no Bruni Flamengo. Morrendo de calor com a sensualidade de Corpos Ardentes, no Rian, cuja platéia se transformou em torcida de futebol, comemorando gols em Fuga para a Vitória.
No Jóia, o primeiro filme proibido, de 18 anos, Frenesi, de Hitchcock, numa tarde depois da aula de datilografia (!) no Senac. O Pirajá também tinha um grupo de porteiros que jamais ligavam para a idade dos espectadores, mas só me lembro de assistir lá Sunshine, um dramalhão embalado por músicas de John Denver, que cortava o coração das adolescentes nos anos 70. Comprando as entradas para Romeu e Julieta, de Zefirelli, ouvi adolescentes chorosas comentando: "É lindo! Sabe que agora tem o livro?". Acho que o último filme que vi no Bruni, em frente à Praça da Paz, foi O Casamento do Meu Melhor Amigo. Na fila de entrada, uma amiga avisou: "O amigo gay é tuuuuudo!!!!!".
Golpe de Mestre
, assisti sozinha. Marcelo, Carlos Augusto e Martha foram barrados, enquanto eu, tão jovem quanto eles, entrei impávida no Condor Copacabana. Pra compensar, fui com Marcelo ver Tubarão 3 no mesmo Condor, que começava a febre das pipocas durante a sessão. Saí pra comprar pipocas, tropecei em alguém e não sobrou um grão de milho para degustarmos durante o filme. A gente ia tanto ao cinema que uma noite de sábado nos apertamos no carro para ir ao Drive In da Lagoa assistir a Um Viúvo Trapalhão, horrível, com Walter Matthaw, apenas pelo prazer de ir ao cinema - percebendo que éramos o único veículo de espectadores naquela imensa corrida de submarino.
Inocência igual a de anos antes, quando vi, pela primeira vez, no Poeira, da Praça General Osório, O Mágico de Oz. Duas sessões seguidas, porque minha mãe tinha a paciência que eu viria a descobrir quando chegou a minha vez de assistir à trilogia Indiana Jones de uma vez só, por semanas a fio, quando Júlia era criança e puxava qualquer um para ver as aventuras do arqueólogo.

Se eu me lembro de tanta coisa, como esqueci o que vi no Botafogo e no Miramar????

E segue Nanni Moretti, que sabe misturar recordações, vida e arte.

6.8.09

John Hughes (1950-2009)







Os anos 80 definitivamente morreram em 2009!