10.10.13

De novo sob o sol

53 anos de desprezo por boa parte dos cuidados de saúde que a medicina - a religião do século XXI - recomenda me condenaram a muitos males previstos. Desafio a morte porque sou estressada, me explicou uma médica. Meus dentes alcançaram um tom acinzentado devido ao bruxismo, causado pelo estresse, informou a dentista. Alergias respondem à tensão nervosa e alimentam esse mesmo estresse. Ou seja, a obesidade, culpada pela minha hipertensão e agravante da asma que se instalou em meu ser ainda na infância, desceu do banco dos réus e virou consequência da permanente tensão que me impele a viver.

Adorei, embora os médicos continuem me culpando pelas alergias que tenho, igual a meu pai, e pelas que meus filhos desenvolveram, traumatizados com a mãe estressada. Preciso desestressar, porque tenho risco de diabetes e estou com o colesterol alto (ué, não é a orgia alimentar que provoca isso?). Como não gosto de chocolate, uma das receitas naturais para reduzir o risco de diabetes é ingerir, diariamente, chocolate amargo. Se eu fosse chocólatra, não poderia, claro. E, enfim, a menopausa, além de desacelerar meu metabolismo e não queimar as calorias suficientes para evitar a gordura que me cerca, também me levou a uma deficiência de vitamina D. O remédio: além de continuar ingerindo leite/queijo/verduras, tomar quinze minutos de sol diariamente, igual a um neném.

Nós, os filhos dos trópicos, precisamos tanto do Astro-Rei, embora nos esqueçamos de sua importância, já que ele também é o vilão dos cânceres de pele. Não tenho o menor problema em relação ao sol. Tenho quanto ao calor, que odeio. Nunca fui de me expor muito, porque sempre fui moreninha. Agora, que a praia ficou distante da moradia, tenho aquele tom amarelado que, combinado com meus olhos clarinhos, faz muita gente acreditar em meu sangue ariano. Que nada, meu pai me chamava de Crioula, porque eu era preta de praia, sim.

Indicações para desestressar: meditação e ioga. Só medito sobre meus problemas financeiros. Ioga, eu fiz, por uns dois anos de vida. Dormia, completamente entediada. Sofro de tédio em qualquer circunstância. E o tédio me irrita, me estressa. Mas com o sol, vou ficar. Há dois dias, passo os quinze minutos regulamentares no terraço do trabalho, andando de um lado pro outro, olhando o Cristo Redentor. A folga virá nos dias de chuva. Claro que já estou mais bem-humorada, efeito imediato do solzinho. Quem sabe envelhecer possa ser até divertido?

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