Tem prefeitinho novo na praia! César Maia, herdeiro do hábito do Marcello Alencar de nomear menudos para cargos municipais, arrumou um guri de 27 anos para acabar com a zoeira nas calçadas e areias da orla. Alguém acredita?
Engraçado que ele só falou em segurança (novidade...), população de rua, camelôs e puxadinhos nos bares e restaurantes. E o loteamento da areia? Não me refiro aos vendedores de bebidas, que alugam barracas e cadeiras de praia, não. Falo dos currais de esportes que não apenas invadem a areia, mas impedem que a gente se isole de um dos maiores problemas urbanos: a poluição auditiva!
Domingo, chego ao Leblon manquitolando. Ali onde geralmente fico, entre a Carlos Góes e a Cupertino, não tocava a habitual musiquinha de elevador que vem do aparelho de som um vendedor de alguma coisa indefinida. Todos os domingos ele está lá. Uma vez descida a areia, a musiquinha só embala quem está andando na pista fechada da Delfim Moreira. Só que no domingo passado, a Academia Leblon montou uma arena pertinho da calçada, na areia, para uma disputa de luta livre. Não vou nem me posicionar a respeito disso a que chamam de esporte. O que me tirou o humor totalmente (eu já havia despencado no chão, minutos antes, graças a ruguinhas no tapete que são nossas calçadas, e estava com o tornozelo roxo) foi o equipamento de som que ampliava a 850 mil decibéis os entusiasmados berros de um locutor.
Com uma riqueza vocabular de fazer inveja aos roteiristas de "Malhação", ele urrava: "AíÊEE, povo do Leblon! A Academia Leblon tá aqui, trazendo pra praia essa pit-luta! Aêê, pitch lutchadorezxxxx! Aêê! Quem vai sê o rei da praiaaaa??? Aêê!" . Vez por outra, ele se desculpava com os "banhistaxxx do Leblon", informando que o incômodo acabaria rapidamente e que todos teriam tranqüilidade na praia novamente, assim que o rei e a rainha da pit luta fossem definidos. Alguns "aêês" mais tarde, os pitreis receberam troféus de representantes da região administrativa. Aêê! Enquanto a parafernália era desmontada, os "banhistaxxx do Leblon" eram brindados com uma seleção de hip-hop e música eletrônica, uma combinação perfeita para um domingo de sol glorioso junto ao mar.
Longo parênteses: eu não sabia que ser "pit" era motivo de orgulho para alguém além dos descendentes do finado primeiro ministro britânico William Pitt ou do Pitt que ainda não entrou para a História mundial, mas que alegra os olhos de muita gente contemporânea, o Brad. Enfim, o adjetivo, para mim, era ofensa séria. Pelo que ouvi (e como ouvi) dos brados retumbantes do speaker da Academia Leblon, existe muita honra em ser pit atleta.
Será que o prefeitinho, agora apelidado de xerife, vai pensar nos nossos ouvidos torturados pelos berros ensandecidos de pit-locutores e obrigar a baixar o volume de seus pit-amplificadores de som? Aêê! Duvido. É mais fácil proibirem o show dos Rolling Stones, que vai ser barulhento, sim, que tem tudo pra dar uma baita confusão e que poderia, tranqüilamente, ser montado lá no lugar do Rock in Rio. Até eu vou praquela lonjura conferir o ectoplasma do Keith Richards por trás do rebolado do Mick Jagger. Porque afinal, Charlie Watts, o mais certinho deles, já teve câncer, e, se não me engano, o Ron Woods também anda baixando estaleiro com alguma freqüência. Para ouvir a Velha Guarda do Rock'n' Roll quem reclamaria de seguir para a Zoeste?
2 comentários:
Os blogs têm uma vantagem no quesito imagens: a gente pode colocá-las no tamanho que quiser. Já no Multiply...
Beijo.
Pois é, Wagner, eu não posso ainda botar no tamanho que quero. As imagens me comandam, pois sou semi-alfabetizada na weblinguagem, né?
Mas as últimas fotos merecem posters, não?
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