31.10.08

Aiii!!!!!!



Esta feliz dançarina é um desses acontecimentos do You Tube. O nome da exibida é Artemisbell.
Parece que ela tem um projeto de harmonia cósmica pela dança. Já postou uns 300 ou 400 filmes na Web. Embora tenha leveza e algum estudo de dança, pelos giros bem centrados que dá, a coreografia é limitada. Não tem gingado de quadris. E interpreta as canções com caras e bocas, com uma malemolência daquela escola "Americano Paga Mico, mas dança qualquer coisa". Se for ritmo latino, mexe mais os braços.
E dizer que Fred Astaire e Gene Kelly também nasceram lá...
Mais um post dedicado a Alexandre

27.10.08

Política não é futebol

Convenhamos: ganhar por 1,66% de diferença é parecido com conquistar um campeonato em disputa de pênaltis.
Mas não é a mesma coisa.
Principalmente porque o campeonato acaba depois da disputa de pênaltis.
Mas a gestão começa depois que o prefeito eleito descobre que metade do eleitorado carioca não quer saber dele.
Ainda bem que ele é bastante escoladinho e tem o apoio da Medusa, né?

Ainda a dor

Não dá para passar uma hora do dia sem ouvir um lamento carioca.
Os eleitores de Gabeira estão tristes, desanimados.
A vitória política dele nos alegra, mas a derrota na prefeitura foi dolorosa.
Não há consolo depois desta que foi a campanha eleitoral que mais mobilizou a cidade, nos últimos tempos, já que surgira um candidato definitivamente instado pelas bases, que assumiu a candidatura por pressão de um eleitorado ansioso por mudanças.
As discussões ideológicas quanto a alianças se fizeram no mesmo nível pueril que acompanha o patrulhismo ideológico dos tempos da ditadura.
A esquerda é pura, a direita espúria, é o princípio da coisa.
Uma candidata 'pura', como Jandira Feghalli, agarrou-se a Eduardo Paes no segundo turno, porque o Rio poderia cair nas garras malévolas do PSDB.
Bem fizeram Chico Alencar e Molon, que se mantiveram quietos.
Quanto tempo levará Duda Paes no atual partido?
Quando ele reatará oficialmente seus laços com Cesar Maia, com quem já marcou encontro para discutir a transição?
Ficou feio ele renegar quem o lançou politicamente.
Ficou ridiculo ele insistir em afirmar que mora na ZOeste. Mora, sim, mas na Barra/Recreio. Não é em Campo Grande, Bangu, Realengo.
Um mauricinho com todos os tiques dos velhos políticos, beijando criancinhas e sendo gentil com os suburbanos. O chaguismo era mais discreto.
Ah, sim, o futuro secretário de Fazenda do Rio é ... do PSDB!!!!

26.10.08

Luto

1,66% ou 55,225 votos sepultaram a esperança de um Rio mais equânime, mais elegante, mais feliz.
Em que rótulos políticos não se espatifassem, enquanto a esquerda se esfacelava em apoios insólitos e a burguesia se animava em torno de um ou outro candidato.
Gabeira estava longe dessas alianças e representava, para boa parte do eleitorado, a procura por uma nova forma de administrar a cidade, conquistando a simpatia de quem gostava de considerá-lo um maconheiro meio efeminado. Acima de todas as pechas, Gabeira ganhou admiração por suas idéias e pela forma de expô-las.
O que demonstra que ainda há um espaço para a elegância no mundo.

25.10.08

Ai!!!!!







Quando estou cansada, em meio ao trabalho, relaxo passeando por sites de decoração. Um deles, o Appartment Therapy , cita os 25 piores erros na decoração. Entre esses erros está a mistura de temas malucos e cores, uma prerrogativa que o site concede apenas à Madonna Inn, uma inacreditável pousada em San Luis Obispo, na Califórnia, onde o difícil é imaginar como conciliar o sono em cada ambiente de inigualável mau gosto amplo, geral e irrestrito.
A pergunta que não quer calar: quem foi o arquiteto de tantas atrocidades?
Outra pergunta que não pode ser calada: alguém recebeu dinheiro pelo projeto arquitetônico externo E interno?
Parece aquelas lojas de quinquilharias em que nada combina com sua personalidade.
Difícil é apontar a suíte mais pavorosa.
E compreender as razões para os nomes que recebem.
Este post é dedicado ao Alexandre, o incansável pescador de atrocidades por este mundo bizarro.

Rio, te quero verde!

