29.2.16

Oscar 2016 - Morno

Um Oscar bem contido em figurinos extravagantes, o deste ano. Depois do alívio geral pela premiação de Leonardo DiCaprio - já deu, né? -, o Oscar mais branquinho dos últimos tempos transcorreu tranquilamente, apontando a tendência feminista de seios naturais e desnudos. Duas divas decotadíssimas e de busto abaixo da linha do silicone ousaram mais do que as moças que mostraram pernas em fendas abissais. Faltaram artistas negros, exceto alguns poucos chamados para compor a cota, entre eles Quincy Jones, Morgan Freeman e o chatinho Chris Rock - muito melhor ator e criador do que mestre de cerimônias. E, claro, sempre houve algumas descomposições vestuárias dignas de nota.

Desde que se separou de Seal, Heidi Klum deu de sair com uns modelos Versace de abalar o sono merecido dos mortos. Desta vez, aproveitou a decoração da mesa da festinha da filha mais moça, agarrou um tule aqui, outro acolá, e se mandou pra Hollywood.


Cate Blanchett, totalmente Blue Jasmine, e Jennifer Jason Leigh buscaram inspiração naquelas toucas de natação cravejadas de flores ou em canteiros de marias-sem-vergonha para seus modelitos.


Florido também estava o Jared Leto, que não se contentou com o modelito debruado em vermelho e tascou um sapato com detalhes de cobrinhas brancas no peito do pé. A calça é de mensageiro de hotel. O calçado, nitidamente, inspirado na moda chinesa... 


... que também conquistou Amy Pohler, vestida de biombo ...


... ou de dona de prostíbulo no bairro oriental, temática rearranjada pela claudicante Jennifer Lawrence, que se vestiu de dançarina de saloon - e está a cara da Jennifer Aniston.


Na categoria alegoria e adereços foram muitos concorrentes, mas ninguém bateu os braceletes de filme de ficção científica de Whoopie Goldberg, provando que nem sempre um pretinho é básico - ou deixa a figura mais delgada.


A veteraníssima Charlotte Rampling aproveitou a sobra do estofado novo de seu sofazinho Gelli e completou o modelo simples, muito bem cortado, com um sapatinho azul celeste. Só mesmo La Rampling pra ficar elegante apesar dos bolsinhos no busto. E do sapato azulzinho. E da desnecessária fenda.



Sabe aquele modelito "compras na feirinha de orgânicos do Leblon"? Pois é, Mrs Stallone, depois de aplicar botox nos olhos dela e em todas as feições do marido, decidiu usar em noite de gala. Daria certo no Rio. Não em L.A.


  No quesito Pernas pra que te quero, as finalistas foram Rachel McAdams, de vestido amassado, que perdeu para 


Kerry Washington, de Barbie Xena, a Princesa Guerreira vai ao Baile.



Na categoria Melhor Aproveitamento de Tecidos de Casa, ou Prêmio Maria Von Trapp, a vencedora foi Isla Fisher, com o lençol floral. 


  Grávida, Emily Blunt provou porque o estilo Josefino estava em alta nas cortes napoleônicas - e na aristocracia rural inglesa -, numa era pré-pílula. Troféu Jane Austen da noite.


Troféu "Volta por Cima" ficou com Jennifer Garner, linda, leve e solta depois de deletar o ex (aquele moço que agora será Bruce Wayne, o aprendiz de Clint Eastwood, Ben Affleck), que andou se engraçando com a babá. 


Daisy Ridley com um fatiota perfeita para ser madrinha de casamento aqui no Rio. 


Alicia Vikander, de balonê. Eu nem gosto de falar sobre balonê, saia que não fica bem nem em criança acima de quatro anos de idade. Ficou algo entre a Bela da Disney e um bolo, cheio de confeitos prateadinhos. 



Brie Larson, a nova jovem estrela laureada de Hollywood, caiu no conto do estilista misógino e tascou uma saia cheia de plissados, parecendo um cortinado. Para dar uma quebrada em tanto tule esvoaçante, um cinto de imperatriz do século XIX, cravejado de pedras preciosas. Esses homens não gostam mesmo de mulheres.


O aspecto de disco de vinil do vestido de Kate Winslet é sensacional. Uma escovada nos cabelos, então, ficaria divino!!


Linda, Margot Robbie foi fantasiada de Oscar. Ou de Assolan. 


Também linda, Naomi Watts, de sereia. 



Olivia Munn, com a roupa mais interessante da noite, porque laranja é o new black mesmo.


Na acirrada disputa pelo prêmio Até as Deusas Erram, Charlize Theron usou um vermelhão de cortininha, mas perdeu para ....

... o imbatível avental branco de Olivia Wilde, que, entretanto, nem de longe foi o modelo mais pavoroso da noite.


Rooney Mara, que solidifica sua carreira em papeis esquisitos, buscando sempre a elegância interpretativa/andrógina/entediada de uma Tilda Swinton, vem investindo em roupas feias. Uma Helena Bonham-Carter menos exuberante, está longe ainda de chegar ao primor imaginativo de Cher ou ao escracho Bjorkiano. Mas venceu, com honra, o troféu Helena Bonham-Carter da noite em seu traje Noiva Caipira Cadáver, uma composição que jamais deveria deixar um escuro mausoléu onde enterraram a desencarnada.



E finalmente, Leo conseguiu sua estatueta ...

... enquanto Stallone perdeu a dele para o magnífico Mark Rylance.


E o melhor da noite foi a incapacidade absoluta de opinar de Glória Pires.


25.2.16

O caos nosso de cada dia.

