21.1.13

Falsa identidade

Exercício de paciência e de  readaptação à vida real: na sua última semana de férias, o telefone toca às 9  da madrugada, aquele momento de cochilo curtido, depois de um despertar que não colou mesmo, e... uma felicíssima televendedora oferece a oportunidade de ganharmos 100 mil reais contratando um título de capitalização.

Quando recuso, ela quer saber minhas razões. Mas sou cortês: "No momento, não tenho interesse em fazer". Ela insiste. Eu falo com mais firmeza: "No momento, não farei.". Ela, então, me pergunta como planejo meu futuro e aí eu percebo que o telefonema não era para mim, mas para meu filho de 20 anos, correntista do banco. Atendi com a voz enrolada de barítono característica de meu alvorecer. Ela já informara que para minha segurança, o telefonema seria gravado. Tomara que eles jamais comparem gravações e cheguem à conclusão de que eu me fiz passar por um jovem que não tem renda a comprometer tão cedo na vida, que fará uma simples poupança na Caixa Econômica para guardar recursos a serem despendidos com um mochilão no fim do ano, que não deve se interessar pelas armadilhas capitalistas oferecidas pelos bancos, que ...

Uma rápida pesquisa na Internet me tranquiliza. Descubro que o artigo 307 do Código Penal só pune quem utiliza a identidade de outro para obter vantagem "em proveito próprio ou alheio ou para causar dano a outrem". Como eu protegi outrem, acho que ainda estou distante das garras da lei...

Esta é uma fêmea de porco-espinho, exibindo sua cria. Às vezes, a gente se esconde atrás dos filhotinhos mesmo...

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