17.10.08

Na Serra Fluminense



Com uma gripe de anteontem, alguma febre, muito antialérgico e olhos lacrimejantes, subi a Serra para três dias de trabalho em Petrópolis, Teresópolis e Friburgo, cidades que não visitava há uns bons 20 anos.
Como toda a visita depois de um longo período, a decepção foi imensa. As cidadezinhas encantadoras tombaram sob a especulação imobiliária pavorosa, que é menos sentida, talvez, numa cidade como o Rio apenas porque vivemos nela diariamente. O que se cometeu na Serra foram crimes contra o bom gosto. A ação do Patrimônio Histórico foi mais do que atrasada e o que permaneceu ficou espremido contra a miscelânia delirante de construtores sem o menor laivo de bom gosto, tornando todos esses locais com um jeito do Centro de Niterói. Aquela balbúrdia feia, pesada, envelhecida, decadente. Lógico que saindo dali há lugares bonitos, bairros de ricos que foram preservados. Mas a impressão geral é péssima.
No meio do caos, o oásis em Friburgo está dentro do Country Club, onde fica uma das casas do Barão de Nova Friburgo. A casa, em si, é cafonérrima, resultado provável das preferências do self made man nouveau rico, que se fez graças ao comércio de escravos. Mas tem um delicioso jardim interno mourisco e os jardins de Glaziou, o mesmo paisagista que projetou a Quinta da Boa Vista e o Palácio do Catete. Eu queria mesmo era ser baronesa, pra viver naquela casinha deliciosa.


E, enfim, realizei meu sonho de criança. Conheci o suntuosíssimo Quitandinha, tão imenso, tão espetacularmente exuberante e fake que é maravilhoso. A cara daquele glamour cafoninha latino-americano da década de 40/50. Só funcionou como cassino por dois anos, passando a abrigar eventos prá lá de ridículos, como os concursos de miss. E agora, foi comprado pelo Sesc, que está aproveitando os amplos espaços (eu visitei parte dos 16 salões recuperados; eles devem chegar a mais de vinte, sem contar a piscina olímpica - inaugurada por Esther Williams, olha o toque brega - e um imenso rinque de patinação no gelo) para instalar um centro de lazer e cultura, com teatros, salas de cinema e até um planetário.
Sem contar o Copacabana Palace, foi a primeira vez em que me senti dentro de um cenário de cinema. Quase desci as escadas cantando "South American Way".




Estas duas fotos do passado mostram um show e um concurso de misses. Quem desfila é a Therezinha Morango. Não é meio estranho observar uma mulher de maiô sorrindo para esses engravatados?

3 comentários:

Anônimo disse...

Therezinha Morango? Já tinha mulher com nome de fruta naquela época?

O Quitandinha é um lugar único. É de um glamour cafona incomparável.

Adorei os belos cliques da serra, e temi por aquelas cidadezinhas...

Melhoras na gripe. Você tem andado muito gripada, hein?

Beijo!

Olga de Mello disse...

Brigada, Alexandre. Vou ao médico investigar isso. Já estou cansada. Parece que é um foco que se anima a cada virose...
Terezinha Morango foi miss Brasil e aí casou bem, virou Pittigliani. Era sempre vista nos bailes do Municipal, com aquelas imensas máscaras ou adereços de cabeça, sentadinha, bem comportada, no camarote.

Anônimo disse...

Bacana Olga sua referência ao Quitandinha! Mas porque não citar a fonte das fotos elas podem ser únicas de publicação na internet.
É mais ético