O brasileiro acha que desenvolvimento é ter rua numerada. Criaram Brasília com essa lógica, que, felizmente, não se espalhou para outras cidades. Volta Redonda também tem esse americanismo. Ganha em lógica (?) e perde em poesia. 
Agora, a muy heroica e leal cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro troca itinerários e nomenclaturas pelas quais os ônibus que cruzavam o balneário eram conhecidos. Sempre houve o 125, o 410, o 435, o 750. E os que eram chamados, pelos mais antigos, de "Gávea-Leme", o 474, que fazia Jacaré-Copacabana, tudo muda de numeração e de nome. Viraram Troncal 1, 2, 3... conforme os novos trajetos, que a gente também desconhece - o que faz sentido numa vida tecnocratizada. O Rio merece.

16.2.16

Ah, o Grammy ...

Dispenso assistir ao Grammy por algumas razões. É uma festa longuíssima, com tantos prêmios que nem dá pra entender quem ganhou o quê e em qual categoria. E um tremendo desfile de fantasias pós-carnavalescas. Porque é rock'n'roll - e os roqueiros são irreverentes, propositalmente cafonas, chocam a burguesia com tanto descuido planejado no trajar.
O apuro em parecer marginal ou montar um jeito "tô nem aí" é de um artificialismo que mal merece menção. No meio disso tem sempre a bagunça visual da Lady Gaga, este ano homenageando David Bowie com figurinos de fazer inveja a Liberace, Elton John e Las Vegas inteira. É tanta coisa que só dá pra mencionar...


... a moça que saiu de ovo estrelado ...


... o quimono de Lagy Gaga, cada vez mais uma mescla de Bozo e Courtney Love ...



... o quimono de Kim Kardashian ...

... e o da Florence Welch, um pesadelo de desenho animado!!!





Taylor Swift, com uma bela gargantilha, e olhe lá - calçola rosa com bustiê laranja é uma combinação assustadora.
E Rihanna, de baiana da Mangueira. Amei!!!

11.2.16

Gal, a idosa


10.02.2016 - Uma da manhã. Bom horário para guardar o ensopadinho de frango deixado na panela, esfriando para ser posto numa embalagem que vai à geladeira. Seria o almoço de amanhã, preparado com apuro - ao curry, com gengibre e pimenta rosa. Chego à cozinha e encontro um bocado do ensopado degustado no chão. Gal aprendeu a destampar panela. Atenta, ficou me observando jogar tudo no lixo. Não gostou do tempero, aparentemente.

Culpa minha, que esqueci de esconder a comida dentro do forno. Que ela ainda não sabe abrir.
11.02.2016 - Depois de uma noite animadíssima, sem energia elétrica em diversos pontos até a intervenção da Light, quase às 2 da madrugada, nada como começar um novo dia encontrando microscópicos cacos de vidro verde na cozinha, com o chão recoberto por pequenas poças do azeite comprado na véspera. Ao lado da instalação... Gal, fazendo a egípcia, olhar perdido no horizonte.

3.2.16

O carnaval manda em Hollywood

A temporada pré-Oscar continua animada. Estrelas desfilam em tapetes vermelhos com a desenvoltura de passistas de escolas de samba - e com modelos bastante apropriados, às vezes, para o Carnaval carioca. Foi assim no sábado passado, quando teve o SAG Awards, quando Julianne Moore, novamente, abiscoitou o troféu Até as Divas Erram, com seu vestidinho de toalha de mesa de festa infantil, em tecido brilhante/plástico, sempre à venda em outros tons, na Casa Turuna.


Inovações sempre surgem como este interessante vencedor do
quesito Azulejaria Contemporânea ....


... a releitura de Mondrian em paetês...


... e as amarrações estranhíssimas em azul-bebê, parecendo nós frouxos de marinheiros inexperientes. 


Sempre se apresentam, também, os trajes tradicionais roubados dos armários de figurinos de filmes de terror, com uns detalhezinhos para modernizar a veste: abre uma fenda, prega umas pedrinhas... e, pronto! Temos mais uma atriz vestindo roupa cara que poderia, tranquilamente, ser comprada numa genérica da Só a Rigor. 


Julia Louis-Dreyfus  invejou o vestido da Viola Davis no último Emmy e, como não conseguiu pegar emprestado com a amiga, arranjou algo bem parecidinho. Eu sou fãzoca dos dois vestidinhos, mas, nada se cria, tudo se copia, sim.




 Tem gente que opta pela simplicidade de uma calça capri, uma camisetinha com aplicações, uma griffe famosa e... fica horrível mesmo.


Já outras acreditam no poder do tule, na elegância das gregas de outrora, na possibilidade de aproveitamento do tecido para o cortinado do quarto do bebê. 


Ainda na linha escrava egípcia-greco-romana, Kate Mara quis mostrar que é uma mulher de peito.


A Grã-Mestra do Botox buscou no barracão de uma escola do Grupo Especial seu vestido, que tem aquele mesmo interessante estampado parecendo desenhado sobre o tecido. Faltou ineditismo.


Sarah Paulson gosta do estilo galináceo, digamos assim. Num Emmy, no passado, fantasiou-se de uma alegre versão da Galinha D'Angola Rubro-Negra Pintadinha. Agora, como está pertinho do Carnaval, caprichou na criação Tributo ao Cocoricó em Rosa e Azul.




Existem dois tipos de estrelas latinas: as que acreditam no decote e no vestido cheio de transparências para se mostrarem exuberantes como Sofia Vergara, como é o caso de Eva Langoria, ...


... e Sofia Vergara, a única mulher em que rosa shocking cai bem.


 Sem mãe ou porteiro amigo por perto, Priyanka Chopra apostou no rendão com tule. Ainda bem que ela é linda.