Sou carioca por nascimento, militância e insistência.
Muitos o são por adoção.
A paixão por este lugar estranho, intranqüilo, rico em estímulos e beleza nos fez permanecer por aqui, a despeito de todo o desrespeito que esta cidade tem merecido de governantes.
Quem for eleito amanhã poderá começar a mexer com a cidade, encarando de frente problemas sérios como a ausência de responsabilidade com a educação, o caótico e caríssimo sistema de transportes, os desassistidos que vivem nas ruas, assombrando os quem passam por eles registrando a presença com o canto dos olhos.
O novo prefeito não terá poder para eliminar a intolerência ou a desigualdade social.
Mas poderá começar a mudar tal quadro.
A gente permanece no Rio por esperança.
Os dias melhores podem começar.
Vamos vestir verde e, mais uma vez, surpreender as pesquisas que apontam empate técnico com alguma vantagem para o medo das mudanças.
Verde não é só a cor de nossas matas, de nossa preocupação com a preservação ambiental.
Verde é a cor da esperança.


22.10.08

Constatação


Nunca tive cara de moleca.
Descabelada, sempre.
Moleca, jamais.

20.10.08

Em eleições, a megalópole se parte, candidatos se dizem cariocas de raiz, que amam o subúrbio e a antiga Zona Rural. Como se viver na Zona Sul fosse privilégio aristocrático e não apenas uma contigência de nascimento ou opção.
Viver na Zona Sul é difícil, é caro, é perigoso, embora neste canto se encontrem serviços melhores do que no restante do imenso município.
Viver na Zona Norte é difícil, é mais barato um pouco, é bastante perigoso, e não se conta com serviços com a facilidade desejável.
Viver na ex-Zona Rural e nos subúrbios é, antes de tudo, distante do Centro.
O carioca é um povo que perde muito tempo em deslocamentos, que trabalha longe de sua casa, que merece um sistema de transportes condigno com os altíssimos impostos pagos não apenas de IPTU, mas, principalmente, de ICM.
Uma cidade grande sempre se mostrará dividida, caso a prefeitura não se entregue diretamente a ela.
O bom é ver que há tempos a cidade não tem uma disputa que mobilize tanto a população, nestes últimos tempos do reinado de César Maia.
E vamos ver no que dá!

19.10.08

O que não faz uma eleição


Por mais que eu estivesse preparada para todas as baixarias de sempre, jamais imaginaria que Martha Suplicy, a sexóloga mãe do roqueiro Supla, casada com um argentino mal-afamado, fosse utilizar uma propaganda que questiona a sexualidade de um solteirão. Como se homossexualismo fosse defeito de caráter.
Não deveria estar surpresa. A Suplicy já deu uma de Maria Antonieta ao mandar que passageiros relaxassem e gozassem com o caos aéreo.
Enquanto isso, no Rio, vêm as ridículas declarações de Eduardo Paes e Fernando Gabeira quanto ao consumo de maconha. Paes, mauricinho metido a bom moço, experimentou e não gostou; Gabeira, coroa metido a bom velhinho, não fuma porque não quer ser contra a lei. Como entendo a cabeça de gente mais velha, até acredito no Gabeira, embora me surpreenda seu recuo em relação à legalização das drogas - uma questão que nada tem a ver com administração municipal.
Agora, convenhamos, se o George Clooney fosse candidato a prefeito, o que se diria dele?

A dor




Começa o horário de verão e eu no jet lag, sem saber se estou uma hora atrasada, adiantada ou se virei pontual.
O atordoamente deve-se também ao anúncio da morte cerebral da menina baleada por um ex-namorado desprezado.
Cada vez que um jovem morre, leva consigo a família. Há cerca de um mês, morreu Cleyde, a mãe de Gabriela, uma menina de 14 anos, vítima de um tiroteio no Metrô carioca, cinco anos atrás. Entrevistei Cleyde uma vez, sobre violência urbana. Depois de perder Gabriela, a mãe dedicou sua vida a consolar outros parentes de mortos nesta guerra diária. Até sofrer um derrame violento, aos 51 anos.
A jovem paulista morreu nas mãos de um desses birutas que surgem e deixam a sociedade surpresa e revoltada com seus frutos podres. O rapaz, que tinha ficha limpa até anteontem, parece que cometia pequenos furtos. Vai aparecer muita explicação para o comportamento desatinado dele, provavelmente oriundo de uma família disfuncional.
Estava lendo a autobiografia do Eric Clapton (é, tentei ler há tempos, mas tive que ir para a lista de espera, depois de meu filho, que arrebatou o livro de meu poder), que passou a infância e juventude traumatizado ao saber que seus pais eram, na verdade, seus avós. A mãe biológica era sua irmã, que engravidara de um namorado ocasional na adolescência. Clapton sempre teve um comportamento arredio, exceto em relação à mulherada - não deixava escapar nenhuma que se jogasse em seu caminho de pop star - , foi dependente de drogas pesadas e ainda acumulou a dor de perder um filho acidentalmente de maneira pavorosa. Deu a volta por cima, sossegou, amadureceu e hoje já nem é mais o músico que encantou a mídia e multidões de fãs. Mas superou seus próprios fantasmas.
O rapaz de Santo André é um desequilibrado que se encaixa perfeitamente no quadro caótico dos enfants terribles exibicionistas que produzimos em massa. A Polícia comprovou sua inabilidade para resolver um caso de seqüestro, embora tenha livrado dois dos reféns nas primeiras horas de cativeiro. A imprensa ainda será apontada como culpada pelo circo armado na cobertura. A família da Eloá será indenizada pela morte da filha. A estupidez disso tudo, no entanto, sobreviverá.

