18.5.05





Em tanto lugar do mundo tudo o que sei de nada vale.
Na maior parte do mundo tudo o que prezo nada vale.
Tudo o que prezo sequer existe por aqueles lados
Se eu cair do lado de lá
por acidente, azar ou castigo,
de nada me adiantará saber ler e escrever em um ou cinco idiomas
mexer com qualquer celular
ser malabarista de conta de banco.
Nesses lugares não tem banco nem livraria nem jornal.
Tem bicho brabo e eu terei que reconhecê-los, catá-los, matá-los
Terei que saber arranjar comida
procurar água
carregar água em cacimbas na cabeça
fiar roupas
costurar
confeccionar sapatos.
Não haverá lugar para adornos, para vasos de plantas
nem hidratante, esmalte, xampu, filtro solar, papel higiênico
Nesse deserto árido, quente ou gélido, pouco do que aprendi na vida me servirá
Nadar, dirigir, trocar pneu de automóvel?
Serei velha e enrugada antes do que pretendia
e bem mais sábia do que a cidade imagina.

5 comentários:

Anônimo disse...

Olga,
tudo nesse blog é lindo! Parabéns! É uma delícia passar por aqui.
Beijos carinhosos,
Ju

Olga de Mello disse...

Ju,
Volte sempre.
O design é do Blogger mesmo, mas eu acho tão bonito, um farol para nos guiar em meio a nevoeiros...
Adoro quando os amigos passam por aqui.
beijo
OMM

Rosane Serro disse...

Olga, Olguinha:

MAGNÍFICO!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Quer dizer que além de prosear com maestria você também esgrima pausas de versos?

Guloseimas para leitores em domingo.

Da sua eterna admiradora,

Olga de Mello disse...

Rosa, minha filha,
Bom ler você. Jamais fui cafona a ponto de dizer que "cometia" versos. Prefiro classificá-los como prosa des-alinhada
-esnhada.
Meio concretista, sabe?
beijo da sua também eterna admiradora!

Rosane Serro disse...

Olguinha:

Mais um gol seu: prosa desalinhada é perfeito!!!

Beijos de segunda-feira,