17.5.05

Arenas, areias e roqueiros




Tem prefeitinho novo na praia! César Maia, herdeiro do hábito do Marcello Alencar de nomear menudos para cargos municipais, arrumou um guri de 27 anos para acabar com a zoeira nas calçadas e areias da orla. Alguém acredita?
Engraçado que ele só falou em segurança (novidade...), população de rua, camelôs e puxadinhos nos bares e restaurantes. E o loteamento da areia? Não me refiro aos vendedores de bebidas, que alugam barracas e cadeiras de praia, não. Falo dos currais de esportes que não apenas invadem a areia, mas impedem que a gente se isole de um dos maiores problemas urbanos: a poluição auditiva!
Domingo, chego ao Leblon manquitolando. Ali onde geralmente fico, entre a Carlos Góes e a Cupertino, não tocava a habitual musiquinha de elevador que vem do aparelho de som um vendedor de alguma coisa indefinida. Todos os domingos ele está lá. Uma vez descida a areia, a musiquinha só embala quem está andando na pista fechada da Delfim Moreira. Só que no domingo passado, a Academia Leblon montou uma arena pertinho da calçada, na areia, para uma disputa de luta livre. Não vou nem me posicionar a respeito disso a que chamam de esporte. O que me tirou o humor totalmente (eu já havia despencado no chão, minutos antes, graças a ruguinhas no tapete que são nossas calçadas, e estava com o tornozelo roxo) foi o equipamento de som que ampliava a 850 mil decibéis os entusiasmados berros de um locutor.
Com uma riqueza vocabular de fazer inveja aos roteiristas de "Malhação", ele urrava: "AíÊEE, povo do Leblon! A Academia Leblon tá aqui, trazendo pra praia essa pit-luta! Aêê, pitch lutchadorezxxxx! Aêê! Quem vai sê o rei da praiaaaa??? Aêê!" . Vez por outra, ele se desculpava com os "banhistaxxx do Leblon", informando que o incômodo acabaria rapidamente e que todos teriam tranqüilidade na praia novamente, assim que o rei e a rainha da pit luta fossem definidos. Alguns "aêês" mais tarde, os pitreis receberam troféus de representantes da região administrativa. Aêê! Enquanto a parafernália era desmontada, os "banhistaxxx do Leblon" eram brindados com uma seleção de hip-hop e música eletrônica, uma combinação perfeita para um domingo de sol glorioso junto ao mar.
Longo parênteses: eu não sabia que ser "pit" era motivo de orgulho para alguém além dos descendentes do finado primeiro ministro britânico William Pitt ou do Pitt que ainda não entrou para a História mundial, mas que alegra os olhos de muita gente contemporânea, o Brad. Enfim, o adjetivo, para mim, era ofensa séria. Pelo que ouvi (e como ouvi) dos brados retumbantes do speaker da Academia Leblon, existe muita honra em ser pit atleta.
Será que o prefeitinho, agora apelidado de xerife, vai pensar nos nossos ouvidos torturados pelos berros ensandecidos de pit-locutores e obrigar a baixar o volume de seus pit-amplificadores de som? Aêê! Duvido. É mais fácil proibirem o show dos Rolling Stones, que vai ser barulhento, sim, que tem tudo pra dar uma baita confusão e que poderia, tranqüilamente, ser montado lá no lugar do Rock in Rio. Até eu vou praquela lonjura conferir o ectoplasma do Keith Richards por trás do rebolado do Mick Jagger. Porque afinal, Charlie Watts, o mais certinho deles, já teve câncer, e, se não me engano, o Ron Woods também anda baixando estaleiro com alguma freqüência. Para ouvir a Velha Guarda do Rock'n' Roll quem reclamaria de seguir para a Zoeste?

2 comentários:

Anônimo disse...

Os blogs têm uma vantagem no quesito imagens: a gente pode colocá-las no tamanho que quiser. Já no Multiply...

Beijo.

Olga de Mello disse...

Pois é, Wagner, eu não posso ainda botar no tamanho que quero. As imagens me comandam, pois sou semi-alfabetizada na weblinguagem, né?
Mas as últimas fotos merecem posters, não?