17.10.08

O lar













A casa revela a alma de seus moradores.
Vitoriana, mas não austera, assim é minha alma.
Colorida como um filme do Almodóvar, com chitas cobrindo estofados estourados por gatos.
Estantes sóbrias, de boa madeira, convivem com outras mais ordinárias, revestidas por pátina.
Em cada prateleira se acumulam livros e lembranças afetivas. Objetos herdados, presenteados ou adquiridos por pura simpatia. E assim que eles conquistam seu espaço, marcam um território emocional que não pode mais viver sem as presenças imóveis e tão repletas de vida.
A casa explode em luz e se apresenta em fotos trêmulas, tiradas com uma câmera sem visor. Uma experiência semelhante às fotografias que cegos batem. O enquadramento é no instinto, guiado apenas pela esperança de captar os bons momentos.

Guillaume Depardieu

Na Serra Fluminense



Com uma gripe de anteontem, alguma febre, muito antialérgico e olhos lacrimejantes, subi a Serra para três dias de trabalho em Petrópolis, Teresópolis e Friburgo, cidades que não visitava há uns bons 20 anos.
Como toda a visita depois de um longo período, a decepção foi imensa. As cidadezinhas encantadoras tombaram sob a especulação imobiliária pavorosa, que é menos sentida, talvez, numa cidade como o Rio apenas porque vivemos nela diariamente. O que se cometeu na Serra foram crimes contra o bom gosto. A ação do Patrimônio Histórico foi mais do que atrasada e o que permaneceu ficou espremido contra a miscelânia delirante de construtores sem o menor laivo de bom gosto, tornando todos esses locais com um jeito do Centro de Niterói. Aquela balbúrdia feia, pesada, envelhecida, decadente. Lógico que saindo dali há lugares bonitos, bairros de ricos que foram preservados. Mas a impressão geral é péssima.
No meio do caos, o oásis em Friburgo está dentro do Country Club, onde fica uma das casas do Barão de Nova Friburgo. A casa, em si, é cafonérrima, resultado provável das preferências do self made man nouveau rico, que se fez graças ao comércio de escravos. Mas tem um delicioso jardim interno mourisco e os jardins de Glaziou, o mesmo paisagista que projetou a Quinta da Boa Vista e o Palácio do Catete. Eu queria mesmo era ser baronesa, pra viver naquela casinha deliciosa.


E, enfim, realizei meu sonho de criança. Conheci o suntuosíssimo Quitandinha, tão imenso, tão espetacularmente exuberante e fake que é maravilhoso. A cara daquele glamour cafoninha latino-americano da década de 40/50. Só funcionou como cassino por dois anos, passando a abrigar eventos prá lá de ridículos, como os concursos de miss. E agora, foi comprado pelo Sesc, que está aproveitando os amplos espaços (eu visitei parte dos 16 salões recuperados; eles devem chegar a mais de vinte, sem contar a piscina olímpica - inaugurada por Esther Williams, olha o toque brega - e um imenso rinque de patinação no gelo) para instalar um centro de lazer e cultura, com teatros, salas de cinema e até um planetário.
Sem contar o Copacabana Palace, foi a primeira vez em que me senti dentro de um cenário de cinema. Quase desci as escadas cantando "South American Way".




Estas duas fotos do passado mostram um show e um concurso de misses. Quem desfila é a Therezinha Morango. Não é meio estranho observar uma mulher de maiô sorrindo para esses engravatados?

12.10.08

Bjork vai salvar a Islândia


A Islândia está quebrando. Mas será que Bjork, a Fernanda Takai de Reikjavic, não poderia dar um jeitinho? A moça, que já botou um ovo, quando vestida de cisne, no tapete vermelho de uma entrega do Oscar, é ousada o suficiente para tirar a Islândia do buraco!
Afinal, quando é que alguém pensou que leria notícias sobre aquele estranho país ao norte do mundo, que tem a maior população consumidora de literatura do planeta, e, segundo a lenda, um suprimento inesgotável de água quente. Com sinceridade, me responda: você pensa na Islândia ao menos uma vez por semestre? Só os fãs da Bjork o fazem. Por isso mesmo, ela precisa utilizar seus superpoderes e agir em prol da chaleira onde nasceu.